O exercício, de encontrar aquela alma
Antes disso, precisam de fazer algo mais importante, que é ver a alma do outro.
Essa coisa que foge a sete pernas, a hospedar-se na debandada, a rir-se desde o algodão do poente que depressa se desfaz em cegueira de noite, essa coisa que nos empurra a acreditar que não bastam as outras coisas de uso mais vago, como os olhos a libertarem sossegos ou as palavras entretidas de melancolias no embalo dos descontos da vida, para que seja alcançada.
É preciso saber do seu porto que oferece a chegada, para para lá sem morte, se viajar.
A alma assoma-se desse mundo, que é a pele que não nos pertence encostada a uma palma de mão que é a nossa.
Essa é a lição, do exercício de aprender sobre o estranho mundo de dentro.
Se queres ver-lhe a alma, tens de tocar!
Aconchegá-la à realidade, com as tuas mãos.
1 comentário:
“dedos e dedos
voa comigo nos ombros da noite
enlaçados como dedos e dedos
na ternura completa das mãos
inventemos asas até que nos
tenham como irmãos os pássaros
e as crianças nos persigam
pelo areal – o voo que é delas também.
acredita que o nosso olhar tocará um dia
o horizonte com tal força que a nossa palavra
ficará redonda, redonda como os ombros
desta noite em que te convido a descobrires
comigo o amor enorme que a maré nos tem
quando nos cobre os pés e nos obriga a nascer.”
Vasco Gato em “UM MOVER DE MÃO” Out 2000
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