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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A arte de sofrer

THE ART OF SUFFERING, by Pascal Bruckner, from Perpetual Euphoria: On the Duty to Be Happy, 
published by Princeton University Press Translated from the French by Steven Rendall. 

“There is a terrible blindness in happiness. Just as trash, in the consumerist universe, ends up invading every space and reminding us of its existence in countless nauseating ways, so suffering, unable to express itself, has begun to proliferate, increasing our awareness of our vulnerability. The West’s error, in the second half of the twentieth century, was to give its people the mad hope that an end would soon be put to all calamities; famines, poverty, disease, and old age were supposed to disappear within a decade or two, and a humanity cleansed of its immemorial ailments would appear at the gateway to the third millennium having proudly eliminated the last traces of hell. Europe was supposed to become, as Susan Sontag put it, the sole place where tragedies would no longer occur. 
(...)
Democracy is ambivalent about suffering; because it rejects suffering, suffering is made the basis of rights that are always being newly discovered. Democracy’s great issues are first of all negative: reducing poverty, putting an end to inequality, fighting disease. A contradiction inheres in the designation of the problems we are trying to do away with: if all suffering gives someone a claim to a right and provides a foundation for the latter, physical and psychological pain gradually becomes the measure of all things. What was previously seen as a matter of course is now seen as unjust, arbitrary.” 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Manifesto dos economistas aterrorizados (Conclusão)

Conclusão 
DEBATER A POLÍTICA ECONÓMICA, TRAÇAR CAMINHOS PARA REFUNDAR A UNIÃO EUROPEIA

A Europa foi construída, durante três décadas, a partir de uma base tecnocrática que excluiu as populações do debate de política económica. A doutrina neoliberal, que assenta na hipótese, hoje indefensável, da eficiência dos mercados financeiros, deve ser abandonada. É necessário abrir o espaço das políticas possíveis e colocar em debate propostas alternativas e coerentes, capazes de limitar o poder financeiro e preparar a harmonização, no quadro do progresso dos sistemas económicos e sociais europeus. O que supõe a partilha mútua de importantes recursos orçamentais, obtidos através do desenvolvimento de uma fiscalidade europeia fortemente redistributiva. Tal como é necessário libertar os Estados do cerco dos mercados financeiros. Somente desta forma o projecto de construção europeia poderá encontrar uma legitimidade popular e democrática de que hoje carece.


Não é evidentemente realista supor que os 27 países europeus decidam, ao mesmo tempo, encetar uma tamanha ruptura face ao método e aos objectivos da construção europeia. A Comunidade Económica Europeia (CEE) começou com seis países: do mesmo modo, a refundação da União Europeia passará inicialmente por um acordo entre alguns países que desejem explorar caminhos alternativos. À medida que se tornem evidentes as consequências desastrosas das políticas actualmente adoptadas, o debate sobre as alternativas crescerá por toda a Europa. As lutas sociais e as mudanças políticas surgirão a ritmos diferentes, consoante os países. Os governos nacionais tomarão decisões inovadoras. Os que assim o desejem deverão adoptar formas de cooperação reforçadas para tomar medidas audazes em matéria de regulação financeira, de política fiscal e de política social. Através de propostas concretas, estenderemos as mãos aos outros povos para que se juntem a este movimento.

É por isso que nos parece importante esboçar e debater, neste momento, as grandes linhas das políticas económicas alternativas, que tornarão possível esta refundação da construção europeia.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Da Capital do Império

Uma história da China

A acreditar no que se apregoa por toda a parte a China irá nas próximas décadas assumir o controlo do mundo. Só que isso não vai acontecer. É um mito, tal como na década de 1960 e 1970 havia o mito de que era o Japão que ia ultrapassar os EUA e tornar-se na grande potência mundial.
Em primeiro lugar há que dizer que o “milagre económico” da China não deve ser negado. É uma das verdadeiras provas dos benefícios da globalização e do realismo económico. Mas o sucesso da China está agora rodeado de mitos.
Exemplos:
1) Investimento estrangeiro. É verdade que a China se tornou num dos grandes pólos de atracção de Investimento Directo Estrangeiro. Mas em comparação com os Estados Unidos é uma ninharia. Em 2008 o Investimento Directo Estrangeiro nos Estados Unidos foi de 325.300 milhões de dólares. Uma subida de 37% em relação a 2007. Na China foi de 27.514 milhões uma queda de pouco mais de 27% em relação ao ano anterior. Mais preocupante para as autoridades chinesas é que o investimento directo estrangeiro está em queda desde 2005.
2) A economia da China está prestes a ultrapassar a dos Estados Unidos. Longe disso. Este ano é possível (não uma certeza) que a economia da China ultrapasse a do Japão. O que a acontecer a tornará na segunda maior economia do mundoou seja ... um pouco acima de um terço da economia americana.
Para além disso a economia americana também cresce. Quando a economia americana cresce 3% ao ano, a China só para não perder terreno tem que crescer 8%. Sendo a economia chinesa baseada nas exportações um estudo do Banco Mundial afirma que para manter o seu actual nivel de crescimento acima dos 8 por cento a China terá que duplicar a sua fatia das exportações mundiais nos próximos 10 anos. Isso não vai acontecer. “A dependência da China num crescimento baseado nas exportações é insustentável,” disse recentemente o Presidente do Banco Mundial Robert Zoelick.
Habituados que estamos em vêr as “lojas do china” em todo mundo a venderem relógios, sapatos, televisões esquecemo-nos que na verdade é só isso que a China produz e exporta: produtos de consumo de baixo valor ou produtos electrónicos para consumo em massa.. Em termos de valor dos produtos exportados (como por exemplo aviões, produtos de alta tecnologia) os Estados Unidos produzem 20 por cento da manufacturação global desses produtos ou seja o dobro da China
Os problemas da China avolumam-se porque os países desenvolvidos (Europa, Estados Unidos) estão agora cientes de que parte do problema financeiro que ia destruindo as suas economias se deve à grande acumulação de reservas na China que facilitou a manutenção de crédito barato criando “bolhas” que irónicamente se estendem agora à própria China. As pressões para a China valorizar a sua moeda só tendem a aumentar
Para além de isso comparar números do PIB é totalmente irrealista. A população da China é 1.300 milhões; a dos Estados Unidos é de pouco acima dos 300 milhões. O PIB per capita da China é actualmente 1/7 do PIB per capita dos Estados Unidos. O seu rendimento per capita é neste momento acim da Ucrânia mas abaixo da ... Namíbia
Para além disso cerca de um terço de todo a investigação e desenvolvimento (research and development) do mundo ocorre nos Estados Unidos (veja-se a “limpeza” anual nos Nobel) onde em parte devido a isso a produtividade do trabalhador americano é quase 10 vezes mais do que a produtividade do trabalhador chinês. Esta diferença não vai desaparecer na proxima geração.
A economia chinesa está também cheia de “buracos” que existem e se multiplicam no actual sistema repressivo de controlo de informação. Um exemplo: um estudo a circular entre especialiststas na economia chinesa estima que dívidas não listadas de companhias de investimento chinesas podem ascender a 34% do PIB da China, um número que talvez seja um indicativo do porquê da queda sistemática nos ultimos anos dos investimentos estrangeiros na China.
Um dos grandes problemas a que a China faz face é a questão demográfica. Um recente estudo do Pentágono referiu se a isso como o problema “4-2-1”. Não se trata de uma táctica de futebol. Quatros avós têm dois filhos e um neto, resultado da política da “uma criança por familia” o que significa que se está a assistir a um fenómeno único no mundo: A China está envelhecer antes de enriquecer. O número de trabalhadores entre os 15 e os 24 anos de idade deverá cair um terço nos próximos 12 anos. Com trabalhadores jovens mais raros os salarios vão ter que subir e isso começa já a sentir-se. O mês passado na provincia de Guangdong (o principal centro de exportações da China) o salário minimo foi aumentado 20%.
Sei que nada no mundo segue uma via linear. Tudo pode correr bem na China e mal no ocidente. Para além disso um aspecto da realidade chinesa que me continua a impressionar é o realismo da liderança chinesa. Por isso muitos destes problemas ( e outros como os problemas étnicos no seu vasto país que resultam violência esporádica ou os propblemas politicos) poderão ser resolvidos com sucesso.
Ao fim e ao cabo foi uma declaração do primeiro-ministro Wen Jiabao quem me levou a investigar os factos para esta crónica.
“O grande problema da economica chinesa é que o seu crescimento é instável, desiquilibrado, descordenado e insustentável”. Foi Wen quem disse isso. Em 2007 e tinha toda a razão. Seria bom que deixassemos de ter uma exuberância irracional quando falamos da China. Wen não a tem.

Da capital do Império,

Jota Esse Erre

domingo, 7 de março de 2010

Da Capital do Império

Com a Europa irritada com a recusa de Barack Obama em participar na cimeira anual EU/EUA dando preferência a uma deslocação à Ásia, importa dizer que aqui em Washington o impensável começa a ser mencionado: desligar os Estados Unidos da NATO.
Não que isto seja moeda corrente ou que vá acontecer já no próximo ano, mas o facto de essa possibilidade ser agora mencionada por analistas credíveis e de passado militar reflecte um crescente mal-estar, senão mesmo irritação de Washington com a falta de vontade dos países europeus de assumirem na generalidade maiores gastos com a defesa e em particular um maior papel na guerra no Afeganistão.
“Os dirigentes da Europa precisam de dizer a si próprios – e aos seus eleitores – a verdade. A guerra no Afeganistão não envolve apenas a segurança da América. É também uma questão de negar santuários à Al Qaeda que também já levou a cabo ataques mortíferos na Europa”, em editorial do Washington Post no passado dia 25 de Fevereiro.
Deste lado do Atlântico reconhece-se agora que a “desmilitarização” ou “pacificação” da Europa é uma realidade que para alguns vai inevitavelmente resultar na “finlandização” da Europa., uma entidade que em palavras se assume como parte da Aliança Atlântica mas que na prática e por diversas razões é incapaz de assumir posições que a possam levar a assumir riscos e gastos militares.
“A desmilitarização da Europa – com grandes sectores do público em geral e da classe política contrários ao conceito de força militar e aos riscos que isso inclui -- transformou-se de uma bênção no século 20 para um impedimento em se alcançar uma segurança real e uma paz duradoira no século XXI,” disse no final do mês passado aqui em Washington o Secretário de Defesa Robert Gates.
Gates – um homem que continua a acreditar no futuro da NATO -- fez notar que muitos dos países da NATO não estão dispostos a cumprir os seus deveres quanto à aquisição de aviões de transporte, de reabastecimento, helicópteros e mesmo na aquisição de “intelligence”.
A NATO, disse ele, tem que fundamentalmente mudar o meio como “estabelece as suas prioridades e o uso de recursos” para poder continuar “relevante” numa nova situação estratégica.
“A NATO precisa de reformas imediatas, sérias, de grande alcance para fazer face uma crise que é um produto de vários anos,” acrescentou.
Mas Andrew Bacevich, um antigo oficial de alta patente do exército Americano, e actual professor universitário em Boston disse já este mês de Março que na sua opinião “a pacificação da Europa deverá provar ser irreversível”, algo que contudo ele vê como “uma oportunidade extraordinária”.
Para Bacevich os Estados Unidos querem transformar a NATO num “instrumento de projecção de poder” e o Afeganistão é o “indicador mais importante” das tentativas de Washington de transformar a NATO.
O analista militar considera que a expansão da NATO criou uma falta de coesão agravada pelo facto de apenas quatro países europeus respeitarem o acordo de gastarem pelo menos dois por cento dos PIB em gastos militares. O comandante geral da NATO, disse ele, “tem agora tanta importância como o presidente de uma universidade de tamanho decente”.
Para Bacevich a NATO só poderá ter um futuro se voltar às suas origens, nomeadamente “garantir a segurança das democracias europeias”.
Para isso “os Estados Unidos devem atrever-se a fazer o impensável: permitir à Nato voltar a ser uma organização europeia dirigida por europeus para servir interesses europeus, garantir a segurança e bem-estar de uma Europa unida e livre”.
O problema com esta análise, dizem outros especialistas, é que países europeus como a Polónia, Republica Checa e Lituânia não têm qualquer confiança na França e Alemanha como garantes das suas liberdades preferindo garantir a sua segurança numa NATO ancorada nos EUA e na Grã-Bretanha.
Lembram esses analistas que aquando a guerra nos Balcãs (Bósnia e Kosovo) houve quem em Bruxelas tivesse declarado que isso era “um problema europeu a ser resolvido pelos europeus”. Acabou por ser a força aerea dos Estados Unidos que levou Slobodan Milosvic à rendição face à incapacidade militar dos países europeus de lidarem com a situação de modo efectivo.
A NATO está actualmente a elaborar um novo Conceito Estratégico para definir o seu futuro, mas aqui todos se recordam que aquando do 50 aniversário da NATO isso foi também discutido em grande detalhe
Caso o novo Conceito Estratégico não aprove mudanças operacionais e institucionais concretas não vai valer o preço do papel onde fôr escrito. Quem o diz não sou eu. É Robert Gates.

Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Como vocês sabem o Grupo dos 20 Gajos (G-20) esteve aqui recentemente para um boa jantarada em que um dos vinhos ( Shafer Cabernet Hillside Reserve 2003)) custa a retalho entre 350 e 400 dólares a garrafa. Nada mau!
Mas o que me chateou não foi isso. Eu acho que um bom vinho deve ser bebido sempre em boa companhia e mesmo em má companhia porque após o terceiro ou quarto copo a companhia começa a já não interessar muito, principalmente quando o pretexto para os copos é resolver os problemas financeiros do mundo.
O que me chateou um pouco foi ver que o Nicolas Czarkozi já foi ligeiramente infectado pela doença infantil da UEtupia que é o anti americanismo primário. É uma doença perigosa porque resulta de imediato na incapacidade de analisar friamente factos ou mesmo em certos casos na paralisação total do cérebro cada vez que a palavra “América” é mencionada. Em alguns casos leva mesmo demência total quando a palavra “Bush” é ouvida.
Digo isto porque o Czarkozi mostrando a tal infecção veio juntar a sua voz ao coro daqueles que nos últimos meses têm vindo a pregar o fim do estatuto dos Estados Unidos como superpotência mundial. Vêm aí os chineses! os indianos! e agora vejam lá até os brasucas vêm aí acabar com o estatuto de superpotência de Washington.
“Os Estados Unidos continuam a ser a maior potência mas já não são a única potencia,” disse o Czarkozi um pouco à La Palisse. Deve ter andado a estudar aqueles analistas que proclamam que os Estados Unidos “não podem já ditar e esperar que os outros sigam”. Pois claro que não. Não são nem nunca foram a única potencia nem nunca puderam ditar à espera que os outros seguissem. Foi por isso que houve guerras na Coreia, no Vietname, no Iraque. Sempre houve outras potências e sempre as haverá. Sempre houve e sempre haverá quem não obedeça a “sugestões” de grandes e superpotências. Ser superpotência nunca significou ser-se única potência ou omnipotência. Significa apenas isso: ser-se Numero Uno e por isso ter-se mais influencia, mais capacidade de acção, mais poder.
E aí nada mudou. Vejamos:
O rebentar da bolha financeira acabou logo à partida com o mito de uma economia mundial desligada da economia americana como se apregoava. Os Estados Unidos constiparam-se o mundo apanhou uma gripe. O que só pode espantar aqueles que ao início não podiam esconder o seu regozijo perante a crise americana demonstrando ou uma total ignorância da realidade ou um caso óbvio de doença infantil da UEtupia. Senão vejamos: O ano passado os Estados Unidos constituíram 21 por cento da economia mundial. Em 1980 eram 22 por cento. Tendo em conta o advento da China, Índia e brasucas a perda de um por cento da produção económica mundial em 27 anos não me parece um sinal de descalabro económico. E ou muito me engano quando a poeira assentar essa percentagem terá aumentado
Vejamos os números da crise: O Congresso aprovou um pacote de 700 mil milhões de dólares. Isso é 5 (cinco) por cento do Produto Interno Bruto americano. A Alemanha (a maior economia europeia) aprovou um pacote de entre 400 mil milhões e 536 mil milhões de dólares. Isso é entre 12 e 16 por cento do seu Produto Interno Bruto. O pacote aprovado pelos ‘bifes” é de 835 mil milhões ou seja 30 (trinta) por cento do seu PIB.
Essas percentagens não são de admirara Em termos de PIB a economia americana é quase tão grande como a dos outros seis países do G 7
Dividas americanas? São tantos zeros que já não sei se devo dizer triliões ou milhões de milhões. Mas qualquer que seja a palavra certa a percentagem da dívida do governo americano em relação ao PIB é de 62%. Muito? Talvez. Na zona do Euro é de 75 por cento. No Japão 180%.
E não vou entrar aqui em “research and development” ou investimentos na educação terciária. Não é preciso números. Basta ir dar uma passeata por uma universidade americana onde as bibliotecas estão abertas até ás 23 e 24 horas com malta a “marrar” e onde há computadores que sobram. Depois atravessar o lago e dar se uma passeata por uma universidade desse lado do charco e está tudo dito. Defesa? Os Estados Unidos gastam mais em defesa do que os seguintes 14 países em conjunto. E isso é apenas 4,1 por cento do PIB, mais baixo do que durante a Guerra-fria. Iraque, Afeganistão? Menos de um por cento do PIB. (Sim eu sei que o poder militar não é necessariamente sinal de força. Sei que é consequência.)
O Czarkozi deveria feito uma leitura fria dos números. Não o fez e depois meteu outra vez a pata na poça quando afirmou que “o dólar já não é moeda de reserva” do mundo. Aí eu desatei a rir às gargalhadas. Lembrei-me daquilo que o “garganta funda” disse aos jornalistas do Washington Post quando estavam a investigar o escândalo Watergate: “ If you want to know the truth follow the money”.
Ora bem: Vocês devem lembrar-se que o Euro atingiu 1,60 dólares por volta de Abril, altura em que a Libra esterlina valia pouco mais de dois dólares. Tenho a dizer que eu ficava cheio de inveja a ver os “europas” e “bifes” a virem a este lado do charco encher as malas de compras. Depois rebentou a bolha financeira e o Euro e a Libra Esterlina pareciam mergulhadores a saltar da prancha dos dez metros nos jogos olímpicos. A última vez que olhei para os câmbios o Euro estava a 1,26 e a Libra esterlina a 1,50 dólares. Nunca tão poucos caíram tanto em tão pouco tempo.
Então porquê? Porque em tempo de crise verdadeira, como aquela que se faz sentir agora através do mundo o princípio é muito simples. Segurança só há uma: no dólar e mais nenhuma. Só em Setembro (mês em que a bolha estoirou) a China comprou 43 mil e 600 milhões de dólares de títulos do tesouro americano.
A procura de dólares foi tão grande que a 29 de Outubro o banco central americano, o Federal Reserve assinou um acordo de “troca de liquidez” com os bancos centrais do Brasil, México, Coreia (do sul) e Singapura. Cada um vai receber dos States 30 mil milhões de dólares para “mitigar o alastramento das dificuldades …. em economias que são fundamentalmente boas e bem administradas”.
Enterrado no fim do comunicado dizia–se que o Federal Reserve tinha autorizado acordos semelhantes com a Austrália, Canada, Dinamarca, Inglaterra, Banco Central Europeu, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Suíça.
A julgar pelo que disse o Czarkozi eu pensava que deveria ter sido ao contrário. Obviamente o Czarkozi não leu o comunicado do FED. Pior do que isso: He did not follow the money. Só veio aqui beber um vinho caro …americano.
Abraços,
Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

quarta-feira, 21 de maio de 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A recessão nos EUA pode degenerar em estagflação na Europa

Novo ano, crise velha: é o que apetece dizer sobre o rebimbar da “bolha” do imobiliário americano. Os grandes jornais do Mundo - com o Financial Times à cabeça -fornecem, desde o fim do Verão passado, diariamente notícias da louca corrida pelo abismo dos empréstimos hipotecados…sem caução de espécie nenhuma. Coleccionei umas dezenas de artigos, onde até os Prémios Nobel - Summers e Stieglitz - fazem parte do lote. Esta maravilhosa entrevista publicada, no Libé, sintetiza tudo aquilo que podiamos vir a enunciar. Dean Baker, economista, alerta sem dó nem piedade. E culpa Alain Greenspan, ex-boss da Fed, por ter “ignorado os conselhos de regulação do Mercado de crédito”. E ninguém vai escapar: economias como a portuguesa podem ficar seriamente abaladas. Só há, ou havia, recurso nos fundos soberanos das petro-monarquias do Próximo e Médio Oriente…

"Les signes d’une récession américaine se précisent-ils chaque jour un peu plus ?
Oui, sans aucun doute. L’impact du crash immobilier est énorme. Selon les dernières estimations, le prix des maisons s’effondrerait à un rythme annuel de 11,3 %, ce qui représenterait une perte virtuelle de 2 200 milliards de dollars et conduirait à une baisse de la consommation de plus de 100 milliards de dollars… Les oracles pensaient au départ que la crise serait circonscrite aux subprimes, ce fameux secteur des prêts hypothécaires. Mais on s’aperçoit qu’elle a désormais un impact sur la consommation, qui représente 70 % de notre économie. Les gens ne peuvent plus hypothéquer leur maison et emprunter pour consommer…

Quelle peut être l’ampleur de ce retournement et pourquoi n’a-t-il pas été anticipé ?
Les économistes ne prédisent jamais les récessions. Ils les reconnaissent quand elles sont déjà là. Celle qui se profile sera certainement la plus féroce depuis la Seconde Guerre mondiale. Parce qu’il est toujours plus difficile de récupérer d’une récession due à l’effondrement d’une bulle financière. La récession de 2001, celle de la bulle Internet, a conduit à une hausse du chômage, qui ne s’est atténuée qu’avec la création d’une autre bulle, celle de l’immobilier, histoire de booster l’économie. Les outils traditionnels qui consistaient à baisser les taux d’intérêt pour pousser les gens à emprunter de l’argent ne pourront plus marcher cette fois.
D’autant que l’inflation a atteint 4,1 % en 2007, un record depuis dix-sept ans…
C’est vrai. Et c’est ce qui va préoccuper et limiter la marge de manœuvre de la Fed [la banque centrale américaine, ndlr]. D’abord parce que c’est le double de l’hypothèse fixée par le patron de la Fed, Ben Bernanke. Ensuite parce qu’il va être difficile de baisser encore plus les taux d’intérêt pour tenter de relancer l’économie. Les taux d’intérêt à dix ans sont déjà en dessous de l’inflation…

Qui peut endosser la responsabilité de la crise ?
Le premier, c’est l’homme qui table aujourd’hui à 50 % sur une récession aux Etats-Unis. Et qui a lui-même contribué à la laisser arriver en encourageant la bulle : Alan Greenspan, l’ex-boss de la Fed. Il a ignoré les conseils de régulation du marché du crédit, qui aurait pu limiter les abus. Aujourd’hui, il réécrit l’histoire en tentant de s’exonérer. Il dit qu’il ignorait le scandale des subprimes ou qu’il n’a pas été prévenu. C’est faux. Il n’a pas d’excuse pour une telle négligence, un tel laisser-faire dicté par le seul souci d’enrichir les plus riches…

Les places boursières mondiales dévissent, les prévisions de croissances sont révisées à la baisse. Quelle sera l’étendue de la contagion ?Le reste du monde sera clairement affecté par ce qui se passe chez nous. D’abord, parce que les Etats-Unis restent le premier marché d’importation du monde. Ensuite, parce que d’autres régions connaissent aussi une bulle immobilière sans précédent. En France, même si elle est différente et moins importante qu’en Amérique. En Espagne et en Irlande, surtout. Et même si, à l’inverse des Etats-Unis, la crise à venir affectera moins la consommation, elle sera réelle. On le voit déjà. Les banques, qui ont perdu beaucoup, et vont encore perdre beaucoup, vont durcir plus que jamais les conditions du crédit."

Dean Baker pose un regard pessimiste sur l’économie mondiale :
Recueilli par CHRISTIAN LOSSON. Libération

FAR

domingo, 2 de dezembro de 2007

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Telegramas

A crise da Europa é muito profunda - Zaki Laidi, a estrela da sociologia política francesa, escreveu um longo texto no Libé, no qual avisa que a "crise da Europa é profunda mesmo muito profunda". E relembra, sem emitir juízos de valor aquele axioma do sucessor de Tony Blair, o mister Brown: " A Europa, é um conjunto muito grande para resolver os pequenos problemas e muito pequeno para tentar resolver os grandes ". Sobre a actualidade política aflitiva para a Esquerda gaulesa, sujeita aos dissabores de uma infernal luta fratricida entre Ségolène e os dois " elefantes " do seu partido, Strauss-Khan e Fabius, Laidi aponta sem dó nem piedade: " A aliança com o Centro ontem desprezada será praticada amanhã, custe o que custar ".

Superpower hipocrisy - Eu procuro o sentido das coisas, dê lá por onde der. Ando a ler um livro do Alain Badiou sobre o Deleuze, " O clamor do Ser", que me dá água pela barba. Edição da Hachette, reedição em Poche pelo preço de uma caixa de cigarrilhas jamaicanas. Ora, um leitor do NY.Times escreveu a dizer que a líder oposicionista de Myanmar, Aung Kyi, não consegue ser libertada da prisão domiciliária infernal porque não existem " reservas de energia suficientes " no subsolo que justifiquem uma intervenção dos EUA para democratizar. "Por que é que a superpotência se mostra tão empenhada em restaurar a democracia pelo mundo fora e recusa salvá-la de uma implacável e antidemocrática situação?", sustenta.

As "luvas" mirabolantes do príncipe saudita - Não deve ser por acaso que uma das figuras políticas de maior peso do inextricável xadrez dos herdeiros sauditas, o príncipe Bandar Bin Fayçal, um provável sucessor do rei Abbdullah, antigo embaixador nos USA durante 22 anos, se vê envolto em jogadas de contra-informação por causa de uma série proverbial de " luvas " encaixadas nas suas contas na Suíça. As autoridades inglesas fazem o cerco total à revelação de pormenores e, segundo o Wall Street Journal, pensam é em incriminar a atitude das empresas de armamento. Melhor moral e ética do que esta só na democracia " vigiada " de Putin...

FAR