Mostrar mensagens com a etiqueta Grécia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Grécia. Mostrar todas as mensagens

sábado, 25 de fevereiro de 2012

"Save the Greeks From Their Saviors"

excerto do manifesto por: Vicky Skoumbi, Editor-in-Chief of the journal, “Alètheia”, Athens, Michel Surya, director of the journal «Lignes», Paris, Dimitris Vergetis, director of the journal, “Alètheia”, Athens. And : Daniel Alvara, Alain Badiou, Jean-Christophe Bailly, Etienne Balibar, Fernanda Bernardo, Barbara Cassin, Bruno Clément, Danielle Cohen- Levinas, Yannick Courtel, Claire Denis, Georges Didi-Huberman, Roberto Esposito, Francesca Isidori, Pierre-Philippe Jandin, Jérôme Lèbre, Jean-Clet Martin, Jean- Luc Nancy, Jacques Rancière, Judith Revel, Elisabeth Rigal, Jacob Rogozinski, Hugo Santiago, Beppe Sebaste, Michèle Sinapi, Enzo Traverso.

que pode ser lido na íntegra em português aqui, tradução de Alexandra Balona de Sá Oliveira e Sofia Borges. 


"O objectivo não deve ser o "resgate" da Grécia: sobre este ponto, todos os economistas dignos desse nome estão de acordo. Trata-se de ganhar tempo para salvar os credores conduzindo o país a uma falência em diferido. Trata-se sobretudo de fazer da Grécia um laboratório de mudança social que, num segundo momento, se generalizará a toda a Europa. O modelo experimentado nos Gregos é o de uma sociedade sem serviços públicos, onde as escolas, hospitais e centros de saúde caem em ruína, onde a saúde passa a ser um privilégio dos ricos, onde as populações vulneráveis são condenadas a uma eliminação programada, enquanto que aqueles que ainda trabalham são condenados a formas extremas de empobrecimento e precariedade.;
(...) 
O agravamento artificial e coercivo do problema da dívida foi utilizado como uma arma para tomar de assalto uma sociedade inteira. É com sabedoria que usamos aqui termos relevantes do domínio militar: trata-se de facto de uma guerra conduzida pelos meios da finança, da política e do direito, uma guerra de classe contra a sociedade inteira. E o espólio que a classe financeira conta arrebatar ao “inimigo”, são os privilégios sociais e os direitos democráticos, mas em última análise, é a possibilidade mesma de uma vida humana. A vida daqueles que não produzem nem consomem o suficiente, ao olhar das estratégias de maximização de lucro, não devem ser conservadas. Assim, a fragilidade de um país apanhado entre a especulação sem limites e os planos de resgate devastadores, torna-se na porta de saída por onde irrompe um novo modelo de sociedade adequado às exigências do fundamentalismo neoliberal. Modelo destinado a toda a Europa, e talvez até mais. Esta é a verdadeira questão e é por isso que defender o povo grego não se reduz a um gesto de solidariedade ou de humanidade abstracta: o futuro da democracia e o destino dos povos europeus estão em questão. Por todo o lado a “necessidade imperiosa” de uma austeridade “dolorosa, mas salutar” vai nos ser apresentada como o meio de escapar ao destino grego, enquanto esta por aí avança sempre em frente."

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Hospital Grego encontra-se sob controlo directo dos trabalhadores

Como tenho a sensação que estamos a olhar para uma bola do tempo sempre que nos chegam notícias da Grécia espero, desta vez, não estar enganado. Demonstração de lucidez e avanços concretos no que toca a combater este estado pérfido de coisas a que chamamos Capitalismo.

1. We recognize that the current and enduring problems of Ε.Σ.Υ (the national health system) and related organizations cannot be solved with specific and isolated demands or demands serving our special interests, since these problems are a product of a more general anti-popular governmental policy and of the bold global neoliberalism.
2. We recognize, as well, that by insisting in the promotion of that kind of demands we essentially participate in the game of the ruthless authority. That authority which, in order to face its enemy – i.e. the people- weakened and fragmented, wishes to prevent the creation of a universal labour and popular front on a national and global level with common interests and demands against the social impoverishment that the authority’s policies bring.
3. For this reason, we place our special interests inside a general framework of political and economic demands that are posed by a huge portion of the Greek people that today is under the most brutal capitalist attack; demands that in order to be fruitful must be promoted until the end in cooperation with the middle and lower classes of our society.
4. The only way to achieve this is to question, in action, not only its political legitimacy, but also the legality of the arbitrary authoritarian and anti-popular power and hierarchy which is moving towards totalitarianism with accelerating pace.
5. The workers at the General Hospital of Kilkis answer to this totalitarianism with democracy. We occupy the public hospital and put it under our direct and absolute control. The Γ.N. of Kilkis will henceforth be self-governed and the only legitimate means of administrative decision making will be the General Assembly of its workers.
6. The government is not released of its economic obligations of staffing and supplying the hospital, but if they continue to ignore these obligations, we will be forced to inform the public of this and ask the local government but most importantly the society to support us in any way possible for: (a) the survival of our hospital (b) the overall support of the right for public and free healthcare (c) the overthrow, through a common popular struggle, of the current government and any other neoliberal policy, no matter where it comes from (d) a deep and substantial democratization, that is, one that will have society, rather than a third party, responsible for making decisions for its own future.
7. The labour union of the Γ.N. of Kilkis will begin, from 6 February, the retention of work, serving only emergency incidents in our hospital until the complete payment for the hours worked, and the rise of our income to the levels it was before the arrival of the troika (EU-ECB-IMF). Meanwhile, knowing fully well what our social mission and moral obligations are, we will protect the health of the citizens that come to the hospital by providing free healthcare to those in need, accommodating and calling the government to finally accept its responsibilities, overcoming even in the last minute its immoderate social ruthlessness.
8. We decide that a new general assembly will take place, on Monday 13 February in the assembly hall of the new building of the hospital at 11 am, in order to decide the procedures that are needed to efficiently implement the occupation of the administrative services and to successfully realise the self-governance of the hospital, which will start from that day. The general assemblies will take place daily and will be the paramount instrument for decision making regarding the employees and the operation of the hospital.
We ask for the solidarity of the people and workers from all fields, the collaboration of all workers’ unions and progressive organizations, as well as the support from any media organization that chooses to tell the truth. We are determined to continue until the traitors that sell out our country and our people leave. It’s either them or us!
The above decisions will be made public through a news conference to which all the Mass Media (local and national) will be invited on Wednesday 15/2/2012 at 12.30. Our daily assemblies begin on 13 February. We will inform the citizens about every important event taking place in our hospital by means of news releases and conferences. Furthermore, we will use any means available to publicise these events in order to make this mobilization successful.
We call
a) Our fellow citizens to show solidarity to our effort,
b) Every unfairly treated citizen of our country in contestation and opposition, with actions, against his’/her’s oppressors,
c) Our fellow workers from other hospitals to make similar decisions,
d) the employees in other fields of the public and private sector and the participants in labour and progressive organizations to act likewise, in order to help our mobilization take the form of a universal labour and popular resistance and uprising, until our final victory against the economic and political elite that today oppresses our country and the whole world.

Tiago Sousa

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Da Capital do Império

O fim da UEtopia?

Em tempo de crise eu fiquei à espera que o presidente da Europa tivesse vindo a público tentar acalmar os seus cidadãos quanto à crise dos PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha). Tive sempre uma réstea de esperança emocional que estivesse enganado e que o Tratado de Lisboa que os Bien Pensants de Bruxelas meteram à força pela garganta abaixo dos seus cidadãos fosse como diziam a unificação da Europa e não apenas uma UEtopia como me dizia o meu cérebro.
Sei também que a Bélgica é uma invenção histórica para irritar os franceses e que ninguém toma a sério os belgas, mas mesmo assim tive uma esperança vaga que alguém se lembrasse de dizer ao presidente belga da Europa (alguém ainda se lembra do seu nome?) que uma das funções presidenciais é aparecer na televisão em tempo de crise e não aguardar pelo funeral.
Nem nada. O que assistismos foi a a presidentes e primeiros-ministros a trocarem acusações entre si. O que me fez lembrar o Charles de Gaulle que afirmou certa vez que “on peut sauter sur la chaise comme un cabri en disant: ‘L’Europe! L’Europe! L’Europe!’ mas celá n’aboutit à rien e celá ne signifie rien”. Pois não. O que não é bom sinal para o que vem por aí e que poderá resultar no desmoronar do Euro e nos sonhos da tal Europa unida.
Há no entanto que começar por pôr a Grécia em perspectiva. A Grécia não é em termos económicos a Lehman Brothers. Longe disso. A falência da Lehman Brothers teve mais implicações à escala global do que a falência da Grécia ou de Portugal poderá ter. Nenhum desses países tem o peso económico ou as ligações e tentáculos à escala internacional que tinha a Lehman Brothers.
Mas a crise nos PIGS traz ao de cima aquilo que a introdução do Euro foi: colocar a carroça à frente dos bois.
Uma moeda tem que ter vários atributos e um desses atributos é um governo central. Que não há e que não haverá pois um governo central não são burocratas em Bruxelas a discutirem o tamanho dos pepinos ou como é que se deve ou não fabricar queijos num qualquer canto da França. Foi por isso que os governos locais dos PIGS puderam agir irresponsavelmente para alegria dos seus cidadãos que viram o seu nivel de cima aumentar consideravelmente graças ao Euro. Euro forte significou dívidas baratas para esses paises fracos. Todos violaram o acordo sobre os défices orçamentais e nada aconteceu porque nada podia acontecer. Mas agora o Euro transformou-se numa armadilha.
No tempo do Escudo e do Drachma os governos saíam de crises deste género aumentando a sua competitividade através da desvalorização da sua moeda e de um aumento da inflação. Mas Frau Merkel e Monsieeur Sarkozy não vão permitir isso. O que singifica que para a Grécia e Portugal só há duas possiveis saídas: Cortes drásticos de despesa o que provoca uma deflação. O que significa que teoricamente vai ser uma tarefa muito árdua equilibrar as contas nestes países que pouca possibilidade têm de competir a nivel internacional. (Um estudo aqui publicado afirma que no minimo demorará até 2017 para a Grécia regressar ao nível que estava em 2008).
Daí que na semana passada na televisão eu tenha visto um analista financeiro americano a afirmar que “se vocês acreditam que a Grécia vai sair desta crise deste modo então vocês acreditam que os porcos (os tais PIGS) podem voar”.
O que leva a uma segunda alternativa: mais ajuda da Alemnha e da França o que a julgar pela reacção a este primeiro pacote será muito dificil. A Grécia pode então dizer “não temos dinheiro para pagar os juros das nossas dívidas”. O que terá consequências desastrosas para os bancos alemães e franceses. Ou então a Grécia abandona o Euro com consequências desastrosas para o projecto monetário europeu.
Impossivel de acontecer? Para a Argetnina também era impensável abandonar a ligacão da sua moeda ao dólar. Foi o que tiveram que fazer limitando depois o acesso ao dinheiro nos bancos para se evitar uma “corrida” aos depósitos.
Mais preocupante ainda é que mesmo se a a UE decidir salvar a Grécia (o que este pacote não promete) não há garantias que esteja tudo resolvido. Ao fim e ao cabo o governo federal americano salvou a Bear Sterns mas teve que deixar caír a Lehman Brothers.

Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

quarta-feira, 28 de abril de 2010