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domingo, 20 de março de 2011
domingo, 16 de maio de 2010
anaCrónica 20
Papadofila/ ludicasta
O papa semeia semeia semeia e nada
O crente vai mais casto atrás da carne ou da uva
Na banda larga e mesmo na vizinhança
Cometer com outra gana o que lhe proibiram em coro
E os padres com tanto rapazinho de pobreza exposta
À castidade dedicam santa aspirina remédio santo
Na busca da disfunção eréctil que os desatormente
Pois não há idade para pertencer aos Céus
E só se pertence sem desejos a eles
Dominada a besta e entregues ao breviário
Este entre mãos para tê-las ocupadas
Sem sucumbir ao entre pernas teodolito
Medidor de fronteiras e odores
E desaforado vertiginoso cobremaníaco
E porque não a excisão
Da gaita pois que o berbigão é delas
E não dos ordenáveis proprietários de castos pirilaus?
O papa semeia semeia semeia
E lá ordenam senhoras os anglicanos
A poucos metros de São Pedro
Praça da sua janela global
- Se há de oportunidade é a dele em poliglotismos alemanizados
Ritual mais que ateu pois apenas ecrã e microfone
Nem altar nem tecto sistino nem nada
Só plano americano e primeiro também e claro
Mais que água benta a mineral -
Intérpretes pois as senhoras
Do velho e do novo testamentos
O que só no masculino está prescrito
Pois só pelo filtro da cinzenta massa
Macha a palavra pode ser exegetada
Como deve ser
O papa semeia semeia e nada
O povoléu enche a praça
Curte a terapia em catarse concertante
E depois regressa ao pecado
Todas e cada um o seu
A mulher do parceiro certamente
Pois é mais picante que a própria
A masturbação penitente
No genuflexório pois
Para o mais novo ordenança ainda
Na presença dos mármores
E dos arrependidos
Das paredes pendurados
E mesmo os mais devotos
Tudo devem ao Tartufo
Pois o diabo está no neurónio instalado
Como uma carraça tresmalhada
Que o desejo não pede para entrar
Já lá anda
Ele há outros cometimentos
Que assinalam que o bicho mano
Só mano é na solto-manidade total
Sem trela nem rédea
Assim à moda do natural
Mas tal receita não tem evangelho que a prescreva
Nem bula que a torne medida
Tragédia da contradição
Que só muita contrição atenua
Sem garantia pois
Atenua atenua atenua
O papa semeia semeia
E as meninas vão com as meninas
E os rapazes com os rapazes
Já de Safo a coisa vem
E sabe-se que o Sócrates o Alcibíades papava
Ou era papado pelo infante discípulo
Belo mas não sábio
Daí vem o Papado como período
Papado durante o período
O período para a ordem masculina casta da coisa
É o equivalente do período
Para a ordem feminina da coisa
Essa fronteira que o papa re-semeia
Constantemente
Para salvar o mundo claro
Da guerra civil dos sexos
Pois se sangram é por alguma razão
Que eles apenas sangram por trás e quando
As almorróidas vindas da especiaria assassina visitam
Sem passaporte as partes merdoprodutoras
Portanto este papado é o papado do período do teólogo
Que mais Aristóteles das metafísicas é Rástzingaro
Para as impor assim duro às mais que físicas
As verdadeiras metas espirituais
Pura teoria e pura abstracção descorporificada
Baseada na pura ideia e transparência
A que sobrevoa por falta de gravidade que a persiga
Sem base material que a figure
Pois o sangue do senhor é de facto vinho
E este vem da inocência da uva
Sem consciência
Fruta é
E nada é
Como a outra
A maçã
Feita com o demóino
E pura traição avermelhada
O papa semeia semeia
E o berlusconho colhe da aura
Os ardores da erecção amiga
Nas páginas nacionais de referência
Para gáudio colectivo e memória de Nero exaltada
Em busca das chamas infernais romanas que tudo redimam
Pelos paparazis colhida a gaita ex ministerial de leste
No foco de uma teleobjectiva
Prova que a Europa vai de vento em popa
E que não há melhor reforma que a dos ex mandantes
Pois melhor que biagra é sem ele erigir a coisa aos céus
Por efeito da pura natureza das coisas contracenando
Pois agora que me refaço
Das dores mediáticas que tive
Quase traumatizantes
Dedico ao senhor dos Prada
Este poemO de alento
Com finalidade didáctica
Desejo e oro com ele
Para que a castidade
A dívida púbica resolva
E comova os especuladores
E suas agências ratzingas
É tudo uma questão
de desErecção cósmica
FMR
O papa semeia semeia semeia e nada
O crente vai mais casto atrás da carne ou da uva
Na banda larga e mesmo na vizinhança
Cometer com outra gana o que lhe proibiram em coro
E os padres com tanto rapazinho de pobreza exposta
À castidade dedicam santa aspirina remédio santo
Na busca da disfunção eréctil que os desatormente
Pois não há idade para pertencer aos Céus
E só se pertence sem desejos a eles
Dominada a besta e entregues ao breviário
Este entre mãos para tê-las ocupadas
Sem sucumbir ao entre pernas teodolito
Medidor de fronteiras e odores
E desaforado vertiginoso cobremaníaco
E porque não a excisão
Da gaita pois que o berbigão é delas
E não dos ordenáveis proprietários de castos pirilaus?
O papa semeia semeia semeia
E lá ordenam senhoras os anglicanos
A poucos metros de São Pedro
Praça da sua janela global
- Se há de oportunidade é a dele em poliglotismos alemanizados
Ritual mais que ateu pois apenas ecrã e microfone
Nem altar nem tecto sistino nem nada
Só plano americano e primeiro também e claro
Mais que água benta a mineral -
Intérpretes pois as senhoras
Do velho e do novo testamentos
O que só no masculino está prescrito
Pois só pelo filtro da cinzenta massa
Macha a palavra pode ser exegetada
Como deve ser
O papa semeia semeia e nada
O povoléu enche a praça
Curte a terapia em catarse concertante
E depois regressa ao pecado
Todas e cada um o seu
A mulher do parceiro certamente
Pois é mais picante que a própria
A masturbação penitente
No genuflexório pois
Para o mais novo ordenança ainda
Na presença dos mármores
E dos arrependidos
Das paredes pendurados
E mesmo os mais devotos
Tudo devem ao Tartufo
Pois o diabo está no neurónio instalado
Como uma carraça tresmalhada
Que o desejo não pede para entrar
Já lá anda
Ele há outros cometimentos
Que assinalam que o bicho mano
Só mano é na solto-manidade total
Sem trela nem rédea
Assim à moda do natural
Mas tal receita não tem evangelho que a prescreva
Nem bula que a torne medida
Tragédia da contradição
Que só muita contrição atenua
Sem garantia pois
Atenua atenua atenua
O papa semeia semeia
E as meninas vão com as meninas
E os rapazes com os rapazes
Já de Safo a coisa vem
E sabe-se que o Sócrates o Alcibíades papava
Ou era papado pelo infante discípulo
Belo mas não sábio
Daí vem o Papado como período
Papado durante o período
O período para a ordem masculina casta da coisa
É o equivalente do período
Para a ordem feminina da coisa
Essa fronteira que o papa re-semeia
Constantemente
Para salvar o mundo claro
Da guerra civil dos sexos
Pois se sangram é por alguma razão
Que eles apenas sangram por trás e quando
As almorróidas vindas da especiaria assassina visitam
Sem passaporte as partes merdoprodutoras
Portanto este papado é o papado do período do teólogo
Que mais Aristóteles das metafísicas é Rástzingaro
Para as impor assim duro às mais que físicas
As verdadeiras metas espirituais
Pura teoria e pura abstracção descorporificada
Baseada na pura ideia e transparência
A que sobrevoa por falta de gravidade que a persiga
Sem base material que a figure
Pois o sangue do senhor é de facto vinho
E este vem da inocência da uva
Sem consciência
Fruta é
E nada é
Como a outra
A maçã
Feita com o demóino
E pura traição avermelhada
O papa semeia semeia
E o berlusconho colhe da aura
Os ardores da erecção amiga
Nas páginas nacionais de referência
Para gáudio colectivo e memória de Nero exaltada
Em busca das chamas infernais romanas que tudo redimam
Pelos paparazis colhida a gaita ex ministerial de leste
No foco de uma teleobjectiva
Prova que a Europa vai de vento em popa
E que não há melhor reforma que a dos ex mandantes
Pois melhor que biagra é sem ele erigir a coisa aos céus
Por efeito da pura natureza das coisas contracenando
Pois agora que me refaço
Das dores mediáticas que tive
Quase traumatizantes
Dedico ao senhor dos Prada
Este poemO de alento
Com finalidade didáctica
Desejo e oro com ele
Para que a castidade
A dívida púbica resolva
E comova os especuladores
E suas agências ratzingas
É tudo uma questão
de desErecção cósmica
FMR
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quinta-feira, 6 de maio de 2010
Da Puta cebola
a cebola é uma metáfora
e a sucessão ritual das cascas
em subtracção
seu fluxo descodificador
uma a uma
como botões soltando-se
metáfora e não cópia
batendo a asa
botões que não rosas nem pétalas esboçadas
pura transparência
uma coisa é certa
a cada descasque explícito
interpelando com as suas estrias em cobra sigilosa e curvilínea
o voyeur pensa
nos translúcidos efeitos burka
flor de amora a explodir preta na menina do olho
e suspende na respiração a prosa de imagens
então a pétala vai no rio mastigado de palavras
pelo frenesim de afluentes quotidianos e horas de ponta
mais do que metáfora
metáfoda
na sombra a ciência artesanal dos dedos
malhando na nova casca
sem especiaria nem cor de época e fruta
aluando na aleatória inversão de ocasos
trágico é habitar cebola o fim
na cebola envolvente
e nem o cru sublime do vazio divisar
da matrioska
esse aberto oposto do caroço
polegar desunhando-se
em abismo no nada rarefeito
do dedo o pulsar de articulações
no âmago em asas e fogo
remeteria a origem
no ser assim:
cebola és
o que cinicamente vence:
o perfume da cebola
convívio difícil
que os contemporâneos
trocaram pelo consenso
dos pequenos nadas em sindicatos a dias
os rumos apesar de tudo podem florir em rimas
do livro horto meu horto
de entreanov espasmodicus
poema mudado para português por
f.arom
e a sucessão ritual das cascas
em subtracção
seu fluxo descodificador
uma a uma
como botões soltando-se
metáfora e não cópia
batendo a asa
botões que não rosas nem pétalas esboçadas
pura transparência
uma coisa é certa
a cada descasque explícito
interpelando com as suas estrias em cobra sigilosa e curvilínea
o voyeur pensa
nos translúcidos efeitos burka
flor de amora a explodir preta na menina do olho
e suspende na respiração a prosa de imagens
então a pétala vai no rio mastigado de palavras
pelo frenesim de afluentes quotidianos e horas de ponta
mais do que metáfora
metáfoda
na sombra a ciência artesanal dos dedos
malhando na nova casca
sem especiaria nem cor de época e fruta
aluando na aleatória inversão de ocasos
trágico é habitar cebola o fim
na cebola envolvente
e nem o cru sublime do vazio divisar
da matrioska
esse aberto oposto do caroço
polegar desunhando-se
em abismo no nada rarefeito
do dedo o pulsar de articulações
no âmago em asas e fogo
remeteria a origem
no ser assim:
cebola és
o que cinicamente vence:
o perfume da cebola
convívio difícil
que os contemporâneos
trocaram pelo consenso
dos pequenos nadas em sindicatos a dias
os rumos apesar de tudo podem florir em rimas
do livro horto meu horto
de entreanov espasmodicus
poema mudado para português por
f.arom
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sexta-feira, 26 de março de 2010
EM CONTRATEMPO TÁCTIL
Passo com os dedos
O teu rosto
De um fôlego apaziguado
As pálpebras borboletando no batimento cardíaco
Percorro lábios que tinham amanhecido
E nas covas fundas do rosto
Onde se tecem as doces olheiras
Azeitona escuro incólume e amendoado
Prego o silêncio
Olhos a promessa cantam solta
Irradiam palavras apetrechadas de asas
Em estrias de transparência e pele monologando
Esse aberto de esforço que as olheiras habita em dias longos e intensos
São as caudas da visão em cometa
Marés nas planícies deslizando a noite e nos despertam
Dessas deambulações cresce
Um absoluto de manufactura
Olimpo de cravinas em assembleia
Que a infância tece sempre de volta
Aí estamos algures fora da moldura
f. arom
O teu rosto
De um fôlego apaziguado
As pálpebras borboletando no batimento cardíaco
Percorro lábios que tinham amanhecido
E nas covas fundas do rosto
Onde se tecem as doces olheiras
Azeitona escuro incólume e amendoado
Prego o silêncio
Olhos a promessa cantam solta
Irradiam palavras apetrechadas de asas
Em estrias de transparência e pele monologando
Esse aberto de esforço que as olheiras habita em dias longos e intensos
São as caudas da visão em cometa
Marés nas planícies deslizando a noite e nos despertam
Dessas deambulações cresce
Um absoluto de manufactura
Olimpo de cravinas em assembleia
Que a infância tece sempre de volta
Aí estamos algures fora da moldura
f. arom
quinta-feira, 25 de março de 2010
Do Escuro Anterior
7
Depois descemos pela poeira
Hospedados os deuses em suas casas
De longe segurando os frutos
Vimos o lucilar das lanças e as abóbadas fendidas
Os nomes
Inermes nas bermas dos caminhos
Imprecavam às cidades
Ur, a perdida,
Sttutgart ainda à Sua espera
E as botas na lama do Sublime por Diotima
Se os deuses as ocupam
Onde abrigar os Amigos?
Dissemos
E plantámos a maçã no teu ventre
E veio a noite
O que nos cercava
a videira redimiu
E o sol Amigos
Eu vi
Um anjo máquina pelos caminhos da montanha
Os vales e as reentrâncias da Terra
Seus lábios no mar
Era depois do Escuro
E as mãos
O que tacteámos delas!
Um nome disse: é um dorso
Arqueado ao meio por um rio
Alguém desesperou do rosto
E as casas abriram-se
E eram os teus seios
Eu vi a Árvore
E o diverso sopro
Ó os cajueiros de os erguer
Da infância
Ò trovão anunciando os Espíritos
Arrepio azul dos gala-galas
Ò longe aqui tão perto nos caminhos
Que as mãos afagam
Perdida tu na lonjura
E precipitada de toda a Beleza
Alta noite
Hannah
E os Amigos latejando
Ò trucidante máquina louca
Do mundo
Íman mineral silenciosa
Ó espúria!
Eu vi
E foi o primeiro Escuro
Luís Carlos Patraquim
Excerto de “O Escuro Anterior”, inédito
Depois descemos pela poeira
Hospedados os deuses em suas casas
De longe segurando os frutos
Vimos o lucilar das lanças e as abóbadas fendidas
Os nomes
Inermes nas bermas dos caminhos
Imprecavam às cidades
Ur, a perdida,
Sttutgart ainda à Sua espera
E as botas na lama do Sublime por Diotima
Se os deuses as ocupam
Onde abrigar os Amigos?
Dissemos
E plantámos a maçã no teu ventre
E veio a noite
O que nos cercava
a videira redimiu
E o sol Amigos
Eu vi
Um anjo máquina pelos caminhos da montanha
Os vales e as reentrâncias da Terra
Seus lábios no mar
Era depois do Escuro
E as mãos
O que tacteámos delas!
Um nome disse: é um dorso
Arqueado ao meio por um rio
Alguém desesperou do rosto
E as casas abriram-se
E eram os teus seios
Eu vi a Árvore
E o diverso sopro
Ó os cajueiros de os erguer
Da infância
Ò trovão anunciando os Espíritos
Arrepio azul dos gala-galas
Ò longe aqui tão perto nos caminhos
Que as mãos afagam
Perdida tu na lonjura
E precipitada de toda a Beleza
Alta noite
Hannah
E os Amigos latejando
Ò trucidante máquina louca
Do mundo
Íman mineral silenciosa
Ó espúria!
Eu vi
E foi o primeiro Escuro
Luís Carlos Patraquim
Excerto de “O Escuro Anterior”, inédito
quarta-feira, 24 de março de 2010
O TREMOÇO NO GOTO AUSTRAL
Agora que vou para quase velho
Vejo que não prestei a devida atenção
Ao modo como o tremoço
Me cai no goto
Não esse do engasgar
Mas o outro
O goto dos afectos
Primeiro o respeito da pele
Da casca entre os dedos
Num movimento simples de descascar
Levado no tempo de o fazer
Assim como observar a imobilidade da cadeira
Que ali está e estará até que perca a utilidade
Mas mais que o tremoço e a casca
E o miolo
Já que o essencial também não deve esquecer-se
Quando o acessório se torna visível
É poder seguir as nuvens
De um ponto absolutamente único
Na janela do quarto mais oriental da casa
- Oriental nas contas feitas de geografia instintiva –
Pois aí
Elas passam de um modo que é mais cinético do que todos
Passam mais esguias
Pondo-se a jeito para o meu cinema
E para a minha expectativa de águas ainda não passadas
Toda esta prática
É de amores com a terra que nos pariu
Ou assim me parece
Como me parece sê-lo
O modo como uma árvore se inclina quando um velho passa
Na saudação primordial
- diálogo mais que ecuménico -
Creio que o vento que a sopra o adivinha
E leva as folhas na prosa que a brisa escreve
E mais do que estas práticas
Gosto de linhas do rosto
E de as escutar no silêncio que toca
No Outono amarelecido da foto
O sorriso ter permanecido
Diálogo fundo
O que persiste
Certo é que as balizas lá estão
Na Sá de Miranda
Nos mesmos portões metálicos
Simétricas e ali postas para o nosso futebol
Cósmico de 10 metros entre as linhas extremas
E do mesmo modo
A parte não cimentada do passeio lá está
À espera da cova longa do paulito
O meu tempo intocado ali
Porque o tempo que se lhe seguiu
Nada tinha com este que cresceu comigo
E nossos
Restam dos maços de Caravela
Grandes fumaradas
Pelas barreiras abaixo acima
Fumados colectivamente
Assim como caminhadas
Intermináveis até aos mares da Xefina
Nunca lá chegados
Caminhando o mar salgado entre tubarões imaginados
Sob o mar encrespado de pequena vaga e areias revoltas
Do que hoje me lembro
É que por muito que se tenham somado promessas de novos mundos
Nada vivi mais absolutamente igualitário
Que o mundo daquela rua
De goeses changanes híbridos e lusos ibéricos
Outros mundos havia
Por certo
Como certo era existirem ainda mais
Do que esses outros e piores e melhores
E certo é também
Como diz o outro
Tudo ser relativo
f. arom
Vejo que não prestei a devida atenção
Ao modo como o tremoço
Me cai no goto
Não esse do engasgar
Mas o outro
O goto dos afectos
Primeiro o respeito da pele
Da casca entre os dedos
Num movimento simples de descascar
Levado no tempo de o fazer
Assim como observar a imobilidade da cadeira
Que ali está e estará até que perca a utilidade
Mas mais que o tremoço e a casca
E o miolo
Já que o essencial também não deve esquecer-se
Quando o acessório se torna visível
É poder seguir as nuvens
De um ponto absolutamente único
Na janela do quarto mais oriental da casa
- Oriental nas contas feitas de geografia instintiva –
Pois aí
Elas passam de um modo que é mais cinético do que todos
Passam mais esguias
Pondo-se a jeito para o meu cinema
E para a minha expectativa de águas ainda não passadas
Toda esta prática
É de amores com a terra que nos pariu
Ou assim me parece
Como me parece sê-lo
O modo como uma árvore se inclina quando um velho passa
Na saudação primordial
- diálogo mais que ecuménico -
Creio que o vento que a sopra o adivinha
E leva as folhas na prosa que a brisa escreve
E mais do que estas práticas
Gosto de linhas do rosto
E de as escutar no silêncio que toca
No Outono amarelecido da foto
O sorriso ter permanecido
Diálogo fundo
O que persiste
Certo é que as balizas lá estão
Na Sá de Miranda
Nos mesmos portões metálicos
Simétricas e ali postas para o nosso futebol
Cósmico de 10 metros entre as linhas extremas
E do mesmo modo
A parte não cimentada do passeio lá está
À espera da cova longa do paulito
O meu tempo intocado ali
Porque o tempo que se lhe seguiu
Nada tinha com este que cresceu comigo
E nossos
Restam dos maços de Caravela
Grandes fumaradas
Pelas barreiras abaixo acima
Fumados colectivamente
Assim como caminhadas
Intermináveis até aos mares da Xefina
Nunca lá chegados
Caminhando o mar salgado entre tubarões imaginados
Sob o mar encrespado de pequena vaga e areias revoltas
Do que hoje me lembro
É que por muito que se tenham somado promessas de novos mundos
Nada vivi mais absolutamente igualitário
Que o mundo daquela rua
De goeses changanes híbridos e lusos ibéricos
Outros mundos havia
Por certo
Como certo era existirem ainda mais
Do que esses outros e piores e melhores
E certo é também
Como diz o outro
Tudo ser relativo
f. arom
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segunda-feira, 22 de março de 2010
Perdoar
esquecer
todas as nuvens
que ensombram
a alegria
todas as máscaras
que encobrem
a verdade
todas as defesas
que enfraquecem
a vitalidade
toda a arrogância
que invalida
o respeito
toda a prepotência
que insulta
a inteligência
todas as fugas
que acobardam
a existência
todas as traições
que aviltam
a transparência
todas as agressões
que sujam
e envergonham
a dignidade
e são sempre
fruto do medo
oposto do amor
Maria Hespanha
todas as nuvens
que ensombram
a alegria
todas as máscaras
que encobrem
a verdade
todas as defesas
que enfraquecem
a vitalidade
toda a arrogância
que invalida
o respeito
toda a prepotência
que insulta
a inteligência
todas as fugas
que acobardam
a existência
todas as traições
que aviltam
a transparência
todas as agressões
que sujam
e envergonham
a dignidade
e são sempre
fruto do medo
oposto do amor
Maria Hespanha
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Poesia
domingo, 14 de março de 2010
Como é diferente o riso em Portugal - 18 de Março nos Anos 60

ANOS 60
5ª feira, 18 de Março, pelas 22:30 horas
A Oficina de Teatro de Almada apresenta:
Como é diferente o riso em Portugal
Um recital de poesia composto por textos de:
Alberto Pimenta, Jorge de Sena, Mário – Henrique Leiria, Abade de Jazente, João de Deus, Mendes de Carvalho, Ruy Belo, Mário Cesariny, Armando Silva Carvalho, Ary dos Santos, Almada Negreiros, Fernando Assis Pacheco, Bocage, Luiz Pacheco e Bernardo Guimarães.
De que nos rimos, nós portugueses?
O que é que nos provoca o riso?
Uma coisa é certa: o riso em Portugal é mesmo diferente.
Bar Anos 60 – Largo do Terreirinho, nº 21, na Mouraria de Lisboa (à Rua dos Cavaleiros, junto ao Martins Moniz)
Espectáculo integrado nas comemorações do II Aniversário da Associação Renovar a Mouraria.
Etiquetas:
Fernando Rebelo,
II Aniversário da Associação Renovar a Mouraria,
Mouraria,
Oficina de Teatro de Almada,
Poesia
segunda-feira, 1 de março de 2010
alfabetu
Começar pelos pés
de cima vistos
numa hierarquia sem tensão
de mim para eu para eles
sem alter egos nem pose
apenas o mesmo mar que o mar e que conhecem
quando pousa lento na asa do pássaro morto a sua espuma final
O verbo corre pelas nervuras dos dedos em sílabas salinas
De louco no campo aberto do corpo
As unhas silenciadas
quando tentamos olhar para outro corpo no próprio
O voo abortado
Só com truque
Tirar os pés da cartola coelhos
Uma fragmentação não do eu mas do corpo
Os pés horizonte e tu de cima como soba nas nuvens e olhando após os peitos
Vacas de culto sagradas
Mas os pés não lembram a engenheiros
Enfiados na organização das suas estruturas
A vida a horas
e dois mais dois não são cinco
Um pináculo no sustento precário de uma certeza
Mais a ideia de que a arte é intangível
Como fazê-la sem um pouco de areia que ajude
E o nível
A pá
O cimento
E a merenda em sequências e equações
Impressão de tinto digital
Pego no silêncio que está parado sobre o peito do pé esquerdo
E coloco-o sobre o peito do pé direito
Calo-me
Os ouvidos não têm a cera do hábito accionada
e o hálito deixou o corpo por um outro estatuto em cerimónia específica para vocábulos de exterioridade ostentada
Mas estão saturados do que soma nada a nada na paz que não mora
Bonança? Sombra no tempo de um baloiço de olhares embalado
Os pés
esquerdo direito a tropa
e não são os dias esquerdos raros tão diversos
êxtase no nome soletrado a lábios suspenso do trapézio da fala
e derramando letras de sabor a ela uma
e o tempo emaranhado de algas em parágrafos e maresia partilhada
Nunca o mesmo e no segundo seguinte
Um rumor de folha na brisa de uma fresta aberta no horizonte
O que não é metafísica mas pode ser uma pneumonia
Pneumonia a palavra seduz como deixar correr o marfim
Deixar correr o marfim tem uma luz de sangue
Um bando de vogais chilreando faz ninho entre os meus pés que se encontram estranhamente irmanados como menires indisciplinados no espaço
Ninguém faz ideia do que possa suceder
Mas não há jornalistas por perto
Nem há qualquer tentativa de performance e de durar no tempo essa impossibilidade de o pássaro quebrar a casca num directo original
Criar pardais entre os polegares
É circo
Já com as vogais é diferente
Como é diferente atar latas aos peixes nas caudas como a gatos
Desenho umas letras como fogo acenando para longe
Esboroam-se cadentes no espelho fugaz da imagem tempo
Faço oscilar o eco de que disponho à mão
Sons ecoados com perícia subjectiva
Fazem um teatro de sombras nos olhos dos ouvidos
Na viagem foram-se os pés
Nas mãos veios nas palmas alinham a vida por um fuso mais prescrito
Ervas deitadas sem pai nem deus nem chefe
Caiem caroços sobre o papel que explode à vista
Florações incandescentes nos interstícios que o ecrã possa arborizar
Mas a pele de onde vem sem que venhas
Alfabeto o corpo teu no rosto comum
f.arom
de cima vistos
numa hierarquia sem tensão
de mim para eu para eles
sem alter egos nem pose
apenas o mesmo mar que o mar e que conhecem
quando pousa lento na asa do pássaro morto a sua espuma final
O verbo corre pelas nervuras dos dedos em sílabas salinas
De louco no campo aberto do corpo
As unhas silenciadas
quando tentamos olhar para outro corpo no próprio
O voo abortado
Só com truque
Tirar os pés da cartola coelhos
Uma fragmentação não do eu mas do corpo
Os pés horizonte e tu de cima como soba nas nuvens e olhando após os peitos
Vacas de culto sagradas
Mas os pés não lembram a engenheiros
Enfiados na organização das suas estruturas
A vida a horas
e dois mais dois não são cinco
Um pináculo no sustento precário de uma certeza
Mais a ideia de que a arte é intangível
Como fazê-la sem um pouco de areia que ajude
E o nível
A pá
O cimento
E a merenda em sequências e equações
Impressão de tinto digital
Pego no silêncio que está parado sobre o peito do pé esquerdo
E coloco-o sobre o peito do pé direito
Calo-me
Os ouvidos não têm a cera do hábito accionada
e o hálito deixou o corpo por um outro estatuto em cerimónia específica para vocábulos de exterioridade ostentada
Mas estão saturados do que soma nada a nada na paz que não mora
Bonança? Sombra no tempo de um baloiço de olhares embalado
Os pés
esquerdo direito a tropa
e não são os dias esquerdos raros tão diversos
êxtase no nome soletrado a lábios suspenso do trapézio da fala
e derramando letras de sabor a ela uma
e o tempo emaranhado de algas em parágrafos e maresia partilhada
Nunca o mesmo e no segundo seguinte
Um rumor de folha na brisa de uma fresta aberta no horizonte
O que não é metafísica mas pode ser uma pneumonia
Pneumonia a palavra seduz como deixar correr o marfim
Deixar correr o marfim tem uma luz de sangue
Um bando de vogais chilreando faz ninho entre os meus pés que se encontram estranhamente irmanados como menires indisciplinados no espaço
Ninguém faz ideia do que possa suceder
Mas não há jornalistas por perto
Nem há qualquer tentativa de performance e de durar no tempo essa impossibilidade de o pássaro quebrar a casca num directo original
Criar pardais entre os polegares
É circo
Já com as vogais é diferente
Como é diferente atar latas aos peixes nas caudas como a gatos
Desenho umas letras como fogo acenando para longe
Esboroam-se cadentes no espelho fugaz da imagem tempo
Faço oscilar o eco de que disponho à mão
Sons ecoados com perícia subjectiva
Fazem um teatro de sombras nos olhos dos ouvidos
Na viagem foram-se os pés
Nas mãos veios nas palmas alinham a vida por um fuso mais prescrito
Ervas deitadas sem pai nem deus nem chefe
Caiem caroços sobre o papel que explode à vista
Florações incandescentes nos interstícios que o ecrã possa arborizar
Mas a pele de onde vem sem que venhas
Alfabeto o corpo teu no rosto comum
f.arom
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Letra para um blues
DJOM PÓ-DI-PILOM
Mi própi qu’ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
qu’ê dono di tchom,
tamanho, largom,
co midjo, rolom,
mandioca, fijom,
batata, mamom,
barnela, cimbrom
co pé di polom!
Mi própi qu’ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
fadjado, roscom!
Casa, quintalom,
co pato, pintom,
galinha, frangom,
tchiquêro, litom
co roda fogom,
co tcheu calderom
ê‘Nhor Deus qui pô!
Mi própi qu’ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
qui djunta tistom
contado na mom,
tó qu´intchi cerom,
saco, garrafom,
caxa papelom
co três balaiom,
pa mi co nh’irmom!
Mi própi qu´ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
fadjado, roscom,
qu´ê dono tchom,
qui tem tcheu tistom
má qui ca ladrom!
Jorge Pedro Barbosa. 1958
(Poema musicado por Mad Dog & Los Santeros)
Mi própi qu’ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
qu’ê dono di tchom,
tamanho, largom,
co midjo, rolom,
mandioca, fijom,
batata, mamom,
barnela, cimbrom
co pé di polom!
Mi própi qu’ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
fadjado, roscom!
Casa, quintalom,
co pato, pintom,
galinha, frangom,
tchiquêro, litom
co roda fogom,
co tcheu calderom
ê‘Nhor Deus qui pô!
Mi própi qu’ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
qui djunta tistom
contado na mom,
tó qu´intchi cerom,
saco, garrafom,
caxa papelom
co três balaiom,
pa mi co nh’irmom!
Mi própi qu´ê Djom,
Djom Pó-di-Pilom,
fadjado, roscom,
qu´ê dono tchom,
qui tem tcheu tistom
má qui ca ladrom!
Jorge Pedro Barbosa. 1958
(Poema musicado por Mad Dog & Los Santeros)
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quinta-feira, 6 de novembro de 2008
I, Too, Sing America
I, too, sing America.
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me,
"Eat in the kitchen,"
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed--
I, too, am America.
Langston Hughes
(republicado como continuação de uma conversa)
I am the darker brother.
They send me to eat in the kitchen
When company comes,
But I laugh,
And eat well,
And grow strong.
Tomorrow,
I'll be at the table
When company comes.
Nobody'll dare
Say to me,
"Eat in the kitchen,"
Then.
Besides,
They'll see how beautiful I am
And be ashamed--
I, too, am America.
Langston Hughes
(republicado como continuação de uma conversa)
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sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Água (1)

Ilustração para "Água na poesia". Edição da Câmara Municipal de Sintra
Nadia ouve
O pássaro acordou-a. Está deitada de costas de olhos fechados, a pensar
no que lhe resta para além da toalha que começou a bordar
e talvez termine.
Resta-lhe a vontade que a dor passe
e que tudo passe e deixe de a atormentar.
Jaz pr’ali como se, tendo deixado a rampa de lançamento, deslizasse
pela via lacteal e o planeta do qual descolou se tivesse afastado
e reduzido até se confundir com as miríades de outras estrelas.
Um pássaro pousado num ramo chama-a e Nadia está deitada
a apagar o bem e o mal, como uma mulher a acabar de lavar o chão,
a recuar com a esfregona de costas para a porta, só lhe resta limpar
as suas pegadas no chão molhado.
A dor ainda dorme: o corpo hostil, com os seus punhais,
não acordou com ela ao som do pássaro. Até a vergonha,
companheira de toda a sua vida, a largou. Deixou de a morder.
Tudo se desligou dela e Nadia desligou-se de tudo como uma pêra do ramo.
Não uma pêra que se colhe mas um fruto maduro que cai.
(…)
Amoz Oz, “O mesmo mar”, edições ASA
Ivone Ralha
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segunda-feira, 7 de julho de 2008
Crónica da falta de inspiração. Ou a apologia do inocente B.
Não estou para
Será
politicamente correcto
E o número
Escorregando-nos pela impaciência boi que nos eleva para o dia
Na cara ausente que toca
Nós em microclima de lençóis os pulmões em maré de palmeiras
A cabeça onde cai
Sorridente lado de lá necessitado de uma apenas indicação
E na mão o horário do alfa para a ponta da vida
Há lá seixos
E está lá o último comentário sobre o ozono
E nós nem está nem está lá olho semiaberto na coxa e a faca do desejo a luminar o quanto pode
Nesse instante
O alguém de lá em
Espera
um murmúrio espraiando-se no sono ágil que espreguiça
A mudez em plástica visível
Nesse absoluto nada do oito
A memória de um poente no arame
a cavalo no horizonte
nas coxas do horizonte ardendo
Incendiado fim de linha onde se alcançam as alternativas ao petróleo
- De todos os dias nos dai hoje -
Eis que algo luz de alucinação
Em arqueologias de eus repescado
Sétima profundidade
Eis a
Semente hibernada de cinzas
Calcinado rosto de acasaláveis parentes
Classe mérdia maquetada em sofás-caveira e pantalhas nos olhos
Mais objectos rituais
A gilete e o rímel e artefactos de caça à mercadoria fetichizável
O arco e flecha bancários apontados ao brilho
do glamour repetível mundanamente
O protótipo o tipo o sapiens o nosso primo
O primo que somos de alguém
Em velocidade de cruzeiro serena para a vertigem
A tal água morna do sapo
e nada
no orbe
Agora que umas camadas
De álcool o meteriam nos eixos êxtases bacantes
Regressado júbilo à orgia cerimonial das origens
Repari-lo
Qualquer coisa assim
Diferente do actual caldeirão de fulgores bochianos
cabeças de mexilhão petingado em carnaval de medos
e Deus nunca pintado
Como diria o catedrático
Ou o xuchiólogo
Esse criado do estado estatístico do mundo a piorar recorrentemente
Empregado ao serviço da saúde da morte
Sempre constatável
E ele
O planetita desleixado
Do vírus maligno do politicamente correcto
Jugo no boi da sorte que nos calhou seguindo um trilho de merda
merda que produz e é capaz de repolir em
Quotidiano horário nobre e no esconso lugar das inscrições partidárias
Cheque para lá cheque para cá e SPA
E apesar de tudo
tudo poderia ter sido outra maneira
Se a sala oval tivesse fertilizado prospectivas
“em vez de” – o busílis - missas laicas
E a Mónica fosse menos boca e mais coração na boca talvez
E ele menos conferencista e menos amigo dos pobres ao serviço de si mesmo
Talvez essa energia do felatio pudesse ter sido fonte alternativa e limpa de novo mundo de renovável energia autosustentável (alho, muito alho)
e alternativa ao eólico e ao solar
envelhecidos
esqueleto do tempo
Aí nesse felatio global
Poderíamos ter reencontrado a história com H grande
Antes e depois de FFFFFFFFFFEEEEEEELLLLLLLAAAAAAAATIIIIIOOOOOO
Como antes e depois de C
Mas não hoje não
Baixa existencial
O que quer que isso seja
E não há urgência possível
Não abrem para orquídeas de cheiro
Pétalas selvagens nos reciclassem
humana idade
por vir
f. arom
Será
politicamente correcto
E o número
Escorregando-nos pela impaciência boi que nos eleva para o dia
Na cara ausente que toca
Nós em microclima de lençóis os pulmões em maré de palmeiras
A cabeça onde cai
Sorridente lado de lá necessitado de uma apenas indicação
E na mão o horário do alfa para a ponta da vida
Há lá seixos
E está lá o último comentário sobre o ozono
E nós nem está nem está lá olho semiaberto na coxa e a faca do desejo a luminar o quanto pode
Nesse instante
O alguém de lá em
Espera
um murmúrio espraiando-se no sono ágil que espreguiça
A mudez em plástica visível
Nesse absoluto nada do oito
A memória de um poente no arame
a cavalo no horizonte
nas coxas do horizonte ardendo
Incendiado fim de linha onde se alcançam as alternativas ao petróleo
- De todos os dias nos dai hoje -
Eis que algo luz de alucinação
Em arqueologias de eus repescado
Sétima profundidade
Eis a
Semente hibernada de cinzas
Calcinado rosto de acasaláveis parentes
Classe mérdia maquetada em sofás-caveira e pantalhas nos olhos
Mais objectos rituais
A gilete e o rímel e artefactos de caça à mercadoria fetichizável
O arco e flecha bancários apontados ao brilho
do glamour repetível mundanamente
O protótipo o tipo o sapiens o nosso primo
O primo que somos de alguém
Em velocidade de cruzeiro serena para a vertigem
A tal água morna do sapo
e nada
no orbe
Agora que umas camadas
De álcool o meteriam nos eixos êxtases bacantes
Regressado júbilo à orgia cerimonial das origens
Repari-lo
Qualquer coisa assim
Diferente do actual caldeirão de fulgores bochianos
cabeças de mexilhão petingado em carnaval de medos
e Deus nunca pintado
Como diria o catedrático
Ou o xuchiólogo
Esse criado do estado estatístico do mundo a piorar recorrentemente
Empregado ao serviço da saúde da morte
Sempre constatável
E ele
O planetita desleixado
Do vírus maligno do politicamente correcto
Jugo no boi da sorte que nos calhou seguindo um trilho de merda
merda que produz e é capaz de repolir em
Quotidiano horário nobre e no esconso lugar das inscrições partidárias
Cheque para lá cheque para cá e SPA
E apesar de tudo
tudo poderia ter sido outra maneira
Se a sala oval tivesse fertilizado prospectivas
“em vez de” – o busílis - missas laicas
E a Mónica fosse menos boca e mais coração na boca talvez
E ele menos conferencista e menos amigo dos pobres ao serviço de si mesmo
Talvez essa energia do felatio pudesse ter sido fonte alternativa e limpa de novo mundo de renovável energia autosustentável (alho, muito alho)
e alternativa ao eólico e ao solar
envelhecidos
esqueleto do tempo
Aí nesse felatio global
Poderíamos ter reencontrado a história com H grande
Antes e depois de FFFFFFFFFFEEEEEEELLLLLLLAAAAAAAATIIIIIOOOOOO
Como antes e depois de C
Mas não hoje não
Baixa existencial
O que quer que isso seja
E não há urgência possível
Não abrem para orquídeas de cheiro
Pétalas selvagens nos reciclassem
humana idade
por vir
f. arom
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Fernando Pessoa
Álvaro de Campos
Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa Aquele homem mal vestido, pedinte por profissão que se lhe vê na cara, Que simpatiza comigo e eu simpatizo com ele; E reciprocamente, num gesto largo, transbordante, dei-lhe tudo quanto tinha (Excepto, naturalmente, o que estava na algibeira onde trago mais dinheiro: Não sou parvo nem romancista russo, aplicado, E romantismo, sim, mas devagar...).
Sinto uma simpatia por essa gente toda, Sobretudo quando não merece simpatia. Sim, eu sou também vadio e pedinte, E sou-o também por minha culpa.
Ser vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte: E' estar ao lado da escala social, E' não ser adaptável às normas da vida, 'As normas reais ou sentimentais da vida - Não ser Juiz do Supremo, empregado certo, prostituta, Não ser pobre a valer, operário explorado, Não ser doente de uma doença incurável, Não ser sedento da justiça, ou capitão de cavalaria, Não ser, enfim, aquelas pessoas sociais dos novelistas Que se fartam de letras porque tem razão para chorar lágrimas, E se revoltam contra a vida social porque tem razão para isso supor.
Não: tudo menos ter razão! Tudo menos importar-se com a humanidade! Tudo menos ceder ao humanitarismo! De que serve uma sensação se há uma razão exterior a ela?
Sim, ser vadio e pedinte, como eu sou, Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente: E' ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio, E' ter que pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte.
Tudo o mais é estúpido como um Dostoiewski ou um Gorki. Tudo o mais é ter fome ou não ter o que vestir. E, mesmo que isso aconteça, isso acontece a tanta gente Que nem vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece.
Sou vadio e pedinte a valer, isto é, no sentido translato, E estou-me rebolando numa grande caridade por mim.
Coitado do Álvaro de Campos! Tão isolado na vida! Tão deprimido nas sensações! Coitado dele, enfiado na poltrona da sua melancolia! Coitado dele, que com lágrimas (autenticas) nos olhos, Deu hoje, num gesto largo, liberal e moscovita, Tudo quanto tinha, na algibeira em que tinha olhos tristes por profissão
Coitado do Álvaro de Campos, com quem ninguém se importa! Coitado dele que tem tanta pena de si mesmo!
E, sim, coitado dele! Mais coitado dele que de muitos que são vadios e vadiam, Que são pedintes e pedem, Porque a alma humana é um abismo.
Eu é que sei. Coitado dele! Que bom poder-me revoltar num comício dentro de minha alma!
Mas até nem parvo sou! Nem tenho a defesa de poder ter opiniões sociais. Não tenho, mesmo, defesa nenhuma: sou lúcido.
Não me queiram converter a convicção: sou lúcido!
Já disse: sou lúcido. Nada de estéticas com coração: sou lúcido. Merda! Sou lúcido.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Rui Knopfli
II. PÁTRIA
Um caminho de areia solta conduzindo a parte
nenhuma. As árvores chamavam-se casuarina,
eucalipto, chanfuta. Plácidos os rios também
tinham nome por que era costume designá-los.
Tal como as aves que sobrevoavam rente o matagal
e a floresta rumo ao azul ou ao verde mais denso
e misterioso, habitado por deuses e duendes
de uma mitologia que não vem nos tomos e tratados
que a tais coisas é costume consagrar-se. Depois,
com valados, elevações e planuras, e mais rios
entrecortando a savana, e árvores e caminhos,
aldeias, vilas e cidades com homens dentro,
a paisagem estendia-se a perder de vista
até ao capricho de uma linha imaginária. A isso
chamávamos pátria. Por vezes, de algum recesso
obscuro, erguia-se um canto bárbaro e dolente,
o cristal súbito de uma gargalhada, um soluço
indizível, a lasciva surdina de corpos enlaçados.
Ou tambores de paz simulando guerra. Esta
não se terá feito anunciar por tal forma
remota e convencional. Mas o sangue adubou
a terra, estremeceu o coração das árvores
e, meus irmãos, meus inimigos morriam. Uma
só e várias línguas eram faladas e a isso,
por estranho que pareça, também chamávamos pátria.
De quatro paredes restaram as paredes. Com as folhas
de zinco e a madeira ferida dos travejamentos
perfaziam uma casa. Partes de um corpo
desmembrado, dispersas ao acaso, vento e silêncio
as atravessam e nelas não dura a memória
que em mim, residual, subsiste. Sobre escombros deveria,
talvez, chorar pátria e infância, os mortos que
lhe precederam a morte, o primeiro e o derradeiro
amor. Quatro paredes tombadas ao acaso e isso bastou
para que, no que era só mundo, todo o mundo entrasse
e o polígono demarcado, conservando embora
a original configuração, fosse percorrido por
um arrepio estrangeiro, uma premonição de gelos
e inverno. Algo lhe alterara imperceptivelmente
o perfil, minado por secreta, pertinaz enfermidade.
Semelhante a qualquer outro, o lugar volvia meta
e ponto de partida, conceitos que, como a linha imaginária,
circunscrevem, mas de todo eludem, o essencial,
Ladeado de sombras e árvores, o caminho de areia,
que se dizia conduzir a parte alguma, abria
para o mundo. A experiência reduz, porém,
a segunda à primeira das asserções: pelo mundo
se alcança parte nenhuma; se restringe ficção
e paisagem ao exíguo mas essencial: legado
de palavras, pátria é só a língua em que me digo.
José Pinto de Sá
Um caminho de areia solta conduzindo a parte
nenhuma. As árvores chamavam-se casuarina,
eucalipto, chanfuta. Plácidos os rios também
tinham nome por que era costume designá-los.
Tal como as aves que sobrevoavam rente o matagal
e a floresta rumo ao azul ou ao verde mais denso
e misterioso, habitado por deuses e duendes
de uma mitologia que não vem nos tomos e tratados
que a tais coisas é costume consagrar-se. Depois,
com valados, elevações e planuras, e mais rios
entrecortando a savana, e árvores e caminhos,
aldeias, vilas e cidades com homens dentro,
a paisagem estendia-se a perder de vista
até ao capricho de uma linha imaginária. A isso
chamávamos pátria. Por vezes, de algum recesso
obscuro, erguia-se um canto bárbaro e dolente,
o cristal súbito de uma gargalhada, um soluço
indizível, a lasciva surdina de corpos enlaçados.
Ou tambores de paz simulando guerra. Esta
não se terá feito anunciar por tal forma
remota e convencional. Mas o sangue adubou
a terra, estremeceu o coração das árvores
e, meus irmãos, meus inimigos morriam. Uma
só e várias línguas eram faladas e a isso,
por estranho que pareça, também chamávamos pátria.
De quatro paredes restaram as paredes. Com as folhas
de zinco e a madeira ferida dos travejamentos
perfaziam uma casa. Partes de um corpo
desmembrado, dispersas ao acaso, vento e silêncio
as atravessam e nelas não dura a memória
que em mim, residual, subsiste. Sobre escombros deveria,
talvez, chorar pátria e infância, os mortos que
lhe precederam a morte, o primeiro e o derradeiro
amor. Quatro paredes tombadas ao acaso e isso bastou
para que, no que era só mundo, todo o mundo entrasse
e o polígono demarcado, conservando embora
a original configuração, fosse percorrido por
um arrepio estrangeiro, uma premonição de gelos
e inverno. Algo lhe alterara imperceptivelmente
o perfil, minado por secreta, pertinaz enfermidade.
Semelhante a qualquer outro, o lugar volvia meta
e ponto de partida, conceitos que, como a linha imaginária,
circunscrevem, mas de todo eludem, o essencial,
Ladeado de sombras e árvores, o caminho de areia,
que se dizia conduzir a parte alguma, abria
para o mundo. A experiência reduz, porém,
a segunda à primeira das asserções: pelo mundo
se alcança parte nenhuma; se restringe ficção
e paisagem ao exíguo mas essencial: legado
de palavras, pátria é só a língua em que me digo.
José Pinto de Sá
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Pássaro de rico é canário
Pássaro de rico é canário,
pássaro de pobre é urubu,
rabo de rico é ânus,
e rabo de pobre é cú.
Moça rica é bacana,
moça pobre é xereta,
a periquita da rica é vagina,
a da pobre é buceta.
Rico correndo é atleta,
pobre correndo é ladrão,
ovo do rico é testículo,
e do pobre é culhão.
A esperança do rico vem,
a do pobre já se foi,
a filha do rico menstrua,
a do pobre fica de boi.
O rico usa bengala,
o pobre usa muleta,
o rico se masturba,
o pobre bate punheta.
Mas a vida é assim mesmo,
seja no norte ou no sul,
o rico toma champanhe
e o pobre toma no cú.
Composta por um aluno do Colégio Bom Conselho no Recife
José Pinto de Sá
pássaro de pobre é urubu,
rabo de rico é ânus,
e rabo de pobre é cú.
Moça rica é bacana,
moça pobre é xereta,
a periquita da rica é vagina,
a da pobre é buceta.
Rico correndo é atleta,
pobre correndo é ladrão,
ovo do rico é testículo,
e do pobre é culhão.
A esperança do rico vem,
a do pobre já se foi,
a filha do rico menstrua,
a do pobre fica de boi.
O rico usa bengala,
o pobre usa muleta,
o rico se masturba,
o pobre bate punheta.
Mas a vida é assim mesmo,
seja no norte ou no sul,
o rico toma champanhe
e o pobre toma no cú.
Composta por um aluno do Colégio Bom Conselho no Recife
José Pinto de Sá
quinta-feira, 5 de junho de 2008
XXIX Sonetos de Amor de Étienne de La Boétie
Soneto 12°
Quoi ! qu´est-ce ? Ô vents ! Ô nues ! Ô l´orage !
À point nommé, quand d´elle m´approchant,
Les bois, les monts, les baisses vois ( xxx) tranchant,
Sur moi d´aguet( avec constance) vous poussez votre rage.
Ores( maintenant) mon coeur s´embrase davantage.
Allez, allez faire peur au marchand,
Qui dans la mer les trésors va cherchant;
Ce n´est ainsi qu´on m´abat le courage.
Quand j´oy( entends) les vents, leur tempête, leurs cris,
De leur malice em mon coeur je me ris.
Me pensent-ils pour cela faire rendre ?
Fasse le ciel du pire, et l´air aussi:
Je veux, je veux, et le déclare ainsi,
S´il faut mourir, mourir comme Léandre.
FAR
Quoi ! qu´est-ce ? Ô vents ! Ô nues ! Ô l´orage !
À point nommé, quand d´elle m´approchant,
Les bois, les monts, les baisses vois ( xxx) tranchant,
Sur moi d´aguet( avec constance) vous poussez votre rage.
Ores( maintenant) mon coeur s´embrase davantage.
Allez, allez faire peur au marchand,
Qui dans la mer les trésors va cherchant;
Ce n´est ainsi qu´on m´abat le courage.
Quand j´oy( entends) les vents, leur tempête, leurs cris,
De leur malice em mon coeur je me ris.
Me pensent-ils pour cela faire rendre ?
Fasse le ciel du pire, et l´air aussi:
Je veux, je veux, et le déclare ainsi,
S´il faut mourir, mourir comme Léandre.
FAR
sábado, 31 de maio de 2008
Viver quero comigo
Viver quero comigo,
gozar quero do bem que devo ao Céu,
a sós, sem testemunhas,
sem amor, nem ciúme,
nem ódio, nem esperança, nem receio.
Luis de León
José Pinto de Sá
gozar quero do bem que devo ao Céu,
a sós, sem testemunhas,
sem amor, nem ciúme,
nem ódio, nem esperança, nem receio.
Luis de León
José Pinto de Sá
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Jorge Luís Borges: " O que proponho relaciona-se com o eventual devir perpétuo da linguagem "
A aproximação do solstício de Verão aporta-nos dias pletóricos da força da leitura e da vida, do amor e da solidão recuperada. Aproveitemos tal dádiva celestial para procurarmos sinalizar uma cartografia poética e crítica de um alcance incalculável como a de Jorge Luís Borges, poeta, escritor e crítico literário de renome universal .
Percorremos vários livros de Ensaios de Borges; e detectámos uma panóplia magistral de observações críticas de alta precisão e endereçadas aos seus autores preferidos. " Verlaine- como Óscar Wilde- é uma criança que brinca. Recordo esta frase tão bela, por certo citei-a inúmeras vezes, de Robert Louis Stevenson: Sim, a arte é um jogo, mas é preciso jogar com a seriedade com que uma criança brinca ". Vamos ver, pois, não esquecendo a tónica central de JL Borges:
" A tradição é composta sobretudo por revoluções…".
Poeta preferido: Verlaine. " Creio ter dito que se tivesse que escolher um poeta, escolheria Verlain, se bem que por vezes hesite entre Verlaine e Virgílio. Alguém me disse que Virgílio não será senão um eco de Homero. Voltaire disse, a esse respeito: se Homero ajudou a fazer Virgílio, isso foi o que ele fez de melhor ".
O rebelde William Blake. " Blake acrescenta à salvação, digamos, ética, e ao avanço intelectual, uma terceira redenção- necessária a todos os homens, segundo ele- que seria o resgate pela estética. De facto, Blake era um discípulo de Swedenborg, mas rebelde porque ele diz mal dessa ligação. De todo o modo, sem Swedenborg ele nunca teria existido ".
Russell e Espinoza. " Bertrand Russell afirma que a filosofia de Espinosa não é invariavelmente credível mas, acrescenta, que de todos os filósofos, ele é o mais digno de ser amado e enaltecido. Permaneceu como uma personalidade, uma personalidade digna de ser amada e amada por todos."
Dickens e Dostoievski. " O romance russo teve uma grande influência à volta do Mundo. Li algures que Dostoievski era um leitor de Dickens; ora, segundo Forster, amigo e biógrafo do romancista inglês, houve um tempo em que Dickens farejava assassinatos por tudo quanto era sítio...".
Voltaire. " Voltaire imaginou que não era impossível supôr a existência de uma centena de sentidos; mas já com um sentido suplementar toda a nossa visão do Mundo se modificaria. Esta visão, a ciência já a alterou; o que para nós é um objecto constitui para ela um sistema de átomos, de neutrões e de eleições; nós próprios somos constituídos por esses sistemas atómicos e nucleares ".
Coleridge. " (…) a verdade afectiva, noutros termos., durante o tempo em que escrevo, devo acreditar nisso. Dessa forma estou em sintonia com Coleridge, para quem a fé poética e afectiva é a suspensão momentânea da incredulidade ".
Mallarmé " Creio que foi Mallarmé que disse que não existia nenhuma diferença entre o verso e a prosa; que, se sonha um pouco com o ritmo, se se sonha um pouco com o audível, então fazemos poemas, mesmo se se escreve em prosa . Existe sempre uma estrutura e uma forma ".
FAR
domingo, 25 de maio de 2008
XXIX Sonetos de Amor de Étienne de La Boétie
Soneto 11°
(Toi qui oys( entends ) mes soupirs, ne me sois rigoureux
Si mes larmes à part toutes miennes je verse ,
Si mon amour ne suit en sa douleur diverse
Du Florentin transi les regrets langoureux ;
Ni de Catulle aussi , le folâtre amoureux ,
Qui le coeur de sa dame en chatouillant lui perce ,
Ni le savant amour du migrégeois (demi-Grec) Properce ;
Ils n´aiment pas pour moi , je n´aime pas pour eux.
Qui pourra sur autrui ses douleurs limiter ,
Celui(-ci) pourra d´autrui les plaintes imiter :
Chacun sent son tourment , et sait ce qu´il endure ;
Chacun parla d´amour ainsi qu´il l´entendit.
Je dis ce que mon coeur, ce que mon mal me dit.
Que celui aime peu qui aime à la mesure.
FAR
(Toi qui oys( entends ) mes soupirs, ne me sois rigoureux
Si mes larmes à part toutes miennes je verse ,
Si mon amour ne suit en sa douleur diverse
Du Florentin transi les regrets langoureux ;
Ni de Catulle aussi , le folâtre amoureux ,
Qui le coeur de sa dame en chatouillant lui perce ,
Ni le savant amour du migrégeois (demi-Grec) Properce ;
Ils n´aiment pas pour moi , je n´aime pas pour eux.
Qui pourra sur autrui ses douleurs limiter ,
Celui(-ci) pourra d´autrui les plaintes imiter :
Chacun sent son tourment , et sait ce qu´il endure ;
Chacun parla d´amour ainsi qu´il l´entendit.
Je dis ce que mon coeur, ce que mon mal me dit.
Que celui aime peu qui aime à la mesure.
FAR
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