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terça-feira, 12 de abril de 2011
No futebol, como na política, como na vida
Quem só tem uma côr vê o mundo a preto e branco. Mas quem quer ter todas as cores vê tudo a cinzento.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Eis o Sporting
Porrada entre sócios, máfia russa, umas eleições em que ou há uma chapelada eleitoral ou uma tentativa de golpada, arruaceiros à solta, insultos e pedradas ao vencedor, este a fugir dos adeptos e a fazer o discurso de vitória à porta fechada... Eis o Sporting.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Adeus professor, e que nunca venha para o Benfica
Vai-se o professor com dois anos de atraso, depois de conseguir destruir o trabalho de anos e baixar o nível de resultados da selecção nacional ao pré-96. O mais curioso é que, demitido assim, vítima anunciada de uma "conspiração" para o derrubar, a eterna fénix do futebol português mais uma vez vai conseguir sair por cima, culpando terceiros pelos seus constantes fracassos, seja a "porcaria", o "polvo", "presidentes incompetentes", "balneários de vedetas", ou, mais prosaicamente, "o azar". Dele é que a culpa nunca é, e assim ainda o veremos a dar cabo de mais um clube ou selecção neste futuro mais ou menos próximo. No Benfica é que não, vade retro!
terça-feira, 13 de julho de 2010
O Mundial da vuvuzela - Breves notas finais
Desculpem o atraso, tenho andado com mais que fazer que blogues, e mesmo agora o tempo não abunda. O Mundial terminou, venceu o melhor, como quase sempre acontece. A Espanha é de longe a melhor equipa do mundo na actualidade, e provou-o num Mundial em que foi crescendo de jogo para jogo.
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A Holanda jogou a final com as armas que tinha. Para tal, descaracterizou o seu futebol. O lateral-direito perseguiu Iniesta por todo o campo. Os médios de cobertura passaram o jogo a correr como loucos atrás dos médios espanhóis (e a distribuir porrada, diga-se). Kuyt, em vez de extremo, parecia um segundo lateral, sempre de olho em Sérgio Ramos. O Próprio Sneijder aparecia amiúde, qual trinco, à frente da sua área. Seria possível jogar de outra forma contra esta Espanha? Não me parece. O plano era o possível, e esteve perto de resultar, obrigando à lotaria dos penalties. Não era possível à Holanda fazer mais, e muito mérito ao seu treinador, por levar uma equipa que não era das melhores em prova à final, e ficar tão perto do seu objectivo.
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Fabrégas ficou guardado no banco, qual arma secreta, até ao minuto 85. Entrou, encheu o campo, levou a bola para a frente, e assistiu Iniesta para o golo decisivo. Realmente quem tem jogadores como a Espanha, e se dá ao luxo de ter no banco Fabrégas, Silva, Marchena, Navas, Llorente ou Torres, arrisca-se sempre a ganhar. Ao seu treinador, o mérito de fazer o mais difícil neste momentos: a gestão do grupo, que todos se sintam importantes. Mesmo Fabrégas, o caso mais difícil (é a estrela do Arsenal, está a ser negociado com o Barcelona e pouco jogou), ainda foi a tempo de deixar a sua marca, de se sentir parte do triunfo.
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Uma nota final para o meu querido amigo Luiz Inácio: escrever (e pensar) sobre futebol é uma alegre inutilidade. Um passatempo como jogar às cartas. Há por aí muita gente, isso sei bem, que ocupa o vazio dos seus dias a pensar de modo monotemático e monocromático, no futebol e no seu clube, ou seja, na sua religião. Há também, e viu-se por essa blogosfera, quem se preocupe, e escreva posts em catadupa, sobre se o futebol é de esquerda ou de direita, que futebol é de esquerda ou de direita, e outras minudências. Isso sim, diria eu, é perder tempo. Olhar para o futebol com o olhar felino do analista, é para mim como interpretar o subtexto do texto. Claro que se o analista é bom ou mau, isso já é outra conversa.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (7), ou a máquina espanhola
Falei, na minha crónica anterior, da máquina alemã. Pois o que se viu nesta segunda meia-final foi a máquina espanhola. Pela primeira vez a Espanha fez um jogo à altura do seu estatuto, e o resultado foi uma exibição portentosa, um domínio quase absoluto sobre a melhor selecção em prova até então, um futebol de posse de bola e controlo total do jogo, servido por um conjunto de médios de qualidade estratosférica, de avançados do melhor que há, e de uma defesa onde todos sabem jogar à bola, e assim podem fazer parte da circulação verdadeiramente estonteante que a selecção espanhola produz.
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Tinha aconselhado Del Bosque a colocar o Fabrégas, mas o treinador espanhol fez melhor. No lugar do Torres colocou o Pedro Rodriguez, um extremo convertido em falso segundo-avançado, sempre a cair para os flancos. A equipa ganhou assim o que lhe vinha faltando: largura de jogo e profundidade pelas alas. Os laterais Capdevilla e, especialmente, Sergio Ramos, cavalgaram para a frente e para trás, originando superioridade no ataque. Eu tinha escrito sobre os centrais da Alemanha não serem tão bons como os de Portugal; pois bem, a Espanha pressionou-os logo no momento da saída de bola; como são cepos a jogar, ao contrário dos espanhóis, os erros sucederam-se. Depois, foi observar na soberba qualidade técnica de Xabi Alonso, Iniesta, Xavi, Busquets, Villa e Pedro a circular a bola, anestesiar os alemães, e esperar pelo momento certo para desferir o golpe. Um show de futebol táctico e técnico. Depois da derrota no primeiro jogo, a Espanha foi crescendo, e chega ao jogo decisivo no topo da forma, finalmente com o problema táctico solucionado, com a inclusão de Pedro, e ainda com Fabrégas como possível arma secreta, caso seja preciso dar maior profundidade ao meio-campo. Vamos ver o que diz o polvo, mas cheira-me que vai prever nova vitória espanhola no domingo.
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E o que dizer do Queiroz a surgir no Sol a acusar a FPF de amadora, depois a desmentir acusando o jornalista de "vigarista"? As barracas sucedem-se, e alguém para além do "professor" ainda acredita que ele tem condições para continuar?
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (6), ou o Mundial dos treinadores
Estou sempre a falar de treinadores nestas crónicas. Talvez eu mesmo seja um desses milhões de treinadores wannabes, frustrados. Mas como não o fazer neste Mundial? Onde estão as estrelas, Kaká, Messi, Ronaldo ou Rooney? Quem ficou no seu lugar? Para além da Espanha, uma equipa que talvez não tenha ainda expresso todo o seu potencial, e muito por causa de algumas dúvidas tácticas que o seu futebol oferece, os outros três semifinalistas são equipas cuja principal característica é a organização, o perfeito enquadramento dos jogadores na táctica, que permite aos artistas expressar da melhor forma o seu futebol, através do jogo de equipa, onde não se observam "estrelas" a tentar resolver jogos sozinhas, a tentar fintar o impossível, e mesmo no caso onde a diferença entre a estrela e o resto dos jogadores é gritante, o Uruguai.
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À Argentina faltava jogar com uma equipa de topo, e o fracasso foi total. Maradona não é um treinador. Viram-no no fim do jogo? Os treinadores vão ter com os seus jogadores, confortam-nos pela derrota, lembram-nos da efemeridade da vida e do jogo, e das coisas verdadeiramente importantes. Diego foi chorar com eles para o balneário. Ele é um deles. Um capitão, não um mister. Claro que se isto resultou enquanto se tratou de inspirar espírito de equipa e uma certa aura à volta deles (dos jogadores, ou seja, do capitão Maradona e dos outros), tudo foi mais complicado quando o assunto passou a ser o de tomar decisões difíceis, decisões de treinador. Por exemplo, tirar o Higuain e colocar o Milito, num jogo que estava tanto a pedir o Milito, um verdadeiro ponta-de-lança em vez de (mais) um avançado móvel. Maradona não foi capaz de tirar um dos seus, um dos seus principais. Para além disso, o dilema táctico da Argentina sempre foi o de jogar com Messi a 10, atrás de Tevez e Higuain. Se isto resultou contra equipas fracas ou médias, contra a Alemanha foi gritante a falta de alguém a recuperar bolas e a ajudar o Mascherano, quando os três da frente ficavam lá parados, o Di Maria estava encostado à linha e o Maxi Rodriguez parecia perdido em campo. Mas o essencial não foi isso. Se a Argentina teve ocasiões para empatar (com os jogadores que tem, era impossível que não tivesse), a dado momento chegou a exasperar-me a imobilidade do "treinador", como ele não tomava a decisão óbvia, aquela que milhões de treinadores "wannabes" gritavam a plenos pulmões, pôr o raio do ponta-de-lança, e ainda por cima um dos melhores do mundo, em campo.
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Por falar em treinadores, o do Uruguai, Tabarez, deve ter andado a enganar-nos bem este tempo todo. Como é possível que uma equipa que durante quase todo o torneio joga com dois ponta-de-lança puros e um avançado vagabundo por trás (mais ou menos como a Argentina, mas com muito menos classe em campo, e avançados mais fixos que móveis) defenda tão bem, execute tão bem o pressing e seja eximia na recuperação? Talvez possa dar umas lições ao Maradona.
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Uma meia-final espectacular, e tiro o chapéu ao Uruguai: organização, força, e um imenso querer em campo. Obrigou a Holanda a vestir-se de gala para passar. Amanhã, a melhor equipa até ao momento, a Alemanha, contra a equipa com melhores jogadores ainda em prova, a Espanha. Esta Espanha apresenta alguns problemas evidentes: joga sem extremos, pelo que pouco lateraliza em profundidade. Depois, são todos exímios a trocar a bola, mas parece faltar alguém que corra com ela para a frente; no Euro2008 a coisa também começou assim, mas depois entrou Fabrégas para a equipa, e tudo mudou nesse aspecto. Neste mundial ele tarda em entrar. Será que o Del Bosque está com dificuldades em escolher, entre todos os seus excelentes jogadores do meio-campo para a frente, aquele a sacrificar? Ou confiará em absoluto no poder hipnótico do toque de bola espanhol? Contra a máquina alemã, que alia uma impressionante precisão táctica a uma invulgar velocidade na frente, e a uma criatividade que resulta já da evolução do jogador alemão, isso pode não chegar. Agora reparem que, dos jogadores alemães, o trinco, o lateral-esquerdo, e os dois centrais não tinham lugar na selecção portuguesa. Mas quando jogam nesta equipa parecem de classe mundial. Não são apenas os jogadores que fazem a equipa; ela também faz os jogadores. Ou não fosse este o Mundial das equipas, perdão, dos treinadores.
terça-feira, 6 de julho de 2010
O desporto-rei e a rainha das nações (3)
(Aparte: estou com pouco tempo, mas mais logo retomarei as "notas", com especial ênfase à Argentina, uma selecção sem treinador. Até logo, meus fieis leitores)
sábado, 3 de julho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (5), ou Queiroz e Dunga
A estratégia dos queirozianos é sempre a de desvalorizar os jogadores da selecção. Que já não temos a selecção que tínhamos, que os jogadores são, quase todos, medianos, and so on. Curioso. No onze de Portugal contra a Espanha, e tirando o Eduardo, um guarda-redes de top que ainda não tinha sido descoberto ao mais alto nível, os jogadores que alinharam jogam nos seguintes clubes: Valência, Chelsea, Porto, Benfica, Real Madrid, Porto, Atl. Madrid, Real Madrid, Atl. Madrid e Werder Bremen. Tudo clubes medianos, próprios de jogadores medianos. É verdade que a selecção nacional já foi melhor, e que isso deve preocupar os responsáveis. É também verdade que Queiroz é responsável pela formação da melhor fornada de jogadores portugueses desde os anos 60. Mas a selecção de 2000, com Figo, João Pinto, Rui Costa, Paulo Bento, Paulo Sousa, Couto, Jorge Costa ou Baía também era melhor que a de 2006, e Scolari levou a de 2006 às meias-finais, exactamente o que atingiu a de 2000. Será que não se percebe o erro de casting que foi a contratação deste treinador? As suas qualidades podiam, e deviam, ter sido aproveitadas como coordenador do edifício do futebol de selecções, como planificador a médio e longo prazo de uma estratégia para os novos jogadores portugueses, que nisso ele é bom como poucos. Desconfio, contudo, que o "professor" não se contentaria com tão pouco, que o seu ego e a sua vaidade exigem mais além.
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Vamos então fazer um balanço sobre estes dois anos do "professor": a qualificação foi uma lástima. Portugal não ganhou a nenhuma das equipas de top do grupo, empatou em casa com a Albânia, finalizou atrás da Dinamarca (e viu-se neste Mundial o poder desta Dinamarca) e acabou a depender de terceiros para se qualificar para um play-off. Teve sorte e chegou lá. Nesse play-off contra a potência futebolística chamada Bósnia, fez um jogo miserável em casa, onde pôde agradecer aos ferros da Luz, e um bom jogo fora, onde ganhou com todo o mérito. No Mundial, jogou a medo, e mal, contra a Costa do Marfim, destroçou a equipa mais fraca da prova, fez depois um excelente jogo contra o Brasil, mas onde não arriscou nada (parecia que nós é que tínhamos o primeiro lugar assegurado), e contra a Espanha, um jogo que podia fazer pender este balanço para o outro lado, a falta de leitura de jogo e a estratégia medrosa do treinador precipitaram a derrota. Entretanto, do balneário blindado de Humberto Coelho (graças aos senhores capitães que lá imperavam) e de Scolari (graças às santinhas e à parolice), passou-se para um conjunto de polémicas estéreis, de bocas mais ou menos subtis, de insatisfações mal disfarçadas. Ora lá está: gerir um grupo de trabalho, saber ler o jogo: eis o que faz um treinador principal. Estudar, planificar e etc., isso é para adjuntos, secretários técnicos, coordenadores.
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Portugal tem "jogadores medianos" e a Holanda ganhou ao Brasil a jogar com o Sketelenburg, o Ooijer, o Heitinga, o Van der Wiel e o De Jong. Conhecem? É verdade que tem uma grande equipa do meio-campo para a frente, com o Van Bommel, o Sneijder, o Robben, o Kuyt e o Van Persie, e ainda o Huntelaar e o Van der Vaart no banco. Mas não tem um Cristiano Ronaldo (como não tem um Kaká ou um Robinho). A sua maior força é ser uma equipa, no verdadeiro sentido do termo, que joga pelo colectivo, sabe as suas forças e fraquezas e nunca perde a cabeça. Ganhou um jogo que praticamente decidia a passagem à final, e apesar de as três melhores equipas estarem do outro lado do quadro, um jogo é um jogo e é agora candidata séria à vitória.
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Quanto ao Brasil, é impressionante como uma equipa, à primeira contrariedade, se desmorona como um castelo de cartas. Este Brasil parecia não estar preparado para as coisas correrem menos bem num jogo, e de certeza que não tinha um plano B. Tinha o jogo controlado, e após sofrer um auto-golo num lance infeliz entra em total derrocada psicológica (com o jogo em 1-1!). O Dunga, que eu já sabia ser limitado na leitura do jogo, e casmurro nas opções tácticas, provou que afinal também não é grande coisa a conduzir a equipa, a passar a mensagem para dentro do campo, a motivar jogadores a lutar contra contrariedades. Note-se que o treinador brasileiro não fez a terceira substituição, apesar de ter o Grafite no banco. Certamente preocupado com o equilíbrio da equipa numa altura em que o jogo já estava completamente partido. Um treinador à Queiroz, que, obviamente, vai sair, tal como Domenech, Lippi ou Cappelo. Só o nosso "professor" é que vai continuar, apesar de saltar à vista de todos que os portugueses já não estão com ele, ou seja, apesar de a sua continuidade ser, nem que seja por isso, prejudicial à selecção.
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Do Gana-Uruguai, um jogo razoavelmente jogado, mas que terminou com a emoção ao máximo, o que me apetece dizer é que é por estas coisas que o futebol continua a ser o mais belo de todos os jogos. Perdeu o Gana, a equipa que apoiava, mas ganhou o Mundial.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Ronaldo e Queiroz
Um video da "Cuatro" espanhola sobre o dia menos bom de Ronaldo contra a Espanha. Aos 2 minutos e 10 segundos: "Assim não ganhamos Carlos". Cristiano para Queiroz após a substituição de Hugo Almeida. Até o Ronaldo percebeu; e essa de tratar o seleccionador por "Carlos"...
É óbvio que havia um problema de liderança, de respeito pelas decisões do treinador. Só o mais fanático dos "queirozianos" não vê isto depois de se repetirem os casos e casinhos, as declarações mais ou menos a quente, os recados para dentro e para fora. Voltarei ao tema com mais profundidade, talvez mais logo.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (4), ou Nem choque nem espanto
A importância de uma substituição: O fatídico minuto 60. Duas substituições quase em simultâneo. Del Bosque, o treinador da Espanha, coloca um ponta-de-lança torre, o Llorente do Bilbau. Queiroz, o treinador português, tira o ponta-de-lança torre, o Hugo Almeida, e coloca um extremo, o Danny. Em três minutos, a Espanha empurra Portugal para a sua área, o Llorente quase marca de cabeça, e o Villa acaba por fazer golo, num movimento colectivo que, todo ele, tira partido da recém-chegada superioridade na área portuguesa. Um jogo dividido desiquilibra-se nos pormenores-pormaiores, como aliás o nosso próprio treinador tinha antecipado. Um daqueles pormenores tão pormaiores que, desta vez, toda a gente reparou.
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O balanço possível, para já: Estou com pouca vontade de escrever. Desiludido. Apesar de detestar este treinador, a selecção chegou a fazer-me acreditar. Quis comer o meu chapéu, acabei a beber cerveja em conversas inúteis sobre o que é a arte, e os apoios do Estado à cultura. Merdas para esquecer. De regresso à Terra, à Pátria do Futebol, ao nosso Portugal dos Navegadores à conquista da Boa Esperança, relembro o filme do Mundial 2010 para a selecção nacional: nem bom nem mau, antes pelo contrário. A pior das sensações, um agridoce na boca.
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O futuro, para já: Voltarei ao tema, e com a profundidade que se exige a um escriba do meu calibre, mas quero adiantar desde já algo sobre o futuro da selecção, já que sei que as altas instâncias do futebol nacional fervem de ansiedade pelas minhas instruções: ganhámos alguns jogadores; acima de todos, o Eduardo, que passou o teste com distinção e provou ser guarda-redes de classe mundial. O Coentrão, apesar de hoje menos bem, demonstrou ser o lateral-esquerdo que faltava. O Meireles e o Tiago, mais o primeiro, são dois médios completos que terão sempre lugar num futuro próximo. O Hugo Almeida surpreendeu e deixou a interrogação sobre a necessidade de naturalizar um brasileiro para o lugar, ainda por cima trintão. Os centrais são excelentes, e o Carvalho ainda aguenta bem mais uns tempos. Foi pena o Amorim, que nem tinha sido convocado inicialmente, ter-se lesionado e assim não ter podido provar ser o melhor lateral-direito disponível (até o João Pereira é melhor que o Paulo Ferreira, o Ricardo Costa e este Miguel juntos). Portugal continua a ter um excelente lote de jogadores. No fim do jogo pareceu que o Ronaldo tinha dito merda ("perguntem ao Queiroz", disse ele, quando questionado sobre o jogo). É pena ter desdramatizado posteriormente, porque era um óptimo pretexto para retirar-lhe a braçadeira de capitão. Dar-lha foi um erro do Scolari, salta à vista de todos que é demasiada responsabilidade para aquela cabeça, e que o melhor era deixar o "minino" jogar, ser estrela, decidir jogos, mas que seja outro a liderar o grupo, que para isso ele não dá.
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O Queiroz, para já: Toda a gente sabe a minha opinião sobre este treinador. E neste Mundial, até esteve bem melhor que eu supunha; mas é medíocre, medroso, e, seja pela lógica do jogo, seja por motivos que nos ultrapassam e que se calhar estão escritos nas estrelas, continua a falhar (outros acham que tem azar. Também vale). Infelizmente, conhecendo o Madail e esses figurões da federação, estou a antever mais dois anos de "projecto", "renovação", "estruturação", enfim, de um futebol sofrível.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Onde se prova, mais uma vez, o meu conhecimento sobre futebol. Ora aprendam:
Quem quiser entender aquilo que um jogador vale para uma tática, que veja o jogo do Brasil hoje. Jogar com o Ramires em vez do Filipe Melo, sem alterar em nada a tática, foi uma mudança da noite para o dia na qualidade de jogo do Brasil. O "duplo pivot", para funcionar bem, precisa de um médio mais defensivo, trinco puro, e ao lado de outro que seja um verdadeiro transportador de bola: Costinha-Maniche; Petit-Tiago, e etc. Isto toda a gente sabe, mas parece que o Dunga não sabia. Jogando com o Gilberto e o Filipe Melo, apresentava um onze com dois trincos puros, uma ideia boa para o Gil Vicente quando vem jogar à Luz. Com o Ramires, que é a melhor opção que tem à disposição para o lugar, a equipa ganhou um verdadeiro transportador de jogo: partindo do mesmo princípio posicional, a dinâmica é completamente diferente. Vejam o golo do Robinho, e a cavalgada que o Ramires faz com a bola do meio-campo à entrada da área. Claro que isto aconteceu por acaso, já que o Filipe Melo se lesionou. Irá Dunga perceber a tempo a razão da mudança na qualidade de jogo do escrete? Nunca se sabe.
Entretanto, quanto a nós amanhã, espero que a ideia do Queiroz não seja a de jogar como fez contra o Brasil: dar a bola à Espanha é suicídio, o que os espanhóis mais gostam é de ter a bola nos pés e circulá-la. Ao contrário do Brasil, não perdem a paciência, aliás a paciência é a grande virtude do jogo da Espanha, e é tanta que às vezes começa a ser um defeito, já que os espanhóis parecem convencidos que, com calma, o golo há-de aparecer mais cedo ou mais tarde. Na verdade, com este treinador nunca estou seguro, o seu currículo em perceber as coisas mais simples do futebol não é famoso. Mas nunca se sabe.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (2), ou Portugal através da lupa do filósofo Diógenes
Bipolaridade: 12:30, uma cervejaria em Alcântara - vox populi: "não estou nada optimista", "estes tipos não jogam nada"; "ainda perdemos com os coreanos"; "os coreanos têm lá um granda jogador, aquele nº9". 14:30, na mesma cervejaria e na rua: "Por-tu-gal! Por-tu-gal! Fom-fom-fom fom fom! Bi-Bi-bi bi bi"
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O esquecimento é o pai da repetição da história: Sete golos depois, é difícil lembrar como um jogo decorreu verdadeiramente. A euforia e o êxtase tomam conta das cabeças dos portugueses, sobretudo depois daquela garrafa de branco e do Famous Grouse no fim do almoço. Até ao primeiro golo, a coisa não estava a correr bem. Essa potência futebolística que dá pelo nome de Coreia do Norte causava problemas, e tinha, até, mais chances de golo que Portugal. Não tinha, e nunca terá, é Ronaldos, Meireles ou Hugos Almeidas. Após um golo "à Portugal", com boa jogada e enorme mérito do Meireles (a propósito, sem dúvida o melhor em campo. O Tiago foi mais influente no jogo, mas o Meireles foi-o quando o jogo estava difícil, e não quando foi altura do baile), a toada pouco se alterou. Em contrapartida, um inicio fortíssimo de segunda parte da equipa portuguesa (que me deixou, confesso, de boca aberta), resolveu o jogo. A partir daí, foi assistir à derrocada colectiva de uma equipa formatada para defender e aproveitar espaços, e ao festival dos jogadores portugueses, que se apanharam a jogar como mais gostam, com espaço na frente e onde podem tirar proveito da sua técnica, não esquecer que os jogadores portugueses são, com raras excepções, de grande classe. Eu tinha dito a quem estava comigo, que precisava de três golos neste jogo para me reconciliar com a selecção. Fizeram-me a vontade mais que a dobrar. Agora, convém que um jogo em que tudo correu bem não faça esquecer os problemas que se mantém, e que mais abaixo serão descritos, caso contrário será o primeiro passo para que esta seja uma vitória de Pirro.
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O segredo: É altura de revelar o segredo: recebi ontem uma chamada do prof. Carlos Queiroz. Perguntava-me, com ar de preocupado, voz deixando antever o pânico, o que fazer para derrotar a Coreia. Eu disse-lhe: "O Deco não corre. Já que deixaste o Carlos Martins em Portugal, mete o Tiago. E tira aquela múmia do Paulo Ferreira, o Miguel, mesmo gordo, é vinte vezes melhor. O Liedson, ó burro, não rende um boi sozinho na frente. Mais vale o Hugo Almeida, mesmo com todas as limitações que tem, pelo menos é alto, impõe o físico e ganha bolas de cabeça. E o Danny, já percebeste finalmente que é tudo menos extremo, não é? Claro que tem de jogar o Simão naquela posição, já que fizeste o favor de originar a lesão do Nani." Acabo de receber uma nova chamada do professor: "Foda-se André, tinhas razão". Ao que retorqui: "Vês ó Queiroz? Fizesses o que te digo desde o princípio e ganhavas nas calmas à Costa do Marfim. Agora, vê lá se não cedes aos barões lá do teu grupo, e manténs esta como a equipa base, já deu para veres que é a melhor, né?"
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O futuro: Que isto sirva para moralizar uma equipa que não jogava nada há dois anos (desde, precisamente, a entrada do Queiroz para seleccionador), que, como o próprio disse no flash interview, estava mesmo a precisar de um resultado destes, mas que não iluda ninguém, nem ao grupo nem a nós: tudo correu bem neste jogo, contra uma equipa muito fraquinha que, a partir do momento em que teve de atacar organizado, deixou de existir, e desde o 3-0 entrou em pânico, quando começou a aperceber-se que os familiares e amigos iam ser enviados para o campo de concentração. Para que Portugal saia deste Mundial de cabeça erguida vai ter de jogar contra equipas muito fortes, e vai ter de jogar mais. Primeiro, e isto é o essencial, deixar estes jogadores como equipa base, cedendo à tentação do Deco e do Paulo Ferreira. Depois, muito maior coesão na equipa, linhas mais juntas em ataque organizado, menor distância entre sectores. E já agora, calem-se todos os que falam mal do Fábio Coentrão (o que acontece, evidentemente, apenas por ele jogar no Benfica): gratos devemos todos estar a Jesus, o profeta vermelho, por ter inventado um lateral-esquerdo de classe mundial, finalmente e uns vinte anos depois do último que tivemos.
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O Queiroz: Quem me conhece e quem me lê sabe o pouco em conta que tenho este treinador, um loser que falhou todas as vezes que treinou equipas séniores. Depois deste jogo, e de ter finalmente ouvido as minhas recomendações sobre a melhor equipa inicial, passo a dar a esta selecção o benefício da dúvida, não esquecendo, claro, o que está para trás (o esquecimento é o pai da repetição da história). Mas há algo de muito paradoxal, típico, aliás, do futebol, que não podemos esquecer: este treinador conseguiu deixar as expectativas sobre a prestação desta equipa, uma das melhores do mundo, tão em baixo, que agora qualquer coisa que seja mais que a barraca que se chegou a prever aparece como uma grande vitória. Aquela rara espécie de homens que são os que gostam de futebol e são lúcidos ao mesmo tempo sabem que esta vitória é boa, mas não é nada ainda em relação ao que esta equipa tem obrigação de fazer.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Temos um grande seleccionador, sempre atento a todos os pormenores
Entusiasmo no treino 'tirou' Nani do Mundial
“Acaba com o golo mais espectacular.” Foi esta a ordem que Carlos Queiroz deu na sexta-feira, no estádio do Real Sport Clube, em Massamá. Os jogadores aceitaram o desafio, com Nani a tentar ser o mais espectacular na finalização. Recebeu um centro da direita, tentou o pontapé de bicicleta e caiu sobre o ombro. Alguns minutos mais tarde acabaria por se queixar e não mais recuperou a 100%. Agora está fora do Mundial."
segunda-feira, 7 de junho de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Baile dos Bombeiros
Aí está ela, a auspiciosa conjunção astral que configura uma nova Era Luxitana. Na retícula ibérica habitada pelo Povo Eleito já soam os cantos da boa-aventurança: Pur-Tu-Gal, Pur-Tu-Gal, Pur-Tu-Gal.
Devidamente alinhados e conjugados, os planetas Fátima, Futebol e Fado vão demonstrar, mais uma vez, o excepcionalismo dos Lusitanos. Citius, Altius, Fortis. Estão abertas as Olimpíadas da Razão e, obviamente, os atletas são todos Portugueses.
Mas vejamos porque os Deuses dedicaram os seus melhores planetas a Portugal, elevando os seus habitantes e fazendo da sua História o Olimpo dos outros bípedes. Sim, que nisto de Deuses, todos eles respondem a outros Deuses, ad infinitum. À excepção, claro, de um supranumerário que convenceu o ruminante Abraão- as misteriosas ervas que mastigou a caminho de Ur foram retiradas do mercado- da sua...excepcionalidade.
O planeta Fátima, como se sabe, é consagrado no Altar do Mundo. Aí acorrem regularmente, não tanto como gostariam, os devotos trinitários. Quando foi necessário avivar a centelha da humanidade que fenecia na Grande Guerra e na bancarrota financeira, assegurando que os ismos que aí vinham seriam suplantados pela oração, a escolha recaiu sobre a Zona Centro. O umbigo de Portugal... visto de perfil.
Hoje, uma vez mais, em plena catástrofe financeira, bem como as aflitivas crises associadas e dependentes, Portugal recebe o mais alto dignitário da sua religião. E já se diz que a presença física de Benedito, e a significância espiritual, ajuda os crentes a suportar a(s) crise(s). O real significado da coisa, da crise, as suas amplitude e latitude, foi, é de dizer, capturado pela banalização e pela conspiração. Krisis? What krisis? Ruminavam nas trevas pré-digitais os jurássicos embora premonitórios...SUPERTRAMP.
Declaração de interesses: Estas linhas só involuntariamente ofenderão alguém. Temos o maior respeito pelas religiões do Livro e por todas as outras e não nos escudamos nas catacumbas da psiquiatria ou nas zonas de conforto da Literatura. Fica a nota sobre o excelente “2666” de Roberto Bolaño, onde se descreve uma ‘funny condition’, a fobia aos símbolos religiosos, e circula secundariamente uma personagem penitente, que se dá a conhecer por mijar em todas as igrejas de Sonora e Sinaloa. Iconoclasta e incontinente. Gostaria, a propósito, que não continuassem a desrespeitar a minha condição de ateu.
O planeta Fado, o mais pequeno dos três, é muito complexo. Transversal e subterrâneo.
Conta a lenda que o fado cresceu afidalgado e plebeu, marialva e covarde, ébrio e virtuoso, catártico e depressivo. Esta ambiguidade negou-lhe os galões da urbanidade. Erudita acima, mas cheira rural. Pisca modernidade, mas sonha com o integralismo lusitano.
A descontinuidade de Abril desferiu-lhe severas e bem merecidas pauladas, mas o vírus resistiu e, como a psoríase totalitária, deita a cabeça de fora sempre que pode. Ele é uma alma redescoberta, ele é identidade profunda, ele é teatrinhos e musicais La Féria, ele é cantantes e cantandeiras nas boas assessorias culturais. Ajoelhai. Ele é o Senhor Fado.
Só falta convencer os Portugueses que se devem comportar como numa qualquer produção de Bollywood. De cinco em cinco minutos, esteja-se onde estiver, fazendo o que quer seja, canta-se o Fado. Isto não é ser conformista, isto é estar conformado. Se a tristeza aperta... canta-se o Fado e trocam-se as vogais.
Por exemplo, o cidadão dirige-se a um banco, pode ser o BPP que já não existe, e pede um empréstimo para comprar pão, para tratar a avozinha entrevada, pagar a renda, ou mesmo para despesas sumptuárias. Água, Luz, estudos dos filhos. O balconista dá nega. Acto contínuo, o cidadão, que é fadista e crente, em vez de protestar deve entoar: Nããããão häháháhá dinheeeeeeeeeiro.
Declaração de interesses:
O fado, embora musicalmente muito limitado, deve ser desfrutado em local próprio, mal iluminado, bem regado, e com par de bandarilhas na mão.
Por fim, o planeta Futebol. Que na langue de bois deve escrever-se planeta Benfica.
Com a conquista do trigésimo-segundo campeonato, e coincidindo com a visita de Benedito, e a retoma do Fado, podemos dizer que está de regresso o futebol de regime. Semi-totalitário, quase unânime, orgulhoso, glorioso, seis milhões de irmãos e quatro milhões de bastardos, primos, estrangeirados, liberais.
Atentemos nos emblemas (cartazes, faixas, slogans) e cruzemo-los nas órbitas dos planetas Fátima e Fado:
“Graças a Deus Sou do Benfica” e “Obrigado Pai”. Entrámos numa década prodigiosa, anunciada pela Águia Vitória e apoiada pelo movimento anti-taxidermia dos No Name Boys.
Declaração de interesses:
Não somos simpatizantes do SLB. Felicitamos o clube da roda de bicicleta pela vitória no nacional 2009/2010. A despeito de o Benfica, como notou Domigos Paciência, ter feito um terço do campeonato contra dez jogadores, e, explicou Rui Oliveira e Costa, dos exercícios de contabilidade criativa, ao nível de um Goldman Sachs. Jogadas entre o Benfica Clube e o Benfica SAD que fizeram golo no défice swap.
Bom, toda esta lenga-lenga para alertar, mercê da conjugação planetária favorável, para o surto de criatividade lusitana que aí vem. As possibilidades são todas, mas, convém saber, estender-se-ão preferencialmente, Presidente Silva dixit, para o Mar e para o Artesanato. Mais tarde, corrigiu-se a cousa do artesanato para ‘indústrias criativas’. Solte-se a vontade que o talento e a imaginação sobejam. Milhões de portugueses- leia-se, benfiquistas- acelerando as suas motas-de-água (caravelas) Atlântico dentro, com os Açores na bússola e o sonho na Patagónia. Ou a vibrante indústria criativa das Caldas da Rainha.
Pur-to-Gal, Pur-To-Gal, Pur-To-Gal.
Muito estranhamos, por tudo isto, os desentendimentos que por aqui grassam a pretexto de uma personagem que desconheço: Agostinho Lopes. Lamento.
Poderemos contribuir, nestes tempos de verbas longas do FMI, recordando o exemplo de Vasco Gonçalves quando, na iminência do colapso das contas públicas, apresentava a solução: “Não precisamos de empréstimos (FMI), precisamos de fregueses”.
Portanto, o freguês webmaster Armando Rocheteau que não dê importância à canalha totalitária. Lembre-se, caro Armando, que estas gentes defrontam-se com sérias dificuldades no relacionamento com a Verdade, com a Realidade e com a Liberdade.
Deixo-lhe um conforto axiomático: o socialismo real não é verdadeiro; e o paradoxo do filho da puta: como sei que sou livre?
Avé.
JSP
Devidamente alinhados e conjugados, os planetas Fátima, Futebol e Fado vão demonstrar, mais uma vez, o excepcionalismo dos Lusitanos. Citius, Altius, Fortis. Estão abertas as Olimpíadas da Razão e, obviamente, os atletas são todos Portugueses.
Mas vejamos porque os Deuses dedicaram os seus melhores planetas a Portugal, elevando os seus habitantes e fazendo da sua História o Olimpo dos outros bípedes. Sim, que nisto de Deuses, todos eles respondem a outros Deuses, ad infinitum. À excepção, claro, de um supranumerário que convenceu o ruminante Abraão- as misteriosas ervas que mastigou a caminho de Ur foram retiradas do mercado- da sua...excepcionalidade.
O planeta Fátima, como se sabe, é consagrado no Altar do Mundo. Aí acorrem regularmente, não tanto como gostariam, os devotos trinitários. Quando foi necessário avivar a centelha da humanidade que fenecia na Grande Guerra e na bancarrota financeira, assegurando que os ismos que aí vinham seriam suplantados pela oração, a escolha recaiu sobre a Zona Centro. O umbigo de Portugal... visto de perfil.
Hoje, uma vez mais, em plena catástrofe financeira, bem como as aflitivas crises associadas e dependentes, Portugal recebe o mais alto dignitário da sua religião. E já se diz que a presença física de Benedito, e a significância espiritual, ajuda os crentes a suportar a(s) crise(s). O real significado da coisa, da crise, as suas amplitude e latitude, foi, é de dizer, capturado pela banalização e pela conspiração. Krisis? What krisis? Ruminavam nas trevas pré-digitais os jurássicos embora premonitórios...SUPERTRAMP.
Declaração de interesses: Estas linhas só involuntariamente ofenderão alguém. Temos o maior respeito pelas religiões do Livro e por todas as outras e não nos escudamos nas catacumbas da psiquiatria ou nas zonas de conforto da Literatura. Fica a nota sobre o excelente “2666” de Roberto Bolaño, onde se descreve uma ‘funny condition’, a fobia aos símbolos religiosos, e circula secundariamente uma personagem penitente, que se dá a conhecer por mijar em todas as igrejas de Sonora e Sinaloa. Iconoclasta e incontinente. Gostaria, a propósito, que não continuassem a desrespeitar a minha condição de ateu.
O planeta Fado, o mais pequeno dos três, é muito complexo. Transversal e subterrâneo.
Conta a lenda que o fado cresceu afidalgado e plebeu, marialva e covarde, ébrio e virtuoso, catártico e depressivo. Esta ambiguidade negou-lhe os galões da urbanidade. Erudita acima, mas cheira rural. Pisca modernidade, mas sonha com o integralismo lusitano.
A descontinuidade de Abril desferiu-lhe severas e bem merecidas pauladas, mas o vírus resistiu e, como a psoríase totalitária, deita a cabeça de fora sempre que pode. Ele é uma alma redescoberta, ele é identidade profunda, ele é teatrinhos e musicais La Féria, ele é cantantes e cantandeiras nas boas assessorias culturais. Ajoelhai. Ele é o Senhor Fado.
Só falta convencer os Portugueses que se devem comportar como numa qualquer produção de Bollywood. De cinco em cinco minutos, esteja-se onde estiver, fazendo o que quer seja, canta-se o Fado. Isto não é ser conformista, isto é estar conformado. Se a tristeza aperta... canta-se o Fado e trocam-se as vogais.
Por exemplo, o cidadão dirige-se a um banco, pode ser o BPP que já não existe, e pede um empréstimo para comprar pão, para tratar a avozinha entrevada, pagar a renda, ou mesmo para despesas sumptuárias. Água, Luz, estudos dos filhos. O balconista dá nega. Acto contínuo, o cidadão, que é fadista e crente, em vez de protestar deve entoar: Nããããão häháháhá dinheeeeeeeeeiro.
Declaração de interesses:
O fado, embora musicalmente muito limitado, deve ser desfrutado em local próprio, mal iluminado, bem regado, e com par de bandarilhas na mão.
Por fim, o planeta Futebol. Que na langue de bois deve escrever-se planeta Benfica.
Com a conquista do trigésimo-segundo campeonato, e coincidindo com a visita de Benedito, e a retoma do Fado, podemos dizer que está de regresso o futebol de regime. Semi-totalitário, quase unânime, orgulhoso, glorioso, seis milhões de irmãos e quatro milhões de bastardos, primos, estrangeirados, liberais.
Atentemos nos emblemas (cartazes, faixas, slogans) e cruzemo-los nas órbitas dos planetas Fátima e Fado:
“Graças a Deus Sou do Benfica” e “Obrigado Pai”. Entrámos numa década prodigiosa, anunciada pela Águia Vitória e apoiada pelo movimento anti-taxidermia dos No Name Boys.
Declaração de interesses:
Não somos simpatizantes do SLB. Felicitamos o clube da roda de bicicleta pela vitória no nacional 2009/2010. A despeito de o Benfica, como notou Domigos Paciência, ter feito um terço do campeonato contra dez jogadores, e, explicou Rui Oliveira e Costa, dos exercícios de contabilidade criativa, ao nível de um Goldman Sachs. Jogadas entre o Benfica Clube e o Benfica SAD que fizeram golo no défice swap.
Bom, toda esta lenga-lenga para alertar, mercê da conjugação planetária favorável, para o surto de criatividade lusitana que aí vem. As possibilidades são todas, mas, convém saber, estender-se-ão preferencialmente, Presidente Silva dixit, para o Mar e para o Artesanato. Mais tarde, corrigiu-se a cousa do artesanato para ‘indústrias criativas’. Solte-se a vontade que o talento e a imaginação sobejam. Milhões de portugueses- leia-se, benfiquistas- acelerando as suas motas-de-água (caravelas) Atlântico dentro, com os Açores na bússola e o sonho na Patagónia. Ou a vibrante indústria criativa das Caldas da Rainha.
Pur-to-Gal, Pur-To-Gal, Pur-To-Gal.
Muito estranhamos, por tudo isto, os desentendimentos que por aqui grassam a pretexto de uma personagem que desconheço: Agostinho Lopes. Lamento.
Poderemos contribuir, nestes tempos de verbas longas do FMI, recordando o exemplo de Vasco Gonçalves quando, na iminência do colapso das contas públicas, apresentava a solução: “Não precisamos de empréstimos (FMI), precisamos de fregueses”.
Portanto, o freguês webmaster Armando Rocheteau que não dê importância à canalha totalitária. Lembre-se, caro Armando, que estas gentes defrontam-se com sérias dificuldades no relacionamento com a Verdade, com a Realidade e com a Liberdade.
Deixo-lhe um conforto axiomático: o socialismo real não é verdadeiro; e o paradoxo do filho da puta: como sei que sou livre?
Avé.
JSP
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segunda-feira, 3 de maio de 2010
Paradoxos da bola
Hoje vi adeptos de um clube habituado a ser campeão a festejar efusivamente no final de um jogo, apesar de os resultados da jornada significarem que esse clube ficará em 3º lugar. Também vi adeptos de outro clube a que ainda se vai chamando de "um dos grandes" todos sorridentes, depois de perder em casa com a Naval. Enfim, mistérios da bola.
Uma semana de boa disposição pode ser reconfortante depois de uma época inteira de azias, mas não se iludam, meus caros, que no próximo fim-de-semana terão a maior das indigestões. Está escrito.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Conselho de "Justiça" da FPF (2)
quarta-feira, 24 de março de 2010
Conselho de "Justiça" da FPF
Do Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, em vigor para a época de 2009/10:
Artigo 1º - Definições
d) Agentes: os dirigentes e funcionários dos clubes, jogadores, treinadores, auxiliares-técnicos, árbitros e árbitros assistentes, observadores dos árbitros e delegados da Liga, médicos, massagistas e, em geral, todos os sujeitos que participem nas competições profissionais organizadas pela Liga ou que desenvolvam actividade, desempenhem funções ou exerçam cargos no âmbito dessas competições.
Artigo 115.º - Das agressões:
Delegados ou outros intervenientes no jogo com direito de acesso ou permanência no recinto desportivo;
e) Agressão que determine lesão de especial gravidade quer pela sua natureza quer pelo período de incapacidade: suspensão de 1 a 6 anos e multa de € 5.000 (cinco mil euros) a € 25.000 (vinte e cinco mil euros);
f) Agressão em outros casos: suspensão de 6 meses a 3 anos e multa de € 2.500 (dois mil e quinhentos euros) a € 7.500 (sete mil e quinhentos euros).
2. Os factos previstos nas alíneas do número anterior quando na forma de tentativa são punidos com os limites das penas acima indicadas reduzidas a metade.
Artigo 120.º - Das agressões
1. São punidos nos termos das alíneas seguintes as agressões praticadas pelos jogadores contra:
Delegados ou outros intervenientes no jogo com direito de acesso ou permanncia no recinto desportivo.
a) Resposta a agressão: suspensão de 2 a 6 jogos e multa de € 1.250 (mil duzentos e cinquenta euros) a € 12.500 (doze mil e quinhentos euros);
Público:
Agressão: suspensão de 1 a 4 jogos e multa de € 750 (setecentos e cinquenta euros) a € 3.750 (três mil setecentos e cinquenta euros);
Concordo que é discutível que um steward deva ser considerado um interveniente no jogo. Contudo é assim que são tratados pelo regulamento disciplinar à luz do qual este Conselho de "Justiça" da FPF julgou os recursos do FC Porto. Não havia qualquer alernativa à decisão, correcta, do Conselho de Disciplina da Liga. Porque ou o CJ considera que Hulk e Sapunaru responderam a agressões (o que é desmentido pelos relatórios de árbitro e delegado da Liga e pelas imagens), ou equipara os stewards ao "público", o que, convenhamos, roça o absurdo. E ainda dizem que é o Benfica que é "levado ao colo" nesta opereta bufa a que chamamos "futebol português".
Artigo 1º - Definições
d) Agentes: os dirigentes e funcionários dos clubes, jogadores, treinadores, auxiliares-técnicos, árbitros e árbitros assistentes, observadores dos árbitros e delegados da Liga, médicos, massagistas e, em geral, todos os sujeitos que participem nas competições profissionais organizadas pela Liga ou que desenvolvam actividade, desempenhem funções ou exerçam cargos no âmbito dessas competições.
Artigo 115.º - Das agressões:
Delegados ou outros intervenientes no jogo com direito de acesso ou permanência no recinto desportivo;
e) Agressão que determine lesão de especial gravidade quer pela sua natureza quer pelo período de incapacidade: suspensão de 1 a 6 anos e multa de € 5.000 (cinco mil euros) a € 25.000 (vinte e cinco mil euros);
f) Agressão em outros casos: suspensão de 6 meses a 3 anos e multa de € 2.500 (dois mil e quinhentos euros) a € 7.500 (sete mil e quinhentos euros).
2. Os factos previstos nas alíneas do número anterior quando na forma de tentativa são punidos com os limites das penas acima indicadas reduzidas a metade.
Artigo 120.º - Das agressões
1. São punidos nos termos das alíneas seguintes as agressões praticadas pelos jogadores contra:
Delegados ou outros intervenientes no jogo com direito de acesso ou permanncia no recinto desportivo.
a) Resposta a agressão: suspensão de 2 a 6 jogos e multa de € 1.250 (mil duzentos e cinquenta euros) a € 12.500 (doze mil e quinhentos euros);
Público:
Agressão: suspensão de 1 a 4 jogos e multa de € 750 (setecentos e cinquenta euros) a € 3.750 (três mil setecentos e cinquenta euros);
Concordo que é discutível que um steward deva ser considerado um interveniente no jogo. Contudo é assim que são tratados pelo regulamento disciplinar à luz do qual este Conselho de "Justiça" da FPF julgou os recursos do FC Porto. Não havia qualquer alernativa à decisão, correcta, do Conselho de Disciplina da Liga. Porque ou o CJ considera que Hulk e Sapunaru responderam a agressões (o que é desmentido pelos relatórios de árbitro e delegado da Liga e pelas imagens), ou equipara os stewards ao "público", o que, convenhamos, roça o absurdo. E ainda dizem que é o Benfica que é "levado ao colo" nesta opereta bufa a que chamamos "futebol português".
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