sexta-feira, 9 de julho de 2010
No Arrastão
terça-feira, 29 de junho de 2010
O perigo de usar hipérboles
Não vivemos acima das nossas possibilidades
por daniel oliveiraSegundo um estudo realizado por sociólogos do ISCTE, vinte por cento dos portugueses estão abaixo do limiar de pobreza. Ou seja, não conseguem garantir o mínimo das necessidades familiares. Se não fossem as ajudas do Estado este número passaria para os 40%.31% das famílias estão no escalão imediatamente acima do limiar de pobreza – ganham entre 379 e 799 euros. 21% não têm qualquer margem para qualquer despesa inesperada. 12% não conseguem comprar os medicamentos que precisam. Muitos deles, apesar de terem mais qualificações do que os seus pais, vivem pior do que eles. 35% vivem confrontadas com situações frequentes de escassez, o que inclui a impossibilidade de aquecer a casa ou de usufruir de baixas médicas para não perder rendimentos. 57% vivem com um orçamento familiar abaixo dos 900 euros.Este povo pobre desconfia dos outros, desconfia do poder (70%), não está satisfeito com as suas condições de vida mas, extraordinariamente, considera-se feliz. Mais de um terço dos insatisfeitos diz que nada faz para mudar de emprego, 63% recusa a possibilidade de emigrar e apenas uma minoria diz que deseja voltar a estudar.Este estudo diz-nos duas coisas.A primeira é evidente para quem conheça o País: os portugueses não vivem acima das suas possibilidades. Vivem abaixo delas. Há uma minoria, isso sim, que garante para si a quase totalidade dos recursos públicos e privados. Somos, como se sabe, o País mais desigual da Europa. Temos dos gestores mais bem pagos e os trabalhadores que menos recebem. Somos desiguais na distribuição do salário, do conhecimento, da saúde, da justiça. E essa desigualdade é o nosso problema estrutural. É esse o nosso défice. Ele cria problemas económicos – deixando de fora do mercado interno uma imensa massa de pessoas -, orçamentais – deixando muitos excluídos dependentes do apoio do Estado -, sociais, culturais e políticos.A segunda tem a ver com isto mesmo: a pobreza estrutural não leva à revolta. Dela não resulta exigência. Provoca desespero e resignação. Resignação com a sua própria vida, resignação com a desigualdade e resignação com a incompetência dos poderes públicos. A pobreza não apela ao risco. Não ajuda à acção. O atraso apenas promove o atraso.Nos últimos 25 anos entraram em Portugal rios de fundos europeus. Aconteceu com eles o que aconteceu com todas as oportunidades que Portugal teve nos últimos séculos. Desde o ouro do Brasil, passando pelo condicionalismo industrial do Estado Novo e acabando nos fundos europeus, nos processos de privatização para amigos e no desperdício em obras públicas entregues a quem tem boas agendas de contactos, que temos uma elite económica que vive do dinheiro fácil, do orçamento público e da desigualdade na distribuição de recursos. Essa mesma que, em tempo de crise, o que pede éredução do salário e despedimento fácil.Repito: os portugueses não vivem acima das suas possibilidades. Apenas vivem num País onde as possibilidades nunca lhes tocam à porta. O nosso problema é político. É o de uma economia parasitária de um Estado sequestrado por uma minoria que não inova, não produz e não distribui. De um Estado e de um tecido empresarial onde os actores se confundem. De um regime pouco democrático e nada igualitário. E de um povo que se habituou a viver assim. De tal forma resignado que aceita sem revolta que essa mesma elite lhe diga que ele, mesmo sendo pobre, tem mais do que devia.
No Arrastão.
No Arrastão.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
No Arrastão
A União Nacional da Opinião, por Daniel Oliveira.
«Para a União Nacional dos comentadores e economistas do bloco central são estes os responsáveis pelo estado em que estamos: os funcionários públicos; os trabalhadores supostamente protegidos pelas nossas leis laborais; os cidadãos em geral, que vivem endividados e acima das suas possibilidades; o excesso de peso do Estado; e o excesso de impostos para a classe média-alta.
Repare o leitor que entre os responsáveis nunca está a banca, que além de nos ter enfiado nesta crise e ter sido salva pelos nossos impostos ainda paga menos ao fisco que todas as restantes empresas. Nunca está a elite económica constituída por meia dúzia de famílias que têm o Estado como refém dos seus negócios e os partidos como reféns da sua vontade. Nunca estão dos gestores mais bem pagos da Europa no País com o salário médio mais baixos da Europa.
Repare o leitor que por uma qualquer coincidência nunca estão, entre os responsáveis pelo estado em que estamos, quem realmente tem poder neste País. Não espanta. É muito radical ser “politicamente incorrecto”. Mas é preciso olhar bem para o chão que se pisa. Não consta que com a simpatia de funcionários públicos, professores, sindicalistas, desempregados, beneficiários do Rendimento Social de Inserção ou trabalhadores menos abonados se arranjem e se mantenham bons empregos. Há que dizer e escrever coisas chocantes, mas sem chocar as pessoas erradas.(...)»
A ler na íntegra aqui.
sábado, 15 de maio de 2010
Vivemos num Estado laico

Este blogue declara a sua solidariedade à professora de Mirandela

Indo à boleia da sugestão deixada em comentário pelo Táxi Pluvioso.
Notícia do DN aqui.
Ler o A minha vida não é isto e o Abnoxio. E ainda o .Esquerda Republicana, novo mundo, A Natureza do Mal, o O Jumento, o 5 Dias, o Arrastão, o Spectrum e o Precári@s Inflexíveis.
O 31 da Armada e o O Insurgente exemplificam a direita moralista e retrógrada que temos.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Os aldeões e os saqueadores
Grande, grande post do Daniel Oliveira, no Arrastão, a ler na íntegra aqui.