Que a pedra fala ninguém duvide. É património, memória, estatuto museológico, coisa portanto digna. Na pedra: o ser colectivo, a gesta da pátria, mais ou menos ferrugem e actividade hortícola espontânea. Por onde andará o montante de D. Afonso? Que bateu na mãe não interessa nem vem ao perfil do fundador, o que interessa saber é que cortou a cabeça a uma chusma de mouros de uma só espadeirada e mesmo a uns reles cristãos que traçavam mal o sinal da cruz, metendo primeiro o dedo rabelaisiano na barriga e não na testa – não frequentaram uma boa escola, colégio com matinas e vésperas de boa prática, ralé pendurada na preguiça, na boa vida, tasca e petisco mais perdições do corpo, diabos comunitários.
Agora que novos cristãos e novos mouros traçaram uma “nova” linha divisória fictícia, fronteira cavada em ideologia de morticínios militantes, a recuperação da imagem do primeiro Rei de Portugal, o fundador, como matriz inspiradora da “nova” linha de um antagonismo sem trégua a eternizar em estratégias sucessivas de forças no terreno e contra-informação criativa, é uma necessidade instante. Levantemos o montante contra os suicidas disfarçados de pessoas e antes que expludam zás, montantes ao alto, cabeças a rolar. Teremos de o fazer obviamente on-line e através de uma profusão de software lúdico suficientemente violento para estimular nas criancinhas o ódio antagonista no meio do “todos iguais, todos diferentes” do politicamente correcto.
Mas estes são assuntos de política internacional e próprios desse filme pobre chamado incessantemente aos palcos globais que não interessam ao cantinho, de novo cantinho à beira-mar plantado e de novo perdido na dívida e seu tratamento – aqui os danos colaterais caminham para que a criança vá com a água do banho e que a banheira passe a pagar renda ao patrão de fora, ficando-nos a depressão e as mãos vazias.
O salazarismo voltou, se isso significa um fechamento do verdadeiro desígnio europeu e uma conformação da vida dos portugueses, seu imaginário e práticas diárias, ao valor da dívida, isto é, ao tamanho pequeno não propriamente do mercado, esse pode encontrar tamanhos de elasticidade vária, mas à negação de um desígnio nacional como verdadeira nova internacionalização (a da geografia da língua e a da economia real levadas a sério) que nos levasse desta tragédia de sermos vítimas eternas de uma deriva constante da unilateralidade financeira – o outro começou Ministro das Finanças e deu rapidamente em torcionário complacente antes de cair da cadeira. Não faltou a isso uma tacanhez provinciana – aliás esta coisa de “os portugueses são capazes”, esse tipo de paternalismo que andam para ai a vomitar enoja e revolta – que agora regressa em força no discurso dos governantes e dos opositores, todos de facto muito analfabetos, iletrados e incultos, ao contrário da tradição de uma certa política republicana e letrada.
Se pensarmos que nos andaram a vida toda a meter na cabeça o respeito por alguns símbolos arquitectónicos, cultivado em momentos de transfiguração exaltada de vida no meio dos dias de andar a dias - rituais leia-se -, logo percebemos que a pedra é mais que pedra e que a sua química degenerescência acrescenta patine à simbólica dando-lhe profundidade (agora diz-se densificar, talvez). Essa patine, justifica aliás, que muitas vezes o património seja mais pátria e pedra degradada que pedra refeita e futuro ali, na pedra pois, esclarecido como forma do porvir. Porque a pedra pode de facto, não sendo jangada, ajudar a viajar para um à frente que misture duas possibilidades: ser as coisas boas que outros até já foram – uma certa Europa para trás – e ser as coisas boas que nunca existiram mas que são humanamente possíveis, uma verdadeira Republica, uma comunidade. Mas nem este nível do discurso hoje passa. Nem à esquerda nem à direita, todos com o ferro no pé, escravos da dívida por fatalidade de destino e coexistência parlamentar, de joelhos perante o deus não da economia mas das finanças, o grande contabilista, o do caminho único. E não passa porque esse discurso, liberto de subalternizações à ditadura orçamental, pressupõe um plano, uma estratégia expansiva, o futuro, um futuro e ideias de futuro, pensamento emergente que organize os caminhos possíveis por dentro das inamovíveis decisões da inevitabilidade das medidas para combater a dívida, mas principalmente pela capacidade de gerar alternativas globais, socialmente globais.
Mas este assunto pátrio da pedra refinou: neste afã de patrimonialização generalizada para turista ver, somos metidos a papalvos no espectáculo possível de um simulacro de singularidade identitária, vendável a olhos estranhos – se para tal for necessário que façamos de atrasados simpáticos e que tudo o que façamos seja de uma espécie de incompetência ingénua e autêntica, então seremos papalvos, papalvos batendo continência interior nos sorrisos ao passante com pilim a falar inglês - talvez isso seja um emprego, e qualificado, para o perfil do português tipo, se existe. O procedimento é simples: tudo pode tornar-se espectáculo do que foi, a pesca, o moinho de mó, as rendas de bilros, as próprias criaturas de uma aldeia “típica” podem tornar-se as personagens de si-mesmas e encontrar nisso, na sua própria conversão a bonifrate em auto-retracto, um emprego.
Já há muito que Debord caracterizou a Sociedade actual como a Sociedade do Espectáculo, a sociedade em que todos se tornam figurantes do sistema sob a forma de consumidores passivos de mais-valias simbólicas erigidas em consciência possível, ou melhor, criaturas impossibilitadas de um olhar exterior, de um olhar que descontaminado daquilo para o que se dirige, possa de facto fixar-se nisso de um modo racional e crítico, lógico, liberto. Esse é aliás o único modo de ajuizar sem o pecado mortal do preconceito na vez da tentativa do conceito. Se há uma coisa que Estado Espectacular Integrado tenta forçar é que estejamos sempre dentro do espectáculo e que o exterior do espectáculo seja, para quem o tente, uma asfixia, resistência 24 sobre 24 horas. Na realidade o melhor do estalinismo soma-se ao melhor do capitalismo, o tal capitalismo cultural.
Mas para além da pedra há a pedra que de facto fala, que perora. São os fósseis falantes. São criaturas que servem o sistema justificando sempre de modo eficaz, nos seus palanques de poder constante, porque é que o mais interessante é ficar tudo na mesma para que tudo mude. São pessoas como o Marcelo Rebelo de Sousa e como o Pacheco Pereira. Nunca levam nada até à necessidade da fractura e mesmo perante o corpo fracturado do país propõem as mesmas receitas do poder instalado, resumindo tudo a estratégias de fulanização e grupo. São estes, com outros inimigos irmãos, os pais deste sistema partidário medíocre que prospera.
São doutores como o bolonhês – figura da Commedia Dell’arte que fala um latim incomestível de um modo parecido com o falar de uma turbina – e como o Dr. de Coimbra, que se poderiam classificar entre os antepassados dos activíssimos fósseis falantes da contemporaneidade pós moderna. Falam e não mudam. Falam e dizem sempre o mesmo. Falam e não abrem nenhum horizonte, nenhuma luz, nenhuma fenda no bloco cego dos dias, nenhum caminho que se possa iniciar. São maquilhadores da realidade pobre que temos, mesmo quando fazem avisos á navegação, aquela coisa de ter sempre razão antes dos males acontecerem, vaticinadores de dramas constantes. Também conhecidos por cadáveres adiados, são donos honoríficos de diversos cemitérios em actividade mesmo sem possuírem as chaves das lojas, partidos, instituições e aparelhos ideológicos de um modo geral. Para eles as portas estão sempre abertas. Têm negócio montado constante e não são apanhados em escutas.
A argumentação não é uma forma de pensar que descubra no real, que está podre, por onde parti-lo. O vício silogístico e o charme falante do fóssil fazem dele de facto uma criatura que também se dedica com muita fé e carinho a explicar-nos que teremos de ser mais pequeninos perante o tamanho da dívida, mas que antes portugueses do que apenas pedintes. Mas que seremos nós senão pedintes, a necessitar de ser mais que portugueses europeus e criaturas do mundo? Do que necessitamos é de uma grande fractura e não de ajustes, ou de pequenas melhoras. E essa fractura, não a pregam, os fósseis falantes, porque estão em posição de renda desde há muito. Os seus feudos mantêm-se intocados há décadas e obviamente para eles tudo está certo menos o Sócrates. A única coisa em que acertam é na falta de qualidade do Sócrates, se pensarmos nas casotas em que colaborou para desfear a serra, lá para a Covilhã e se pensarmos que quando fala não diz nada que não seja óbvio e da ordem da tautologia. Mas o argumentativismo de uns e as tautologias de outros, o que ajudam a formar é um colosso inamovível, uma ficção de país cimentada em atavismo e arcaísmo que alimentam de modo moderníssimo. São obviamente menos capazes de fazer mudar que o peixe de prata ou o bicho da madeira. Esses são lentos mas destroem por dentro o que é mofo e estrutura do mofo.
Ora os nossos fósseis falantes são como a pedra famosa. Falam do alto dos seus feitos e por certamente terem estado em espírito com o Gama quando por lá andou, pelos tais mundo que demos ao mundo, a globalizar. Estes não ajudam a uma nova matriz, rende-lhes a de sempre. São na realidade criaturas do antigo regime.
Encantam entretendo entretanto e para tantos. Entre eles e a pedra pátria há um pacto profundo. A pedra anda de história às costas somando reabilitações paredes meias com as construtoras. Eles andam entretendo as gentinhas com a política de bolso – têm respostas prontas para tudo – paredes meias com as grandes empresas mediáticas, públicas e privadas, todas elas de costas viradas para o tal serviço público, apenas simulado.
Fernando Mora Ramos
Mostrar mensagens com a etiqueta Pacheco Pereira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pacheco Pereira. Mostrar todas as mensagens
segunda-feira, 29 de março de 2010
O fóssil falante
Etiquetas:
Fernando Mora Ramos,
Marcelo Rebelo de Sousa,
Pacheco Pereira,
Portugal,
Salazarismo,
Sociedade do Espectáculo
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
IV- Alain Badiou: O acontecimento e o ilimitado
O espantoso livro de Alain Badiou, “ De quoi Sarkozy est-il le nom?”, continua a agitar o espaço político e cultural mundial. E força os mediocratas e intelectuais engagés a optarem. O debate tem tido uma envergonhada repercussão em Portugal. José Pacheco Pereira, de forma elíptica e redundante, tem postado textos, in Público, vertidos no Abrupto, em seguida, onde, usando tese cara a Jean Baudrillard só se detecta a “ transparência do Mal”; pois, sublinha“o arbitrário é difuso", e os intelectuais tentam o impossível “para incarnar o integrismo do pensamento legítimo com todo o ardor do masoquismo". E do sadismo, acrescentamos nós…
1. “Existe apesar de tudo um problema acerca do Acontecimento, analisado por Badiou. Ele próprio mo confessou: há como que uma oscilação…acontecimento…Como o designer? Ele não quer dar o passo Derrideano (J.Derrida) de confessor, que, o Acontecimento, não se reconhece senão no seu traçado. Apesar de tudo, recusa-se a substancializar o Acontecimento. Ele di-lo, precisamente: “ O que conta não é o acontecimento, em-si, mas a Fidelidade. O problema não reside na separação que se pode verificar entre o Acontecimento e a sua apelação". in (Slavoj Zizek, etudes lacanienes)
Alain Badiou: “ Importa opor o ilimitado ao ideal científico. Adorno é um dos que apostaram no ideal do ilimitado, com e depois Bergson, Heidegger, Deleuze e outros, opostos a uma forma suposta fechada do ideal científico. A compreender como o que veicula que a negação da negação é a afirmação e encerra, por conseguinte, a negação. O ideal do ilimitado, pelo contrário, visa a ideia de uma negação tal que, mesmo a negação a não apaga; apesar de tudo, poder-se-ia negar a negação, mas não a conseguimos suprimir e toda a abertura será mantida. O ilimitado é o processo de substituir à forma a transformação da forma. O informal é, nesta perspectiva, a possibilidade de se confrontar ao informe. Na dimensão que faz com que toda a forma não se postula senão para ser imediatamente transformado, e esta transformação deve ser ela própria errática ou sem forma”. (Seminário da E.Normale.Sup.2005. Sobre a tese de Adorno in “Dialéctica Negativa“)
FAR
1. “Existe apesar de tudo um problema acerca do Acontecimento, analisado por Badiou. Ele próprio mo confessou: há como que uma oscilação…acontecimento…Como o designer? Ele não quer dar o passo Derrideano (J.Derrida) de confessor, que, o Acontecimento, não se reconhece senão no seu traçado. Apesar de tudo, recusa-se a substancializar o Acontecimento. Ele di-lo, precisamente: “ O que conta não é o acontecimento, em-si, mas a Fidelidade. O problema não reside na separação que se pode verificar entre o Acontecimento e a sua apelação". in (Slavoj Zizek, etudes lacanienes)
Alain Badiou: “ Importa opor o ilimitado ao ideal científico. Adorno é um dos que apostaram no ideal do ilimitado, com e depois Bergson, Heidegger, Deleuze e outros, opostos a uma forma suposta fechada do ideal científico. A compreender como o que veicula que a negação da negação é a afirmação e encerra, por conseguinte, a negação. O ideal do ilimitado, pelo contrário, visa a ideia de uma negação tal que, mesmo a negação a não apaga; apesar de tudo, poder-se-ia negar a negação, mas não a conseguimos suprimir e toda a abertura será mantida. O ilimitado é o processo de substituir à forma a transformação da forma. O informal é, nesta perspectiva, a possibilidade de se confrontar ao informe. Na dimensão que faz com que toda a forma não se postula senão para ser imediatamente transformado, e esta transformação deve ser ela própria errática ou sem forma”. (Seminário da E.Normale.Sup.2005. Sobre a tese de Adorno in “Dialéctica Negativa“)
FAR
Etiquetas:
Alain Badiou,
Pacheco Pereira,
Zizek
sexta-feira, 4 de maio de 2007
Digressão interna (epílogo)
Era chegada a hora de desencadear o regresso à ‘ville blanche’. Sei lá, alguém aventou (Mad Dog?) que seria melhor “fazer algum tempo” até à hora do ferry “A Caminho das Estrelas”, pensa-se que uma homenagem a todos os artistas que despontam para o anonimato, largar ferro para a travessia trans-Tejo. Sei lá, amortizar tabaco manhoso, trocar reminiscências e continuar a investigação dos homicídios em carteira.
Dava-se, porém, a circunstância de, com o intrigante desaparecimento do Landru, não haver mortalhas, e de os presentes serem demasiado ortodoxos, procedimentalmente, e avessos a todas as práticas desviantes, tais como, re-utilizações, reciclagens. Mortalha é mortalha, como em “o vinho é minha mortalha, o copo é meu caixão”. Capice?
Clarence ofereceu-se, por tudo isso, para interpelar os locais que trotavam pela Avenida da Praia, nas imediações do banco de jardim em que os sobreviventes recuperavam fôlegos. Clarence ensaiou, sem êxito, vários approches:“O senhor desenrasca-me uma seda? Abonas uma seda? Pode ceder-me uma seda?
“”Não percebo, os gajos fogem…”. Estranho, de facto, nós também não atinávamos com a razão para tanta falta de cooperação e solidariedade. E resolvemos deitar-nos ao caminho.
Arrastámo-nos umas centenas, ou seriam dezenas, de metros em terreno muito acidentado, dir-se-ia um percurso radical para tropas especiais, e aos primeiros ataques sérios de tosse, às primeiras quedas, quais baratas tontas fizemos sinal ao primeiro e único táxi que rodava por aquelas picadas. “Lisboa…a galope”.
À frente, no lugar do morto, seguia o delegado da China, atrás, coabitavam o delegado da Suécia e o Clarence. Ou porque a jornada fôra dura ou porque as juras gritadas do Clarence, em como haveria de “matar todos os comunistas”do universo, o afligiam, o Luís P. encostou-se e desatou a ressonar. Roncos tais que só terão paralelo nos índios do Amazonas que ferram o galho em redes para afugentar os animais selvagens.
“Este gajo é uma vergonha”, lamentou o Clarence, aproveitando para lamentar: “logo hoje que matámos o Landru”.
Entretanto, o taxista aparentava estar mal disposto, a julgar pela lividez da fuça e rigidez do pescoço. Decidi acalmá-lo.
“”Não ligue, são uns brincalhões. Como se chama? Gosta de ser fogareiro? Já foi assaltado? Anda armado? Como avalia o excepcional trabalho do governo de José Sócrates?Que pensa da ‘terceira via’? Se não fosse taxista que gostaria de ser? “
“Como adivinhou? Ando a escrever um livro, mas com esta merda do táxi ainda só avancei uma linha…”
“É o mais difícil. Agora é só juntar entulho. Como é essa linha?”
“É um bocado repetitiva. Pacheco Pereira é uma morsa. Pacheco Pereira é uma morsa. Pacheco Pereira é uma morsa. Pacheco Pereira é uma morsa.”.
Felizmente, acabávamos de chegar à fronteira de Lisboa.
JSP
Dava-se, porém, a circunstância de, com o intrigante desaparecimento do Landru, não haver mortalhas, e de os presentes serem demasiado ortodoxos, procedimentalmente, e avessos a todas as práticas desviantes, tais como, re-utilizações, reciclagens. Mortalha é mortalha, como em “o vinho é minha mortalha, o copo é meu caixão”. Capice?
Clarence ofereceu-se, por tudo isso, para interpelar os locais que trotavam pela Avenida da Praia, nas imediações do banco de jardim em que os sobreviventes recuperavam fôlegos. Clarence ensaiou, sem êxito, vários approches:“O senhor desenrasca-me uma seda? Abonas uma seda? Pode ceder-me uma seda?
“”Não percebo, os gajos fogem…”. Estranho, de facto, nós também não atinávamos com a razão para tanta falta de cooperação e solidariedade. E resolvemos deitar-nos ao caminho.
Arrastámo-nos umas centenas, ou seriam dezenas, de metros em terreno muito acidentado, dir-se-ia um percurso radical para tropas especiais, e aos primeiros ataques sérios de tosse, às primeiras quedas, quais baratas tontas fizemos sinal ao primeiro e único táxi que rodava por aquelas picadas. “Lisboa…a galope”.
À frente, no lugar do morto, seguia o delegado da China, atrás, coabitavam o delegado da Suécia e o Clarence. Ou porque a jornada fôra dura ou porque as juras gritadas do Clarence, em como haveria de “matar todos os comunistas”do universo, o afligiam, o Luís P. encostou-se e desatou a ressonar. Roncos tais que só terão paralelo nos índios do Amazonas que ferram o galho em redes para afugentar os animais selvagens.
“Este gajo é uma vergonha”, lamentou o Clarence, aproveitando para lamentar: “logo hoje que matámos o Landru”.
Entretanto, o taxista aparentava estar mal disposto, a julgar pela lividez da fuça e rigidez do pescoço. Decidi acalmá-lo.
“”Não ligue, são uns brincalhões. Como se chama? Gosta de ser fogareiro? Já foi assaltado? Anda armado? Como avalia o excepcional trabalho do governo de José Sócrates?Que pensa da ‘terceira via’? Se não fosse taxista que gostaria de ser? “
“Como adivinhou? Ando a escrever um livro, mas com esta merda do táxi ainda só avancei uma linha…”
“É o mais difícil. Agora é só juntar entulho. Como é essa linha?”
“É um bocado repetitiva. Pacheco Pereira é uma morsa. Pacheco Pereira é uma morsa. Pacheco Pereira é uma morsa. Pacheco Pereira é uma morsa.”.
Felizmente, acabávamos de chegar à fronteira de Lisboa.
JSP
Subscrever:
Comentários (Atom)