Aqui há tempos falei-vos de um Outono de sonho. Vivi uma fairy-tale. Madrasta nova que passou nos exigentes testes cá da casa dos MacAdams. “O sonho acabou quem não dormiu nos sleeping bags nem sequer sonhou”, perdoem-me a citação, mas foi só para ilustrar o choque. Sinto-me Gilberto Gil em Londres, a abortar, com saudades do Brasil. Também não é para menos. Chegou o Verão. E, começo pelo fim. Os talheres, herança da minha avó, que viajaram de Cabo Verde para a metrópole, com estadia em Moçambique, desapareceram. Já tinham sido substituídos. Agora comemos com os de plástico, das minhas festas de miúda. Estou perturbada, deixem-me voltar à história. A fada virou bruxa, não roubou os pobres enganos e os vinte anos do mais velho, nem sequer lhe deixou mudo o violão. O cabrão tem resistido, mas agora de novo divorciado, ficou sem talheres. Continuando, decidiram, muito in love, deixar de fumar. Tomaram champix. Já leram na bula as contra-indicações? O daddy é um case-study. Mal acabe o curso vamos viver, com os processos que vamos ganhar, à pala das farmacêuticas. Contarei brevemente mais pormenores. Até lá há uma música que não me sai da cabeça. “Fónix champix vamos lá charrar como dantes”, na tradução possível, nesta hora de desespero, dum blues muito sentido que o meu pai está a tocar.
Josina MacAdam