terça-feira, 29 de abril de 2008

Putin: o poder a qualquer preço

"A democracia, hoje, é estruturada pela igualização do sentimento de competência. Isso constitui uma radical revolução: interessamo-nos pela política porque pensamos ter os meios para nos interessar por ela ", escreve Pierre Rosanvallon, o politólogo que foi conselheiro especial de Rocard e é, hoje, guru do Collège de France, o topo da carreira universitária gaulesa. A marcha qualitativa da vida em comum, acrescenta, "postula que a vitalidade da democracia seja agenciada não só pelo reconhecimento da legitimidade e da positividade do conflito na sociedade, uma espécie de engrenagem e de regulação das divisões, mas também zela pela organização das instituições do consenso e da partilha comunitária". Isto são teses abordadas no seu último livro, "La Contre-Democratie", Edit Au Seuil, que saiu no decorrer das últimas presidenciais tricolores. Ora, a partir destes critérios, claramente se percebe que a hiper-presidencialização do sistema político russo por Putin, que parece hesitar entre duas maneiras opostas de se suceder a si próprio, só pode acabar por neutralizar o sonho de sentido e forma democráticos da Rússia contemporânea.

Entre a intensa polémica mundial desencadeada pela valsa-hesitação do n°. 1 do Kremlin em se suceder a si-próprio, ou designando um desconhecido sem perfil e sem autonomia, ou transformando o cargo de PM no núcleo duro do regime para o qual se postula, grande destaque para uma magistral artigo no Financial Times (10 Oct.07) de Anatol Lieven, professor do Departamento de Estudos sobre Guerras no King´s College, de Londres. Justamente, o analista dita de início a chave da sua tese: "A pedra de toque da política russa nos últimos vinte anos não se manifestou nas lutas e rivalidades forjadas entre partidários da democracia ou da ditadura, mas nos combates entre diferentes espécies de oligarcas ". E detalha: "A oligarquia que se formou por acção do presidente Putin é, de longe, mais coerente, estruturada e disciplinada do que a colecção de magnates feudais dados à estampa por Yeltsin".

"Then again, a fully fleged oligarchy does not depend for its survival on one leader; on the contrary, it tends to rotate power among different members of the ruling elite.. For better or worse the Russian oligarchy is still far from achieving that degree of solidity. Mr Putin may be more the chairman of a corporate board than a personal ditactor, but he is extremely powerful. Without him, it is felt, not only would the rulling group lose iits prestige with the population, but it would be liable to fall into uncontrollable rivalries. Not just Mr Putin himself but most members of the elite are therefore determined that he go on exercising dominant influence after stepping down as president next year.

Hence Mr Putin´s apparent intention to take over the leadership of the progovernment political party, United Russia, and turn it into a real rulling party rather than the present coalition of bosses and celebrities held together by allegiance to the president. This could be accompanied by Mr Putin´s assumption of the primer minister´s office, leading in turn either to the next president quickly stepping down to allow Mr Putin to run another presidential term according to the constitution, or to the transfer of real power from the presidency to the prime minister´s office .

Given Mr Putin´s youth ( he has just turned 55), his great though contested achievements and his immense popularity, it would have been surprising if he had not sough to retain dominant influence. Whether this is the best way to go about things is a different matter. Frankly, if he could not retire, then it might have been better if he had changed the constitution to allow presidents to run for extra terms and submitted the change to a popular referendum. As it is, all Mr Putin´s possible courses look extremly problematicWorst of all would be for Mr Putin´s to become an all-powerful prime minister under a supposedly emasculated presidency. This strategy could lead to a disastrous clash between president and primer minister and the destruction of the entire system".

FAR

10 comentários:

Anónimo disse...

Vai-te foder!!!.....

Anónimo disse...

Torna-te leve na leveza está o ser.

Anónimo disse...

Provinciano torna-te leve!!!!

Anónimo disse...

ULTIMO AVISO AOS ANONIMOS COBARDES E MAL-CHEIROSOS: O que o leva a ofender as pessoas? Por que o faz mascarado? Sabe que esta táctica é própria dos émulos de Hitler e Estaline que, há falta de argumentos e perspectivas, tentam destruir o que não entendem?!?

1. O texto é antigo. Houve troca de textos, por causa da referência a Poutin, como se irá ver;

2. Muitas vezes, e como tudo são ensaios-exercícios, um texto não sai bem. Por múltiplas razões: dificuldade do tema, vontade de querer fornecer Informação estratégia( isto é o Principal!), falta de tempo e vontade de não armar ao pingarelho; isto é, eu podia ter aproveitado os conceitos do Rosanvallon e do Liven,não indicar a sua proveniência expressa( daí o tornar-se pesado...);e fazer um falso brilharete com a declinação final da mensagem pilhada. Indico as referências para as pessoas ficarem a saber, irem procurar e, quiça, fazerem melhor no futuro. De outro modo, andamos à volta do poço da ignorância e da anedota.

3. Andamos nisto, há, já, 3 anos. Há regras mínimas a observar. Há padrões éticos a respeitar. Há um espírito de tolerância a defender e consagrar. Pois, não: toca de chamar nomes e insultar as pessoas, por elas - com mais ou menos êxito - nos mostrarem como é que as coisas, o poder político - neste caso- funciona e é articulado nos conturbados dias que correm. O aviso final está exarado, portanto. FAR

Tárique disse...

Não percebi isto dos comentários.

Mas parece que a juventude hitleriana de Putin, a Nashi , está a desvanecer-se ...

Anónimo disse...

Mr. Tárique: Isso são outras guerras, esses anacrónicos e mal-pensados comentários, que só incriminam quem se atreve a realizá-los; por isso, sabe-se lá o porquê, escolhem o anonimato cobarde e traiçoeiro.Enfim...

Poutin manipula a Juventude, que comprou a peso de ouro. Trata-se de mais uma refinada táctica para a conquista e consolidação do Poder, que ele quer uno, indivisível, hipercapitalista e agressivo...E para " jogar " para a galeria e a Opinião Pública, internas e externas. Vejam, diz, como sou tão " bonzinho", " moderno " e " dinâmico" com/ pela Juventude... Poutine e o seu clan- existem dois( ou três?) clans a guerrearem-se no aparelho de Estado russo- precisam de muito espectáculo e " modernices " para disfarçarem a tomada de " assalto " do que resta dos sectores estratégicos-produtivos russos. A Imprensa inglesa- F.Times e o The Economist, por um lado, e o The Guardian, por outro- são fontes de análise de grande categoria e rigor, que remetem para as elaboradas teses da Foreign Affairs ou da The New Yorker, por exemplo. Disso falo e sigo, como sabe. Até sempre. FAR

Anónimo disse...

a culpa, como sempre, é do rocheteau

Anónimo disse...

a culpa, como sempre, é do rocheteau

Anónimo disse...

ULTIMO AVISO AOS ANONIMOS COBARDES E MAL-CHEIROSOS
FAR, finalmente, uma frase de jeito. e estou mesmo a falar a sério.
ass: um admirador anónimo

Anónimo disse...

FAR! Um admirador teu tinha que ser anónimo! Até um admirador tem vergonha de dar a cara por ti.