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quinta-feira, 12 de julho de 2007

Telegramas

Putin vai controlar mais um conglomerado mineiro líder mundial
É mais um folhetim cheio de peripécias, manobras e jogadas de alta contra-informação. Estava em jogo, nada mais, nada menos, do que a conquista de uma posição maioritária do Estado russo no maior complexo de produção de níquel do Mundo, a Norilsk Nickel, cujo valor actual na bolsa ronda os 32 biliões de dólares e oferece um lucro anual perto dos 6 biliões. Ora, dois filhos-família da alta burocracia de Estado soviética tinham deitado as mãos ao tesouro mineiro siberiano pelo preço da uva mijona, nos conturbados tempos do caótico reinado de Yeltsin. Usando o mesmo processo dos " salteadores " dos poços de petróleo e do gás. O NY Times conta a intrigante história de um complot tecido no Inverno nos Alpes franceses, onde um dos sócios do conglomerado foi preso e acusado de proxenetismo por ter realizado festas nos chalés com altos quadros e teen-agers moscovitas. De imediato, as autoridades russas procederam à tentativa de venda compulsiva da quota do aparente prevaricador, Mikhail Prokhorov, cuja fortuna ronda dezenas de biliões. E era apontado como o príncipe da indústria nacional russa. A polícia francesa libertou-o ao fim de quatro dias, sem inculpação de espécie nenhuma formal. Vladimir Potanin, o outro sócio do tesouro, revelou, entretanto, que até ao final do ano ficará com a quota do parceiro. Economistas de alta rotação, em Moscovo, disseram ao NY.Times que " nenhum negócio, a sério, pode ser aprovado sem o consentimento do Kremlin ". Potanin teceu estreitos laços com os managers ligados a Putin e, segundo os experts, tudo indica " que tem o sinal verde para avançar no controlo".A modernização da fábrica de niquel- aliado essencial na produção de aço de alta densidade-colocou-a no primeiro lugar de rentabilidade e produtividade do sector, a nível mundial. Batendo os colossos anglo-americanos BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo-American. O retrato moral e político de Potanin surgiu também na " novela " do NYTimes: dono do Izvestia, fez com que passasse a defender o cônsul do Kremlin, e depois vendeu o diário celebérrimo ao grupo Gazprom. Fala-se que o "compadre" de Putin irá pagar em acções das minas de ouro, Polyus Gold, onde o acusado de luxúria sexual tinha também saga de gestão de alto valor financeiro. Tudo isto revela, a forma implacável como Putin consolida o seu poder total com uma base económica imbatível.

Operação Sinbad em Basra revela ilusão Iraquiana - Dois eminentes politólogos norte-americanos, que serviram na administração Clinton, Robert Malley e Peter Harlin, escreveram um artigo ontem no The Boston Globe, associado do NY Times, onde questionavam os efeitos positivos e quiméricos da estratégia de reforço militar de GW Bush no Iraque. Serviram-se do exemplo da zona Sul do Iraque, onde servem as tropas britânicas. Tudo com o objectivo de compararem os efeitos no reforço militar USA e aliados em Bagdad, em vias de serem efectuados. Que dizem os dois analistas? Que após uma fase de diminuição da violência, da criminalidade e do caos, tudo voltou ao depressivo ramerrame de pesadelo e destruição. As milícias privadas " infiltraram-se" nos destacamentos militares criados pelos britânicos junto dos quadros iraquianos. Disso se aproveitaram para atacar as tropas de ocupação e os adversários de outras crenças muçulmanas. Os partidos existentes fecharam os olhos a tais crimes. E mais: tomaram de assalto os cargos de administração ainda de pé, contrabandearam o petróleo que açambarcam e fizeram mão baixa sobre os contratos de reconstrução e investimento disponíveis. "Em resumo, a Operação Sinbad, no máximo, congelou a situação caótica existente de harmonia com o estado do poder: Uma vez que a versão inglesa do "reforço militar" decline, o combate incendiar-se-á de repente". E Malley e Harlin advertem que o Iraque está à beira da Guerra Civil," a caminho de ela se instalar", e por detrás disso, o Iraque tornou-se um estado falhado - um país onde desapareceram todas as instituições e qualquer aparência de coesão nacional".

O Hiper-presidencialismo de Sarkozy visto por Duhamel e Casanova - A dinâmica dita de abertura e sedução de alguns tenores da Esquerda, próximos do PS, de que Kouchner e Hirsch, judeus confessos, são o emblema; e, sobretudo, a estratégia de reforço sem fronteiras do poder presidencial, à GW Bush, são dispositivos do poder supremo do Pr. francês, Nicolas Sarkozy, eleito há menos de dois meses. Dois grandes comentadores políticos, Alain Duhamel, próximo da sensibilidade " evangélica " de Lionel Jospin, e Jean-Claude Casanova, o historiador da renovação inspirada pelo legado teórico de Raymond Aron, saíram a terreiro, ler aqui e aqui, clicando, para apresentarem pontos fortes das suas interpretações. Ora vejamos, Duhamel, o grande fundista da Imprensa escrita, falada e televisionada dos últimos 30 anos em França, com uma lenta e rigorosa derrapagem salutar para a Esquerda, afirma fundamentalmente que, face à abertura e repescagem de alguns tenores socialistas, o " PSF não soube encontrar a boa réplica ". Pelo contrário, em relação a Kouchner( ministro dos Negócios Estrangeiros) e o seu adjunto, Jean-Pierre Jouyet, os socialistas deviam ter esperado para ver " o estilo que será imprimido e, também, que tipo de influência real sobre a política governamental poderão porventura realizar ". Duhamel diz que, sibilino e mordaz, se Sarkosy " prosseguir nesta via com a sua reforma das Instituições e a promoção de um Estatuto da Oposição, a Esquerda será obrigada a encontrar outros ângulos de ataque mais sérios". Com grande poder de síntese, Duhamel traça também uma perspectiva do bonapartismo, de Napoleão a De Gaulle. " O bonapartismo, essa estranha especificidade francesa, juntando autoritarismo e abertura, audácia reformadora e populismo, prossegue hoje. Isso obriga os seus adversários a eles próprios inovarem e a demonstrarem uma audácia equivalente ".Jean-Claude Casanova, num artigo de visão estratégica, relembra o que De Gaulle dizia ao seu fiel ministro e biógrafo, Alain Peyrefitte, pouco antes de instaurar a eleição presidencial ao sufrágio universal. " Não utilize a expressão de "chefe do governo" para falar do primeiro-ministro. O Chefe do governo, sou eu. O primeiro-ministro é o primeiro dos ministros, primus inter pares (o primeiro entre os seus colegas), coordena a sua acção, mas fá-lo sob a responsabilidade do Presidente da República que dirige o Executivo sem nada partilhar". E é por isso, desde há muito tempo, acrescenta Casanova, "que os conselheiros do Pr. têm mais importância do que os ministros, mesmo se o protocolo, muitas vezes enganador, os coloca abaixo no organigrama do poder", aponta.

FAR

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A "sarkolândia" vista pelo Le Canard Enchainé

O principal conselheiro e "caneta" de Nicolas Sarkozy aponta o Canard como exemplo tipo do Jornalismo de investigação de alta qualidade

Aí está ela, a verdade, a saltar como a sardinha da costa: Henri Guaino, o principal conselheiro do novo Pr. francês, considera o Le Canard Enchainé como um jornal de alta qualidade informativa. Com uma redacção pequena e sem publicidade, o grande semanário da Política e da Sociedade francesa ganha novos louros com a tomada de posse do sucessor de Jacques Chirac. O que é de sublinhar, no duro e complexo contexto da Nova Informação gaulesa onde, a Blogosfera, tem um grande poder também.

O que nos diz esta semana o Canard ? Que Fillon, o primeiro-ministro, começa a sentir na pele os efeitos da hiper-presidencialização instaurada por Sarkozy. Ao quero, falo, posso e controlo tudo do PR, Fillon, um puro radical centrista com gaulismo socializante à mistura, começa a sentir-se constrangido e a responsabilizar os homens-de-mão de Sarkozy, a sua guarda pretoriana, como o secretário-geral da Presidência, Claude Guéant, o tal Henri Guaino e o porta-voz Martinon, o trio infernal que rodeia o novo super-magistrado hexagonal.

"Há acertos a realizar com os colaboradores do Presidente que falam muito", confessou Fillon ao Figaro, o ex-líbris jornalístico da direita francesa. E o Canard a ir por diante e a usar o conceito operatório de Unidades de Barulho Mediático, controladas por um expert na matéria e próximo de Sarkozy. Segundo a tabela, Fillon é dos que menos se ouve, o que menos unidades de barulho produz na Imprensa e TV. Sarkozy distancia-o a 2500 por cento de altitude sonora e caligráfica. A última que aconteceu a Fillon, é que Sarkozy se apoderou de um chalé nos jardins da residência do PM, uma das poucas vantagens da função e, além disso, vai legislar para ir à Assembleia Nacional, uma vez por mês, responder perante os deputados, o que deixa o PM quase sem funções políticas relevantes.


FAR

domingo, 1 de julho de 2007

Nicolas "Tsarkozy": O silêncio mata

O novo Pr. francês inaugurou uma hiper-presidencialização do regime criado pela Constituição elaborada em 1958 pelo general De Gaulle...

Os círculos diplomáticos do G-8, os média anglo-saxões e os corredores comunitários da presidência europeia de Bruxelas parecem loucos e incrédulos com o frenesim, o prá frentismo e a ousadia verbal (e de comportamento) do novo Pr. francês, Nicolas Sarkozy. Ele abraça e beija Ângela Merkel, ele "verga" o servilismo sofisticado de Durão Barroso, ele distancia-se dos americanos-bushistas e prefere Condi Rice ou Schwarzenegger como interlocutores. E, sobretudo, na política interna "dobrou" cada ministro "independente" de um chefe de gabinete por ele próprio nomeado; e, no afã de tudo controlar e conhecer " geminou a polícia secreta (externa e interna), logo que pode. No partido presidencial delegou as rédeas a um incondicional e "só quer promover os trintas" (com menos de 30 anos de idade), arrasando os velhos caciques de Marselha e Lyon, a passo de caixa.

Portanto, ganha foros o conceito de "hiper-presidencialismo", mais um gadget para a filosofia política mundial. Bush-II vai acabar por ter de " negociar" com os iranianos o controlo possível da guerrilha teocrática do Iraque. Putin apresta-se a lançar um simulacro de emenda técnica na Constituição Russa de forma a poder ser reeleito no prazo de quatro anos a seguir a um presidente-fantoche e cúmplice, atado de pés e mãos... Assim vai o Mundo, e ninguém parece crer na profecia desarmante e premonitória de Wittgenstein, ao comentar Freud, de que "os sonhos por vezes são tão misteriosos como a realidade".

No entanto, os testes de prática política incontornável vão surgir pela frente a Nicolas(T)Sarkozy, como o apelidava em manchete esta semana o "Le Canard Enchainé ". A França tem um défice comercial e outro público muito preocupantes. A Comissão de Bruxelas exige medidas e rigor orçamental. Sarkozy vai ter que vender mais empresas públicas. Como prometeu baixa dos impostos, terá que vender muito e os tycoons estrangeiros esperam pelo bolo, sobretudo no âmbito da FranceTelecom e da EDF. Como dizia Jacques Chirac, abandonado pelos senhores da hora, "as promessas só responsabilizam em quem nelas acredita".

A fogueira das vaidades já começou a fazer vítimas na Sarkolândia: Juppé, o intelectual-normalien maire de Bordéus, perdeu a eleição para deputado na sua cidade e teve que abandonar o governo, onde era o ministro de Estado ; Borloo, o maire de Valenciennes, não se adaptava à disciplina do ministério da Economia e das Finanças, e foi substituído por uma prima-dona, feminina, que chefiava um dos maiores escritórios de advogados dos EUA e do Mundo, a US Baker & MacKenzie, que engloba mais de 4 mil advogados de prestígio nos 35 países mais importantes do planeta. Por último, Arno Klarsfeld, o glamoroso causídico-judeu mais badalado de Paris, perdeu a sua eleição no 12° Bairro, deixando inconsolável o Pr., seu amigo e protector que o tinha forçado a mudar do XVI ème Arrondissement por uns escassos dias.

FAR