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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Escândalo diplomático: Putin não responde a assessor de Cavaco Silva (nem a FAR)

Fontes anónimas e revolucionárias (FAR), directamente do teatro de guerra e em exclusivo para o 2+2=5, certificam que Влади́мир Влади́мирович Пу́тин , ou seja, Vladímir Vladímirovitch Putin (quiçá por estar demasiado centrado na expectativa de encontrar Carla Bruni) ignorou o bombástico artigo de Nuno Sampaio publicado na imprensa portuguesa. Sabe-se que Putin, ao contrário do Papa, não lê português e que, além disso, ainda se encontra a digerir as majestáticas palavras de Cavaco: «Dissemos e eu próprio já disse que temos as nossas próprias dúvidas sobre o respeito das normas internacionais».
O ex-presidente e actual primeiro-ministro russo, contactado para um número de telefone que por questões éticas não podemos fornecer aos nossos leitores, não quis falar com FAR, escusando-se a comentários.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Rússia: Medvedev cercado por homens-de-mão de Putin


O preço do petróleo aumenta, a administração GW Bush entrou em estado de coma e Poutin " destaca", é o termo, alguns dos seus mais fiéis ajudantes de campo para " ensinar " o novo PR, Dmitry Medvedev, a governar. Este tríplice geopolítico telescopeia-se no golpe da facção pró-iraniana do Hezbollah no Líbano, que desencadeou uma séria advertência das autoridades sauditas, de intenções mais que suspeitas.Se a subida do preço do petróleo contou com a ajuda das previsões do FMI, onde se projecta uma nova e misteriosa lógica da relação oferta/procura, a blindagem do poder executivo na Rússia pode deixar antever um prelúdio de crise, a que T. Friedman, de novo a escrever no NY Times, formula pelo uso da aterradora sigla de " A nova guerra fria ".
Poutin, o novo czar bilionário da Rússia, abalançou-se a destacar quatro antigos ajudantes de alto nível para colaborarem com o novo PR. Já se sabia que Medvedev era manipulado, mas a este ponto ninguém o imaginava. O chefe da nova administração presidencial, Sergei Naryshkin, antigo ministro sem pasta, natural de St-Petersbourg, a cidade de Poutin, não confirma nem demente o seu tirocínio no ex-KGB. O conselheiro especial do novo PR, Leonid Reiman, antigo ministro das Telecomunicações, é natural também de St. Petersbourg. Mikhail Zurabov, antigo ministro da Saúde, coadjuva o anterior.
Outros homens-de-mão muito especiais de Putin envolvem este controlo quase total do Kremlin.
Mais este trio, vejamos. Vladislav Surkov, o ideólogo do regime, continua. O secretário de Imprensa do antigo PR, Alexei Gromov, foi reconfirmado noutro cargo. E Alexander Beglov, antigo conselheiro de Poutin, dirige agora os serviços da administração técnico-financeiros. A secretária de Imprensa de Medvedev é Natalya Timakova, uma habitué do Kremlin e dada como uma fanática do antigo PR.
O círculo confidencial dos homens de extrema confiança de Poutin na nova gerência do Kremlin adensa-se ainda com a presença de Sergei Prikhhodko, antigo conselheiro presidencial de Política Internacional. Dmitry Medevedev conta só com dois antigos colegas da Faculdade de de St Petersbourg : Arkady Dvorkovich, economista liberal , e Konstantin Chuichenko, advogado com fortes ligações ao mundo dos hidrocarbonetos.

FAR

terça-feira, 13 de maio de 2008

Putin cria Governo restrito com incondicionais e liberais


O todo-poderoso PM russo, o incontornável chefe da maioria presidencial, Vladimir Putin, divulgou já com a maior das celeridades a composição do seu primeiro governo. Um liberal , próximo do PR Medvedev, Alexei Kudrin, foi indigitado para vice-PM e ministro das Finanças, numa jogada para agradar ao Oeste, segundo caracterizou o F. Times hoje.O PR irá substituir o director do FSB, ex-KGB. O grande rival de Medvedev, o terrível Sergei Ivanov, foi despromovido a ministro sem pasta.

A grande novidade da equipa de Putin prende-se com a transferência que organizou dos seus principais conselheiros, que passaram do Kremlin para a chefia do Governo como aliados e conselheiros de um inner circle muito restrito. Igor Shuvalov, um antigo liberal e ajudante no Kremlin, passou a vice PM responsável pelas Relações Económicas Internacionais, e irá negociar o processo de adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio além de ter funções específicas para tentar revitalizar o enfraquecido tecido das PME , pólo decisivo para a retoma económica sustentada da economia.

Igor Sechin, um dos líderes da ala "dura" do poder, irá trabalhar ao lado de Putin na Casa Branca de Moscovo, assim se chama o imóvel da sede do governo. Sechin, que era considerado um hábil manipulador e uma figura parda do Kremlin, irá ter que resolver as magnas questões da Política Industrial e do Ambiente. Dois homens da máxima confiança de Poutin, Sergei Sobyanin, e o ainda PM, Viktor Zubkov, serão os dois vice-PM ao lado do incontestável maestro da política russa. O chefe da administração presidencial de Dmitri Medvedev será Sergei Naryshkin, antigo vice-primeiro ministro.Os restantes ajudantes do novo PR são caras novas:tecnocratas e liberais? A ver vamos…

A posse do novo governo deve ter lugar nos próximos dias. Os comentadores internacionais inquietam-se com a desmesura e o sistema constitucional fechado a sete chaves confeccionado por W. Poutin. O novo PR pode ser destituído por decisão do Parlamento(Douma), onde o partido chefiado pelo antigo presidente tem a maioria absoluta. Os desafios económicos e políticos em que a Rússia está envolvida são gigantescos: sem combater a corrupção e a burocracia- os dois males maiores- os prodigiosos planos de investimento e modernização industriais e de infra-estruturas- no valor de vários triliões de dólares – arriscam-se a serem perigosamente minados e tornados inoperantes.E depois será o caos e a Europa do Oeste pode ficar numa pantanosa situação, a vários títulos.

FAR

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Rússia: Putin "entroniza" hoje Medvedev no Kremlin


É hoje a data da tomada de posse de Dmitri Medvedev no Kremlin como Presidente.Trata-se de uma escolha longamente meditada por Putin, o homem forte do Estado, que será o novo PM. Um artigo muito completo de Lorraine Millot no Libération de hoje,- que se segue a outros publicados no The Guardian e NY Times –enquadra a personalidade e o tipo de funções do " homem simples e transparente " escolhido a dedo por Poutin para successor.
Lorraine Millot, longos anos correspondente aguerrida do Libé em Moscovo, traça um retrato sem parcimónia do novo PR, revelando pormenores da sua " falta de personalidade " e da sua pequeníssima estatura intelectual . Parece que Poutin, em 1999, era também assim feito. E depois foi o que se viu, dando azo a grandes especulações sobre o espólio financeiro amealhado a título privado…
Medvedev fará parte da galeria dos PR mais novos do Mundo, ao lado do congolês Kabila e do georgiano Saakachwill, todos " quadras" ambiciosos e com missões sopradas por mentores na sombra dos gabinetes. " Lorraine diz que o novo PR é um " decalque quase perfeito de Poutin" ,mas gosta de Internete, de yoga e de começar o dia por fazer umas voltas à piscina…
A grande jornalista do Libé vai mais longe e revela confissões. De uma oposicionista do regime, Maria Litvinovitch, que sublinha no essencial que Medvedev " é um pequeno homem vulgar e do tipo daqueles que nunca se hão distinguir ".Ela acrescenta que, por ter trabalhado com ele na campanha de Poutin no início dos anos 2000, o conhece bem: " Ao lado de cérebros criativos, Medvedev distinguia-se por não ter qualidades de organizador, não controlava nem decidia coisa alguma…".Lorraine cita Serguei Markov, deputado fiel a Poutin, que adverte que " Medvedev não será o motor da liberalização, mas sim, o homem encarregado de a anunciar e indiciar…Poutin compreendeu que era preciso uma política mais liberal para diversificar a economia…".

Portrait Medvedev élevé dans l'ombre de Poutin
Il est plutôt lève-tard, émerge vers 8 heures du matin après six heures de sommeil, commence ses journées par des longueurs de piscine, puis surfe sur Internet pour «se réveiller». Il pratique aussi le yoga, aime le poisson et les desserts sucrés… Pour donner un peu corps au nouveau président russe, Dmitri Medvedev, qui a été intronisé aujourd’hui en grande pompe dans ses nouvelles fonctions au Kremlin, ses conseillers ont dû distiller ce genre de détails à une presse bien en mal d’information. Car pour l’essentiel, le jeune Dmitri Medvedev, demeure encore et avant tout le terne et lisse «homme de Poutine», repéré, formé et promu par le président sortant. A 42 ans, il sera d’ailleurs l’un des plus jeunes chefs d’Etat au monde, avec le Congolais Joseph Kabila, le Géorgien Mikhaïl Saakachvili et le Togolais Faure Gnassingbé.

Postcommuniste. Après s’être longtemps distingué par ses gérontes, le Kremlin parachève un sérieux rajeunissement. Medvedev sera le premier président russe à avoir fait toute sa carrière dans la période postcommuniste : tandis que Poutine s’était façonné à l’école des services secrets soviétiques, Medvedev a fait ses griffes durant les folles années 90 en se lançant dans plusieurs affaires commerciales, étroitement liées au pouvoir.
Jeune, juriste, sportif et buveur de thé, Dmitri Medvedev, tel qu’on le connaît - du moins jusqu’à présent - se présente comme un décalque assez parfait de Vladimir Poutine. Embauché par ce dernier à la mairie de Saint-Pétersbourg dans les années 90, Medvedev a suivi son mentor à Moscou en 1999 pour faire ses classes dans l’administration présidentielle, avant d’être choisi par Poutine pour lui succéder. L’ancien président semble d’ailleurs vouloir continuer à jouer un rôle central, si ce n’est un tutorat, depuis son nouveau poste de Premier ministre qu’il doit occuper ce jeudi. «Medvedev est un petit homme ordinaire, du type de ceux qui n’attrapent jamais les étoiles, résume Marina Litvinovitch, aujourd’hui opposante résolue au régime, mais qui avait travaillé sous son égide, au sein de l’état-major de campagne de la première présidentielle de Poutine, en 1999. Aux côtés de cerveaux créatifs remarquables, «Medvedev s’y distinguait par son manque de personnalité», se souvient-elle. «Il était visible qu’il n’avait guère de qualités d’organisateur, il ne contrôlait rien et ne décidait pas grand-chose.»

terça-feira, 29 de abril de 2008

Putin: o poder a qualquer preço

"A democracia, hoje, é estruturada pela igualização do sentimento de competência. Isso constitui uma radical revolução: interessamo-nos pela política porque pensamos ter os meios para nos interessar por ela ", escreve Pierre Rosanvallon, o politólogo que foi conselheiro especial de Rocard e é, hoje, guru do Collège de France, o topo da carreira universitária gaulesa. A marcha qualitativa da vida em comum, acrescenta, "postula que a vitalidade da democracia seja agenciada não só pelo reconhecimento da legitimidade e da positividade do conflito na sociedade, uma espécie de engrenagem e de regulação das divisões, mas também zela pela organização das instituições do consenso e da partilha comunitária". Isto são teses abordadas no seu último livro, "La Contre-Democratie", Edit Au Seuil, que saiu no decorrer das últimas presidenciais tricolores. Ora, a partir destes critérios, claramente se percebe que a hiper-presidencialização do sistema político russo por Putin, que parece hesitar entre duas maneiras opostas de se suceder a si próprio, só pode acabar por neutralizar o sonho de sentido e forma democráticos da Rússia contemporânea.

Entre a intensa polémica mundial desencadeada pela valsa-hesitação do n°. 1 do Kremlin em se suceder a si-próprio, ou designando um desconhecido sem perfil e sem autonomia, ou transformando o cargo de PM no núcleo duro do regime para o qual se postula, grande destaque para uma magistral artigo no Financial Times (10 Oct.07) de Anatol Lieven, professor do Departamento de Estudos sobre Guerras no King´s College, de Londres. Justamente, o analista dita de início a chave da sua tese: "A pedra de toque da política russa nos últimos vinte anos não se manifestou nas lutas e rivalidades forjadas entre partidários da democracia ou da ditadura, mas nos combates entre diferentes espécies de oligarcas ". E detalha: "A oligarquia que se formou por acção do presidente Putin é, de longe, mais coerente, estruturada e disciplinada do que a colecção de magnates feudais dados à estampa por Yeltsin".

"Then again, a fully fleged oligarchy does not depend for its survival on one leader; on the contrary, it tends to rotate power among different members of the ruling elite.. For better or worse the Russian oligarchy is still far from achieving that degree of solidity. Mr Putin may be more the chairman of a corporate board than a personal ditactor, but he is extremely powerful. Without him, it is felt, not only would the rulling group lose iits prestige with the population, but it would be liable to fall into uncontrollable rivalries. Not just Mr Putin himself but most members of the elite are therefore determined that he go on exercising dominant influence after stepping down as president next year.

Hence Mr Putin´s apparent intention to take over the leadership of the progovernment political party, United Russia, and turn it into a real rulling party rather than the present coalition of bosses and celebrities held together by allegiance to the president. This could be accompanied by Mr Putin´s assumption of the primer minister´s office, leading in turn either to the next president quickly stepping down to allow Mr Putin to run another presidential term according to the constitution, or to the transfer of real power from the presidency to the prime minister´s office .

Given Mr Putin´s youth ( he has just turned 55), his great though contested achievements and his immense popularity, it would have been surprising if he had not sough to retain dominant influence. Whether this is the best way to go about things is a different matter. Frankly, if he could not retire, then it might have been better if he had changed the constitution to allow presidents to run for extra terms and submitted the change to a popular referendum. As it is, all Mr Putin´s possible courses look extremly problematicWorst of all would be for Mr Putin´s to become an all-powerful prime minister under a supposedly emasculated presidency. This strategy could lead to a disastrous clash between president and primer minister and the destruction of the entire system".

FAR

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

“O que Putin fará só ele e o seu cão Koni o sabem…”

Presidenciais russas entediantes e com Putin a armadilhar tudo e todos: o filme do fim-de-semana parece estar ensaiado antecipadamente em Moscovo. Como escreveu hoje o editorialista para a Europa do W.S. Journal, Matthew Kaminski, só um refinado incompetente não tiraria partido do aumento à potência oitava do preço dos hidrocarbonetos e minerais, embora subtilmente sinalize que o PR russo não tem ilusões sobre a moral dos seus apoiantes..Daí o rigor milimétrico com que desenhou a sua passagem de PR para PM. E, acrescenta, Poutin congelou as reformas da economia desde que foi reeleito em 2004 e “ kremlinizou a indústria energética, começando pela confiscação da primeira companhia petrolífera privada, a Yukos”.Com verve, o jornalista soletra a deliciosa anedota moscovita sobre os segredos de Estado entre Putine e o seu cão Koni…

Regularmente temos vindo a classificar as grandes linhas de força do Putinismo. Especialmente, o grande artigo da dupla de correspondentes do F.Times, em Moscovo, se bem se recordam, deu-nos perspectivas de grande alcance. Para se ver a classe de Neil Buckley e de Catherine Bolton leia-se hoje o artigo de Thimothy Garton Arsh no The Guardian, ele que anima tanto as páginas de Fim-de-semana do jornal Público, com traduções…Por isso, avancemos com detalhes da argumentação de Kaminski, que possuem uma incalculável consistência: “ Vendido como garante da ordem política e económica, o Putinismo é corajosamente instável. O lançamento da corrida presidencial provocou uma encapotada mas furiosa disputa, e a luta pelo poder não irá abrandar. (…) Talvez consciente dessas vulnerabilidades, Putin passou os últimos oito anos a montar alarmes repressivos contra esse desfecho possível”.

“Eliminando paulatinamente as liberdades democráticas, Putin enfraquece a legitimidade do seu regime. Mas a sua sobrevivência obriga a que não possua espaço para poder cometer erros. Ele depende de um pequeno e unido círculo, cujas conexões datam dos tempos de St Petersburgo”. Como repete um seu antigo companheiro do KGB, “Putin preza e recompensa a lealdade, mas conserva inexpugnáveis os seus fundamentos de decisão”, aponta o editorialista do WS Journal.
Kaminski com gozo, diz que Putin foi escolher um jovem pálido e que ,segundo os malandrecos afirmam, é uma pequena "imitação do dono”.Como não tinha apoios nem nos serviços secretos, nem na nomenclatura, isso era um dado suplementar para ser Medvedev o predestinado… Um politólogo de Standford Univ., Michael MacFaul, em declarações ao NY Times, sugere que os sentimentos pró-West do futuro PR são mais superficiais do que substanciais. “Ele é mais um public relations, não um estratega”.

FAR

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Telegramas

Putin, o homem mais rico da Europa - É quase um segredo dos deuses. E que ninguém ousa comentar. Em voz alta. Só na Imprensa inglesa e norte-americana se atrevem a tecer comentários ao novo Czar…O NY Times “mexeu” no dossier na última semana e remeteu os seus leitores para o The Guardian e o Washington Post. Ora toma lá para aprenderes. Continuo a dizer, para quem me quer ouvir, que lendo a imprensa portuguesa não se chega a lado nenhum. Até parece um complot…para as pessoas não pensarem, ou pensarem na ordem do discurso dominante do servilismo e da mediocridade.
O correspondente do The Guardian em Moscovo relatava, no final de Dezembro, que uma “batalha muito embrulhada” se desenrolava no Kremlin para o controlo das posições estratégico-industriais que Putin teria que, forçosamente, alienar na passagem do mandato de PR para o seu successor-escolhido-a-dedo, Dmitry Medvedev. Ora são da ordem das centenas de biliões de dólares, cinco ou sete, os valores accionistas das empresas estatais na actualidade. E os homens de St. Petersburgo colegas de Putin no KGB/FSB têm o controlo delegado desses mastodontes energéticos… Ao mesmo tempo, e de forma inesperada, surgiram notícias esparsas sobre o montante da fortuna criada por Putin… Um analista politico russo, Stanislav Belkovsky, disse ao The Guardian, depois de o ter repetido ao Die Welt e ao Washington Post, que a fortuna do PR russo se elevava a cerca de 40 biliões de dólares, após oito anos de estar no poder. Com participações “ disfarçadas” em sociedades baseadas na Suíça, em Zhoug, e na Inglaterra, em Londres. Roman Abramovich, o antigo patrão de José Mourinho e dono do Chelsea, surge como um “peão” da estratégia de investimento mundial do PR russo. O sector inovador e promissor das telecomunicações russas está nas mãos da família Putin e de aliados.
As más-línguas moscovitas traçam muitos cenários sobre o poder de aplicação da fortuna de Putin. E correram boatos que ele queria partir para o exílio, e só uma luta de clãs entre os liberais e os kgbistas o impediram de voar. Numa célebre entrevista ao Time no começo do ano, Putin respondeu ao jornalista, que o questionava sobre as alegadas acusações de corrupção que eram feitas ao seu staff: “Portanto, parece que sabe quem são, e de que forma o são. Escreva-nos, escreva ao ministro dos Negócios Estrangeiros, se está tão certo do que afirma. Presumo que sabe os nomes dessa gente, dos seus modos de actuação e das ramificações. Reagiremos de pronto, em todos os sentidos e dentro da lei”.

Irão: antigo conselheiro de Khomeini ataca Ahmadinejad - Ibrahim Yazdi, cientista e politico reformado, antigo conselheiro do ayatollah Khomeini, o fundador da República Islâmica do Irão, recebeu em sua casa o enviado especial do NY Times. Dadas as altas funções que ocupou nos primeiros anos da Revolução de 1979, a sua desencantada visão do processo revolucionário actual tem muita importância. Revela-se muito crítico contra o PR actual, Mahmoud Ahmadinejad, a quem acusa de radicalismo tradicionalista totalitário. “No Corão, Deus diz-nos que o homem foi criado para ser livre. Por isso, devemos ser livres para pensar, e pensar de forma diferente. Portanto, o objective da democracia é reconhecer a natureza plural das sociedades humanas. O Segundo iten, é a tolerância, tenho que ser tolerante para quem se me opõe. Com a tolerância chega o compromisso, e sem compromisso não existe democracia”. E o antigo conselheiro de Khomeini acrescenta: “Vejo cada vez mais tradicionais decisores políticos a tomarem a via do pragmatismo. A sociedade iraniana está madura, dirigindo-se apesar de tudo para uma democracia constitucional. As dificuldades económicas obrigam, agora, os tradicionalistas, a aceitar os desafios da mudança”. Dentro de um mês, importantes eleições legislativas e municipais podem varrer os fanáticos comparas de Ahmadinejad do poder.

Slavoj Zizek analisa modelo democrático-liberal - O filósofo esloveno brilha em França e nos EUA. Secunda Alain Badiou e acaba de publicar, de rajada, mais dois livros, um sobre Lenine e outro sobre Robespierre, em Paris. Principalmente, Zizek diz que existe actualmente um crescente desequilíbrio no modelo democrático-social. “Já muitos o disseram, com efeito na China está em vias de nascer um capitalismo autoritário. Modelo americano ou modelo chinês: não quero estar dependente dessa escolha. É por isso que nos devemos transformar de novo em utopias. Walter Lippmann mostrou que em tempos normais, a condição da democracia, é que a população tenha confiança numa elite que decida. O povo é como o rei: subscreve passivamente, sem olhar muito. Ora, em tempo de crise, essa confiança evapora-se. A minha tese consiste em dizer: existem situações em que a democracia não consegue funcionar, ou perde parte a sua substância, daí ser necessário reinventarmodaidades de mobilização popular” (Entrevista ao Libé.Week-end passado).

FAR

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Telegramas

Itália: Veltroni e Berlusconi “condenados” a entenderem-se? - Tudo parece mudar no múltiplo campo político italiano: depois da fundação do Partido Democrático, agora chefiado por Walter Veltroni, Berlusconi pensa mudar a sigla da sua instável coligação, a Forza Itália, para a de Povo da Liberdade, inquietando os seus aliados da extrema-direita. Nos mentideros da vida política de Roma, segundo a Imprensa norte-americana, fala-se insistentemente das “destemidas” conversações entre os dois tenores rivais. Estarão cúmplices, agora que Prodi se afastou para sempre da política politiqueira?

Por outro lado, o que resta da Democracia Cristã pensa agregar os seus apaniguados num grupo, a “Coisa Branca”. No lado oposto, o mäestrom socialista , os ecologistas e franjas dispersas também pensam constituir uma coligação, a “Coisa Vermelha”. Tudo porque, as sondagens, indicam que as coligações de Berlusconi e a de Veltroni podem ter resultados não muito divergentes. E os italianos já experimentaram quase todos os sistemas de voto possíveis, uninominais ou proporcionais. Mas che coza!!!

Para aplanar as dissonâncias e contrastes entre as duas grandes formações da Direita e da Esquerda -o espectro de uma Grande Coligação ganha peso e apoiantes. Segundo Wolfgang Munchau, expert de Eurointelligence, um governo bicolor presidido por Mário Draghi, governador do Banco de Itália, seria ouro sobre azul para resolver os problemas cruciais para o futuro do país. A reforma e qualificação do Sector Público de Estado, constitui mesmo um dos maiores desafios de um qualquer novo governo,

Segundo o especialista Francesco Giavazzi, professor de Economia da Bocconi Universidade de Roma, Prodi não conseguiu impor uma política económica alternativa, sobretudo nos rendimentos . “O governo de Prodi talvez tenha defendido o poder de compra dos seus apoiantes mais próximos, mas as classes mais desfavorecidas não foram beneficiadas de forma nenhuma. Como líder da Esquerda, foi um fiasco. Como um reformador, foi um desastre”.

Rússia: sistema Putin reforça controlo na Economia - Os dois grandes enviados especiais permanentes em Moscovo, Neil Buckley e Catherine Belton, do Financial Times, realizaram uma enorme entrevista com Mikhail Khodorkovky, o antigo capitão-de-indústria preso há perto de dez anos e agora num antigo goulag na Sibéria. A entrevista realizada na prisão, é um longo e terrível grito de dor. Khodorkovsky continua a declarar-se inocente e repudia as novas incriminações criminais sobre o desvio de petróleo. O que faz com que se arrisque a levar com mais vários anos de cárcere siberiano.

Tendo-se convertido à obediência religiosa dos Ortodoxos russos, Khodorkovsky tem força moral para recomendar coragem e vontade ao mais que provável sucessor de Putin no Kremlin, Dmitry Medvdev. “Será tudo muito dificil para ele. Nem posso imaginar. O peso das tradições e o estado das mentalidades, a acrescentar ao vazio de forças capaz de suportar qualquer movimento em direcção ao Estado de Direito, tudo isso, são coisas contra ele. Por tudo isso, meu Deus concedei-lhe a capacidade para tudo realizar. É tudo o que podemos desejar-lhe”.

Catherine Bolton descreve o campo de batalha orquestrado por Poutin, para redistribuir os “peões” e homens de mão pelos postos mais sensíveis do aparelho produtivo, a valer quase 500 biliões de dólares, actualmente. Assim, Igor Sechin, chefe da Casa Civil presidencial, vai ser nomeado para a Rosneft, a gigantesca petrolífera estadual única. Por seu turno, o actual PM, Viktor Zubkov, deve ir dirigir a Gasprom. O temível rival de Medvedev, Sergei Ivanov, vai dirigir o consórcio da aviação comercial.O que parece uma despromoção, pois, Viktor Ivanov, ajudante de Putin, ficará responsável pela aeronáutica militar, a balística e a construção de mísseis.

FAR

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Putin: fuga para a frente

Ninguém pode ter as cartas e as regras do jogo, ao mesmo tempo. Putin parece que pode. Uma semana após a "banhada" das Legislativas, o PR russo "escolhe" o seu sucessor, Dmitry Medvedev, o patrão-encarregado do Kremlin na Gazprom, o "fiel" serventuário mais apolítico da banda dos quatro candidatos à sucessão. Numa conjuntura internacional muito confusa, a instabilidade política russa só conforta os próceres das soluções mais extremistas e isolacionistas, uma espécie de pacto secreto onde os mais fortes ditam as regras e exploram sem escrúpulos... E a lista de iniciativas desenvolvimentistas russas perfila um conluio cínico com os grandes da U.Europeia e o novo clube dos produtores de petróleo. Estão a ver a cena?!?
Tudo parece como num conto de fadas. Mas a realidade é bem diferente: uma surda guerrilha de clãs "instalou-se" nas alcatifadas antecâmaras do super-poder russo, em Moscovo. Segundo os grandes analistas internacionais, Putin tenta "matar" a guerra de clãs que se instalou entre o todo-poderoso ministro da Defesa, Sergei Ivanov, e o chefe da casa-civil presidencial, Igor Sechin. Ambos, com carreira na FSB/ KGB, queriam condicionar a sucessão de Putin. Ivanov, pormenor muito curioso/perigoso, tinha mesmo dado forma à constituição de uma equipe de campanha... Putin não gostou e nomeou, em Setembro passado, um novo PM, Viktor Zubbkov, para despistar os incautos e ganhar tempo...até às Legislativas. Agora, mais liberto de mãos, nomeou um aparatchik liso, fiel e inodoro, da média/alta classe de St. Petersburgo, com provas dadas e da maior das confianças: o tecnocrata Dmitry Anatolevitch Medveded. Por quanto tempo? Com que credibilidade Putin pode "impor" esta escolha? O diabo que escolha, apesar da margem de manobra do presidente russo ser ainda enorme. Mas há divergências e apetites insaciáveis.
Os grandes jornalistas do F. Times- Catherine Belton e Neil Buckley- dizem que estamos na "estação das intrigas" em Moscovo. E citam as incontornáveis opiniões de Olga Kryshtanovskaya e Nikolai Pterov, dois opinion-makers de alto coturno, que juram que nada está ainda decidido...para suceder a Putin, que quer continuar a "mandar"...
Putin foi obrigado a nomear um não FSB/KGB para se perfilar como seu sucessor. É uma fraqueza e um desafio. Mas, segundo os analistas,o que é importante para Putin é que Medvedev não pertença à FSB/KGB e não tenha laços com os burocratas que controlam os quatro pilares repressivos do regime - Interior, Procurador-Geral, Defesa e Serviços de Segurança Interna e Externa. Porque Putin quer continuar a " controlar " esses pontos-chave do poder russo, esteja onde estiver no organigrama de Estado. A ver vamos, portanto.

FAR

sábado, 1 de dezembro de 2007

Putin: mandar como Estaline e viver como Abramovitch!

As legislativas russas, primeira volta indirecta das Presidenciais de Março próximo, desenrolam-se hoje. Os observadores internacionais mostram-se muito cépticos sobre a " pureza " dos processos eleitorais " usados " pela clique de Putin. As incógnitas sobre o que se irá desenrolar no assimétrico tabuleiro político russo, são mais que muitas. A grande imprensa mundial tem alertado para as violações ao código eleitoral induzido pela OPCE, de uma forma branda. A vitória de Putin parece ser irremediável. Um grave incidente ocorreu na última semana com a prisão de Garry Kasparov, que desencadeou uma forte pressão dos EUA, da União Europeia e de vários governos do Oeste. A manipulação político-partidária conduzida pelo partido do manda-chuva do Kremlin, a Rússia Unida, atingiu foros de escandalosa perversidade e alto cientismo. Kasparov tenta implementar os processos da Revolução " Laranja ", que tanto sucesso imediato deram na Ucrânia e na Geórgia, apesar de tudo. Mas isso não chega e foi preso durante cinco dias.
O grau de popularidade de Putin tem ultrapassado todas as vicissitudes: a destruição do consórcio petrolífero Youkos, com prisão siberiana para Khodorowski; a mão-baixa sobre os impérios siderúrgicos e de diamantes, com o afastamento compulsivo das direcções em exercício modernizador; tudo foi feito pelo " núcleo duro " do Kremlin para controlar a economia...e o poder.
"Never before in Russian history have so few exercised such tight control over a national wealth that is so vast and liquid, in more ways than one. The stakes of relinquishing power have grown commensuralety for Putin. If he becomes prime minister, a vast network of informal arrangements that made the president and his entourage the managers of Russia most lucrative natural ressources will have to be dismantled- redirected away from the Kremlin and toward the prime minister ", escrevia no final de Outubro passado, no NY Times, Leon Aron, especialista de Estudos Russos no American Enterprise Institute de Washington.
Ora, para se efectivar essa gigantesca troca de poder e influência nos sectores vitais da economia e sociedade russa, caso Putin venha a assumir a pele de líder partidário, o novo Czar teve a ousadia de alcunhar de " chacais ", epíteto que "comoveu a opinião pública mundial, os homens que o indicaram a Eltsin como provável sucessor, nos finais dos anos 90. E desencadeou nos ultimos dias da campanha uma catalinária ensurdecedora contra Anatoly Chubais, Boris Nemtsov, Igor Gaidar, entre outros, acusando-os de terem sido eles os responsáveis pelo antigo descalabro económico e social da Rússia.
O Wall Street Journal apelidou tal denúncia de "pequena novidade", apesar de destacar que " Poutin acrescentou uma nova aleivosia acusando os liberais de trabalharem para potências estrangeiras e traírem a pátria, exprimindo a pena de os ver ainda enquadrados na realidade russa". "The institution that dominates Russian society today is the KremlinŽs " vertical of power" - a combination of formal and informal controls and curbs which is rather different from the checs and balances in democratic states. This vertical of power has President Putin at the top. It extends not only to the federal government and United Russia party, but also to other parties, regional and local governments, big business, civil society and mass media".
O mais maquiavélico é que, segundo o Financial Times divulgou há dias, Putin anda a tentar lançar um programa de modernização estrutural da indústria russa, com objectivos apontados até 2025, onde tenta aliciar o que resta da administração liberal da malha industrial do seu país e a fomentar fortes incentivos, a posteriori, para os grandes conglomerados internacionais, de diversas nacionalidades e forte motivação capitalista.

FAR

domingo, 11 de novembro de 2007

Putin: o poder a qualquer preço

"A democracia, hoje, é estruturada pela igualização do sentimento de competência. Isso constitui uma radical revolução: interessamo-nos pela política porque pensamos ter os meios para nos interessar por ela ", escreve Pierre Rosanvallon, o politólogo que foi conselheiro especial de Rocard e é, hoje, guru do Collège de France, o topo da carreira universitária gaulesa. A marcha qualitativa da vida em comum, acrescenta, "postula que a vitalidade da democracia seja agenciada não só pelo reconhecimento da legitimidade e da positividade do conflito na sociedade, uma espécie de engrenagem e de regulação das divisões, mas também zela pela organização das instituições do consenso e da partilha comunitária". Isto são teses abordadas no seu último livro, "La Contre-Democratie", Edit Au Seuil, que saiu no decorrer das últimas presidenciais tricolores. Ora, a partir destes critérios, claramente se percebe que a hiper-presidencialização do sistema político russo por Putin, que parece hesitar entre duas maneiras opostas de se suceder a si próprio, só pode acabar por neutralizar o sonho de sentido e forma democráticos da Rússia contemporânea.

Entre a intensa polémica mundial desencadeada pela valsa-hesitação do n°. 1 do Kremlin em se suceder a si-próprio, ou designando um desconhecido sem perfil e sem autonomia, ou transformando o cargo de PM no núcleo duro do regime para o qual se postula, grande destaque para uma magistral artigo no Financial Times (10 Oct.07) de Anatol Lieven, professor do Departamento de Estudos sobre Guerras no King´s College, de Londres. Justamente, o analista dita de início a chave da sua tese: "A pedra de toque da política russa nos últimos vinte anos não se manifestou nas lutas e rivalidades forjadas entre partidários da democracia ou da ditadura, mas nos combates entre diferentes espécies de oligarcas ". E detalha: "A oligarquia que se formou por acção do presidente Putin é, de longe, mais coerente, estruturada e disciplinada do que a colecção de magnates feudais dados à estampa por Yeltsin".

"Then again, a fully fleged oligarchy does not depend for its survival on one leader; on the contrary, it tends to rotate power among different members of the ruling elite.. For better or worse the Russian oligarchy is still far from achieving that degree of solidity. Mr Putin may be more the chairman of a corporate board than a personal ditactor, but he is extremely powerful. Without him, it is felt, not only would the rulling group lose iits prestige with the population, but it would be liable to fall into uncontrollable rivalries. Not just Mr Putin himself but most members of the elite are therefore determined that he go on exercising dominant influence after stepping down as president next year.

Hence Mr Putin´s apparent intention to take over the leadership of the progovernment political party, United Russia, and turn it into a real rulling party rather than the present coalition of bosses and celebrities held together by allegiance to the president. This could be accompanied by Mr Putin´s assumption of the primer minister´s office, leading in turn either to the next president quickly stepping down to allow Mr Putin to run another presidential term according to the constitution, or to the transfer of real power from the presidency to the prime minister´s office .

Given Mr Putin´s youth ( he has just turned 55), his great though contested achievements and his immense popularity, it would have been surprising if he had not sough to retain dominant influence. Whether this is the best way to go about things is a different matter. Frankly, if he could not retire, then it might have been better if he had changed the constitution to allow presidents to run for extra terms and submitted the change to a popular referendum. As it is, all Mr Putin´s possible courses look extremly problematicWorst of all would be for Mr Putin´s to become an all-powerful prime minister under a supposedly emasculated presidency. This strategy could lead to a disastrous clash between president and primer minister and the destruction of the entire system".


FAR

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Telegramas

Putin vai controlar mais um conglomerado mineiro líder mundial
É mais um folhetim cheio de peripécias, manobras e jogadas de alta contra-informação. Estava em jogo, nada mais, nada menos, do que a conquista de uma posição maioritária do Estado russo no maior complexo de produção de níquel do Mundo, a Norilsk Nickel, cujo valor actual na bolsa ronda os 32 biliões de dólares e oferece um lucro anual perto dos 6 biliões. Ora, dois filhos-família da alta burocracia de Estado soviética tinham deitado as mãos ao tesouro mineiro siberiano pelo preço da uva mijona, nos conturbados tempos do caótico reinado de Yeltsin. Usando o mesmo processo dos " salteadores " dos poços de petróleo e do gás. O NY Times conta a intrigante história de um complot tecido no Inverno nos Alpes franceses, onde um dos sócios do conglomerado foi preso e acusado de proxenetismo por ter realizado festas nos chalés com altos quadros e teen-agers moscovitas. De imediato, as autoridades russas procederam à tentativa de venda compulsiva da quota do aparente prevaricador, Mikhail Prokhorov, cuja fortuna ronda dezenas de biliões. E era apontado como o príncipe da indústria nacional russa. A polícia francesa libertou-o ao fim de quatro dias, sem inculpação de espécie nenhuma formal. Vladimir Potanin, o outro sócio do tesouro, revelou, entretanto, que até ao final do ano ficará com a quota do parceiro. Economistas de alta rotação, em Moscovo, disseram ao NY.Times que " nenhum negócio, a sério, pode ser aprovado sem o consentimento do Kremlin ". Potanin teceu estreitos laços com os managers ligados a Putin e, segundo os experts, tudo indica " que tem o sinal verde para avançar no controlo".A modernização da fábrica de niquel- aliado essencial na produção de aço de alta densidade-colocou-a no primeiro lugar de rentabilidade e produtividade do sector, a nível mundial. Batendo os colossos anglo-americanos BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo-American. O retrato moral e político de Potanin surgiu também na " novela " do NYTimes: dono do Izvestia, fez com que passasse a defender o cônsul do Kremlin, e depois vendeu o diário celebérrimo ao grupo Gazprom. Fala-se que o "compadre" de Putin irá pagar em acções das minas de ouro, Polyus Gold, onde o acusado de luxúria sexual tinha também saga de gestão de alto valor financeiro. Tudo isto revela, a forma implacável como Putin consolida o seu poder total com uma base económica imbatível.

Operação Sinbad em Basra revela ilusão Iraquiana - Dois eminentes politólogos norte-americanos, que serviram na administração Clinton, Robert Malley e Peter Harlin, escreveram um artigo ontem no The Boston Globe, associado do NY Times, onde questionavam os efeitos positivos e quiméricos da estratégia de reforço militar de GW Bush no Iraque. Serviram-se do exemplo da zona Sul do Iraque, onde servem as tropas britânicas. Tudo com o objectivo de compararem os efeitos no reforço militar USA e aliados em Bagdad, em vias de serem efectuados. Que dizem os dois analistas? Que após uma fase de diminuição da violência, da criminalidade e do caos, tudo voltou ao depressivo ramerrame de pesadelo e destruição. As milícias privadas " infiltraram-se" nos destacamentos militares criados pelos britânicos junto dos quadros iraquianos. Disso se aproveitaram para atacar as tropas de ocupação e os adversários de outras crenças muçulmanas. Os partidos existentes fecharam os olhos a tais crimes. E mais: tomaram de assalto os cargos de administração ainda de pé, contrabandearam o petróleo que açambarcam e fizeram mão baixa sobre os contratos de reconstrução e investimento disponíveis. "Em resumo, a Operação Sinbad, no máximo, congelou a situação caótica existente de harmonia com o estado do poder: Uma vez que a versão inglesa do "reforço militar" decline, o combate incendiar-se-á de repente". E Malley e Harlin advertem que o Iraque está à beira da Guerra Civil," a caminho de ela se instalar", e por detrás disso, o Iraque tornou-se um estado falhado - um país onde desapareceram todas as instituições e qualquer aparência de coesão nacional".

O Hiper-presidencialismo de Sarkozy visto por Duhamel e Casanova - A dinâmica dita de abertura e sedução de alguns tenores da Esquerda, próximos do PS, de que Kouchner e Hirsch, judeus confessos, são o emblema; e, sobretudo, a estratégia de reforço sem fronteiras do poder presidencial, à GW Bush, são dispositivos do poder supremo do Pr. francês, Nicolas Sarkozy, eleito há menos de dois meses. Dois grandes comentadores políticos, Alain Duhamel, próximo da sensibilidade " evangélica " de Lionel Jospin, e Jean-Claude Casanova, o historiador da renovação inspirada pelo legado teórico de Raymond Aron, saíram a terreiro, ler aqui e aqui, clicando, para apresentarem pontos fortes das suas interpretações. Ora vejamos, Duhamel, o grande fundista da Imprensa escrita, falada e televisionada dos últimos 30 anos em França, com uma lenta e rigorosa derrapagem salutar para a Esquerda, afirma fundamentalmente que, face à abertura e repescagem de alguns tenores socialistas, o " PSF não soube encontrar a boa réplica ". Pelo contrário, em relação a Kouchner( ministro dos Negócios Estrangeiros) e o seu adjunto, Jean-Pierre Jouyet, os socialistas deviam ter esperado para ver " o estilo que será imprimido e, também, que tipo de influência real sobre a política governamental poderão porventura realizar ". Duhamel diz que, sibilino e mordaz, se Sarkosy " prosseguir nesta via com a sua reforma das Instituições e a promoção de um Estatuto da Oposição, a Esquerda será obrigada a encontrar outros ângulos de ataque mais sérios". Com grande poder de síntese, Duhamel traça também uma perspectiva do bonapartismo, de Napoleão a De Gaulle. " O bonapartismo, essa estranha especificidade francesa, juntando autoritarismo e abertura, audácia reformadora e populismo, prossegue hoje. Isso obriga os seus adversários a eles próprios inovarem e a demonstrarem uma audácia equivalente ".Jean-Claude Casanova, num artigo de visão estratégica, relembra o que De Gaulle dizia ao seu fiel ministro e biógrafo, Alain Peyrefitte, pouco antes de instaurar a eleição presidencial ao sufrágio universal. " Não utilize a expressão de "chefe do governo" para falar do primeiro-ministro. O Chefe do governo, sou eu. O primeiro-ministro é o primeiro dos ministros, primus inter pares (o primeiro entre os seus colegas), coordena a sua acção, mas fá-lo sob a responsabilidade do Presidente da República que dirige o Executivo sem nada partilhar". E é por isso, desde há muito tempo, acrescenta Casanova, "que os conselheiros do Pr. têm mais importância do que os ministros, mesmo se o protocolo, muitas vezes enganador, os coloca abaixo no organigrama do poder", aponta.

FAR

quarta-feira, 23 de maio de 2007

X. Caso Litvinenko: Polícia inglesa pede extradição de agente do ex-KGB

Putin recusa liminarmente qualquer inculpação russa...No enredo do maior crime político e mediático da era do post-post Guerra Fria...

Sete meses após a morte por intoxicação de Alexander Litvinenko em Londres, por beber chá misturado com o terrível Polónio 210 num bar de hotel, a polícia inglesa adquiriu provas para inculpar um antigo colega do morto na KGB, a residir e a trabalhar na capital britânica. Moscovo recusa extraditar o visado e ameaça retaliar ainda mais as " frias " relações bilaterais: Os homens do senhor do Kremlin fazem tudo para culpar Boris Berezovski no atentado.

Os meios do exílio russo na capital britânica ficaram em estado de choque com a morte por substância radioactiva do antigo oficial do KGB, que se tinha aproximado do multimilionário Berezovski para ajudar a derrubar Putin e o seu regime semi-ditatorial. As provas de implicação da FSB, a sucessora do KGB, no atentado não deixam dúvidas à excelente polícia criminal inglesa. Só que os serviços de Poutin não admitem tal acção.

Um especialista sobre os serviços secretos russos, Wladimir Voronov, mostra-se convencido de que tal façanha, com a manipulação de partículas radioactivas muito caras e de difícil acesso público, contou com o apoio do FSB e necessitou de uma ordem de execução que só podia partir do Kremlin. A hipótese de um ajuste de contas político-corporativo entre antigos rivais do KGB não está também inviabilizada, acrescentou. As autoridades soviéticas não tomaram a iniciativa de inculpar a nova polícia política, no entanto.

FAR

terça-feira, 24 de abril de 2007

Morreu Boris Ieltsin: Putin tem as mãos despóticas ainda mais livres


O primeiro presidente eleito democraticamente na Rússia morreu ontem. Os comentadores encartados temem que Putin possa ultimar a sua cruzada autoritária agora. Ficou com as mãos livres. Ieltsin ainda podia telefonar para a Casa Branca ou Downing Street a fazer queixas do sucessor que entronizou, agora esss recurso acabou. Neste texto hagiográfico, Irina de Chikoff e Laure Mandeville, publicado no Figaro, clicar aqui, postula um retrato nuancée e desigual da carreira política do velho engenheiro agrónomo sucessivamente recuperado por Brejnev e Gorbatchev.

Foi em 1985 que Gorby o nomeou para dirigir o comité da Perestroika na capital russa, onde ele denuncia, de forma crescente e admirável, todo o tipo de corrupção dos altos quadros do partido comunista moribundo. Depois de uma curta passagem votado ao ostracismo pelo PCUS, Ieltsin arranca de novo em 1990 com os poderes que lhe confere o papel de presidente do Parlamento, opondo-se aos velhos bolcheviques que tentaram um putch militar para destituir o dueto, tão incontroverso e deferente, simbolizado por Boris e Gorby. Afastou o seu velho rival Gorbatchev e ligou-se de alma e coração aos reformistas liberais, que o seu antecessor tinha incorporado no processo de democratização Glasnost/ Perestroika.

São dessa época os tenores do neo-capitalismo selvagem russo, Anatoli Tchoubais e Boris Berezovski. O ritmo apocalíptico que as concessões/privatizações selvagens atingiu atingiu, de pleno e frontal , o frágil equilibrio de poderes e a vida económica russa. Boris acaba por ser afastado paulatinamente e os tecnocratas aliam-se com os novos oficiais do antigo KGB para salvarem o " sistema " , que culmina com a eleição em finais de 1999 de Vladimir Putin para o cargo de Ieltsin por decreto, o que despoleta uma via sacra de atentados crescentes contra os princípios mínimos de democracia política que o fim da URSS tinha visto aparecer.


FAR