Mostrar mensagens com a etiqueta Bélgica. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Bélgica. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Bélgica: Valões e flamengos não se entendem por causa dos cifrões

Tendo-se desfeito, paulatinamente, de quase todas as "jóias da coroa" do diversificado tecido industrial dos anos 50; e apostando todo o futuro do país num capitão-de-indústria francófono, Albert Frère, que descobriu os sortilégios do capitalismo financeiro europeu e mundial, da banda refinada dos ultra-realistas da fábrica sem máquinas nem operários... De forma transversal, por isso, a Bélgica assistiu ao crescimento das rivalidades linguísticas entre as duas comunidades estruturantes do país: Flamengos e Valões, por refracção dos sintomas sociais de crise e desemprego inerentes ao implementar do modelo post-industrial clássico. Apesar de tudo, houve uma constante melhoria do sistema cultural e político belga, sustentado e dinamizado pela imagem dinâmica de capital administrativa da União Europeia.

Com a Flandres, comunidades de ascendência holandesa, a saber adaptar-se melhor aos desafios do neo-liberalismo rampante, com um PIB regional muito superior ao dos valões, que assistiram à ruína das siderurgias e da indústria têxtil desde os finais dos anos 70, a classe política das duas comunidades linguísticas foi instilando o veneno da discórdia e da divisão. A transplantação de fundos financeiros regionais da Flandres para a Valónia não cessou de crescer, atingindo um volume colossal de perto de 6 biliões de Euros, há dois anos. O bode-expiatório do "assistencialismo" degenerou em apelos à ruptura e ao separatismo político, cuja gravidade se espelha na longa crise de " vazio" governamental a aproximar-se dos cinco meses de perplexa não-formação, embora a direita tenha vencido de forma muito folgada.

O fim do bilinguismo socio-administrativo na grande coroa de Bruxelas-Hal-Vilvorde(BHV), por voto expresso flamengo contra a colaboração valã, apesar da presença maciça de francófonos, soou como oa ultrapassagem do Rubicão, do ponto de vista político e sociocultural. Como assinala Vincent de Coorebyter, politólogo, "Este voto, bloco flamengo contra bloco francófono, é uma novidade. Mesmo se a cisão não chegue a consumar-se definitivamente, porque existem mecanismos constitucionais não permitindo que a maioria flamenga faça impor as suas leis. Mas um tabu foi estilhaçado e um ponto-de-não-retrocesso franqueado de grandes consequências para a memória colectiva. As consequências podem ser também políticas: depois desta demonstração de força, os Flamengos podem usar sobre os francófonos um tipo de chantagem que pode pôr em causa a existência da federação belga, do Estado" Ver também o artigo de Jean-Paul Nassaux no Libération do mesmo dia.

O NY Times, de hoje, refere-se ao acontecimento em termos prudentes. Sinaliza o enfraquecimento do princípio de compromisso entre as duas comunidades. Mas não ilude o perigo de uma cisão territorial que ponha fim à existência da Bélgica. "A classe política flamenga quer rever a Constituição para dar maiores poderes económicos às instituições regionais. Analistas francófonos receiam que isso constitua o princípio do fim das transacções financeiras em forma de subsídios".

Ler aqui, aqui e aqui.


FAR

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Telegramas

Antigo correspondente do NY Times no Médio Oriente pessimista - Chris Hedges, que foi durante sete anos, o grande correspondente permanente do NYT em todo o Médio Oriente, não esconde o seu pessimismo face ao estilo da política belicista imposta por GW Bush. Tem receio de que, sem motivos palpáveis, aja uma intervenção maciça dos EUA/ Israel contra os 1200 sítios estratégicos (mas não atómicos) iranianos. O grande jornalista protesta contra a falta de cultura, empatia e inteligência do corpo central das embaixadas americanas espalhadas pelo Próximo Oriente. "A próxima, limitada e pequena guerra contra o Irão, com poucos Democratas a oporem-se, pode ter o potencial de incendiar um inferno regional", frisa.

Japão: Sem garagem não se pode ter carro - Eu sempre disse que o nosso PM, José Sócrates, se devia ter inspirado mais com o Japão. Por todas as razões. Algumas delas seculares e pelas dietas semelhantes no uso enorme do peixe e crustáceos na alimentação quotidiana. Ora, se o Le Monde tinha um grande correspondente há anos em Tokyo, Philippe Pons, agora arranjou-lhe um substituto, Philippe Lemaitre, que já está a dar cartas. Justamente sobre o mundo automóvel. Toda a gente sabe, que os nipónicos estão em vias de destronarem a General Motors da liderança mundial de construtores. E será a Toyota a liderar, mais mês menos mês. O estímulo da produção nacional é enorme, portanto. E as regras num conjunto tão apertado de uso, são draconianas. Só se pode comprar carro, se tiver garagem própria ou alugada. É imperativo. Nas cidades só pode estacionar em parkings. Cada vez mais caros à medida que se situam no centro das urbes, média de 2 euros por 15 minutos. O preço da gasolina ronda os 88 cêntimos. De dois em dois anos, os carros devem ir a um controlo total. Todo o carro acidentado é abatido. Viaturas estrangeiras caíram quase 50 por cento nas importações. Eu gosto muito dosToyota, os land-rovers da montanha...

Bélgica: Constitucionalista explica "vazio de poder" com cerca de 90 longos dias - Jean-Claude Scholsem explicou ao Liberation o porquê da longa e arrastada crise política que agita a Bélgica. Diz, em primeiro lugar, que de certa forma as "crises " políticas são " congénitas ao desenvolvimento " do país. E não considera que o viver em conjunto dos Flamengos e dos Wallons, se "encontre realmente condenado". " De facto, as duas partes possuem perfis psicológicos extraordinariamente diferentes. Os flamengos são reivindicativos, querem mais autonomia e os francófonos encontram-se numa péssima postura psicológica porque, no fundo, foram eles que fundaram o Estado belga em 1830. Sobretudo a sua situação económica é menos brilhante". E vai mais longe a crítica do professor de Direito Constitucional em Liège: "Os partidos estão blindados e prometeram mundos e fundos. Os médias e mesmo as Universidades também patinham no isolacionismo e divisionismo. Há cada vez menos contactos entre as elites das duas comunidades linguísticas de base. O que é extremamente perigoso".

Paquistão: USA favorece acordo Bhutto/Musharaf - Quem estiver atento ao que se passa de profundo nos Golfos Pérsico e no Indico, não pode deixar de estranhar na escalada da desagregação que envenena o poder político militar em Carachi, sob o comando unificado do general Musharaf e seus colegas. As razões eleitoralistas perseguidas pelo ditador militar pago e equipado por Washington, obrigaram-no a tecer laços inconfessáveis com as tribos das fronteiras dos confins do Afeganistão, onde a permeabilidade e oportunismo dão origem a todas as recriminações das potências credoras , USA e Inglaterra à cabeça. Parece que Musharaf acolheu no ISI, serviços secretos, os assassinos do jornalista americano David Pearl. Uma tômbola legislativa deve ser realizada, sob a pressão dos USA, para permitir o regresso do exílio da senhora Benazir Bhutto e do seu rival, Nawaz Sharif, ambos acusados de desvios astronómicos de somas durante os seus mandatos como chefes de governo.

FAR