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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Itália: debole perspectiva para Legislativas do Week-End

Morosidade, desconfiança e desmobilização na campanha eleitoral para as Legislativas em Itália.
O famoso e especulativo avanço nas sondagens do novo partido de Silvio Berlusconi, o PDL, parece ter diminuído. Apesar disso, o líder do Partido Democrático, Walter Veltroni, tem continuado a fazer a sua campanha moderada em autocarro. Os observadores políticos avançam a medo com a hipótese de uma Grande Coligação. Por isso, Berlu baixou para níveis muito moderados as suas críticas à Esquerda e, facto único, vai dizendo que "será preciso fazer muitos sacrifícios para pôr a casa em ordem". Veltroni tenta fazer esquecer os 2O surrealistas meses de Romani Prodi, de forma a fazer das fraquezas força, como é curial. O sistema eleitoral, não satisfaz ninguém e pode deixar tudo como está: ausência de maiorias estáveis e duradouras: 35 por cento dos eleitores ainda estão indecisos…

A crise política italiana, a entrar no seu ritmo de cruzeiro já com dez anos, deixa atónitos e desmobilizados os militantes políticos de todo o espectro partidário. A grande revista norte-americana, a Newsweek, próxima do NY Times, fez recentemente uma monstruosa fotomontagem com as caras dos dois líderes, a que chamou de "Veltrusconi", a caminhar para abrir espaço político à hipótese de surgimento de uma Grande Coligação. A hipótese tem sido mais ventilada pelo campo da direita do que pelo novíssimo Partido Democrático. Et pour cause…

As fanfarronices e o bluff inverosímil de Silvio Berlusconi transmutaram-se num discurso suave e didáctico, a revelar dúvida e inquietação. O célebre polietileno, Giovanni Sartori, não tem poupado críticas a Veltroni pela " aceitação " mole da táctica do líder da Direita. Berlusconi sabe das sondagens que se estreitam dia apòs dia. A última dava-lhe um reduzido avanço no Senado, a par de uma maioria mais confortável no Parlamento. Mas tudo será muito frágil e perigoso, claro.

Se Massimo Cacciari, edil de Veneza, afirma alto e bom som, que não "existem grandes diferenças ideológicas" entre os programas dos dois blocos, pois, frisa, ambos preconizam um capitalismo moderno e clean, o politólogo Paul Ginsbourg, da Universidade de Florença, que recentemente publicou um livro sobre o Sistema Berlusconi, defende a tese de que a Esquerda italiana faz mal " em fechar os olhos " ao estilo nepotista, negocista e "turvo" legalmente do líder do bloco da direita. "A esquerda tem ocultado tudo isso. O que, por certo, lhe vai custar muito caro, a longo prazo". Sabe-se, entretanto, que Veltroni já disse que o juíz anti-corrupção, Antonio Di Pietro, não iria ser seu ministro da Justiça…

FAR

terça-feira, 4 de março de 2008

Itália: Ensaio de bipartidarismo pode laminar Berlusconi-III

Este magnífico artigo de Marc Lazar, um exemplar notável da cooperação intelectual franco-italiana, anuncia que o o novel Partido Democrático, de centro-esquerda, dirigido pelo edil de Roma, Walter Veltroni, tem ainda chances de derrotar nas urnas Berlusconi-III, o metamorfoseado reunificador da direita italiana, polarizada de força no recém-criado Partido das Liberdades (PDL). O marasmo estrutural que sacode a vida económica e social italiana pode terminar: os dois líderes fazem questão em subscrever as principais questões do Regime: processo eleitoral, modernização da Justiça e a modernização do assimétrico modelo industrial transalpino.

Se Prodi se deixou minar pela coligação Arco-Íris, do Centro à extrema-esquerda e verdes, Veltroni decidiu, tão-só, coligar-se com o justiceiro procurador António di Pietro, que tanto ajudou na descriminalização do aparelho de Estado tricolor nos anos 90. Berlusconi III só poderá enganar os incautos e os vencidos da modernização, apesar da chuva de promessas mirabolantes que difunde para o pequeno empresário, o profissional liberal desorientado e os comerciantes em perda de lucro por
inépcia em lidar com a mundialização.

"Cela signifie-t-il que le résultat du scrutin est écrit d’avance ? Non, et c’est là la nouveauté. L’Italie amorce peut-être sa normalisation après plus d’une décennie de transition.
Le changement provient de la naissance du Parti démocratique (PD), issu entre autres de la fusion des ex-communistes et de centristes. Le succès des élections primaires du 14 octobre dernier a mis sur orbite le nouveau parti - encore mal défini - et donné une légitimité populaire à son secrétaire, Walter Veltroni. Celui-ci se forge la stature d’un dirigeant responsable et relativement jeune (en dépit de son long passé de militance). Il affiche sa différence avec Prodi, qui a jeté l’éponge, et, habile communicateur, met Berlusconi en difficulté, voire le ringardise. Il a toutefois refusé de fonder l’identité du PD sur l’antiberlusconisme afin de décrisper la vie publique. Il s’est efforcé de rechercher un accord avec Berlusconi sur la loi électorale de type plutôt majoritaire, et, malgré son échec, il a continué de défendre ce principe. Enfin, Veltroni a élaboré une stratégie autonome. Prenant acte du décès du centre gauche, quasi incapable de gouverner, le PD coupe net les ponts avec la gauche radicale et se présente seul aux élections, ne signant qu’un accord d’apparentement avec le parti de l’ex-juge Di Pietro. Le calcul est risqué avec une loi électorale qui donne une prime de sièges au parti ou à la coalition arrivé en tête. Veltroni comblera-t-il son retard sur son rival ? Rien n’est moins sûr. Mais ses initiatives ont bouleversé la donne, et il compte en tirer profit.
Ainsi le Berlusconi III, celui de 2008, n’est sans doute plus exactement le même. A son tour, il présente une liste unique qui pourrait préfigurer un parti unitaire de droite, modère sensiblement ses propos et affirme vouloir dialoguer avec l’opposition après le vote. Honorera-t-il ses déclarations en cas de succès ? Sa conception de la politique, ses expériences passées et son obsession de faire passer ses intérêts privés avant ceux du bien public entravent la réussite de sa métamorphose.
La marche vers le bipolarisme, voire le bipartisme, se heurte aux forces de la gauche radicale, de la droite extrême et du centre, décidées à jouer leur va-tout lors de ce scrutin. Reste aussi et surtout à savoir ce qu’en penseront les électeurs tiraillés entre la lassitude, la révolte et l’aspiration au renouveau.
"
Marc Lazar. Libération


FAR