A ex-candidata presidencial lançou campanha de inscrições da sua facção, Desejos de Futuro, sigla-sic, e pode atiçar contra si a unidade de todas as outras tendências e do aparelho ainda controlado pelo antigo companheiro.
Será de vitalidade ou de abatimento congénito e irremediável a imagem política de um PS destroçado por duas derrotas eleitorais consecutivas? Tudo isto apesar de Sego ter obtido quase 17 milhões de votos e vencido nas cidades mais importantes, Paris inclusive. Ora, a refundação da Esquerda está cada vez mais na agenda de todos os que abraçam o socialismo democrático, que a Mundialização tem forçado a sangrentas revisões e capitulações. Mas assiste-se a um forcing melodramático de Ségolène para se postular candidata à liderança dos socialistas e realizar a renovação inadiável. Só que as outras três tendências arregimentadas decidiram bloquear todo o processo de antecipação do Congresso.
As fragilidades tácticas da antiga candidata presidencial e o peso do aparelho socialista chefiado pelo seu antigo companheiro, cuja separação deu origem a uma maré impressionante de intrigas porno-jornalísticas, determinaram o bloqueamento do início de uma nova "conquista", desta feita definitiva e sólida, do partido por parte do estado-maior de Ségo, onde se juntaram todos os ressabiados dos últimos 10 anos dos consulados de Jospin e Hollande. Strauss-Khan e Laurent Fabius, os outros tenores das tendências alternativas, fazem de " mula" e aproveitam a " boleia" para minar a rival.
O "aparelho" controlado por Hollande parece ter conseguido perfilar o apoio dos "irmãos-inimigos" e aprovar um " roteiro " político até às Municipais, em Março do próximo ano. O que põe em perigo toda a estratégia de Sego para conquistar, a quente, o comando do partido. Quanto antes, melhor, era o seu desejo...de futuro. As contas saíram-lhe erradas e ninguém se atreve a ver a luz ao fundo do túnel nesta batalha de egos...Uma tarefa titânica depara-se aos herdeiros de Marx, Blum e Jaurès ... que são tentados pela fuga para diante e esvaziarem de vez todas as veleidades alternativas à direita caterpillar de Sarkozy.
Num texto publicado no Libération, clicar aqui, o sociólogo Fréderic Sawicki, na peugada de Laidi, portanto, revela o mapa eleitoral francês depois das presidenciais deste modo: " Os novos aderentes são na sua esmagadora maioria oriundos das classes médias e médias superiores, super-diplomados e citadinos. Existem poucos empregados, operários e pequenos funcionários. O partido tem também muita dificuldade em colocar em lugares elegíveis candidatos oriundos da emigração. A não serem " pára-quedistas ", que deparam in loco com grandes resistências. A UMP, partido sarkozista, muito mais centralizado, tem muito menos problemas a impor os seus candidatos nas instâncias locais ".
FAR