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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

“O que Putin fará só ele e o seu cão Koni o sabem…”

Presidenciais russas entediantes e com Putin a armadilhar tudo e todos: o filme do fim-de-semana parece estar ensaiado antecipadamente em Moscovo. Como escreveu hoje o editorialista para a Europa do W.S. Journal, Matthew Kaminski, só um refinado incompetente não tiraria partido do aumento à potência oitava do preço dos hidrocarbonetos e minerais, embora subtilmente sinalize que o PR russo não tem ilusões sobre a moral dos seus apoiantes..Daí o rigor milimétrico com que desenhou a sua passagem de PR para PM. E, acrescenta, Poutin congelou as reformas da economia desde que foi reeleito em 2004 e “ kremlinizou a indústria energética, começando pela confiscação da primeira companhia petrolífera privada, a Yukos”.Com verve, o jornalista soletra a deliciosa anedota moscovita sobre os segredos de Estado entre Putine e o seu cão Koni…

Regularmente temos vindo a classificar as grandes linhas de força do Putinismo. Especialmente, o grande artigo da dupla de correspondentes do F.Times, em Moscovo, se bem se recordam, deu-nos perspectivas de grande alcance. Para se ver a classe de Neil Buckley e de Catherine Bolton leia-se hoje o artigo de Thimothy Garton Arsh no The Guardian, ele que anima tanto as páginas de Fim-de-semana do jornal Público, com traduções…Por isso, avancemos com detalhes da argumentação de Kaminski, que possuem uma incalculável consistência: “ Vendido como garante da ordem política e económica, o Putinismo é corajosamente instável. O lançamento da corrida presidencial provocou uma encapotada mas furiosa disputa, e a luta pelo poder não irá abrandar. (…) Talvez consciente dessas vulnerabilidades, Putin passou os últimos oito anos a montar alarmes repressivos contra esse desfecho possível”.

“Eliminando paulatinamente as liberdades democráticas, Putin enfraquece a legitimidade do seu regime. Mas a sua sobrevivência obriga a que não possua espaço para poder cometer erros. Ele depende de um pequeno e unido círculo, cujas conexões datam dos tempos de St Petersburgo”. Como repete um seu antigo companheiro do KGB, “Putin preza e recompensa a lealdade, mas conserva inexpugnáveis os seus fundamentos de decisão”, aponta o editorialista do WS Journal.
Kaminski com gozo, diz que Putin foi escolher um jovem pálido e que ,segundo os malandrecos afirmam, é uma pequena "imitação do dono”.Como não tinha apoios nem nos serviços secretos, nem na nomenclatura, isso era um dado suplementar para ser Medvedev o predestinado… Um politólogo de Standford Univ., Michael MacFaul, em declarações ao NY Times, sugere que os sentimentos pró-West do futuro PR são mais superficiais do que substanciais. “Ele é mais um public relations, não um estratega”.

FAR

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Putin: fuga para a frente

Ninguém pode ter as cartas e as regras do jogo, ao mesmo tempo. Putin parece que pode. Uma semana após a "banhada" das Legislativas, o PR russo "escolhe" o seu sucessor, Dmitry Medvedev, o patrão-encarregado do Kremlin na Gazprom, o "fiel" serventuário mais apolítico da banda dos quatro candidatos à sucessão. Numa conjuntura internacional muito confusa, a instabilidade política russa só conforta os próceres das soluções mais extremistas e isolacionistas, uma espécie de pacto secreto onde os mais fortes ditam as regras e exploram sem escrúpulos... E a lista de iniciativas desenvolvimentistas russas perfila um conluio cínico com os grandes da U.Europeia e o novo clube dos produtores de petróleo. Estão a ver a cena?!?
Tudo parece como num conto de fadas. Mas a realidade é bem diferente: uma surda guerrilha de clãs "instalou-se" nas alcatifadas antecâmaras do super-poder russo, em Moscovo. Segundo os grandes analistas internacionais, Putin tenta "matar" a guerra de clãs que se instalou entre o todo-poderoso ministro da Defesa, Sergei Ivanov, e o chefe da casa-civil presidencial, Igor Sechin. Ambos, com carreira na FSB/ KGB, queriam condicionar a sucessão de Putin. Ivanov, pormenor muito curioso/perigoso, tinha mesmo dado forma à constituição de uma equipe de campanha... Putin não gostou e nomeou, em Setembro passado, um novo PM, Viktor Zubbkov, para despistar os incautos e ganhar tempo...até às Legislativas. Agora, mais liberto de mãos, nomeou um aparatchik liso, fiel e inodoro, da média/alta classe de St. Petersburgo, com provas dadas e da maior das confianças: o tecnocrata Dmitry Anatolevitch Medveded. Por quanto tempo? Com que credibilidade Putin pode "impor" esta escolha? O diabo que escolha, apesar da margem de manobra do presidente russo ser ainda enorme. Mas há divergências e apetites insaciáveis.
Os grandes jornalistas do F. Times- Catherine Belton e Neil Buckley- dizem que estamos na "estação das intrigas" em Moscovo. E citam as incontornáveis opiniões de Olga Kryshtanovskaya e Nikolai Pterov, dois opinion-makers de alto coturno, que juram que nada está ainda decidido...para suceder a Putin, que quer continuar a "mandar"...
Putin foi obrigado a nomear um não FSB/KGB para se perfilar como seu sucessor. É uma fraqueza e um desafio. Mas, segundo os analistas,o que é importante para Putin é que Medvedev não pertença à FSB/KGB e não tenha laços com os burocratas que controlam os quatro pilares repressivos do regime - Interior, Procurador-Geral, Defesa e Serviços de Segurança Interna e Externa. Porque Putin quer continuar a " controlar " esses pontos-chave do poder russo, esteja onde estiver no organigrama de Estado. A ver vamos, portanto.

FAR