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domingo, 22 de junho de 2008

Jacques Attali: os quatro inimigos dos biógrafos


" Todo o biógrafo tem quatro inimigos: a família de quem ele narra a vida, os especialistas, os biógrafos profissionais e todos aqueles para quem o analisado é um herói intocável. Perfazem quatro proprietários ultra-zelosos e irredutíveis do seu território, que iremos analisar de seguida.

" Os primeiros ( membros do casal, crianças ou descendentes afastados) fazem os impossíveis para guardar o monopólio do direito à evocação, para interditarem a terceiros o que consideram ser a sua propriedade, para arredondar o que pode causar danos à lenda familiar: todo o desvio sentimental, todo o defeito, toda a mania, toda a fragilidade deve ser censurada.

"Os especialistas defendem um outro território, o da competência. Consagraram a vida a uma pessoa e a uma obra; conhecem os mais pequenos detalhes e não concebem que quem quer que seja lhe venha disputar esse monopólio.

" Os biógrafos profissionais, esses, consideram que escrever Biografias é uma profissão, reservada àqueles que as fabricam em série. Porque sabem como ninguém- pensam- qual o melhor ângulo de abordagem de uma vida, que tipos de questões colocar, que parte do imaginário é tolerável e que estilo se impõe.

"Por fim, os adoradores de uma personalidade escandalizam-se, quando um biógrafo ( vindo dos três referidos grupos de proprietários ou de um outro lugar qualquer), se encarrega de sondar os detalhes de uma vida e acaba por revelar as falhas ou insuficiências do analisado. Muitos biógrafos suportaram este tipo de críticas: Sartre com a sua biografia de Flaubert, Zweig com a que realizou sobre Marie-Antoinette, Auguste Renan com a que produziu sobre Jacqueline Pascal ".
FAR

sábado, 1 de setembro de 2007

Sarkozy continua a minar P.S.F.

Um Rocard diminuído e um Attali gongórico juntaram-se ao corpo de notáveis socialistas que o novo Pr. francês aliciou para reconfortar a ambição e fazer face aos desafios do próximo futuro...

Sarkozy anda a fazer "gato sapato" do partido socialista francês, tão só, o maior partido político implantado. Assiste-se a uma demencial subversão do paradigma da vida democrática normal. Sarkozy "usa" o seu PM para os negócios correntes e dirige, via o seu corpo de colaboradores mais próximos, o desenrolar da sua política de ruptura. Que envolve o desfazer de barreiras do seu partido e ambiciona a realização de uma novíssima maioria presidencial tutti-frutti. Só que a crise bancária norte-americana pode destruir todos estes sonhos e panaceias de profissional da política-espectáculo. A França continua com um gravoso deficit na balança de pagamentos e os fundamentais são os mais fracos do G-8, com uma mundialização a desencantar os progressos tímidos de uma reestruturação envergonhada do sistema tecno-burocrático essencial.

Com fanfarra e muita publicidade, Jacques Attali, o super-genial sábio e bambino de Ouro da geração-Miterrand, acaba de constituir para Sarkozy, e a seu pedido, uma Comissão para a Liberalização do Crescimento, composta pelos grandes patrões gauleses e internacionais de maior sucesso, sindicalistas e universitários de prestígio. O relatório e as proposições devem estar concluídos até ao final do corrente ano. E Le Canard Enchainé conseguiu já ter o acesso a alguns dados: o sistema universitário normal francês é o pior da Europa dos 15, a taxa de investimento na Pesquisa metade da sueca e a redução das despesas públicas marca passo, quando a Espanha a diminuiu e o nível de vida da Irlanda já ultrapassou o da doce Gália. Entretanto, o preço da baguette vai aumentar...

Michel Rocard, um dos mais carismáticos e bem preparados dos políticos mundiais dos anos 80, amigo íntimo de Clinton, Helmut Schmidt e da nata da Esquerda Mundial, refeito de um AVC ocorrido no começo do Verão na Índia, deixou-se encantar pela " melodia " de Sarkozy também. Um pouco, ou muito, como o processo por que tinham sido aliciados Eric Besson, o expert económico dos socialistas, o inenarrável Bernard Kouchner, Jack Lang e Jacques Attali. Na calha, depois de Rocky, o alter-ego de toda a esquerda europeia até hoje, parece situarem-se Claude Allègre, o antigo cientista e fiel amigo de Lionel Jospin , e o neo-gaullista escritor de grande sagas históricas best-sellers, Max Gallo, das bandas de Régis Debray...

O que choca na sintonia Rocard/Sarkozy, de agora, é o facto do antigo PM rival de Mitterrand ter sido " explorado " sentimentalmente pelo exaltamento de uma falsa vaidade pessoal. Ele queria ter sido o MN Estrangeiros de Chirac, na coabitação, aceitou agora presidir a uma Comissão de Reforma do Ensino, que é um quebra-cabeças para todos os que se dela abeiram...De qualquer dos modos, Rocky andou já a dizer ao Le Monde que o PSF estava afastado do poder...por muitos e bons anos.


FAR