Morosidade, desconfiança e desmobilização na campanha eleitoral para as Legislativas em Itália.
O famoso e especulativo avanço nas sondagens do novo partido de Silvio Berlusconi, o PDL, parece ter diminuído. Apesar disso, o líder do Partido Democrático, Walter Veltroni, tem continuado a fazer a sua campanha moderada em autocarro. Os observadores políticos avançam a medo com a hipótese de uma Grande Coligação. Por isso, Berlu baixou para níveis muito moderados as suas críticas à Esquerda e, facto único, vai dizendo que "será preciso fazer muitos sacrifícios para pôr a casa em ordem". Veltroni tenta fazer esquecer os 2O surrealistas meses de Romani Prodi, de forma a fazer das fraquezas força, como é curial. O sistema eleitoral, não satisfaz ninguém e pode deixar tudo como está: ausência de maiorias estáveis e duradouras: 35 por cento dos eleitores ainda estão indecisos…
A crise política italiana, a entrar no seu ritmo de cruzeiro já com dez anos, deixa atónitos e desmobilizados os militantes políticos de todo o espectro partidário. A grande revista norte-americana, a Newsweek, próxima do NY Times, fez recentemente uma monstruosa fotomontagem com as caras dos dois líderes, a que chamou de "Veltrusconi", a caminhar para abrir espaço político à hipótese de surgimento de uma Grande Coligação. A hipótese tem sido mais ventilada pelo campo da direita do que pelo novíssimo Partido Democrático. Et pour cause…
As fanfarronices e o bluff inverosímil de Silvio Berlusconi transmutaram-se num discurso suave e didáctico, a revelar dúvida e inquietação. O célebre polietileno, Giovanni Sartori, não tem poupado críticas a Veltroni pela " aceitação " mole da táctica do líder da Direita. Berlusconi sabe das sondagens que se estreitam dia apòs dia. A última dava-lhe um reduzido avanço no Senado, a par de uma maioria mais confortável no Parlamento. Mas tudo será muito frágil e perigoso, claro.
Se Massimo Cacciari, edil de Veneza, afirma alto e bom som, que não "existem grandes diferenças ideológicas" entre os programas dos dois blocos, pois, frisa, ambos preconizam um capitalismo moderno e clean, o politólogo Paul Ginsbourg, da Universidade de Florença, que recentemente publicou um livro sobre o Sistema Berlusconi, defende a tese de que a Esquerda italiana faz mal " em fechar os olhos " ao estilo nepotista, negocista e "turvo" legalmente do líder do bloco da direita. "A esquerda tem ocultado tudo isso. O que, por certo, lhe vai custar muito caro, a longo prazo". Sabe-se, entretanto, que Veltroni já disse que o juíz anti-corrupção, Antonio Di Pietro, não iria ser seu ministro da Justiça…
FAR
6 comentários:
As citações incorporadas pertencem ao belíssimo jornal Il Corriere della Sera. E Sartori não é de polietileno, mas sim, politológo e escreve no grande jornal do Centro-Esquerda.FAR
Valha-nos Deus,
graças a Deus!
Entre o polietileno
e o politológo
(venho já!)
venha Santanás e escolha!
Certamente um amigo que merece resposta.
Sou eu que publico, sou que assumo.
Precisava de deus, grafo em minúscula, para dar conta das gralhas.
Agradeço ao Santanás e aos deuses anónimos.
Também sei brincar aos anónimos. O post imediatamente acima é meu
E é sou eu quem assume, ou sou eu... Conto com o trabalho dos revisores.
Discutam as ideias, não as formas.Escrevo de jacto, sem rascunho. Traduzo no relâmpago, claro. Francamente, leiam um pouco, please. As 10 mil páginas do Platão estão à vossa espera. Ficarão diferentes. Para sempre,pois. Avanti FAR
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