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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Time after time blow up

© Ori Gersht, Time After Time: Blow Up No. 14, 2008

Aquando de preparar aulas esbarro na fantasiosa ideia de que “posso fazer alguma coisa por estes putos”, que de facto os posso ajudar a encontrarem uma identidade, ou pelo menos um ou dois motivos para se entusiasmarem com a ideia de tomarem consciência de si próprios. 
No curso desta divagação os pensamentos dão nós e detenho-me a pensar na questão do grupo e como tanto daquilo que julgamos ser a nossa Identidade nos é imposto pelos outros, ou pelo menos pela sua percepção. É realmente como se fossemos um objecto, um bocado de matéria espelhada que tudo reflecte e muito pouco absorve. 
Entretanto ocorre-me trazer à baila as questões da Identidade política, mas os dedos tomam as rédeas do tempo e deparo-me com mais uma notícia sobre um episódio de violência contra os ciganos, desta vez na República Checa e embora pudesse(mos) ficar aqui a discutir questões de emi- e imi-gração o que fica deste e doutros artigos é o perfeito desequilíbrio de adrenalina desta gente (não comparável à que circulava nos motins de Londres, basta ver pelos corpos destas bestinhas e talvez pela roupagem). Como generaliza a elite intelectual de esquerda o problema de toda esta violência descompassada é a falta de sentido de pertença, a ideia de “worldless”, mas continuo sem conseguir ligar directamente a pobreza, a falta de oportunidades, o desemprego, o tédio, ao culto do corpo, ao ideal da força física e do sucesso, e muito menos aos “ideais” de extrema-direita, sobretudo se me lembrar de uma das teorias do Michael Hardt de como a pobreza pode estar na origem de um movimento de amor (como conceito político, no sentido de partilha e sentido de comunidade), mas talvez isso só se aplique na América do Sul...
Laura Nadar

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lições de Londres (4)

Vítimas colaterais do medo de se perder o pouco que se tem: a lucidez, a solidariedade, o humanismo, os valores, a consciência do outro, a civilização.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Lições de Londres (3)

A grande maioria das pessoas acha genuinamente que se deve respeitar os direitos humanos. Mas quanto aos "criminosos" dos subúrbios, as soluções que defendem são: mais polícia, mais repressão, uma escola mais dura, o regresso aos "bons velhos valores" - como se não houvesse contradição entre uma coisa e a outra!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lições de Londres (2)

A maioria das pessoas está genuinamente convencida que os pobres só o são porque querem - porque não querem trabalhar, gostam de viver de subsídios, do crime ou o que seja. O que dá muito jeito para se elevarem da sua própria miséria e mediocridade, comparando-se com um outro "feio, porco e mau". Paradoxalmente, toda a gente gosta de comparar os "vândalos" com outros que lá viverão, muito honestos, e que serão as "vítimas" dos primeiros.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Lições de Londres (1)

Acontecimentos como os de Inglaterra são perfeitos para assistirmos a autênticos festivais de primarismo, aqui como em outros sítios. Tudo é diferente quando somos "nós" os ameaçados; os nossos bairros, as nossas lojas, os nossos cafés. Aí, vai-se a consciência social, a solidariedade, a fraternidade ou o que os foda, e o outro torna-se um vândalo, criminoso, uma ameaça, a ser presa, deportada, exterminada, o que for preciso para nos manter em segurança.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Regresso

Está na altura de regressar ao activo. Desde o momento em que interrompi a minha participação aqui, muita coisa foi acontecendo, como sempre acontece; Pedro Passos Coelho foi dando provas, se necessário fosse, que a ideologia neoliberal chegou de uma vez por todas ao governo (como eu, aliás, já tinha previsto aqui); em Londres, a raiva de alguns criou um curioso fenómeno, do qual devemos tirar, sobretudo, lições sobre as reacções que provocou, e ao qual voltarei muito em breve; não menos importante, alguns eméritos ex-membros deste blogue lançaram o Javali Sentado, um novo projecto a acompanhar, e onde podemos apreciar, por exemplo, os excelentes textos do Fernando Mora Ramos. Time to roll on!