O espectáculo contribui para reforçar o segredo", esta magistral tese do último livro escrito por G-E. Debord, " Comentários…"(1988), pode englobar e analisar os andamentos da conspiração oligárquica neo-estaliniana comandada por Poutin, hoje, na Rússia. Um artigo inserto no The Observer, a edição dominical do The Guardian, chama a atenção para os efeitos devastadores do " capitalismo dirigido " dos novos senhores do Kremlin. O autor, Heather Connon, esteve em Moscovo e trouxe notícias inquietantes sobre o perfil enevoado e contestado do novo PR, Dmitri Medvedev, apesar de estar controlado pelo seu patrono…
A história fictícia e plena de equívocos, subtilmente ocultos pelo articulista, apresenta a Rússia como o caso de maior sucesso da economia mundial do início do século XXI. O seu poder concentrado no Kremlin e numa camarilha de gestores e cúmplices baseia-se nas segundas maiores reservas de petróleo do Mundo, nas maiores de gás e na quarta maior em ouro. O salário médio atinge os 750 dólares/ mês, actualmente. Há dez anos atrás, a maioria da população russa vivia com menos de 1 dólar por dia, valores comparáveis aos da Índia nessa altura.
Apoderando-se das fabulosas reservas petroliferas, Poutin e os seus muchachos, tentam agora construir uma classe média que suporte a disseminação desigual da riqueza. Reservando para si e os seus amigos- muitos deles a investirem maciçamente em Inglaterra no futebol - os juros e mordomias astronómicos de centenas de biliões de dólares de lucro/ ano.
Poutin promete grandes linhas de construção no imobiliário social e Medevedev tem como meta principal alargar a classe media, os consumidores e escravos da sociedade do espectáculo, para metade da população nos próximos anos. O articulista narra as operações de controlo que sofreram nas últimas semanas, os escritórios da BP e da Shell em Moscovo. Tenta desvalorizar o acontecimento, apesar de tudo. Mas é visível e iniludível que a " guerra do petróleo" é uma das principais armas de dissuasão e chantagem dos senhores do Kremlin. Tudo isto quando a cúpula da Comissão Europeia decidiu incrementar e estreitar as suas relações políticas e económicas com a Rússia nos últimos dias.
FAR