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terça-feira, 12 de abril de 2011
No futebol, como na política, como na vida
Quem só tem uma côr vê o mundo a preto e branco. Mas quem quer ter todas as cores vê tudo a cinzento.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico
«As medidas de austeridade recentemente anunciadas pelo governo vieram mostrar, uma vez mais, a persistência de um fenómeno que corrói as bases de um sistema democrático. Nas horas e dias que se seguiram à conferência de imprensa de José Sócrates e de Teixeira dos Santos, os órgãos de comunicação social, nomeadamente as televisões, empenharam-se mais em tornar as referidas medidas inevitáveis do que em promover efectivos espaços de debate em torno das grandes opções político-económicas.
De facto, os diferentes painéis de comentadores televisivos convidados para analisar o chamado PEC III foram sistematicamente constituídos a partir de um leque apertado e tendencialmente redundante de opiniões, que oscilou entre os que concordam e os que concordam, mas querem mais sangue; ou entre os que acham que o PEC III vem tarde e os que defendem ter surgido no timing certo. Para lá destas balizas estreitas do debate, parece continuar a não haver lugar para quem conteste, critique ou problematize o quadro conceptual que está em jogo e as intenções de fundo, ou o sentido e racionalidade dos caminhos que Portugal e a Europa têm vindo a seguir, em matéria de governação económica.
Por ignorância, preguiça, hábito, desconsideração deliberada ou manifesto servilismo, os canais televisivos têm sistematicamente tratado a análise da crise económica como se o intenso debate quanto aos fundamentos doutrinários e às opções políticas que estão em jogo pura e simplesmente não existisse. Com a particular agravante de a crise financeira, iniciada em 2008, ter permitido uma consciencialização crescente em relação às diferentes perspectivas, no seio do próprio pensamento económico, no que concerne às responsabilidades da disciplina na génese e eclosão da crise.
Com efeito, diversos sectores político-sociais e reputados economistas têm contestado a lógica das medidas adoptadas, alertando para o resultado nefasto de receitas semelhantes aplicadas em outros países e denunciado a injusta repartição dos sacrifícios feita por politicas que privilegiam os interesses dos mercados financeiros liberalizados. Mas a sua voz permanece, em grande medida, ausente dos meios de comunicação de massas.
Não se trata de criticar o monolitismo das opiniões convocadas para o debate, partindo do ponto de vista de quem nelas não se revê. Uma exclusão daqueles que têm tido o privilégio quase exclusivo de acesso aos meios de comunicação seria igualmente preocupante. O problema de fundo reside em ignorar, nos dias que correm, o pluralismo de interpretações e perspectivas sobre a crise, sobre os seus impactos e sobre as opções de superação.
Somos cidadãos e cidadãs preocupados com este silenciamento e monolitismo. E por isso exigimos aos órgãos de comunicação social – em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar “serviço público” – que respeitem o pluralismo no debate político-económico de modo a que se possa construir uma opinião pública mais activa e informada. Menos do que isso é ficar aquém da democracia e do esclarecimento.»
De facto, os diferentes painéis de comentadores televisivos convidados para analisar o chamado PEC III foram sistematicamente constituídos a partir de um leque apertado e tendencialmente redundante de opiniões, que oscilou entre os que concordam e os que concordam, mas querem mais sangue; ou entre os que acham que o PEC III vem tarde e os que defendem ter surgido no timing certo. Para lá destas balizas estreitas do debate, parece continuar a não haver lugar para quem conteste, critique ou problematize o quadro conceptual que está em jogo e as intenções de fundo, ou o sentido e racionalidade dos caminhos que Portugal e a Europa têm vindo a seguir, em matéria de governação económica.
Por ignorância, preguiça, hábito, desconsideração deliberada ou manifesto servilismo, os canais televisivos têm sistematicamente tratado a análise da crise económica como se o intenso debate quanto aos fundamentos doutrinários e às opções políticas que estão em jogo pura e simplesmente não existisse. Com a particular agravante de a crise financeira, iniciada em 2008, ter permitido uma consciencialização crescente em relação às diferentes perspectivas, no seio do próprio pensamento económico, no que concerne às responsabilidades da disciplina na génese e eclosão da crise.
Com efeito, diversos sectores político-sociais e reputados economistas têm contestado a lógica das medidas adoptadas, alertando para o resultado nefasto de receitas semelhantes aplicadas em outros países e denunciado a injusta repartição dos sacrifícios feita por politicas que privilegiam os interesses dos mercados financeiros liberalizados. Mas a sua voz permanece, em grande medida, ausente dos meios de comunicação de massas.
Não se trata de criticar o monolitismo das opiniões convocadas para o debate, partindo do ponto de vista de quem nelas não se revê. Uma exclusão daqueles que têm tido o privilégio quase exclusivo de acesso aos meios de comunicação seria igualmente preocupante. O problema de fundo reside em ignorar, nos dias que correm, o pluralismo de interpretações e perspectivas sobre a crise, sobre os seus impactos e sobre as opções de superação.
Somos cidadãos e cidadãs preocupados com este silenciamento e monolitismo. E por isso exigimos aos órgãos de comunicação social – em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar “serviço público” – que respeitem o pluralismo no debate político-económico de modo a que se possa construir uma opinião pública mais activa e informada. Menos do que isso é ficar aquém da democracia e do esclarecimento.»
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sexta-feira, 30 de abril de 2010
anaCrónica 19
Gosto e política cultural
O estudo de Augusto Mateus pôs dedos na ferida: a indiferença do governo quanto às actividades culturais artísticas, por um lado e a explicitação da diversidade constitutiva de um sector económico feito de três partes, a criação artística e as suas tradições disciplinares patrimoniais, as indústrias culturais e a dimensão criativa própria das mercadorias, na esfera lata do mercado, o design de objectos de consumo.
Convém aliás aqui clarificar que a dimensão criativa de actividades industrializadas, que obedece à satisfação de lógicas massivas de gosto elas próprias induzidas pela estratégia quantificadora do marketing que promove os diversos produtos na relação de concorrência, nada tem a ver com a actividade artística, esta desligada de objectivos imediatos, destinada ao fruidor cidadão potencial, solitário ou em assembleia, a públicos mais iniciados e não ao consumidor perdido na massa – uma, virada para o humano, a outra, para o mercado. Uma coisa é a linguagem imprevisível da criação artística, cujos códigos de leitura têm de ser reinventados sucessivamente porque não se trata de dar a ler algo já lido, outra coisa é a aplicação de normas de gosto estandartizadas para satisfazer padrões de vida que encontram na sofisticação do design uma dada exibição de status, particularmente através da lógica das marcas que, no presente, estabelecem uma norma geral de comportamento e sinais exteriores de troca simbólica consumível e ideológica, a aparência como essência possível. Não é por acaso que a maioria dos chamados políticos anda de gravata e essa gravata tende a hipertrofiar o nó num claro assumir de um certo “mau gosto” papalvo contra um certo “bom gosto” - um nó mais discreto e menos berrante – dos usos de famílias mais antigas. Este exemplo parece ridículo mas merece ser referido, pois tem carácter normativo por via informal e é revelador das mentes: ninguém os obriga a andar assim, mas de facto o uso é praticado como exibição e geral, normativo por costume. Desde que a sociedade ganhou aliás este carácter de democracia massiva e falsamente igualitária que as classes médias chegadas de fresco – os “parvenus” de Marivaux -, têm imposto as suas referências de “mau gosto” como bandeira da própria ascensão vencedora como gosto dominante. A diversidade, neste aspecto, não passa de um simulacro e o”mau gosto”, enquanto expressão de um poder da quantidade, é de facto, esmagador.
Nestas coisas, o respeito das tais minorias revela-se no plano de uma clara inveja social, confundindo-se muitas vezes aquilo que é de ordem estética com aquilo que é de ordem elitista. Não há bronco nenhum que não apelide de elitista, não aquilo de que não gosta porque formatado pelo tal “mau gosto” que o impede de gostar - no plano do juízo funciona na mesma zona em que se pode pensar o estético, o gostar não gostar dependente da comunicação imediata – mas aquilo que ele entende que, não percebendo, não passa de algo elitista que a tal democracia igualitária tem de liquidar para que, nivelando tudo pela tal lei do tudo nivelado pelo mesmo, tenhamos uma ordem democrática do gosto, um gosto comandado pelas massas médias e remediadas. Este pratica-se contra as veleidades aristocráticas do estético, identificadas com as tais elites que são perniciosas e a que se associam os desgraçados dos artistas, na realidade, mais artesãos que criaturas mundanas – artesãos do corpo e cabeça, das linguagens do enigmático. A ideia de “uma arte elitista para todos” não lhes passa pela cabeça. Ora, esta, é a ideologia do poder actual em matéria de gosto, uma ideologia da incultura estética e dos consumos designer, fundos de vernissage e berardices pavlovianas com amplificação mediática súbita e mesmo reacções papalvlovianas deslumbradas com a riqueza dos ricos, as massas despertando alegremente como parte e percentagem orgulhosa da maior estatística cultural – como no guiness, esse cúmulo da estupidificação oscarizada.
E este é o problema. Do mesmo modo que descrimina numa política a importância da ciência como factor de desenvolvimento libertador – que não o é em si, pelo contrário, o que justamente implica a marca orientadora de uma política – é imprescindível discriminar, numa política, a cultura como forma de fomentar as actividades estéticas da criação artística, que não têm um quadro de rendibilidade imediato pois não são realizadas para nenhum mercado, mas são actividades humanas essenciais, aquelas que no fundo identificam no ser os seus objectivos humanos – ainda recentemente José Gil falou desta dimensão ontológica da criação artística.
Será que isto não entra pelos olhos dentro? Mesmo a actividade artística regular, como a dos teatros, está mais próxima daquilo que enquanto actividade estético-literária caracteriza Os Lusíadas do que daquilo que vai no design dos móveis da IKEA. Não há relação entre as actividades do gosto formatado e a invenção artística. D. Quixote, por muito que o formatem e concentrem e imitem e reduzam a sigla e sinopse, não dispensa a leitura, essa actividade sem rendibilidade imediata – exemplo radical é o romance de Joyce agora editado, Finnegans Wake (15 anos levou Joyce a escrever o romance inacabado e agora mais de trinta levou o estudioso que fixou o texto a fazê-lo para uma leitura possível). Nada compro nem vendo nas horas perdidas da leitura, perco tempo e dinheiro – a leitura é tão “inútil” quanto a criação e tem os mesmos vícios. Mas ganho algo, ganho até inteligência criativa – ela anda aí a tal artificial, mas não funciona sem mão - aplicável a lógicas de exercício laboral dedicadas à economia. Mas estas não são nem de consequência directa, nem de medida imediata, não são mensuráveis. Será que isto não se entende? Não se entende que é de outra esfera e que é com esta esfera que uma política cultural do artístico se tem de entender? Uma política cultural é uma política da estruturação da criação artística e é uma política da leitura, das capacidades de ler a complexidade actual das linguagens. E é também uma política da relação umbilical das duas coisas.
Em relação ao Ministério da Cultura: mais orçamento, mais do dobro, mais do triplo, e obviamente um programa e competências organizacionais e dinâmicas. E não vale a pena falar de cortes. Neste momento é promover o desemprego apenas. Só um grande aumento dos dinheiros para a cultura pode promover a ideia de “uma cultura elitista” para todos, a única ideia socialista possível.
Fernando Mora Ramos
O estudo de Augusto Mateus pôs dedos na ferida: a indiferença do governo quanto às actividades culturais artísticas, por um lado e a explicitação da diversidade constitutiva de um sector económico feito de três partes, a criação artística e as suas tradições disciplinares patrimoniais, as indústrias culturais e a dimensão criativa própria das mercadorias, na esfera lata do mercado, o design de objectos de consumo.
Convém aliás aqui clarificar que a dimensão criativa de actividades industrializadas, que obedece à satisfação de lógicas massivas de gosto elas próprias induzidas pela estratégia quantificadora do marketing que promove os diversos produtos na relação de concorrência, nada tem a ver com a actividade artística, esta desligada de objectivos imediatos, destinada ao fruidor cidadão potencial, solitário ou em assembleia, a públicos mais iniciados e não ao consumidor perdido na massa – uma, virada para o humano, a outra, para o mercado. Uma coisa é a linguagem imprevisível da criação artística, cujos códigos de leitura têm de ser reinventados sucessivamente porque não se trata de dar a ler algo já lido, outra coisa é a aplicação de normas de gosto estandartizadas para satisfazer padrões de vida que encontram na sofisticação do design uma dada exibição de status, particularmente através da lógica das marcas que, no presente, estabelecem uma norma geral de comportamento e sinais exteriores de troca simbólica consumível e ideológica, a aparência como essência possível. Não é por acaso que a maioria dos chamados políticos anda de gravata e essa gravata tende a hipertrofiar o nó num claro assumir de um certo “mau gosto” papalvo contra um certo “bom gosto” - um nó mais discreto e menos berrante – dos usos de famílias mais antigas. Este exemplo parece ridículo mas merece ser referido, pois tem carácter normativo por via informal e é revelador das mentes: ninguém os obriga a andar assim, mas de facto o uso é praticado como exibição e geral, normativo por costume. Desde que a sociedade ganhou aliás este carácter de democracia massiva e falsamente igualitária que as classes médias chegadas de fresco – os “parvenus” de Marivaux -, têm imposto as suas referências de “mau gosto” como bandeira da própria ascensão vencedora como gosto dominante. A diversidade, neste aspecto, não passa de um simulacro e o”mau gosto”, enquanto expressão de um poder da quantidade, é de facto, esmagador.
Nestas coisas, o respeito das tais minorias revela-se no plano de uma clara inveja social, confundindo-se muitas vezes aquilo que é de ordem estética com aquilo que é de ordem elitista. Não há bronco nenhum que não apelide de elitista, não aquilo de que não gosta porque formatado pelo tal “mau gosto” que o impede de gostar - no plano do juízo funciona na mesma zona em que se pode pensar o estético, o gostar não gostar dependente da comunicação imediata – mas aquilo que ele entende que, não percebendo, não passa de algo elitista que a tal democracia igualitária tem de liquidar para que, nivelando tudo pela tal lei do tudo nivelado pelo mesmo, tenhamos uma ordem democrática do gosto, um gosto comandado pelas massas médias e remediadas. Este pratica-se contra as veleidades aristocráticas do estético, identificadas com as tais elites que são perniciosas e a que se associam os desgraçados dos artistas, na realidade, mais artesãos que criaturas mundanas – artesãos do corpo e cabeça, das linguagens do enigmático. A ideia de “uma arte elitista para todos” não lhes passa pela cabeça. Ora, esta, é a ideologia do poder actual em matéria de gosto, uma ideologia da incultura estética e dos consumos designer, fundos de vernissage e berardices pavlovianas com amplificação mediática súbita e mesmo reacções papalvlovianas deslumbradas com a riqueza dos ricos, as massas despertando alegremente como parte e percentagem orgulhosa da maior estatística cultural – como no guiness, esse cúmulo da estupidificação oscarizada.
E este é o problema. Do mesmo modo que descrimina numa política a importância da ciência como factor de desenvolvimento libertador – que não o é em si, pelo contrário, o que justamente implica a marca orientadora de uma política – é imprescindível discriminar, numa política, a cultura como forma de fomentar as actividades estéticas da criação artística, que não têm um quadro de rendibilidade imediato pois não são realizadas para nenhum mercado, mas são actividades humanas essenciais, aquelas que no fundo identificam no ser os seus objectivos humanos – ainda recentemente José Gil falou desta dimensão ontológica da criação artística.
Será que isto não entra pelos olhos dentro? Mesmo a actividade artística regular, como a dos teatros, está mais próxima daquilo que enquanto actividade estético-literária caracteriza Os Lusíadas do que daquilo que vai no design dos móveis da IKEA. Não há relação entre as actividades do gosto formatado e a invenção artística. D. Quixote, por muito que o formatem e concentrem e imitem e reduzam a sigla e sinopse, não dispensa a leitura, essa actividade sem rendibilidade imediata – exemplo radical é o romance de Joyce agora editado, Finnegans Wake (15 anos levou Joyce a escrever o romance inacabado e agora mais de trinta levou o estudioso que fixou o texto a fazê-lo para uma leitura possível). Nada compro nem vendo nas horas perdidas da leitura, perco tempo e dinheiro – a leitura é tão “inútil” quanto a criação e tem os mesmos vícios. Mas ganho algo, ganho até inteligência criativa – ela anda aí a tal artificial, mas não funciona sem mão - aplicável a lógicas de exercício laboral dedicadas à economia. Mas estas não são nem de consequência directa, nem de medida imediata, não são mensuráveis. Será que isto não se entende? Não se entende que é de outra esfera e que é com esta esfera que uma política cultural do artístico se tem de entender? Uma política cultural é uma política da estruturação da criação artística e é uma política da leitura, das capacidades de ler a complexidade actual das linguagens. E é também uma política da relação umbilical das duas coisas.
Em relação ao Ministério da Cultura: mais orçamento, mais do dobro, mais do triplo, e obviamente um programa e competências organizacionais e dinâmicas. E não vale a pena falar de cortes. Neste momento é promover o desemprego apenas. Só um grande aumento dos dinheiros para a cultura pode promover a ideia de “uma cultura elitista” para todos, a única ideia socialista possível.
Fernando Mora Ramos
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terça-feira, 13 de abril de 2010
A propósito da deputada Cidinha Campos
Se repararmos bem nos termos e nos argumentos da deputada (perceptíveis neste e noutros vídeos acessíveis no YouTube), observaremos um estilo e o recurso a meios que são inaceitáveis em muitos países democráticos, como o uso público de informação judicial que se deveria manter reservada, a referência por alcunhas ofensivas a pessoas ainda não julgadas e condenadas ou a parentes seus, a exibição livre de epítetos e de insultos, ao melhor estilo de um «tribunal popular», que não podem aceitar-se num parlamento por mais hediondos que possam ser os crimes cometidos pelos seus destinatários. Por isto, e passada a novidade, fui deixando de achar grande piada aos vídeos populares da corajosa Cidinha Campos. Eles são reveladores de um lado populista e demagógico da democracia que também nos deve preocupar. Venha ele da esquerda ou da direita.
Rui Bebiano
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segunda-feira, 5 de abril de 2010
anaCrónicas 12
Dizia o Marques Mendes há dias - não lhe conheço escândalos, pessoa hábil, ou discreta, e porventura, mais surpreendente ainda, talvez honesta - que a este PSD de Passos Coelho faltavam agora três ou quatro ideias bem escolhidas como causas que se “vendessem”, suponho que ao eleitorado perpétuo da democracia sondagística em que submergimos. Isto é: temos a realidade e esta é composta de temas fracturantes, país real, crise, dívida pública, submarinos a espreitar, personalidade do senhor engenheiro, o caso da “mentira”, a “face oculta”, a licenciatura fast food, etc. , e destas questões há que elencar aquelas que servem, numa dada composição, uma narrativa da vitória do ponto de vista do papel do novo antagonista, com o propósito de destronar o protagonista de serviço em prazo calendarizado – sempre entre eleições regulares, até ver .
Nessa narrativa há que injectar (como com o betão, é a “consistência ou credibilidade” em jogo de responsabilidade versus irresponsabilidade, os da economia e do mesmo, contra os que são supostamente da mudança e pelas pessoas) as 3 ou 4 ideias alimentadoras da ideia de que são ideias, justamente aquelas que podem render uma vitória, a vitória dessas ideias, já que ninguém se pode apresentar com o rosto da imparcialidade absoluta, ou da neutralidade, por muito que seja do tal centro – o centro não passa de uma ilusão fictícia e de um jogo em política, ou a própria política como emprego na medida em que no centro podemos estar sempre com uns e com outros. Ao centro virá até o Portas, que já lá esteve mais ou menos disfarçado e lá regressará quando for preciso.
Ora estamos portanto diante daquele absoluto do marketing político que ignora a realidade e que escolhe uma dada reformatação narrativa da ficção política (e da realidade, cujos aspectos relevantes se tornam mais ou menos visíveis e assim usados conforme convenha à conjuntura narrativa) como novela, de modo a que, nessa narrativa enquadrada pelas 3/4 ideias causas, Passos Coelho possa derrotar José Sócrates por ser melhor e mais capaz naquela definição da luta de galos que passa pelos perfis das revistas de fim-de-semana – mais ou menos simpático, mais ou menos bem vestido, mais ou menos preparado, mais ou menos inglês, técnico ou do outro, mais ou menos sensatez, mais ou menos coragem de decidir e por aí adiante.
A simplificação da realidade para consumo das massas enquanto novelização da “política” nunca esteve tão clara como nos dias que correm. As tais ideias, 3 ou 4 - mais que isso surge a indesejada complexidade, sem leitura para os papalvos, nós – têm que ser bem escolhidas. Por exemplo: 1ª ideia: Passos Coelho nada deve à dívida pública, é um inocente; 2ª ideia: é tão laico como Sócrates, não combaterá o aborto; 3º ideia: apesar de tão liberal quanto Sócrates até se colocará contra certas privatizações de sectores estratégicos, por exemplo os CTT e parte da Caixa; 4ª ideia: ao contrário de Sócrates não será um Chefe que faz o deserto à sua volta, pelo contrário, à sua volta rimarão as outras tendências, até os barões; E basta, cuidado com a saturação do espaço mediático. Tudo daqui, deste elenco ideal, se poderá inferir.
Projecto, programa, sistema articulado de propostas analítico-prospectivas para quê? A realidade depois dá-lhes a volta, ou não é assim com o mercado e mais os seus humores irracionais e bolsistas? E depois quem é que sabe fazer um programa com pés e cabeça? - Justamente o que não interessa porque é teórico e complica (e até pode revelar umas verdades mais insuportáveis que o Calvário da dívida, essa cruz que todos carregamos perante os novos romanos, os banqueiros a quem devemos e as suas empresas de rating – é assim não é, rating?) e o que é necessário é pragmatismo e eficácia. Andar para a frente. E há sempre aqueles chapéus de clarividência providente: “modernidade”, “desenvolvimento”, “progresso”, e até “cidadania”, e recuando um pouco “os portugueses conhecem-me”, que resulta sempre e é mais emotivo que dizer “somos europeus” – dizem que somos.
O povão, entre estes colossos homéricos das Beiras, só os vê a eles, mancha única, e com esta fulanização narrativa dramatizada da política obviamente que a realidade se esfuma – quem vê heróis, negativos e positivos, só vê a nuvem e do destino, do porvir, perde o fio e a meada, entra na cabotagem. Nada mais eficaz portanto do que a política espectáculo. E não será tanto o espectáculo em si, mas, antes os enredos que ligam os momentos espectaculares. Mais dramáticos e pessoais, menos dramáticos e mais aproximados do real, o que eles chamam de economia. Mesmo a economia está repleta, nas supostas análises permanentemente publicitadas via opinião em feudo próprio ao serviço do sistema, de terminologia psicológica: a confiança, como dizem, tornou-se um elemento chave das descrições da Crise centradas no batimento pendular e “cardíaco” desse monstro imprevisível chamado sistema bolsista, filho directo da soma da interacção das irracionalidades em confronto no tal mercado globalizado – a bolsa é um totobola dos muito ricos com bases seguras para quem tem a informação necessária na hora, mete muita espionagem e menos faro, embora pareça metade instinto – falo da costela jogo. É muita emoção junta e como sabemos chega a provocar suicídios em série – em 1929 foi assim, agora não se repetiu, foi menos dramático – eis uma tese de doutoramento.
O que estes senhores não prevêem é que a realidade não é dominável por baias de nenhum tipo e não se pode ocultar o que não se revela por fazê-lo táctica e tacanhamente, como não se pode prever o modo como de repente uma nova questão – e imprevista pois – toma conta dos fluxos diários de realidade virtualizada e objectiva na marcha coomum. Sabemos aliás que muito do que acontece hoje tem muito a ver com um aumento exponencial das imprevisibilidades, justamente por efeito da crise, essa tragédia multiplicadora de dramas e precariedades que são a fonte de maior imprevisível.
Creio, no entanto, que o problema do Passos vai ser o Coelho. E desse ele não se livra. Só com uma auto-mutilação nominal. Claro que dava mais jeito ao PSD que se chamasse Passos Jack ou mesmo Passos Carneiro. Ainda vão encontrar estranhas conexões no Coelho do Passos. Discutam isso no Congresso. Ele há mais um não é? Será o das quatro ideias?
FMR
Nessa narrativa há que injectar (como com o betão, é a “consistência ou credibilidade” em jogo de responsabilidade versus irresponsabilidade, os da economia e do mesmo, contra os que são supostamente da mudança e pelas pessoas) as 3 ou 4 ideias alimentadoras da ideia de que são ideias, justamente aquelas que podem render uma vitória, a vitória dessas ideias, já que ninguém se pode apresentar com o rosto da imparcialidade absoluta, ou da neutralidade, por muito que seja do tal centro – o centro não passa de uma ilusão fictícia e de um jogo em política, ou a própria política como emprego na medida em que no centro podemos estar sempre com uns e com outros. Ao centro virá até o Portas, que já lá esteve mais ou menos disfarçado e lá regressará quando for preciso.
Ora estamos portanto diante daquele absoluto do marketing político que ignora a realidade e que escolhe uma dada reformatação narrativa da ficção política (e da realidade, cujos aspectos relevantes se tornam mais ou menos visíveis e assim usados conforme convenha à conjuntura narrativa) como novela, de modo a que, nessa narrativa enquadrada pelas 3/4 ideias causas, Passos Coelho possa derrotar José Sócrates por ser melhor e mais capaz naquela definição da luta de galos que passa pelos perfis das revistas de fim-de-semana – mais ou menos simpático, mais ou menos bem vestido, mais ou menos preparado, mais ou menos inglês, técnico ou do outro, mais ou menos sensatez, mais ou menos coragem de decidir e por aí adiante.
A simplificação da realidade para consumo das massas enquanto novelização da “política” nunca esteve tão clara como nos dias que correm. As tais ideias, 3 ou 4 - mais que isso surge a indesejada complexidade, sem leitura para os papalvos, nós – têm que ser bem escolhidas. Por exemplo: 1ª ideia: Passos Coelho nada deve à dívida pública, é um inocente; 2ª ideia: é tão laico como Sócrates, não combaterá o aborto; 3º ideia: apesar de tão liberal quanto Sócrates até se colocará contra certas privatizações de sectores estratégicos, por exemplo os CTT e parte da Caixa; 4ª ideia: ao contrário de Sócrates não será um Chefe que faz o deserto à sua volta, pelo contrário, à sua volta rimarão as outras tendências, até os barões; E basta, cuidado com a saturação do espaço mediático. Tudo daqui, deste elenco ideal, se poderá inferir.
Projecto, programa, sistema articulado de propostas analítico-prospectivas para quê? A realidade depois dá-lhes a volta, ou não é assim com o mercado e mais os seus humores irracionais e bolsistas? E depois quem é que sabe fazer um programa com pés e cabeça? - Justamente o que não interessa porque é teórico e complica (e até pode revelar umas verdades mais insuportáveis que o Calvário da dívida, essa cruz que todos carregamos perante os novos romanos, os banqueiros a quem devemos e as suas empresas de rating – é assim não é, rating?) e o que é necessário é pragmatismo e eficácia. Andar para a frente. E há sempre aqueles chapéus de clarividência providente: “modernidade”, “desenvolvimento”, “progresso”, e até “cidadania”, e recuando um pouco “os portugueses conhecem-me”, que resulta sempre e é mais emotivo que dizer “somos europeus” – dizem que somos.
O povão, entre estes colossos homéricos das Beiras, só os vê a eles, mancha única, e com esta fulanização narrativa dramatizada da política obviamente que a realidade se esfuma – quem vê heróis, negativos e positivos, só vê a nuvem e do destino, do porvir, perde o fio e a meada, entra na cabotagem. Nada mais eficaz portanto do que a política espectáculo. E não será tanto o espectáculo em si, mas, antes os enredos que ligam os momentos espectaculares. Mais dramáticos e pessoais, menos dramáticos e mais aproximados do real, o que eles chamam de economia. Mesmo a economia está repleta, nas supostas análises permanentemente publicitadas via opinião em feudo próprio ao serviço do sistema, de terminologia psicológica: a confiança, como dizem, tornou-se um elemento chave das descrições da Crise centradas no batimento pendular e “cardíaco” desse monstro imprevisível chamado sistema bolsista, filho directo da soma da interacção das irracionalidades em confronto no tal mercado globalizado – a bolsa é um totobola dos muito ricos com bases seguras para quem tem a informação necessária na hora, mete muita espionagem e menos faro, embora pareça metade instinto – falo da costela jogo. É muita emoção junta e como sabemos chega a provocar suicídios em série – em 1929 foi assim, agora não se repetiu, foi menos dramático – eis uma tese de doutoramento.
O que estes senhores não prevêem é que a realidade não é dominável por baias de nenhum tipo e não se pode ocultar o que não se revela por fazê-lo táctica e tacanhamente, como não se pode prever o modo como de repente uma nova questão – e imprevista pois – toma conta dos fluxos diários de realidade virtualizada e objectiva na marcha coomum. Sabemos aliás que muito do que acontece hoje tem muito a ver com um aumento exponencial das imprevisibilidades, justamente por efeito da crise, essa tragédia multiplicadora de dramas e precariedades que são a fonte de maior imprevisível.
Creio, no entanto, que o problema do Passos vai ser o Coelho. E desse ele não se livra. Só com uma auto-mutilação nominal. Claro que dava mais jeito ao PSD que se chamasse Passos Jack ou mesmo Passos Carneiro. Ainda vão encontrar estranhas conexões no Coelho do Passos. Discutam isso no Congresso. Ele há mais um não é? Será o das quatro ideias?
FMR
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sexta-feira, 12 de março de 2010
Da Capital do Império
Alguém disse uma vez. Já não sei quem:
“Qualquer pessoa que tenha estado envolvida numa causa política - e coitado daquele que não tenha estado – conhece as pressões que o ardor político causa à honestidade intelectual. Quando se separa o universo em partes e se escolheu uma das partes, o melhor sinal de honestidade intelectual são as expressões de compreensão pelo outro lado e de antipatia pelo seu próprio lado”.
Tomei nota. Há muito tempo. Mas não tomei nota de quem o disse.
Abraços,
Da capital do Império
Jota Esse Erre
“Qualquer pessoa que tenha estado envolvida numa causa política - e coitado daquele que não tenha estado – conhece as pressões que o ardor político causa à honestidade intelectual. Quando se separa o universo em partes e se escolheu uma das partes, o melhor sinal de honestidade intelectual são as expressões de compreensão pelo outro lado e de antipatia pelo seu próprio lado”.
Tomei nota. Há muito tempo. Mas não tomei nota de quem o disse.
Abraços,
Da capital do Império
Jota Esse Erre
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terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Sinais
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sábado, 6 de dezembro de 2008
sábado, 29 de novembro de 2008
terça-feira, 30 de setembro de 2008
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Mais do que máquinas precisamos de humanidade !!
"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar todos, se possível, judeus, gentios… negros… brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo, não para o seu infortúnio. Por que temos de nos odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da produção veloz, mas sentimo-nos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Os nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; a nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido."
Charles Chaplin
Discurso proferido no final do filme “O Grande Ditador”
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo, não para o seu infortúnio. Por que temos de nos odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da produção veloz, mas sentimo-nos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Os nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; a nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido."
Charles Chaplin
Discurso proferido no final do filme “O Grande Ditador”
domingo, 28 de setembro de 2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Viena 2008, em memória a Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) Foto:g.ludovice
“If I accept you as you are, I will make you worse; however if I treat you as though you are what you are capable of becoming, I help you become that”
Goethe
A isso se chama em urbanismo, a imaginar o futuro. No amor, a apostar na construção de sentidos. Na educação, a conceber a diferença entre a potência e o acto. Na poesia, a embalar o mais além ao colo. Na vida, a empurrar a morte que também se apelida de cristalização. Na política portuguesa, a conceber a usurpação de direitos básicos aos cidadãos.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Eduardo Prado Coelho: a visão política do Mundo
" Para Milner, a palavra Revolução designa a ideia de uma conjunção entre os gestos de rebelião e a actividade do pensamento, ambos levados ao extremo . Isto desenha um mundo cujo princípio de visibilidade reside na política. A palavra " política " abandona o seu sentido clássico( teoria dos agrupamentos e da governabilidade) para passar a indicar uma teoria da conjunção rebelião/ pensamento, que vai funcionar, sobretudo para artistas e intelectuais, como pólo de atracção absorvente e exclusivo.
" Qual o primeiro axioma desta visão política do Mundo? O seguinte: um pensamento tem sempre efeitos materiais. E o segundo axioma? Este: o único efeito material verdadeiramente digno desse nome é o da rebelião. Para Milner, esta ideia de Revolução vai articular-se com os princípios inerentes ao universo de Galileu: se o universo não admite exterior, os efeitos materiais só podem ter causas materiais, e portanto a efectividade do pensamento, a sua capacidade de produzir efeitos, só pode vir de uma força material que lhe seja interna. Esta força é a Rebelião. Marx virá apenas matematizar a teoria, definindo os princípios matemáticos da conjunção.
" No registo da conjunção, a política é a ética e a ética é a política. As doutrinas recentes trouxeram a este dispositivo duas inovações; se só há ética pela política, então só há ética através da rebelião; e por outro lado só há máximo enquanto máximo infinito. Assim, " os máximos do pensamento e da acção são infinitos.O nome desse infinito através do qual a conjunção se realiza é a liberdade ".
In E.P. Coelho," Tudo o que não escrevi" , vol.II. Edit. Asa.( Sobre um livro admirável de Jean-Claude Milner, filósofo e linguista, " Constat"( editions Verdier, a dos sartreanos…)
FAR
" Qual o primeiro axioma desta visão política do Mundo? O seguinte: um pensamento tem sempre efeitos materiais. E o segundo axioma? Este: o único efeito material verdadeiramente digno desse nome é o da rebelião. Para Milner, esta ideia de Revolução vai articular-se com os princípios inerentes ao universo de Galileu: se o universo não admite exterior, os efeitos materiais só podem ter causas materiais, e portanto a efectividade do pensamento, a sua capacidade de produzir efeitos, só pode vir de uma força material que lhe seja interna. Esta força é a Rebelião. Marx virá apenas matematizar a teoria, definindo os princípios matemáticos da conjunção.
" No registo da conjunção, a política é a ética e a ética é a política. As doutrinas recentes trouxeram a este dispositivo duas inovações; se só há ética pela política, então só há ética através da rebelião; e por outro lado só há máximo enquanto máximo infinito. Assim, " os máximos do pensamento e da acção são infinitos.O nome desse infinito através do qual a conjunção se realiza é a liberdade ".
In E.P. Coelho," Tudo o que não escrevi" , vol.II. Edit. Asa.( Sobre um livro admirável de Jean-Claude Milner, filósofo e linguista, " Constat"( editions Verdier, a dos sartreanos…)
FAR
domingo, 30 de março de 2008
Toni Negri: “Um só combate político vale a pena ser travado: o do amor contra o egoísmo”
A pedido de várias famílias de combatentes e entusiastas pela descoberta de conceitos e de modus-operandi, retomamos de novo a expressão de mais algumas das ideias-força de Toni Negri, o ultra-radical pensador e agitador politico italiano. Ao longo dos dois anos e picos do Blogue, Negri ocupou sempre um lugar de destaque, que não deve ser despromovido ou censurado. Houve já sucesso para o nosso Blogue, com a impressão no Google do artigo-em-cima do acontecimento sobre o último livro de Alain Badiou, “Petit panthéon portatif”, como já tinha sido inserido uma tradução de Bakunine. São coisas que dão força e vitalidade ao 2+2=5, e que importa tentar multiplicar. Para a felicidade de todos nós, claro!
* “A história da filosofia é uma espécie de teologia, uma construção abstracta. Ninguém se liga a uma tradição. Vive-se, muda-se, é tudo”.
* “Espinoza é o primeiro filósofo a fornecer um quadro materialista à existência humana”.
* “Não sejamos hipócritas: a violência, mesmo ilegal, existe também nas instituições e no conjunto das relações sociais”.
* "Os conceitos de povo, de proletariado e de classes sociais estão caducos. Correspondiam a certas realidades históricas hoje desaparecidas. A ideia de Povo estava ligada ao Estado-Nação; a de Proletariado ao desenvolvimento industrial do séc. XIX".
* "Antigamente, a exploração capitalista incidia sobre a força bruta de trabalho dos operários e o sítio dessa exploração era a fábrica/atelier. Hoje, são as aptidões intelectuais e as necessidades afectivas que são exploradas. Não são mais as fábricas mas as cidades-metrópoles – nas quais vivem agora mais de metade da humanidade - que representam o tecido produtivo. Num certo sentido, a exploração tal qual a vivemos nas cidades-metrópoles de hoje, é pior que a precedente porque nunca existe repouso. Quando se trabalha com a inteligência ou os afectos, estamos ao serviço 24-horas-sobre-24".
* "Robinson Crusöe nunca existiu, nem existirá. Ninguém consegue viver isolado. As singularidades funcionam em rede. Partilham a mesma vida. Vivemos numa comunidade exposta e espontânea, que criamos sem cessar".
* "Contra o transcendentalismo dos Modernos, a importância do comum foi sublinhada por outros filósofos muito importantes para mim, que são Maquiavel, Marx e Espinosa. Em Maquiavel, o papel não só do povo como o dos pobres, é muito importante para a construção de uma República, não só justa como forte. Há uma certa continuidade entre Maquiavel e Espinosa nesse ponto. Espinosa mostrando que a multitude - classe, grupo livre - nunca se imobiliza, pois, vai-se sempre realizando".
FAR
* “A história da filosofia é uma espécie de teologia, uma construção abstracta. Ninguém se liga a uma tradição. Vive-se, muda-se, é tudo”.
* “Espinoza é o primeiro filósofo a fornecer um quadro materialista à existência humana”.
* “Não sejamos hipócritas: a violência, mesmo ilegal, existe também nas instituições e no conjunto das relações sociais”.
* "Os conceitos de povo, de proletariado e de classes sociais estão caducos. Correspondiam a certas realidades históricas hoje desaparecidas. A ideia de Povo estava ligada ao Estado-Nação; a de Proletariado ao desenvolvimento industrial do séc. XIX".
* "Antigamente, a exploração capitalista incidia sobre a força bruta de trabalho dos operários e o sítio dessa exploração era a fábrica/atelier. Hoje, são as aptidões intelectuais e as necessidades afectivas que são exploradas. Não são mais as fábricas mas as cidades-metrópoles – nas quais vivem agora mais de metade da humanidade - que representam o tecido produtivo. Num certo sentido, a exploração tal qual a vivemos nas cidades-metrópoles de hoje, é pior que a precedente porque nunca existe repouso. Quando se trabalha com a inteligência ou os afectos, estamos ao serviço 24-horas-sobre-24".
* "Robinson Crusöe nunca existiu, nem existirá. Ninguém consegue viver isolado. As singularidades funcionam em rede. Partilham a mesma vida. Vivemos numa comunidade exposta e espontânea, que criamos sem cessar".
* "Contra o transcendentalismo dos Modernos, a importância do comum foi sublinhada por outros filósofos muito importantes para mim, que são Maquiavel, Marx e Espinosa. Em Maquiavel, o papel não só do povo como o dos pobres, é muito importante para a construção de uma República, não só justa como forte. Há uma certa continuidade entre Maquiavel e Espinosa nesse ponto. Espinosa mostrando que a multitude - classe, grupo livre - nunca se imobiliza, pois, vai-se sempre realizando".
FAR
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terça-feira, 18 de março de 2008
Alain Badiou: Sabotemos o cálice das paixões tristes (1)
O novo livro de Alain Badiou, “Petit panthéon portatif”, que acaba de ser publicado em França, pelas edições “La Fabrique”, Paris, exorta e convida, como o estabeleceu, “definitivamente, Platão, que é a partir da Verdade, declinada se for preciso como Belo ou Bem, que se origina toda a paixão lícita e toda a criatividade de irradiação universal”. E pensar e sentir com Espinosa, acrescenta o autor de “O Ser e o Acontecimento”, que “só os homens livres são muito reconhecidos”. E lembra que para Deleuze, “o pensamento não é senão outra coisa que uma incandescente exposição face ao infinito caótico, no Cosmos”.
Assumidos estes tópicos éticos, Badiou avança, muita vezes evocando os seus tempos de aluno da ENS Rue d´Ulm, para as suas homenagens (com perspectiva crítica) aos mestres e colegas de uma época de ouro do pensamento francês, 1960/80: Georges Canguilhelm, Jean Hyppolite (o grande tradutor de Hegel, lido fervorosamente na Alemanha), Louis Althusser (prof e cúmplice na ENS: “A filosofia é a instância de apelação imanente dos fracassos da política”) e Jean-Paul Sartre (“A Esquerda Proletária(GP) não tinha senão esta palavra de ordem: Temos razão em nos revoltar. A “Crítica da Razão Dialéctica", constitui a razão dessa razão”…).
No que se refere aos seus colegas e, amiúde, contraditores, como Foucault, Deleuze, Lyotard, por exemplo, os textos de Badiou prolongam polémicas acerbas ou esbatem diferenças assimiladas. De grande nível, intensidade conceptual e filosófica. Sobre Lyotard e o seu irremediável cepticismo, Badiou escreve: “Como resistir sem o marxismo, isto é,sem sujeito histórico objectivo, e mesmo, como ele o afirma, sem finalidades determinadas?”. E aprofunda em páginas muito densas o seu pensamento: “A política não se estabelece com o poder, pertence à ordem do pensamento. Não visa a transformação, mas sim, a criação de possibilidades anteriormente informuláveis. Não se deduz a partir de situações, porque as deve determinar à partida".
“Até à mais extrema das consequências , diz Lyotard. Este princípio: agarrar a consequência, mesmo se for julgada extrema pela opinião corrente, é filosoficamente crucial. Isso é a meu ver, a lei essencial de uma verdade qualquer. Porque toda a verdade se tece de consequências extremas. Não existe verdade senão for extrema”, frisa.
Sobre Deleuze, num texto muito belo e profundo, sinaliza: “Com o esvaziamento de todo o pensamento da finitude (fim da metafísica, fim das ideologias, fim das narrativas, fim das revoluções…) Deleuze confronta a convicção : nada é interessante que não seja afirmativo. A crítica, os limites, as fraquezas, os fins, a modéstia, tudo isso não se equivale a uma só afirmação Verdadeira”. ( Continua)
FAR
Assumidos estes tópicos éticos, Badiou avança, muita vezes evocando os seus tempos de aluno da ENS Rue d´Ulm, para as suas homenagens (com perspectiva crítica) aos mestres e colegas de uma época de ouro do pensamento francês, 1960/80: Georges Canguilhelm, Jean Hyppolite (o grande tradutor de Hegel, lido fervorosamente na Alemanha), Louis Althusser (prof e cúmplice na ENS: “A filosofia é a instância de apelação imanente dos fracassos da política”) e Jean-Paul Sartre (“A Esquerda Proletária(GP) não tinha senão esta palavra de ordem: Temos razão em nos revoltar. A “Crítica da Razão Dialéctica", constitui a razão dessa razão”…).
No que se refere aos seus colegas e, amiúde, contraditores, como Foucault, Deleuze, Lyotard, por exemplo, os textos de Badiou prolongam polémicas acerbas ou esbatem diferenças assimiladas. De grande nível, intensidade conceptual e filosófica. Sobre Lyotard e o seu irremediável cepticismo, Badiou escreve: “Como resistir sem o marxismo, isto é,sem sujeito histórico objectivo, e mesmo, como ele o afirma, sem finalidades determinadas?”. E aprofunda em páginas muito densas o seu pensamento: “A política não se estabelece com o poder, pertence à ordem do pensamento. Não visa a transformação, mas sim, a criação de possibilidades anteriormente informuláveis. Não se deduz a partir de situações, porque as deve determinar à partida".
“Até à mais extrema das consequências , diz Lyotard. Este princípio: agarrar a consequência, mesmo se for julgada extrema pela opinião corrente, é filosoficamente crucial. Isso é a meu ver, a lei essencial de uma verdade qualquer. Porque toda a verdade se tece de consequências extremas. Não existe verdade senão for extrema”, frisa.
Sobre Deleuze, num texto muito belo e profundo, sinaliza: “Com o esvaziamento de todo o pensamento da finitude (fim da metafísica, fim das ideologias, fim das narrativas, fim das revoluções…) Deleuze confronta a convicção : nada é interessante que não seja afirmativo. A crítica, os limites, as fraquezas, os fins, a modéstia, tudo isso não se equivale a uma só afirmação Verdadeira”. ( Continua)
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domingo, 16 de março de 2008
Breaking News Breaking News
Alain Badiou homenageia os seus mestres
“Petit panthéon portatif”, é o título geral de um panfleto subversivo de luta contra a falsificação teórica, o abuso da especulação mediática e as deletérias e sinistras dominações políticas. Trata-se de uma recolha de textos de homenagem e crítica aos mestres e colegas desaparecidos, realizada superiormente por Alain Badiou. Ultrapassando o estigma da circunstância e da emoção pura, o guru da Ultra-Gauche francesa e mundial confronta e ilumina os traços fundamentais do pensamento de Deleuze, Foucault, Lyotard, Derrida e Françoise Proust, entre muitos outros. Trata-se de um conjunto absolutamente genial de hipóteses e de cartografia de conceitos operacionais e não estáticos. Dada a singularidade do acontecimento, alertamos para o valor incalculável deste projecto, desde já. Vamos analisar e detalhar a estratégia transformativa do trabalho, nos dias que se irão suceder. O livro foi posto, hoje, à venda em França: La Fabrique Éditions, Paris.
FAR
“Petit panthéon portatif”, é o título geral de um panfleto subversivo de luta contra a falsificação teórica, o abuso da especulação mediática e as deletérias e sinistras dominações políticas. Trata-se de uma recolha de textos de homenagem e crítica aos mestres e colegas desaparecidos, realizada superiormente por Alain Badiou. Ultrapassando o estigma da circunstância e da emoção pura, o guru da Ultra-Gauche francesa e mundial confronta e ilumina os traços fundamentais do pensamento de Deleuze, Foucault, Lyotard, Derrida e Françoise Proust, entre muitos outros. Trata-se de um conjunto absolutamente genial de hipóteses e de cartografia de conceitos operacionais e não estáticos. Dada a singularidade do acontecimento, alertamos para o valor incalculável deste projecto, desde já. Vamos analisar e detalhar a estratégia transformativa do trabalho, nos dias que se irão suceder. O livro foi posto, hoje, à venda em França: La Fabrique Éditions, Paris.
FAR
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domingo, 9 de março de 2008
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Uma campanha (muito) tristonha…
«A micro-política do desejo está a varrer tudo e todos. Os próprios “tenores” da actualidade, de todos os tipos e feitios, estão a ficar regularmente atrás dos acontecimentos.» F.Guattari
Categorias normativas do pensamento sociólogico desfeitas? Bom senso “moral” a meter água por todos os lados? Crescendo da especulação sem rede e apogeu da Sociedade do Espectáculo com efeitos letais e unidimensionais? Vamos puxar pelo pensar, sem ocultar nada: “O tempo é a alienação necessária, como o mostrava Hegel, o meio no qual o sugeito se realiza perdendo-se, tornando-se outro para se tornar a verdade de si mesmo. Mas o seu contrário é justamente a alienação dominante, que é suportada pelo produtor dum presente estranho,” (G. Debord, in La Société du Spetacle).
O semanário “Sexta” anunciava na sua última edição, que existe um regresso em força dos comentadores políticos às diferentes Televisões. António Barreto e Miguel de Sousa Tavares aparecem quase de acordo no diagnóstico: “Comentário político há muito na televisão. Por vezes até de mais. Debate de ideias, sério, construtivo, é que não há”. MST e Marcelo R. S. também tombam de acordo: “Comentadores não devem ser politicos no activo".
A questão da telegenia e do a-vontade frente às câmaras preocupa MR Sousa. Barreto fazia caretas medonhas na Sic, no tempo da Terça-Feira à Noite, emissão política pioneira na primeira TV independente portuguesa. E como profissional do Espaço Público de Informação, em todos os tabuleiros, MR Sousa alude aos comentadores que “operam” na Net, na TV e na Imprensa escrita. “É uma opção difícil a escolha de onde e a quem dar as declarações mais fortes”, frisa.
MR Sousa não perde o fôlego e atira: “O Pacheco Pereira é um caso invulgar de imaginação, ele é o único profissional do comentário em Portugal, e por isso pode estar em quatro sítios ao mesmo tempo e ter sempre assunto”. No entanto, a preferência de M R Sousa é outra.: “O que gosto mais é do Vasco Pulido Valente, que é o mais brilhante, mas tenho que reconhecer que o mais completo é o Pacheco Pereira-pesquisa, arquiva,digere, divulga”. Justamente, VP Valente está a fazer 30 anos de ininterrupta escrita/comentário politico nos jornais. FP Balsemão, aconselhado por certo por FS Carneiro, deu-lhe a primeira página do Expresso para comentário, a partir de 19 Setembro de 1977. Início de uma carreira fulgurante, singular e magistral: mesmo quando não se está de acordo com ele, a inteligência, a audácia e o timbre ou grão da escrita são superlativos e inconfundíveis. E eu participei com pseudónimo nas barricadas do blogue Espectro, em 2004, que VPV e CC e Sá realizaram durante algumas semanas memoráveis…
FAR
Categorias normativas do pensamento sociólogico desfeitas? Bom senso “moral” a meter água por todos os lados? Crescendo da especulação sem rede e apogeu da Sociedade do Espectáculo com efeitos letais e unidimensionais? Vamos puxar pelo pensar, sem ocultar nada: “O tempo é a alienação necessária, como o mostrava Hegel, o meio no qual o sugeito se realiza perdendo-se, tornando-se outro para se tornar a verdade de si mesmo. Mas o seu contrário é justamente a alienação dominante, que é suportada pelo produtor dum presente estranho,” (G. Debord, in La Société du Spetacle).
O semanário “Sexta” anunciava na sua última edição, que existe um regresso em força dos comentadores políticos às diferentes Televisões. António Barreto e Miguel de Sousa Tavares aparecem quase de acordo no diagnóstico: “Comentário político há muito na televisão. Por vezes até de mais. Debate de ideias, sério, construtivo, é que não há”. MST e Marcelo R. S. também tombam de acordo: “Comentadores não devem ser politicos no activo".
A questão da telegenia e do a-vontade frente às câmaras preocupa MR Sousa. Barreto fazia caretas medonhas na Sic, no tempo da Terça-Feira à Noite, emissão política pioneira na primeira TV independente portuguesa. E como profissional do Espaço Público de Informação, em todos os tabuleiros, MR Sousa alude aos comentadores que “operam” na Net, na TV e na Imprensa escrita. “É uma opção difícil a escolha de onde e a quem dar as declarações mais fortes”, frisa.
MR Sousa não perde o fôlego e atira: “O Pacheco Pereira é um caso invulgar de imaginação, ele é o único profissional do comentário em Portugal, e por isso pode estar em quatro sítios ao mesmo tempo e ter sempre assunto”. No entanto, a preferência de M R Sousa é outra.: “O que gosto mais é do Vasco Pulido Valente, que é o mais brilhante, mas tenho que reconhecer que o mais completo é o Pacheco Pereira-pesquisa, arquiva,digere, divulga”. Justamente, VP Valente está a fazer 30 anos de ininterrupta escrita/comentário politico nos jornais. FP Balsemão, aconselhado por certo por FS Carneiro, deu-lhe a primeira página do Expresso para comentário, a partir de 19 Setembro de 1977. Início de uma carreira fulgurante, singular e magistral: mesmo quando não se está de acordo com ele, a inteligência, a audácia e o timbre ou grão da escrita são superlativos e inconfundíveis. E eu participei com pseudónimo nas barricadas do blogue Espectro, em 2004, que VPV e CC e Sá realizaram durante algumas semanas memoráveis…
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Segredo desvendado
Caros Josina MacAdam e irmão:
A verdade tão perto e vós que não atinais. Terão talvez de reforçar a dose de Fósforo Ferrero... a droga de eleição noutros tempos.
Não têm quaisquer motivos para se sentirem “desonrados” com o comportamento do pater familia. Muito pelo contrário.
Ao contrário dos outros superheróis cuja proeminência decorre de acidentes estranhos- por exemplo, Spiderman é o Peter Parker mordido por uma aranha radioactiva-, fortuitos e involuntários, o ethos vigilante do SuperViggi é deliberado e construído. Coloca-se uma ‘pedra’ na boca e aguarda-se pelo início da ronda. Vigiando e punindo camisas negras e de outras cores, comunistas e outros inimigos da liberdade, entre os mais recentes e daninhos os ‘Chavistas’, novos filhos da puta, “Putinistas”.
Quanto à benigna rusga dita “socrática”, estou certo que o seu propósito era o de promover os Direitos, Liberdades e Garantias. Pelo que não estranho o sorriso de beatitude- também dito ‘agostiniano charrado’- do SuperViggi.
Cara Josina, comungo da sua saudação à Democracia, mas pode pousar os Grandes Códigos. O Direito não se aplica aos SuperHeróis. Veja o que diz Aristóteles sobre o Batman: “There are men so godlike, so exceptional, that they naturally, by right of their extraordinary gifts (no caso, ter ido ao Café Central da P…) transcend all moral judgment or constitutional control”.
Portanto, minha cara, quando deparar com uma operação policial, lembre-se que eles estão sujeitos à lei e ignoram que estão presos. Nosotros, os SuperViggis gozamos de uma ordem mais elevada de legitimidade.
“There is no law which embraces men of that calibre: They are themeselves the Law”. A propósito, não há aí nada para fumar?
JSP
A verdade tão perto e vós que não atinais. Terão talvez de reforçar a dose de Fósforo Ferrero... a droga de eleição noutros tempos.
Não têm quaisquer motivos para se sentirem “desonrados” com o comportamento do pater familia. Muito pelo contrário.
Ao contrário dos outros superheróis cuja proeminência decorre de acidentes estranhos- por exemplo, Spiderman é o Peter Parker mordido por uma aranha radioactiva-, fortuitos e involuntários, o ethos vigilante do SuperViggi é deliberado e construído. Coloca-se uma ‘pedra’ na boca e aguarda-se pelo início da ronda. Vigiando e punindo camisas negras e de outras cores, comunistas e outros inimigos da liberdade, entre os mais recentes e daninhos os ‘Chavistas’, novos filhos da puta, “Putinistas”.
Quanto à benigna rusga dita “socrática”, estou certo que o seu propósito era o de promover os Direitos, Liberdades e Garantias. Pelo que não estranho o sorriso de beatitude- também dito ‘agostiniano charrado’- do SuperViggi.
Cara Josina, comungo da sua saudação à Democracia, mas pode pousar os Grandes Códigos. O Direito não se aplica aos SuperHeróis. Veja o que diz Aristóteles sobre o Batman: “There are men so godlike, so exceptional, that they naturally, by right of their extraordinary gifts (no caso, ter ido ao Café Central da P…) transcend all moral judgment or constitutional control”.
Portanto, minha cara, quando deparar com uma operação policial, lembre-se que eles estão sujeitos à lei e ignoram que estão presos. Nosotros, os SuperViggis gozamos de uma ordem mais elevada de legitimidade.
“There is no law which embraces men of that calibre: They are themeselves the Law”. A propósito, não há aí nada para fumar?
JSP
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