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terça-feira, 27 de maio de 2008

Rússia: Conspiração oligárquica inventa o melhor dos mundos


O espectáculo contribui para reforçar o segredo", esta magistral tese do último livro escrito por G-E. Debord, " Comentários…"(1988), pode englobar e analisar os andamentos da conspiração oligárquica neo-estaliniana comandada por Poutin, hoje, na Rússia. Um artigo inserto no The Observer, a edição dominical do The Guardian, chama a atenção para os efeitos devastadores do " capitalismo dirigido " dos novos senhores do Kremlin. O autor, Heather Connon, esteve em Moscovo e trouxe notícias inquietantes sobre o perfil enevoado e contestado do novo PR, Dmitri Medvedev, apesar de estar controlado pelo seu patrono…

A história fictícia e plena de equívocos, subtilmente ocultos pelo articulista, apresenta a Rússia como o caso de maior sucesso da economia mundial do início do século XXI. O seu poder concentrado no Kremlin e numa camarilha de gestores e cúmplices baseia-se nas segundas maiores reservas de petróleo do Mundo, nas maiores de gás e na quarta maior em ouro. O salário médio atinge os 750 dólares/ mês, actualmente. Há dez anos atrás, a maioria da população russa vivia com menos de 1 dólar por dia, valores comparáveis aos da Índia nessa altura.

Apoderando-se das fabulosas reservas petroliferas, Poutin e os seus muchachos, tentam agora construir uma classe média que suporte a disseminação desigual da riqueza. Reservando para si e os seus amigos- muitos deles a investirem maciçamente em Inglaterra no futebol - os juros e mordomias astronómicos de centenas de biliões de dólares de lucro/ ano.
" A tese de Feuerbach, sobre o caso que no seu tempo era preferida " a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade" foi inteiramente confirmado pelo século do espectáculo, e isso em vários domínios onde o século 19 queria ficar à margem do que era já a sua natureza profunda: a produção industrial capitalista ", refere Debord no citado livro derradeiro. Ora, o jogo maquiavélico de Poutin e dos seus cúmplices consiste, tão só, em iludir o povo com a magia do progresso e bem-estar, manipulando um sistema socio-económico onde a liberdade diminui de dia para dia por causa da opacidade fatal das estruturas do poder politico, que tenta recauchutar um novo capitalismo de Estado.

Poutin promete grandes linhas de construção no imobiliário social e Medevedev tem como meta principal alargar a classe media, os consumidores e escravos da sociedade do espectáculo, para metade da população nos próximos anos. O articulista narra as operações de controlo que sofreram nas últimas semanas, os escritórios da BP e da Shell em Moscovo. Tenta desvalorizar o acontecimento, apesar de tudo. Mas é visível e iniludível que a " guerra do petróleo" é uma das principais armas de dissuasão e chantagem dos senhores do Kremlin. Tudo isto quando a cúpula da Comissão Europeia decidiu incrementar e estreitar as suas relações políticas e económicas com a Rússia nos últimos dias.

Russia: giant of a new economic world
By Heather Connon.
guardian.co.uk The Observer

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