O filósofo dizia que só os homens faziam o importante, enquanto os animais só dispunham de acções insignificantes.
Foi então que chegou o tigre e devorou o filósofo, comprovando com os dentes a teoria anteriormente apresentada.
in: O Senhor Brecht, Gonçalo M.Tavares, ed.Caminho, Lx, 2004
Talvez o mundo precise de um outro tipo de revolução e de um outro estado de realidade, a dos animais ditos irracionais...
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sexta-feira, 4 de julho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
Flor negra
"(...) um encontro fortuito com um transeunte que, após um choque forte, deixa nas nossas mãos, distraído, uma flor negra. E quando finalmente nos levantamos para a devolver já o transeunte, apressado, desapareceu. Começamos a correr com a flor negra na mão - não nos pertence, poderá fazer falta a quem a perdeu -, mas nada, nenhum rasto:o estranho transeunte desapareceu, evaporou-se. E nas nossas mãos está a flor negra. O movimento seguinte poderá até parecer um não movimento -a indecisão-, mas rapidamente o desconforto deixará de ser um pormenor e passará a ser o essencial: torna-se urgente desfazermo-nos daquela flor repelente. Pois bem, estamos a uns centímetros de um caixote de lixo público, levantamos a tampa e com a mão direita largamos a flor. Mas algo acontece: a flor preta não sai da mão, está colada, já não pode ser expulsa, só se deixares também cair o braço. Os dias seguintes deixarão entrar inúmeras tentativas de, primeiro, expulsar a flor preta, depois, de a esquecer. Porém, a certa altura, existirá, de uma ponta à outra, uma mudança no organismo, semelhante à mudança de moeda num país, que surge com outros valores, outras referências; e o homem resigna-se. Já não há flor preta; e os médicos chamam a esse conjunto de factos inverosímeis um nome lógico e antigo: doença. "
In: Aprender a rezar na Era da Técnica, Gonçalo M. Tavares
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