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quinta-feira, 8 de abril de 2010

anaCrónicas 13

Cavaco e Bruni

Foi uma piada do Valente numa das crónicas traseiras do Público mas confesso que me ri. Sobre a banalização do escândalo a possibilidade ainda do escândalo. Certamente para consumo nacional, já que todos conhecem a Bruni, até descascada, pois fez por isso, e ninguém conhece o Cavaco, que nunca se descascaria, a não ser por cá. O que dá o sinal da nossa globalização específica: importamos todos os modelos e somos formigas anónimas lá fora. Exceptuando o Mourinho, mas esse é quase inglês e chama-se Mou, vejam no La Repubblica e o Cristiano Ronaldo que é da Madeira. Mas o planeta futebol é o de uma globalização específica e aí fala-se futebolês, o único esperanto quase absoluto, mais extenso que o inglês de trocos. Para nós o Cavaco fugir com a Bruni seria um sobressalto grande e levar-nos-ia por momentos a esquecer o pesadelo da dívida, o que este governo cuida de inculcar como a pior das sombras no nosso juízo perdido, com perseverança e carinho responsáveis - credivelmente. E com quem fugiria o Sarkozy?

FMR

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Como vocês sabem o Grupo dos 20 Gajos (G-20) esteve aqui recentemente para um boa jantarada em que um dos vinhos ( Shafer Cabernet Hillside Reserve 2003)) custa a retalho entre 350 e 400 dólares a garrafa. Nada mau!
Mas o que me chateou não foi isso. Eu acho que um bom vinho deve ser bebido sempre em boa companhia e mesmo em má companhia porque após o terceiro ou quarto copo a companhia começa a já não interessar muito, principalmente quando o pretexto para os copos é resolver os problemas financeiros do mundo.
O que me chateou um pouco foi ver que o Nicolas Czarkozi já foi ligeiramente infectado pela doença infantil da UEtupia que é o anti americanismo primário. É uma doença perigosa porque resulta de imediato na incapacidade de analisar friamente factos ou mesmo em certos casos na paralisação total do cérebro cada vez que a palavra “América” é mencionada. Em alguns casos leva mesmo demência total quando a palavra “Bush” é ouvida.
Digo isto porque o Czarkozi mostrando a tal infecção veio juntar a sua voz ao coro daqueles que nos últimos meses têm vindo a pregar o fim do estatuto dos Estados Unidos como superpotência mundial. Vêm aí os chineses! os indianos! e agora vejam lá até os brasucas vêm aí acabar com o estatuto de superpotência de Washington.
“Os Estados Unidos continuam a ser a maior potência mas já não são a única potencia,” disse o Czarkozi um pouco à La Palisse. Deve ter andado a estudar aqueles analistas que proclamam que os Estados Unidos “não podem já ditar e esperar que os outros sigam”. Pois claro que não. Não são nem nunca foram a única potencia nem nunca puderam ditar à espera que os outros seguissem. Foi por isso que houve guerras na Coreia, no Vietname, no Iraque. Sempre houve outras potências e sempre as haverá. Sempre houve e sempre haverá quem não obedeça a “sugestões” de grandes e superpotências. Ser superpotência nunca significou ser-se única potência ou omnipotência. Significa apenas isso: ser-se Numero Uno e por isso ter-se mais influencia, mais capacidade de acção, mais poder.
E aí nada mudou. Vejamos:
O rebentar da bolha financeira acabou logo à partida com o mito de uma economia mundial desligada da economia americana como se apregoava. Os Estados Unidos constiparam-se o mundo apanhou uma gripe. O que só pode espantar aqueles que ao início não podiam esconder o seu regozijo perante a crise americana demonstrando ou uma total ignorância da realidade ou um caso óbvio de doença infantil da UEtupia. Senão vejamos: O ano passado os Estados Unidos constituíram 21 por cento da economia mundial. Em 1980 eram 22 por cento. Tendo em conta o advento da China, Índia e brasucas a perda de um por cento da produção económica mundial em 27 anos não me parece um sinal de descalabro económico. E ou muito me engano quando a poeira assentar essa percentagem terá aumentado
Vejamos os números da crise: O Congresso aprovou um pacote de 700 mil milhões de dólares. Isso é 5 (cinco) por cento do Produto Interno Bruto americano. A Alemanha (a maior economia europeia) aprovou um pacote de entre 400 mil milhões e 536 mil milhões de dólares. Isso é entre 12 e 16 por cento do seu Produto Interno Bruto. O pacote aprovado pelos ‘bifes” é de 835 mil milhões ou seja 30 (trinta) por cento do seu PIB.
Essas percentagens não são de admirara Em termos de PIB a economia americana é quase tão grande como a dos outros seis países do G 7
Dividas americanas? São tantos zeros que já não sei se devo dizer triliões ou milhões de milhões. Mas qualquer que seja a palavra certa a percentagem da dívida do governo americano em relação ao PIB é de 62%. Muito? Talvez. Na zona do Euro é de 75 por cento. No Japão 180%.
E não vou entrar aqui em “research and development” ou investimentos na educação terciária. Não é preciso números. Basta ir dar uma passeata por uma universidade americana onde as bibliotecas estão abertas até ás 23 e 24 horas com malta a “marrar” e onde há computadores que sobram. Depois atravessar o lago e dar se uma passeata por uma universidade desse lado do charco e está tudo dito. Defesa? Os Estados Unidos gastam mais em defesa do que os seguintes 14 países em conjunto. E isso é apenas 4,1 por cento do PIB, mais baixo do que durante a Guerra-fria. Iraque, Afeganistão? Menos de um por cento do PIB. (Sim eu sei que o poder militar não é necessariamente sinal de força. Sei que é consequência.)
O Czarkozi deveria feito uma leitura fria dos números. Não o fez e depois meteu outra vez a pata na poça quando afirmou que “o dólar já não é moeda de reserva” do mundo. Aí eu desatei a rir às gargalhadas. Lembrei-me daquilo que o “garganta funda” disse aos jornalistas do Washington Post quando estavam a investigar o escândalo Watergate: “ If you want to know the truth follow the money”.
Ora bem: Vocês devem lembrar-se que o Euro atingiu 1,60 dólares por volta de Abril, altura em que a Libra esterlina valia pouco mais de dois dólares. Tenho a dizer que eu ficava cheio de inveja a ver os “europas” e “bifes” a virem a este lado do charco encher as malas de compras. Depois rebentou a bolha financeira e o Euro e a Libra Esterlina pareciam mergulhadores a saltar da prancha dos dez metros nos jogos olímpicos. A última vez que olhei para os câmbios o Euro estava a 1,26 e a Libra esterlina a 1,50 dólares. Nunca tão poucos caíram tanto em tão pouco tempo.
Então porquê? Porque em tempo de crise verdadeira, como aquela que se faz sentir agora através do mundo o princípio é muito simples. Segurança só há uma: no dólar e mais nenhuma. Só em Setembro (mês em que a bolha estoirou) a China comprou 43 mil e 600 milhões de dólares de títulos do tesouro americano.
A procura de dólares foi tão grande que a 29 de Outubro o banco central americano, o Federal Reserve assinou um acordo de “troca de liquidez” com os bancos centrais do Brasil, México, Coreia (do sul) e Singapura. Cada um vai receber dos States 30 mil milhões de dólares para “mitigar o alastramento das dificuldades …. em economias que são fundamentalmente boas e bem administradas”.
Enterrado no fim do comunicado dizia–se que o Federal Reserve tinha autorizado acordos semelhantes com a Austrália, Canada, Dinamarca, Inglaterra, Banco Central Europeu, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Suíça.
A julgar pelo que disse o Czarkozi eu pensava que deveria ter sido ao contrário. Obviamente o Czarkozi não leu o comunicado do FED. Pior do que isso: He did not follow the money. Só veio aqui beber um vinho caro …americano.
Abraços,
Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

sábado, 31 de maio de 2008

França: Sarkozy cada vez mais poltrão e inconsequente

O sistema político francês acusa uma concentração inaudita de poder na figura do Presidente da República. Foi fruto de uma "correcção" constitucional realizada em 1958 pelo general De Gaulle , que queria afastar o tumulto do parlamentarismo e da vida política partidária fraccionada da IV República. O sistema, que Mitterrand verberou durante anos de Golpe de Estado permanente, mostra-se agora quase obsoleto e manieta a modernização estrutural da pátria de Molière.


O PR eleito, o polémico filho de nobres exilados magiares, perdeu as estribeiras e comete gafe sobre gafe numa escalada insólita, desprestigiante e anómala. Ele atingiu o seu Princípio de Peter com o posto de ministro das Polícias no longo reinado de Chirac, depois disso é uma vertiginosa queda de estilo, de valores, de consciência profissional mínima ao que se assiste diariamente olhando para o que diz e faz. Ninguém acredita, mas largas faixas do seu eleitorado perderam já quase a confiança total no seu " joker ", que prometia renovar, modernizar e simplificar a vida quotidiana dos franceses.


Após um autêntico dilúvio legislativo , que provoca tensões e desaguizados permanentes na sua maioria parlamentar forte de mais de 400 deputados , Sarko- com uma queda abissal de mais de 50 por cento nas sondagens de popularidade, apurou o faro para a próxima presidência rotativa da U. Europeia, e, aí vai milho que amanhã é capaz de ser tarde:visitas diárias às capitais e governos dos 27 estados membros.


Ladino , o PR francês divide com o austero e descontraído PM, François Fillon , o mapa das visitas. Sarko foi a Angola( Luanda)um par de horas falar com José Eduardo dos Santos , entretanto , pois a multinacional Total tem larga implantação na extracção do ouro negro angolano… e nunca se sabe como é. O grande golpe em preparação por ele planeado prende-se com a privatização da Areva/ Alsthom , o gigante mundial construtor de centrais atómicas de segunda geração ao multimilionário empresário da Construção Civil, Martin Boygues, accionista maioritário do primeiro canal de TV , a poderosa TF-1.O povo escorraça-o, Sarko acalenta os poderosos e paga apoios da campanha, capitalizando para o futuro…


O show irresistível de kitch, mau gosto e de falta de sentido de Estado, teve mais uma longa peça que o divino " Le Canard Enchainè " conta esta semana na página 2 dos mexericos políticos de alta voltagem. Escangalhei-me a rir no metro durante longos minutos. Vou traduzir na íntegra. Imaginem quem governa e tem altas responsabilidades no futuro político-social e económico da Europa ! Ora vamos lá: a peça chama-se " A hora de Carla ". Segue-se o texto da notícia: " Almoço de intelectuais um dia destes no palácio do Eliseu , Presidência da República , à roda de Sarko , o pdg da editora Grasset , Olivier Nora , o historiador Jean-François Sirinelli , os jornalistas seniores Julliard e Fottorino, do Nouvel Observateur e do Le Monde , respectivamente, e o economista liberal, coqueluche da direita moderna , Nicolas Baverez , entre os principais.


" Evocando a polémica sobre o seu lado " bling-bling"( amigo dos ricos e poderosos), o PR brindou-os com um sketch notável: `Atisanaram-me por causa do uso do meu Rolex , mas como V. verificam, já deixei de o usar . E mostrou logo o Patek Philippe que a Carlita lhe ofereceu . Este é mais discreto, precisou , mas muito mais caro . Sobretudo, Carla pediu ao vendedor que lhe mostrasse o mais caro. De imediato , cheio de convicção , o PR tirou o relógio do pulso e fê-lo passar pelas mãos dos seus convidados , completamente atónitos e estupefactos. O mais engraçado é que Sarko repetiu a cena do " relógio que faz a volta à mesa ", aquando de um novo almoço com intelectuais. Terminado o lado " bling-bling", eis o aspecto " toc-toc", como se desejasse impressionar de uma forma tocante ".

FAR

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Bernard Sichère: Não à política policial insuportável de Sarkozy!


O controlo permanente de identidade e a retenção dos indocumentados em centros especiais, zonas de sem direito onde o emigrante acaba por ser julgado expeditivamente sem recurso e expulso para o país de origem, onde muitas vezes podem correr riscos de morte , incendeiam a repulsa dos grandes intelectuais da França de hoje.
Depois da denúncia reiterada por Alain Badiou nos média, por causa da repressão quotidiana que sofre um seu filho adoptivo de ascendência africana, Bernard Sichére, um dos mais radicais e iconoclastas dos filósofos franceses da actualidade, com livros tão importantes sobre Bataille e Lacan, por exemplo, toma partido e ataca a política policial insuportável do PR francês, Nicolas Sarkozy.

Os centros de retenção dos emigrantes , a maioria das vezes situados à ilharga dos aeroportos são " zonas sem direito, nas quais um poder discricionário se exerce contra os emigrantes ", alerta Sichère. Tendo sido criados pela direita giscardiana nos anos 70, foram confirmados pela esquerda socialista de Jospin no poder no final dos anos 90. O que revela, acrescenta o filósofo, a " interminável agonia da esquerda socialista ". " Não à repressão anti-emigrantes e às expulsões selvagens! ", grita Sichère, apelando para uma nova Esquerda, que longe dos médias perpetue o sentido exaltante mais precioso de Maio 68.
Ce qu’il reste, c’est une politique policière insupportable, dont la part la plus scandaleuse est incarnée par ces centres que nous devons à la droite giscardienne, avant que ne les entérine sans complexes la gauche socialiste de Lionel Jospin. Il s’agit de toute évidence de zones de non-droit, dans lesquelles un pouvoir discrétionnaire s’exerce à l’encontre d’immigrés qui se retrouvent du jour au lendemain parqués là sans possibilité de recours, coupés de leur famille, de leurs enfants, et sous la menace d’une réexpédition forcée dans un pays dit d’origine où souvent le pire les attend. Que la gauche socialiste soit à ce point absente, préoccupée de sa seule survie médiatique, n’est malheureusement pas quelque chose qui doive nous surprendre : nous sommes depuis 2002 les témoins accablés de cette interminable agonie, face à une droite décomplexée, secrètement fragile toutefois, qui imagine avoir fait une brillante opération en mettant dans son escarcelle quelques vieux clowns «de gauche».

Mais il existe une gauche tout autre, qui n’a pas de présence médiatique, qui n’est pas représentée par les groupes parlementaires, qui demeure obstinément fidèle à quelques principes simples, qui ne se fait ni à la répression anti-étrangers, ni aux expulsions sauvages, qui n’a pas oublié que l’actuel Président fut le ministre de l’Intérieur-parjure qui n’hésita pas une seconde à livrer à la justice italienne un ancien militant réfugié en France avec l’accord de l’Etat français et qui n’aura jamais droit dans son pays à un procès équitable. Cette gauche-là, virtuelle, peut au moins se retrouver sur un mot d’ordre simple et évident : «Il faut fermer les centres de rétention». En 68, nous aurions dit quelque chose comme : «Nous sommes tous des sans-papiers.» Mais nous étions de jeunes crétins gauchistes, n’est-ce pas ?

FAR

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Alain Badiou: Os intelectuais perante Sarkozy e Pétain…

" O apoio a Sarkozy- a família Glucksmann, Alain Finkielkraut, Pascal Bruckner, entre outros, significa a possibilidade para os intelectuais e filósofos de agora se tornarem reaccionários clássicos, " sem hesitação nem murmúrio ", como diz o regulamento da lei militar. Fazem parte desse processo de adesão o convívio corrompido dos ricos e dos poderosos, a xenophobia anti-popular e a adoração da política Americana. Outrora quando um intelectual era de direita, tinha complexos por isso.Mesmo Raymond Aron os tinha!


" A sequência do pós-guerra(1945) tinha agenciado o personagem bem característico do intelectual de Esquerda. Iremos assistir- é o que desejo- à morte do intelectual de Esquerda. Que vai cair ao mesmo tempo que toda a Esquerda, antes de renascer das cinzas, qual fénix.Esse renascimento só se realizará por opção: Ou radicalismo politico de tipo novo, ou adesão reaccionária. Não existe meio-termo.


"Há um espírito comum entre o sarkozismo e o pétainismo: O pétainismo é uma espécie particular de " reacção/direita" francesa, que existe desde 1815. Primeiro traço: apresentar uma política de capitulação ( outrora perante Hitler, hoje perante o hipercapitalismo e GWBush) como uma regeneração nacional: A "ruptura" de Sarkozy, o que é? Consiste no desmantelamento das conquistas sociais, o propósito de os ricos pagarem menos impostos, a privatização–relâmpago da Universidade e a concessão das mais loucas facilidades aos grandes negociantes. Esta forma de mascarar a submissão ao capitalismo mundializado jogando a carta da " revolução nacional ", é própria do pétainismo. Segundo tópico: desenvolve uma repressão administrativa muito dura, visando os grupos tidos por estrangeiros à sociedade " normal".


"A democracia que conhecemos, só é apropriada ao capitalismo.O que se apelida de democracia representativa é uma forma de poder oligárquico. O debate sobre a democracia nesse sentido, remete-nos para um problema ainda insolúvel para a Esquerda e Extrema-Esquerda, por agora. Isso tudo está relacionado com o abandono da categoria chamada ditadura do proletariado. Contudo, não defendo a experiência histórica dessa categoria.


" Penso que a promoção dos massacres e das vítimas como os únicos conteúdos interessantes da História, está ligado a um processo profundo de despolitização. Examinar todas as situações exclusivamente através das categorias morais conduz à impotência política. Por outro lado, não julgo que a memória seja uma boa categoria de forma a evitar a repetição dos desastres. Porque essa não- repetição pressupõe uma avaliação racional e abalizada sobre o que aconteceu. Distinguir entre o que deriva da emoção pela repulsa e da emoção pela fascinação é muito difícil. Sim, desconfio da memória. Tanto da memória das atrocidades coloniais ou do estalinismo como da do nazismo".

FAR

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sarkolândia: Neuilly-sur-Haine ou o que parece é…

A nova direita francesa, governada por um psicopata arrivista de alta voltagem, vive horas de grande agitação e ansiedade nas vésperas da segunda volta das Municipais. Só pela descoordenação e barafunda que sacode o estado-maior do PS francês, a derrota dos émulos de Sarkozy não se aprofunda ainda mais.É que Sarkozy perdeu autoridade e na sua cidade-emblema, onde foi mais de duas décadas senhor abosluto, Neuilly-Sur Seine, houve cenas de pancadria nos salões da autarquia de luxo, a mais rica e segregacionista de França, na soirée do anúncio do apuramento dos resultados da primeira volta.

Mesmo com esse handicap de divisionismo tenebroso que mina a credibilidade do actual PSF, a Esquerda hexagonal conseguiu alargar a sua maioria em Paris e, possivelmente, conquistar Toulouse e Marselha, mantendo a sua supremacia na maioria das cidades com mais de 100 mil habitants. O PS mantém Lyon e derrota um antigo ministro da UMP, ao mesmo tempo que na grande coroa de Paris vários altos quadros da direita perderam posições.Por outro lado, Alain Juppé, o intelectual da direita política, conseguiu passar logo à primeira volta, em Bordéus, por maioria absoluta. O que faz com que, no interior do cosmodrama do partido presidencial, surja como alternativa de longo prazo a Sarko.

Os Verdes, parceiros de longa data de uma coligação eleitoral na autarquia de Paris, perderam quase 50 por cento dos seus votantes, por causa de um programa eleitoral fiscal demente, e com a proposta de levantarem portagens nos acessos ao interior de Paris. Bertrand Delanoe, maire socialista de Paris, visa agora altos voos .Se aumentar a proporções da sua vitória eleitoral no Domingo, Delanoe consolida a sua credibilidade para postular ao cargo de líder socialista, onde já se passeiam Ségolène Royal e alguns antigos dos seus apoiantes mais cotados, como Julian Dray. É que a direita sarkozista está em risco de perder dois dos seus mais fortes bastiões, os que lhe restavam de 2001, os bairros do centro, I e V., e o quasi-BCBG, o XV.

Mas vamos para Neuilly-sur-Seine, e tentar relatar o que se passou. E que mereceu grande e destacada cobertura na edição desta semana do Le Canard Enchainé, numa peça intitulada Neuilly-sur-Haine… O que se passou: Sarkozy destacou um seu homem-de-confiança, e xuxu de Cecília, para lhe suceder no cargo de maire. O jovem não tinha carisma, nem era do sítio. As sondagens começaram a ser alarmantes e o estado-maior nacional do partido do PR, UMP, resolveu convencer a o jovem a desistir. Indo recuperar um antigo dissidente do partido, Christophe Fromantin, que se tinha posicionado como alternativa. Pela mão da mãe de Sarkozy, surge um segundo candidato da mesma ideologia, o que revela o “apetite" voraz das classes medias altas pelo caciquismo municipal. O candidato separatista perde poder na primeira volta, ficando a mais de 10 por cento de diferença do candidato apoiado por Sarko. Os ânimos exaltaram-se nos faustosos salões da Mairie, e os adeptos de Fromantin, o líder que entra na segunda volta, desataram à pancada aos separatistas, com insultos anti-semitas e cenas de pugilato que provocaram alguns feridos e levaram a polícia a intervir e a levantar autos.


FAR

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Sondagem Ifop/J.d.Dimanche: Sarkozy morde a poeira da descida alarmante

Nunca na V República Francesa, fase histórica criada pelo Golpe de Estado constitucional de 1958 pelo general De Gaulle, um Presidente da República caiu tão baixo, em tão pouco tempo e o seu PM leva-lhe a palma em todos os tabuleiros de apreciação. Tudo se confirma, portanto, sobre o estilo agressivo, individualista e contraditório do novo PR francês, que esta semana caiu 9 por cento nas sondagens, clicar aqui. Sarkozy averba 38 por cento de opiniões positivas contra 62 de negativas; François Fillon atinge 57 por cento de satisfação e 43 de negativos.

Nos sectores dinâmicos da vida económica francesa, a cota de Nicolas Sarkozy atingiu a singular queda de 22 por cento, nos comerciantes, junto dos trabalhadores independentes e dos chefes de empresa, nesta semana precisamente. “Comporta-se como um rei; é muito impulsivo; não se controla e é muito desordenado", são as acusações mais salientes proferidas pelo eleitorado contra o estilo presidencial. Só na terceira idade e junto dos militantes do seu partido, UMP, Sarkozy ainda beneficia de apreciação positiva, se bem que o PM ainda o supere junto dessas categorias do eleitorado.

FAR

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Boris Cyrulnik: Dois grandes perigos ameaçam a memória do Holocausto

O omnisciente Pr. francês, Sarkozy, em queda vertiginosa nas sondagens, resolveu, à sua maneira, manipular a memória do Holocausto, tentando incutir o estudo das vítimas adolescentes nas classes de jovens alunos das Escolas francesas, a partir dos 10 anos. Uma ensurdecedora polémica rebentou, de que este artigo do filósofo e neuropsiquiatra nos dá conta, clicar aqui. Fundamentalmente, Cyrulnik com antepassados judeus massacrados, insiste: “Dois grandes perigos ameaçam a memória do Holocausto. O primeiro é o de não se falar acerca desse acontecimento; o segundo, é o de se falar erradamente sobre isso".

« Beaucoup de petits ne réagiront pas de cette manière. Si leurs parents soupirent d'un air excédé "encore la Shoah", comme beaucoup de gens l'ont fait dès la fin de la guerre, les écoliers réciteront la mort du disparu comme une corvée ennuyeuse, une punition peut-être ? La banalisation de la Shoah leur mettra en mémoire que l'assassinat de sept adultes sur dix et de neuf enfants sur dix n'est qu'un détail de l'histoire. Beau cadeau pour les négationnistes. Dans certains groupes religieux qui composent notre société, on réagira avec colère : "Il n'y en a que pour les juifs, nous aussi on a souffert", diront certains immigrés. Ils nous expliqueront que dans leurs pays d'origine on a tué beaucoup moins de juifs. "La persécution des juifs d'Europe ne fait pas partie de notre histoire", diront-ils, exaspérés. D'autres déclareront, et ce sera justice, que les Arméniens aussi ont le droit de se plaindre et les Cambodgiens et les Rwandais et pas seulement le lobby juif. (Tiens, il y aurait donc un droit de se plaindre ?) J'en prévois même qui seront heureux d'ajouter que la mémoire des petits Palestiniens tués devra, elle aussi, être citée dans les écoles.
Enfin, les survivants de la Shoah, qui aujourd'hui atteignent un âge certain, entendront en une seule sentence disqualifier les efforts de toute leur existence. Ils se sont tus pendant quarante ans parce que la Shoah était difficile à dire et impossible à entendre. Ils croyaient même que leur silence protégerait ceux qu'ils aimaient. C'est difficile de se poser en victime, vous savez, c'est indécent même, tant ça gêne les autres. Tout le monde est complice du déni qui fait taire les survivants. Pour sortir de leur agonie psychique, ils n'avaient qu'une seule idée en tête : redevenir comme les autres, réintégrer la condition humaine, reprendre leur dignité. Et voilà qu'en une seule phrase on les remet à leur place de victime ! On les repousse dans le destin qu'ils avaient réussi à combattre. On leur impose la carrière de victime qu'ils avaient évitée et que désormais on pourra à nouveau leur reprocher.
Et puis surtout, surtout, monsieur le président, avec votre projet vous demandez aux enseignants d'entraîner les enfants d'aujourd'hui dans le malheur des enfants juifs du passé. Bien sûr, il faut parler de la Shoah, mais pas n'importe comment. Il faut donner la parole à Anne Frank, à Primo Levi, aux historiens, aux philosophes, aux témoins, à ceux que le malheur a embarqués dans la rage de comprendre. Notre dignité, c'est de faire quelque chose de la blessure passée, ne pas nous y soumettre et surtout ne pas entraîner d'autres enfants dans la souffrance.
»
Boris Cyrulnik, Le Monde (Article paru dans l'édition du 20.02.08.)

FAR

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Nouvel Observateur revela: Sarkozy queria que Cecília voltasse ao lar

Voilà, ça y est, como dizem os franceses: Sarkozy parece que já anda arrependido de se ter casado/ envolvido com Carla Bruni. O rigoroso Semanário da Esquerda caviar, Le Nouvel Observateur, contou ontem tudo na edição on line.

Poucos dias antes do laço matrimonial, Sarkozy tentou o “forcing” junto de Cecília e
disse-lhe que “anulava" o casamento com Carla, se…ela voltasse para junto dele,
de novo, garantiu fonte bem colocada ao Nouvel. Obs.

Os contornos de uma grande crise de confiança política, entre o PR e o seu eleitorado fiel, parece terem feito cling/cling, junto do seu estado-maior e nos cantos obscuros da sua responsabilidade transcendental. O nosso herói de pacotilha é capaz de tudo. Efectivamente.


« Selon le Nouvelobs.com, le Président aurait adressé à son ex-femme un texto avec ce message huit jours avant de se marier avec Carla Bruni.
Le message est resté sans réponse. Peu avant de convoler avec la chanteuse Carla Bruni, Nicolas Sarkozy aurait tenté de faire revenir son ex-femme Cécila à ses côtés. C'est l'information que révèle ce mercredi le site Internet de l'hebdomadaire le Nouvel Observateur. "Si tu reviens, j'annule tout", aurait écrit le Président dans un message SMS à l'attention de la mère de son fils Louis. Avance à laquelle Cécilia ex-Sarkozy n'a, à l'évidence, pas répondu favorablement.
Et le site Internet de rappeler que Nicolas Sarkozy a offert à Carla Bruni la même bague que celle qu'il avait passée au doigt de Cécilia. De même que le Président s'est rendu en voyage à Petra, en Jordanie, "là où Cécilia était pour la première fois partie avec le publicitaire Richard Attias". Sans oublier le choix de Mathilde Agostinelli, directrice de la communication de Prada, longtemps amie intime de Cécilia, par Nicolas Sarkozy comme témoin de son récent mariage avec Carla Bruni.

A l'évidence, insiste le nouvelobs.com, "qu’elle prenne le visage de l’amour ou de la haine, la véritable obsession de Nicolas Sarkozy a été et reste Cécilia Sarkozy, dont le mariage avec Richard Attias est attendu le mois prochain".

Le média affirme même que "pendant son mariage, le chef de l’Etat est apparu à plusieurs témoins moins heureux qu’on n'aurait pu l’imaginer." Et qu'aujourd’hui, "l’entourage de Sarkozy voudrait lui déconseiller d’emmener Carla avec lui en Guyane, là où avaient été médiatisées ses retrouvailles provisoires avec Cécilia, mais personne n’ose le lui dire de front. " Le site rapporte les propos d'un proche du Président: "Sur ces sujets, il est dans sa bulle, il n’écoute pas. Pire, il ne veut rien entendre." Cécilia non plus, semble-t-il.
»
Philippe Brochen
LIBERATION

FAR

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Carla Bruni:herdeira adoptiva e comparsa da sarko-novela

Os Bruni-Tedeschi são uma das mais extravagantes das famílias industriais milanesas, geradas pela industrialização nos primórdios do séc. XX. Numa outra dimensão, tinham o perfil dos capitães-de-indústria da Póvoa de Varzim e de Espinho, que passaram das Cordas e Cabos aos fios electrónicos…
O avô e o pai adoptivo de Carla - o verdadeiro progenitor ainda está vivo no Brasil - consolidaram um grande império de cabos e pneus, que a Pirelli comprou nos anos 7O. Segundo a imprensa italiana e francesa, clicar aqui, artigo no Libé, de hoje, a fortuna dos Bruni-Tedeschi é colossal…razão para o desprotegido Sarko esfregar as maõs de contente. O pior é se Carla faz como a sua mamã, conhecida por se apaixonar pelos professores de música dos filhos…

O artigo do Libé é magistral, pois sabe-se a luta fraticida que o jornal trava com o ocupante do Eliseu.
Como surgiram em Paris? Apòs a morte do avô - que ofuscava em esplendor a presença mundana dos Agnelli da Fiat - o pai adoptivo da Carla com medo do terrorismo das Brigadas Vermelhas, ele que se tinha distinguido na luta contra o fascista Mussolini, resolve vender grande parte dos bens e instalar-se na Cidade da Luz.

“Esta família incarnava na aparência todos os valores da grande burguesia cultivada do Piemonte, mas ao mesmo tempo ,ela desfazia-os”, observa e confidencia um intelectual italiano ao repórter do Libé.
“Os Bruni-Tedeschi sempre alimentaram as colunas sociais italianas. Como quando saem, nos anos 80, as fotos de Carla feitas por Helmut Newton: Carla, sensual adolescente, sentada nos joelhos do pai adoptivo, sob o olhar da mãe em fato de banho. Estas imagens correm a Itália e suscitam a indignação pelo perfume de incesto".

«(...)

Avant les Rolling Stones puis Saint-Germain-des-Prés, et la vie «bling-bling» à l’Elysée, c’est dans un monde à la Luchino Visconti qu’a vécu Carla Bruni. Même après l’exil français en 1973, la famille revenait souvent à Castagneto Po, à une demi-heure à peine du centre de Turin. Leur manoir en brique rouge, construit en 1740 à la cime d’une colline, domine la vallée de ses immenses terrasses. Alberto l’avait acheté au milieu des années 50, restauré et intégralement remeublé en style d’époque, avec un soin maniaque. Un royaume sur mesure pour ce père à la fois flamboyant et réservé que Carla adorait et dont elle n’apprit qu’à sa mort qu’il n’était pas vraiment le sien.
(…)
Beaucoup restent fascinés par la figure du vieux Virginio, qui règne en autocrate sur sa famille et ses salariés. «Un bourreau de travail qui voyait grand, détestait les mondanités et passait à l’usine vingt heures par jour, y compris en août dans une ville quasiment déserte», se souvient un ancien de la Ceat. Un industriel à l’ancienne qui aimait le fracas des machines et jamais ne joua en Bourse. Originaire d’une famille juive de Vercelli, petite ville au milieu des rizières, il va parfaire sa formation à Manchester, puis à Heidelberg. En Grande-Bretagne, il comprend l’importance que va prendre l’industrie du pneu avec l’automobile. En Allemagne, il pressent la montée d’un antisémitisme inconnu au Piémont. Dès son retour, il diversifie la production, jusque-là cantonnée aux câbles d’acier, et se convertit au catholicisme, épousant à l’église une fille de magistrat, Orsola Bruni. La grande aventure de la Ceat commence. Dans les années 30, Turin devient le poumon industriel de la péninsule. Les affaires prospèrent avec le fascisme et les préparatifs de la guerre. Industriel de poids doté de bonnes relations, Virginio réussira à faire oublier ses origines. Son fils Alberto, né en 1915, rejoint l’entreprise peu avant la Seconde Guerre mondiale. Lui aide la résistance, hébergeant des réunions clandestines et le Comité de libération nationale saluera «sa participation active à la lutte». Arrêté par les nazis, Alberto échappe par miracle à l’exécution. La légende familiale évoque la sympathie d’un officier allemand mélomane pour le jeune musicien.
La reconstruction de l’après-guerre, puis le miracle économique des années 60, gonflent encore le chiffre d’affaires de la Ceat. Alberto y est de plus en plus associé. Mais c’est l’ingeniere qui tient les rênes jusqu’à sa mort, à plus de 90 ans. «Virginio et Alberto avaient la même passion pour l’argent, la musique et les femmes, mais pas dans le même ordre», relate Gian Piero Bona, traducteur de Rimbaud en italien, et ami d’enfance de Marisa Borini, qui lui commanda cette biographie de son mari défunt. C’est une jeune pianiste quand Alberto, quinze ans de plus qu’elle, l’entend dans un concert. Coup de foudre et bagarre avec le père qui espérait un nom à particule. Alberto insiste. Il y a entre Marisa et lui cette communion dans la musique qui reste sa passion. Levé tous les jours avant l’aube - habitude héritée de son père -, il écrit sa musique avec acharnement refusant de n’être qu’«un compositeur du dimanche». De fait, il est déjà reconnu et apprécié. Son grand opéra Diagramma Circolare est joué à la Scala de Milan et la Fenice de Venise. En 1971, il obtient la direction du Regio, l’opéra de Turin.
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Libération


FAR

domingo, 3 de fevereiro de 2008

“Pode-se chegar à luta armada face a Sarkozy?”

Sarko casou com Carla Bruni, a modelo e hiper-rica herdeira italiana adepta da poligamia mais infernal. Como se supunha, casaram no mais recatado segredo no Palácio presidencial, pelas 11 da manhã de ontem. O magnífico Libé dedica-lhe várias crónicas e um dossier On-Line. Patrick Rambaud, um dos fundadores da revista Actuel, marcou um diálogo-Net com os leitores do seu livro sobre Nicolas 1.er, publicado na Grasset. Trata-se de uma peça fundamental: a hipótese de uma passagem do Rubicão - luta armada - é posta em exame, como era curial e inteligente pensar…

Rambaud vai direito ao mais profundo. Questionado se o reinado de Sarko pode vir a acabar mal, ele
diz que, para “o povão, claramente que sim”. “É preciso que os protestos se unifiquem”, como fonte de preparer a Revolução, advoga. Maquiavélico e abrasivo aponta: “Ele está sempre a recuar à medida que as suas reformas reaccionárias avançam (…), Sarko e Chirac são mais parecidos do que parecem…”.

“Quais são as fontes de inspiração de Sarko”, questiona um leitor. Resposta pronta de Rambaud: “A sua conta no banco”. Paralelamente, recorda a hipótese de Plantu, o cartonista do Le Monde, que entre
Napoleão e Luís XIV todas as caricaturas lhe “assentam como uma luva. Podemos disfarçá-lo de tudo, isso funciona sempre ...”

Como Carla Bruni é conhecida pela sua volubilidade, “o amor e a vida de casal não me calmam”, Rambaud responde à hipótese de Carla “quebrar” o coração do PR francês, e diz sem hesitar: “Se Carla o deixar, ele pode vir a ficar louco. Isso é possível. Por agora, ele tem 15 anos e picos e nesssa idade tudo é possível”. “Sim, para Carla só o sexo é agradável…”

FAR

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Alain Finkielkraut: pensar sem palas nem rede, s.f.favor!

Assinou com Pascal Bruckner aquele ensaio-romance, em volta da “Nova Desordem Amorosa”, que correu Mundo. Pertence à geração dos post-Mai 68, portanto, que fizeram o percurso musiliniano de estudar depois de protestar…B-H. Levy publicou-lhe alguns livros nas suas colecções da Edit. Grasset. Na crise política que antecedeu as presidenciais francesas de 2007, Finkielkraut pareceu tentado em apostar em Nicolas Sarkozy, como Bruckner, Max Gallo e Couteaux o fizeram. Esta entrevista, clicar aqui, publicada no Libé, fala de tudo que assalta o escritor/ filósofo, sobretudo em torno da Cultura e da Educação, pedras filosofais de base para tornar forte a democracia…

“O drama do nosso tempo, é a transformação de todas as coisas materiais e espirituais em Direitos do Homem. Mudámos, assim, de época e de ideal: a criança mimada sucedeu ao homem culto. Toda a gente, é verdade não é mimado- longe disso. Toda a gente não é consumidor , mas toda a gente o quer ser e o preconiza.(…) o ideal da criança mimada destroy a cultura sem eliminar as desigualdades”, aponta.

O filósofo torna-se Imprecator, de forma radical: “Há coisas novas no firmamento. O novo, nesta ocurrência, é o reinado sem partilha da TV sem complexos, o papel prescritor dos artistas-palhaços, e a transmissão das normas sociais pelas vedetas do show-business e do jet-set. O pequeno écran, que invadiu tudo, foi ele próprio invadido por uma nova casta dominante que se crê libertada dos espartilhos bugueses, ao mesmo tempo que se desembaraçou de todo o escrúpulo e cujos gostos, a linguagem, a conivência regressive, a risada perpétua, a obscenidade tranquila e o chafurdar na baixeza testemunham de um desrezo pela experiência das coisas belas que os professors têm o dever de transmitir.É cada vez mais dificil resistir a esta vaga invasora”.

Sobre as aventuras sexuais de Sarkozy, Finkielkraut, que abandonou a possível aliança com o PR, depois da viagem de yacht e do jantar de gala no Fouquet´s cometidos pelo novo presidente, 24 horas depois de ter sido eleito, assegura: “Jornalistas, esquecei Carla! E se disserem que Sarkozy vos instrumentaliza mostrando a sua vida sentimental, sejai adultos! Questionem o PR sobre o poder de compra, a Escola, o contraste entre a política de Civilização e a vontade não menos defendida de libertar o crescimento, isto é, o consumo, de toda a sobrecarga civilizacional”. Sequência muito gira em relação com a experiência existencial de Olivier Rolin, o enragé que se tornou grande escritor, onde Finkielkraut assegura que, a “revolta de 1968 contra o velho mundo, tinha de tocante o facto de ser realizada com os impressores, os livros, os instrumentos e a retórica dos velhos tempos. Mas os 68´s tiveram uma grande responsabilidade no desastroso repatriamento da grande ideia crítica de relativismo cultural no interior da nossa sociedade”.


FAR

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Director do Figaro censura artigo sobre Sarkozy

Etienne Mougeotte, patrão das redacções do Le Figaro, o jornal liberal da Direita francesa, censurou um artigo de Eric Dupin sobre a queda da imagem de Sarkozy nas Sondagens (ler artigo do Libé aqui). Dupin, antigo jornalista no Libération, tinha-se reciclado no Jornalismo free-lance. Mas guardou sensibilidade de Esquerda. Razão tem Alain Badiou: não se pode pactuar com os patrões de Imprensa que apoiaram a eleição de Sarkozy! Assim se reconhecem as obsessões controladoras e repressivas da direita no poder.

FAR

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Cecília : “Sarko é forreta, mesquinho e falocrata”

È uma verdadeira saga. O divórcio entre Cecília e Sarkozy começa a ser narrado nas páginas de livros de Inquérito jornalístico de alta categoria. É o caso deste assinado por Anna Bitton, publicado na prestigiosa Editora Flammarion. O retrato psico-social de Sarkozy começa a sair dos contornos plásticos (como diria Morin…) em que ele se posta publicamente. Cecília, que ainda não recuperou o antigo amante a viver em Nova York, “o verdadeiro amor da sua vida”, confessa os traços essenciais da personalidade do actual PR francês à jornalista. O perfil de sádico e machão, que ele mostra desde sempre, contribuiu para o calvário da vida da mulher que “raptou” obsessivamente. Cecília queria suceder ao marido como presidente da autarquia de Neuilly-sur-Seine, a melhor do país, e tornar-se escritora. Sarko tirou-lhe paulatinamente o tapete, e ela, hop, amante em Nova York, francês deslocado a trabalhar na Publicidade…Esta passagem nua,crua e fatal: “És uma idiota !. Para os outros, ele afirmava que era genial !”. Para o nosso dossier, pois, ficar mais completo. Ontem no Die Zeit, vinha inserida uma anedota terrível em torno da Carla, daquelas que toda a gente vai falando durante a semana . “Agora, ela pensa sacar o Papa Benedito XVI !”.


Elle dit Sarkozy «pingre et sauteur»
Cécilia d’Anna Bitton, éd. Flammarion, 180 pp., 16 €.Portrait compatissant d’une quinquagénaire immature et torturée, nourri de confidences vraisemblablement authentiques de Cécila Sarkozy, le livre d’Anna Bitton est symptomatique de la dérive dans laquelle le sarkozysme entraîne le journalisme. Il n’est pas moins impudique que le chef de l’Etat lui-même. D’où la surprise de l’auteure, qui a candidement regretté hier qu’on veuille l’interdire. Anna Bitton raconte la pathétique histoire d’une femme «trop belle, trop grande, trop vert glacée», maltraitée par un mari sadique. «Il lui disait toujours : "T’es conne." Et aux autres il disait : "Elle est géniale".» Voici donc, en une formule, la thèse de ce portrait. L’héroïne«qui n’a jamais travaillé que pour servir ses époux» voulait «exister par elle-même pour enfin avoir d’elle une image à la hauteur de son allure».
C’est que Cécilia Sarkozy se voyait femme politique. En 2002, elle se sent prête : «Je serai vraisemblablement candidate en 2008 à Neuilly et je réfléchis à un programme avec une petite équipe.» C’était l’époque où elle «admirait Ségolène Royal» et regrettait qu’il n’y ait pas plus de «nanas intelligentes à l’UMP». Mais son mari dit non à ses ambitions, politiques comme littéraires (elle voulait «écrire un livre»). C’est ici que se noue le drame. Il «aimait comme on emprisonne, […] il la voulait grande de taille, ça le grandissait lui, mais pas trop haute». Alors, elle se révolte : «Il faut arrêter de parler d’amour tout le temps» s’écrie-t-elle.
Elle est rabaissée par le clan qui entoure son mari «ce sont des jeunes mecs qui se sont retrouvés gonflés de pouvoir et qui se sont pris pour les princes de Paris». Dans ce monde de brutes, la belle trouvera réconfort à New York, auprès du bel Attias, «l’homme de sa vie». «Je crois que je n’avais jamais aimé avant lui», dit-elle. Elle revient pourtant. Jusqu’au divorce. Car non content d’être «un sauteur», le Président serait aussi «pingre», au point qu’elle se demande «comment payer un loyer» avec ce qu’on lui laisse. Elle s’affole : «Nicolas ne va pas laisser son fils vivre sous les ponts, quand même!» Pause. «Mon fils ne sera pas comme ceux de Nicolas, avec des chaussures à 2000 euros.» On lit que l’ex-première dame ne désespère pas de reconquérir, à New York, celui qu’elle «a tellement fait souffrir». De quoi nourrir le prochain épisode de ses aventures…
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ALAIN AUFFRAY. Libération


FAR

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A Sarkogénie vista por Ph. Sollers

Claro que comprei, e já li e devorei , os dois últimos livros de Sollers. “Un vrai Roman.Mémoires” , na Plon Edit. E o outro “Guerres Secrètes”, na Carnetsnord. Ambas de Paris. Sabendo nós que Sollers trabalha na Gallimard como director literário. Nas Mémoires, que o Gérard de Cortanze já tinha revelado/desbravado um pouco no livro hagiógráfico que lhe dedicou, o autor de “Logiques” revela que fez as pazes com Derrida, pouco tempo antes da morte do filósofo admirável, que, por acaso, lhe dedicou um livro inteiro de análise, “La Dissémination”.

Bem. No texto que irão ler, Sollers diverte-se com finura e inteligência sobre as “fanfarronadas” do nosso pequenino Sarkozy. Ainda agora vi um trabalho da CNN- Paris sobre o evento quasi-nupcial do PR francês. Será que ainda ele está a tempo de se arrepender? Sollers garante que “Hollywood se esfarrapa de inveja”…Tudo isto terá a ver com a tenda, as amazonas e o resto, que Kadhaffi montou nos jardins do palácio presidencial de Paris? E o nosso escritor preferido recorda que Pascal dizia, siblino, que “uma coisa tão visível como a vaidade do Mundo seja tão pouco conhecida, que seja uma coisa estranha e surpreendente de dizer que é uma estupidez procurar as grandezas, isso é qualquer coisa de admirável”. Trata-se de uma dupla ironia, se bem entendem. Sollers não deixa passar em claro, o facto de Sarkozy não diferenciar Céline de Albert Cohen, “o gosto mais elementar exige uma opção”, frisa. Os pormenores picantes estão todos no texto, vistos e analisados sem dó nem piedade.


« Décidément, Sarkozy m'inspire, sa vie est un roman fabuleux, la mienne aussi, mais en sens contraire. Plus il s'étend à l'extérieur, plus je plonge à l'intérieur, et c'est pourquoi je le devine mieux que personne. Tout ce que je lis sur lui me semble faux, vieilli, superficiel, à côté de la plaque, sourdement jaloux, fasciné à l'envers. Il faut le dire une bonne fois: Sarkozy est le génie de notre époque, celle du spectaculaire intégral.

Parler à son sujet de "coups médiatiques", c'est ne rien comprendre au nouveau réel dans lequel nous sommes entrés. J'entends murmurer qu'il serait vulgaire: oui, sans doute, et alors? L'ère planétaire est vulgaire, et la dominer nerveusement n'est pas à la portée de n'importe qui. Sarkozy plus fort que tous les autres guignols du spectacle? C'est l'évidence, et tout patriote français devrait en être fier. Les pauvres Américains, à travers Time, se dévoilent en parlant de la mort de la culture française. Elle est pourtant là, ultravivante sous leurs yeux, et ils ne voient rien. La preuve: le même Time proclame le triste Poutine "homme de l'année". Quelle misère! Autre affirmation dérisoire: il n'y aurait pas, aujourd'hui, en France, un seul écrivain qui ait une global significance. Quel aveuglement! Je suis là, pourtant, je suis global, et ma significance est aussi variée que profonde. D'accord, on ne le sait pas assez, mais ça viendra. Pour l'instant, imaginez seulement qu'au lieu du couple idéal Sarkozy-Bruni, nous ayons aux commandes l'attelage poussif et provincial Ségo-Bayrou! A quoi n'avons-nous pas échappé ! Vive la France!

Toujours plus fort

Il y a eu le voyage en Chine, et Sarko, très à l'aise au milieu de l'armée en terre cuite rassemblée pour lui; sa mère, surtout, à qui le président chinois, ému, a offert un châle. Cette présence maternelle n'a pas été assez commentée, d'autant plus qu'une autre mère, celle de Carla Bruni, est arrivée par la suite. Les mères, les enfants, voilà qui est admirablement joué. La Chine? Bientôt les jeux Olympiques, et n'oublions pas que l'Opéra de Pékin est de construction française. Il y a eu ensuite Sarko en Algérie, les ruines de Tipasa, et le surgissement d'Albert Camus dans le discours présidentiel. Camus, c'est du solide, suivez mon regard, vers une union méditerranéenne et humaniste future. Il y a eu l'ébouriffante mise en scène de la visite de Kadhafi à Paris, sa tente, ses amazones, sa virée au Louvre et à Versailles, sa chasse à Rambouillet, son allure de seigneur hirsute et abrupt, ses déclarations de roi du désert, les indignations programmées qu'il fallait, les affaires. Quel film!

Il y a eu, il y a toujours, l'attente fiévreuse d'Ingrid Betancourt et la sollicitude permanente du président sauveur d'otages. Il y a eu le rapt de Carla à Disneyland, nouvelle percée à gauche, sabre dans le caviar, la mode, la chanson, les réseaux d'amants, la branchitude, Libération, Les Inrockuptibles, les fantasmes poussés à bout, la fuite en Egypte, les mystères de Louxor, l'annonce d'un mariage inouï et, pourquoi pas, d'un heureux événement (les mères sont là), bref, un modèle de campagne à l'intérieur des lignes ennemies, avec, en plus, promotion sociale du côté d'une très bonne famille italienne (aucune française n'aurait fait le poids). Franchement, avez-vous vu mieux depuis Bonaparte? Du haut des pyramides, quarante siècles contemplent cet exploit. Le Président est là, il jouit, il médite. Carla, le soir, lui chante doucement une berceuse, et Hollywood se convulse d'envie. Vous persistez à me parler du pouvoir d'achat, de l'augmentation des salaires et des sans domicile dans la rue? Quelle mesquinerie! Et le penseur mondial de la gauche radicale, Badiou, qui compare Sarko à Pétain! Quelle ringardise! Vous ne voyez donc pas ce soleil nouveau de la République se lever sur le Nil?

Encore plus fort

Là, le vieil anticléricalisme français en reste baba: Sarkozy chanoine, reçu par le pape, et vantant les "racines chrétiennes" de la France. Déjà la conversion tardive de Tony Blair au catholicisme avait de quoi inquiéter. Mais avec le chanoine Sarko béni par Benoît XVI en même temps que le sans-culotte Bigard, on atteint des sommets révolutionnaires. Les vieux cathos sont épouvantés, les anticathos stupéfaits: toujours l'attaque simultanée sur deux ailes, aucun doute, le génie militaire est là. Le Président cite, pêle-mêle, Pascal, Bossuet, Péguy, Claudel, Bernanos, Mauriac, Maritain, Mounier, René Girard, des théologiens comme Lubac et Congar. Il offre à Sa Sainteté son livre extraordinaire sur les religions et deux éditions originales de Bernanos, et s'attire une remarque courtoise du pape, à savoir qu'il a déjà lu cet auteur dans la Pléiade. Je vais proposer aux éditions Gallimard une publicité: "Le pape lit la Pléiade." Pas celle de Sade, assurément, mais sait-on jamais.

L'avenir nous dira si, par autorisation spéciale, le mariage de Sarko et Bruni pourra être célébré à Notre-Dame de Paris. Avouez-le: ce serait grandiose, et je ne manquerais pas de vous faire part de mes réflexions. Pour l'instant, juste un peu d'eau froide: puisque le Président s'est mêlé de citer Pascal, une pincée des Pensées ne lui fera pas de mal. "Qu'une chose aussi visible qu'est la vanité du monde soit si peu connue, que ce soit une chose étrange et surprenante de dire que c'est une sottise de chercher les grandeurs, cela est admirable." Quant à nos amis-ennemis américains qui nous voient culturellement morts, rappelons-leur tout de même qu'à ce jour, chez eux, 124 condamnés à mort ont été innocentés, dont 15 grâce aux tests ADN. Et soyons précis: dans plusieurs Etats, dont la Californie, où les prisons comptent plus de 600 détenus en attente d'être exécutés, des études ont mis en évidence le coût financier de la peine capitale (jusqu'à 70% de plus que pour une incarcération à perpétuité).
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Ph. Sollers. LeJDD.fr

FAR

domingo, 6 de janeiro de 2008

Carla-III

O JDD (Journal Du Dimanche) realiza, hoje, a sua manchete sobre o iminente casamento de Sarkozy com Carla Bruni. O “Le Canard Enchainé” desta semana já tinha alertado para essa eventualidade. No entanto, segundo o Canard, a mãe do Sarko torce muito forte contra essa eventualidade. Ela lá deve saber… O filhinho é que não pode estar sózinho nas frias dependênciais do palácio presidencial. O “Le Point” desta semana traz uma fotografia- a Da Semana- com imagens do Sarko e Carla no Egipto, com uma legenda muito controversa e ambígua. O show must go on (a suivre…)

FAR

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Alain Badiou: Sarkozy elabora uma ontologia do lucro!

“Il élabore, nôtre president, une ontologie du profit: ce qui n´a pas de profitabilité n´a pas de raison d´être”, aponta Alain Badiou , um dos mais polémicos filósofos da actualidade mundial, num panfleto politico e ideológico de alta voltagem, intitulado, “De quoi Sarkosy est-il le nom?”. O manifesto está a causar imenso impacto no interior do espaço politico europeu. A mensagem principal elabora através de uma perfomativa construção filosófico-científica , a tese de que “se nada contribui para furar a realidade, se nada se situa fora dela, se nenhum ponto pode ser sustentado por si próprio, custe o que custar; então não existe senão a realidade e a submissão a esta realidade, a que Lacan chamava ´o serviço das utilidades`. Como se sabe, o serviço das utilidades é o dispositivo dos que possuem a posse dos bens”.

Badiou tenta erguer uma política de emancipação que rompa com a ordem das opiniões estabelecidas, a desigualdade e a protecção armada dessa realidade, a que chama “hipótese comunista”, mas que estilhaça o legado histórico perdedor da ex-USRR e das democracias de Leste. « Ce point est essential: dès le début, l´hypothèse communiste ne coincide nullement avec l´hypothèse «démocratique» qui conduira au parlementarisme contemporain. Elle subsume une autre histoire, d´autres événements. Ce qui, éclairé para l´hypothèse communiste, semble important et créateur est d´une autre nature que ce que sélectionne l´historiographie démocratique bourgeoise. C´est bien pourquoi Marx, donnant ses assises matérialistes à la première grande sequence effective de la politique d´émancipation moderne, d´une part reprend le mot «communisme», d´autre part s´écarte de tout «politicisme» démocratique en soutenant, à l´école de la Commune de Paris, que l´État bourgeois, fût-il aussi démocratique que l´on veut, doit être détruit».

«No fundo, apelido de comunismo, e era esse o sentido que já lhe era dado por Marx, uma sociedade que se postule livre da regra dos interesses. Uma sociedade na qual o que se procura, o que se faz, o que se quer, não seja determinado, de uma ponta à outra, pelos interesses individuais ou de grupo. É isso o comunismo. (…) Isso pode não ser um programa mas, sem esta concepção, penso que a vida política não tem interesse nenhum. E não tem interesse nenhum porque consiste em saber, tão-só, como se irá negociar entre os interesses de uns e dos outros , assinala numa entrevista a Fréderic Taddéi , inserta no colectivo ‘Réseau des Bahuts’».

Atenção, no entanto. Badiou não vive do passdo nem está prisioneiro de fórmulas arcaicas, tipo marxismo-leninismo grupuscular. “O marxismo, o movimento operário, a democracia de massa, o leninismo, o Partido do proletariado, o estado socialista, todas estas invenções notáveis do século XX, não são realmente de mais utilidade. Na ordem da teoria, devem ser certamente conhecidas e meditadas. Mas na ordem da política, tornaram-se impraticáveis. É um primeiro ponto de consciência essencial”, escreve no livro, onde insiste em sublinhar, como vivemos “num periodo intercalar dominado pelo inimigo”, a alternativa pode estar situada numa “nova relação entre o movimento politico real e a ideologia . (…) A hipótese comunista como tal é genérica, ela constitui o ´fundo` de toda a orientação emancipadora e classifica a única coisa que faz com que nos interessemos pela política e pela história”. Para ler e comentar, sem perder tempo, portanto.

Alain Badiou, “De quoi Sarkozy est-il le nom?", Edit. Lignes. Paris.2007

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Carla-II

Sarkozy, o "homem com/para os ratos", é capaz de tudo; e de mais alguma coisa. O Canard Enchainé desta semana, a juntar ao Le Point, edição de fim-de-ano, revelam tudo e mais alguma coisa sobre os amores de Sarkomnipotente com a multimilionária Carla Bruni, modelo e cançonetista nas horas vagas, que o divino Libération apelida de "croqueuse de stars"...Ri, a fortes e estridentes gargalhadas, a ler o Canard, meus caros.
" Quel culot! ", pensei; e se a Carla é que está a levar a melhor...por causa dos CD’s e do resto do mundo da cançoneta?!?
Sarko, segundo o Canard, mandou fazer sondagem sobre as três hipóteses-de-se-tornarem- madames Sarko: Carole Bousquet, Laurence Ferrari e Carla Bruni. O que é certo, no entanto, é que Jacques Séguèla, o mago da Pub universal, " arranjou " jantarinho para colocar Sarko e Bruni, lado-a-lado. E, aí vai milho...
Carla Bruni colecciona experiências e arrasa corações, sinalizava o " sarkosiano " semanário de F-Olivier-Gisbert. Fotos com a diva abraçada a Raphäel Enthoven, filho do maior amigo de B-H. Lévy, Arno Lagerfeld, o advogado-mais-roller de Paris, e mais uns quantos. Sarko, que detesta intelectuais, meteu-se no meio das alcovas de Saint-Germain-des-Près. É obra. O que parece é que a diferença de idades entre os "pombinhos" é enorme, ainda por cima. Não há memória na política europeia de um facto "amoroso" tão espectacular e "revolucionário", pois as tépidas " aventuras " de Berlusconi nunca passaram de ameaças sem tilt...
Kouchner, que há pouco vi a dar beijos-e-abraços a Condi Rice, foi com os "noivos-relâmpago" até às praias do Mar Vermelho. Tudo oferecido e sponsorizado pelos caucionistas de Sarko: aviões particulares, villas para o casal-em-ensaio e "paus de cabeleira".
Sarko vai ao Cairo umas horas, vender e adjudicar obras e investimentos.
Nesta saga de "pesadelo e aventura", Sarko acelera. Como revela o Canard, o Vaticano "não desejou" ver Bruni em Roma.
Os líderes históricos do Gaullismo começam a inquietar-se com tanta desenvoltura do sucessor de Chirac. E Sarko, com malícia, atreveu-se a "dar" Fillon embeiçado pela maquinal Ângela Merkel. "Sem dúvida, o efeito Carla ", revelou ao Canard um membro do staff presidencial francês.


FAR

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Carla

É a nova namorada do Sarkozy: a vontade de Kitch a toda a prova. Por que será que o PR francês anda à procura de namorada? Por estratégia eleitoral? Para não deixar ficar mal os seus súbditos que riem a bandeiras despregadas com os comentários jocosos dos seus vizinhos ingleses e alemães? Por tudo e mais uma coisa: a "pílula" repressiva que Sarko vai fazer engolir aos franceses necessita de muitas peripécias e ilusões, claro. O Libé de hoje trás esta new irresistível e que cartografa tudo, por agora.

"Carla, oh Carla

Autant le dire tout de suite (et sans forfanterie), l’auteur de ces lignes «savait». Oui. Je savais. Mais la semaine dernière quand, tout fier de mon scoop, je tente de le partager avec mes confrères, une grande vague de scepticisme m’accueille (quelqu’un cite alors une marque de voiture)… et des soupirs. Nous autres, à Libé, n’est-ce pas, nous ne nous occupons pas de people, fût-ce quand il s’agit du premier people de France… Pourtant, ce week-end, ce couple surprenant fait son coming out chez Mickey. Et hier matin, en conférence de rédaction, quand vient le moment de la critique du journal du jour, Laurent Joffrin pose la question qui tue : «Et le papier sur Carla, qu’en avez-vous pensé ?» S’ensuit une sorte de brouhaha d’où il ressort que «ça ne nous intéresse pas», mais que ça nous intéresse quand même un peu… puisque le sujet reste dix bonnes minutes autour de la table ! On vous épargne la litanie des ex de la chanteuse («chanteuse ?») et les remarques plus ou moins sympathiques («au moins, elle, elle ne fait pas trop Neuilly», «elle n’a pas un look blingbling», etc.). On parle de la couverture de Point de Vue. On disserte sur les propos récents du Président, soudain très agressif contre les «gens du Flore». On dissèque aussi l’interview de la chanteuse dans le Figaro Madame (17 février 2007) : «Je m’ennuie follement dans la monogamie. Je suis monogame de temps en temps. L’amour dure longtemps, mais le désir brûlant deux à trois semaines.» Allons, finalement, c’est peut-être un bon sujet…"

Didier Pourquery
Libération


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