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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sobre o tráfico de droga em Moçambique

Drogas: Revisitando a história recente, por Paul Fauvet


Quando a 1 de Junho o presidente Barack Obama nomeou o empresário Mohamed Bachir Suleman como um barão da droga, a reacção avassaladora nos media moçambicanos foi de surpresa, choque - e até mesmo de condenação aos americanos por arruinarem um empresário supostamente inocente. No entanto, a movimentação norteamericana contra um alegado “barão” de drogas moçambicano não deve constituir nenhuma surpresa. Desde meados da década de 1990, Moçambique tem sido usado como corredor por traficantes de drogas, mas até agora nenhuma figura chave no tráfico já foi condenada. Grandes apreensões de droga foram feitas. Assim, em 1995, a polícia apreendeu 40 toneladas de haxixe transportadas por Maputo, em dois camiões. As investigações definharam , e a única pessoa verdadeiramente presa em conexão com esta apreensão foi o condutor de camião Samssudine Satar.
Também em 1995, um laboratório para a produção de mandrax foi descoberto no bairro Trevo, na cidade da Matola. As pessoas que lá trabalhavam atearam-lhe fogo, mas esta tentativa de destruir as provas não deu certo, e os policiais concluíram que o equipamento existente era para a produção em massa de mandrax, uma droga para a qual existe um grande mercado na África do Sul. Os dez trabalhadores asiáticos presos no Trevo, na sua maioria recrutados nas ruas de Bombaim, foram liberados pelo procurador provincial de Maputo, Luis Muthisse, apesar de um juiz se ter recusado a conceder-lhes fiança. A intervenção do Muthisse (que perdeu seu trabalho neste escândalo) foi um dos muitos indícios de conluio de alto nível com os traficantes.
Os dez asiáticos, apesar de serem paupérrimos, foram capazes de contratar os serviços de um advogado de topo, Maximo Dias, que se recusou a dizer aos repórteres quem lhe estava pagando. Coincidentemente, Dias é agora o advogado de Mohamed Bachir Suleman. Os equipamentos para a fabricação do mandrax tinham sido importados através da empresa de pesca Afropesca. O director-geral da Afropesca, o empresário espanhol Luis da Costa Virott, foi preso, sob suspeita de tráfico de haxixe do Paquistão para Moçambique. Como os dez asiáticos, ele foi misteriosamente libertado após a intervenção de um advogado português de renome. A liberação foi condicionada a Virott permanecer no país - mas alguns dias depois ele estava num avião rumo a Lisboa e não houve nenhuma tentativa para detê-lo.
Em Agosto de 1997, 12 toneladas de haxixe foram apreendidas a partir de um esconderijo em Quissanga, na província nortenha de Cabo Delgado. Um empresário conhecido, Gulamo Rassul, foi preso em conexão com este caso. Esta foi a sua segunda prisão em conexão com drogas - ele já havia sido nomeado em conexão com o tráfico de haxixe para a América e Europa a partir do porto de Nacala, em recipientes onde a droga era disfarçada como chá. Quando este caso foi a julgamento no ano seguinte, intervenientes menores – pescadores de Quissanga e proprietários de embarcações – receberam longas sentenças, mas os homens que a acusação considerava como os barões da droga, Rassul e um certo Momade Bachir (nenhuma relação com Bachir Suleman), foram absolvidos. Assim, o motorista de Rassul apanhou uma pena de cadeia de 12 anos, mas o juiz levou o público a acreditar que Rassul não sabia nada da actividade do seu motorista. Tráfico ocorre também de barco pelo Canal de Moçambique, em águas territoriais de Moçambique. Isso veio à luz dramaticamente quando um barco que transportava haxixe encalhou nas rochas ao largo da costa da província de Inhambane, em Junho de 2000. Cerca de 16 toneladas de haxixe acondicionado em latas deram à costa. Os nove paquistaneses que escaparam do naufrágio foram condenados a longas penas de prisão. Mas nada de novo foi revelado sobre o destino do haxixe ou os seus proprietários. Aqueles que têm investigado o tráfico de drogas, chegaram a algumas conclusões surpreendentes. Com sede em Londres, o jornalista Joseph Hanlon escreveu, num artigo publicado em 28 de Junho de 2001, no “Metical” editado por Carlos Cardoso, que “o valor das drogas ilegais passando por Moçambique é provavelmente mais do que todo o comércio externo legal combinado, de acordo com peritos internacionais” (Isso foi antes da fundição de alumínio Mozal, a base das exportações de Moçambique, ter atingido a sua produção de cruzeiro). Esses peritos (que não foram nomeados) “estimam que mais de uma tonelada por mês de cocaína e heroína estão agora passando por Moçambique”. Aquele tráfico de drogas mensais tinham um valor de retalho estimado em cerca de 50 milhões de US dólares.
Dado que Moçambique é essencialmente uma via de trânsito ao invés de um consumidor de drogas ilícitas, a maior parte do dinheiro das operações acaba fora do país. Mas Hanlon sugeriu que talvez 10 por cento fosse a quota dispensada aos traficantes locais - o que seriam 60 milhões de dólares por ano. Hanlon sugeriu que “o dinheiro da droga deve ser um dos factores dos crescimentos recorde de Moçambique nos últimos anos”. Este artigo identificou duas rotas da droga. Hanlon escreveu que a heroína se movimenta do Paquistão para o Dubai, em seguida, para a Tanzânia e Moçambique, antes que seja eventualmente canalizada para a Europa. A rota da cocaína está noutra direcção “da Colômbia para o Brasil, depois para Moçambique a caminho da Europa e da Ásia Oriental”. Hanlon alegou que o dinheiro destas drogas duras, mas também do haxixe e mandrax, é lavado por meio de bancos e casas de câmbio. A explosão do número de casas de câmbio (41 no momento do artigo de Hanlon) é certamente difícil de explicar, dado o tamanho relativamente pequeno da economia legal. O artigo de Hanlon, não suscitou qualquer desmentido indignado. Nenhuma fonte oficial tentou refutar as afirmações de Hanlon. E Hanlon estava longe de estar sozinho no alerta para os perigos do tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e o crime organizado.
Num discurso feito num seminário internacional realizado em Coimbra em 2003, o juiz Augusto Paulino, agora PGR, assinalou muitos dos mesmos pontos. Ele concordou que Moçambique se tornou uma zona de trânsito no tráfico de cocaína e que uma segunda rede “activa desde 1992, constituída principalmente por cidadãos paquistaneses e moçambicanos de origem paquistanesa, se está concentrando em haxixe e mandrax”. No topo disto, vem a rota da heroína, a partir do Paquistão para a Tanzânia e Moçambique e depois para a Europa. “As várias redes de tráfico de drogas são empresas bem organizadas”, disse Paulino, “talvez mais organizadas do que as estruturas do Estado, envolvendo importadores, exportadores e transportadores de drogas, operadores no terreno e informantes”. Paulino não tinha dúvidas de que isso só foi possível com a conivência de funcionários corruptos dentro do Estado moçambicano. “Os funcionários aduaneiros são subornados para deixar as drogas passarem, os oficiais de imigração facilitam documentos de identificação e de residência, os policiais são pagos para olhar para o lado, e é ainda dito que os magistrados recebem subornos para ordenar liberações ilegais”, observou ele. Os lucros da droga foram lavados, e o resultado foi a proliferação de “mansões e carros de luxo” - mas parte do dinheiro seria “reinvestido” em negócios legais para dissipar suspeitas no futuro”.
Nos sete anos desde que Paulino falou, nenhum traficante significativo foi preso, mas há poucas dúvidas de que Moçambique continue no mapa dos traficantes. Regularmente serviços policiais e aduaneiros anunciam a apreensão de cocaína nos aeroportos de Maputo e Beira, muitas vezes transportada no estômago de jovens mulheres moçambicanas que viajam a partir do Brasil. Em nenhum caso, as mulheres revelaram quem as contratou. O medo de represálias é claramente maior do que o medo da prisão. E por todos aqueles que estão presos - quantos mais passam os aeroportos sem serem detectados? Um dos parlamentares mais experientes no Partido Frelimo, Teodato Hunguana, em 2002, advertiu que se o Estado não tomar medidas contra os bandidos, serão os bandidos a capturar o Estado. “A única maneira de impedir que o Estado caia definitivamente nas malhas do crime é desencadear uma guerra sem quartel contra os senhores do crime”, disse Hunguana. Se a guerra fôr limitada apenas aos homens do gatilho e aos peixes pequenos, deixando de fora o que os americanos chamam de “barões” intocáveis, isto permitirá que eles” se tornem cada vez mais poderosos e capazes de tomarem o próprio Estado”.
Quando Paulino ou Hunguana fizeram soar as suas advertências, eles foram amplamente aplaudidos pelos meios de comunicação do país - os mesmos media que hoje levantam as mãos horrorizados por o presidente norte-americano e o Departamento do Tesouro terem dado um passo sério na luta contra o crime organizado. É claro que teria sido muito melhor se os departamentos moçambicanos encarregues da aplicação da lei e ordem moçambicana estivessem dispostos e aptos a identificar e trazer à justiça os barões da droga. Porque não fizeram isso, é perfeitamente razoável que os americanos tenham decidido tomar medidas para proteger o seu sistema financeiro de dinheiro sujo de Moçambique, assim como eles fazem quando o dinheiro vem da Colômbia. Obama merece elogios pela sua acção, e não um coro abusado de antiamericanismo barato.



Sérgio Santimano
, via Ponte Moçambique-Suécia

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Da Capital do Império

Obama reduz fundos para Combate à SIDA

A luta contra a SIDA vai nos próximos tempos deparar com enormes dificuldadades de financiamento devido a dois factores:
1) A crise económica/financeira mundial;
2) A administração de Barack Obama.
Comecemos por recordar alguns factos. O financiamento da luta contra a SIDA através do mundo e particularmente em África tem sido feito essencialmente através de duas fontes, nomeadamente A) o Fundo Presidencial para Alívio da SIDA (iniciado por George W. Bush e conhecido pelas iniciais PEPFAR) e B) o Fundo Global de Combate à SIDA, Tuberculose e Malária.
É no caso do Fundo Global que a crise financeira internacional entra em jogo. Quando criado em 2001 pela então Secretário-geral da ONU Kofi Annan o Fundo Global previa um “pote” de 7 mil milhões a 10 mil milhões de dólares.
Na prática os Estados Unidos (quem mais poderia ser?) deveriam contribuir com 50 cêntimos americanos por cada dólar doado pela comunidade internacional.
Mas as outras nações têm doado tão pouco que o govenro americano tem pago anualmente muito menos do que aquilo autorizado pelo Congresso americano. Desde a sua fundação o fundo gastou 6 mil milhões de dólares e o ano passado recebeu menos 3 mil milhões do que havia previsto forçando o fundo a reduzir as suas doações em cerca de 12%.
Para além disso o orçamento do governo americano para 2011 prevê uma redução de 50 milhões de dólares da contribuição dos Estados Unidos para o fundo.
Mas não é só para o Fundo Global que a administração Obama está a aplicar reduções. O PEPFAR de George Bush está autorizado pelo congresso a gastar entre 2008 e 2013 48 mil milhões de dólares. O seu orçamento tem sido na realidade de cerca de sete mil milhões de dólares anuais. A administraçao Obama avisou já os receptores dessa ajuda (entre os quais organizações que operam em Moçambique) que não devem esperar aumentos por pelo menos nos próximos dois anos.
Em Moçambique organizações envolvidas em actividades relacionadas com o PEPFAR vão encerrar alguns programas.
Talvez surpreedente para alguns é que a decisão da administração Obama não se deve a somente a questões económicas. Obama criou a sua propria Iniciativa Global de Saúde e as suas prioridades não são a SIDA.
E se é verdade que os activistas da luta contra a SIDA estão em fúria a verdade é também que Obama e a sua adminsitração têm razão quando afirma que mais vidas serão salvas se se concentrar fundos em doenças infatis facilmente curàveis ou preveníveis. Muito mais gente morre no mundo de doenças tratáveis ou que podem ser prevenidas como infecções respiratórias (mais de quatro milhões de mortes por ano), meningite (174.000 mortes por ano), tétano (214.000 mortes por ano), tosse convulsa (entre 200.000 e 300.000 mortes por ano), sarampo (530.000 mortes por ano), diarreia (2,2 milhões de mortes por ano), malária (entre 1 e 5 milhõe de mortes por ano).
Eu sempre fui de opinião que a razão por que se deu tanto enfâse à SIDA se deve ao facto de ser uma doença que afecta ou pode afectar também o mundo desenvolvido e para a qual não há cura. Para aquelas doenças que há cura ou que são preveniveis mas que não afectam o mundo desenvolvido pouca atenção se presta. Um milhão de mortes por malária e 530.000 de sarampo por ano deveria ser o suficiente para criar fundos mundiais de combate como foram feitos para a SIDA. Mas pouca atenção se presta a isso.
Um estudo aqui divulgado revela que para tratar um paciente da SIDA no Uganda durante toda a sua vida (desde que a doençaa é detectada até a sua morte) custa ceca de 11.500 dólares.
Com gastos de 1 a 10 dólares pode-se salvar mais vidas em prevenção e combate à diarreia, malária, sarampo e tétano com atibioticos, redes mosquiteiras, filtros de água e vacinas.
Não é simpático e talvez seja mesmo um pouco cruel falar-se em termos de custos e gastos para avaliar vidas humanas. Mas governar é ter que escolher. Na maior parte das vezes entre o mau e o pior. Essas escolhas envolvem sempre fundos limitados e em alguns casos como agora essas limitações são agravadas por uma crise.
Mas por muito que custe não é de admirar a escolha de Barack Obama. É lógica. Ao fim e ao cabo Obama é produto da Universidade de Chicago onde, segundo se diz, “as mentes são frias e analíticas quando o resto do mundo se emociona”, mentes que “seguem os factos até aos seus extremos lógicos”.

Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Espero que vocês aí do outro lado do charco já se tenham acalmado. Aqui ainda anda tudo um pouco excitado de modo frívolo por aquilo que o próprio Obláblá disse “só ser possível na América”. O que de certo modo é verdade. Ao fim e ao cabo o histórico não é o facto de o Obláblá ser de descendência negra e ter ganho as eleições. O histórico é o facto de um eleitorado esmagadoramente branco ter votado no Obláblá. Para já isso “só é possível na América”. Não é possível em França (Mon Dieu!), em Inglaterra (falo do posto de Primeiro ministro claro está e não imagino um dos partidos a ter como seu líder um Barack Hussein Obama)), nem sequer no “multirracial” (?) Brasil onde até há pouco tempo não havia sequer (não sei se já há) um embaixador negro brasileiro.
Há que dizer que a razão por que o fenómeno Obama só é possível na América é porque ele é o efeito não a causa de mudanças. Isto é o longo processo de integração racial já tinha atingido pontos não vistos noutros países. Colin Powell foi conselheiro de Segurança Nacional na presidência de …. Ronald Reagan. Foi chefe de estado-maior general das forças armadas na presidência do Bush pai. Clarence Thomas é juiz do supremo tribunal aprovado por um congresso de maioria Democrata mas nomeado por um presidente Republicano (Bush pai). Condoleezza Rice ‘e Secretária de Estado. Percorra-se a América e a integração de uma classe média negra americana na cena política e social no país não tem igualdade noutros países ocidentais com minorias equivalentes. Nem de longe, Olhe-se pra as forças armadas, para as estações de televisao. Tudo isso, tal como Obama, resultado de uma longa caminhada. Primeiro pelo fim da escravatura, depois pelo fim da discriminação, pelos direitos cívicos. Tudo isso ajudado por uma política de “discriminação positiva”’ de extremo sucesso” quiçá já desnecessária senão mesmo agora contra producente. Obama não é portanto causa de mudança como se prega por aí. É efeito.
Há dois outros pontos interessantes a fazer:
1) O Obláblá nunca fez referência à questão racial. No dia em que foi oficialmente nomeado candidato do Partido Democrático celebrava-se 40 anos do famoso discurso de Martin Luther King “Tenho um sonho”. O Obláblá nem sequer o mencionou. No seu discurso de vitória eleitoral nem uma menção ao tal facto histórico à parte a referencia que “a minha história só é possível na América”. Foi esta recusa em falar da sua raça ou dos problemas raciais que levou inicialmente os Jesse Jacksons deste mundo a não o considerarem “suficientemente negro” ou a afirmarem que o Obblablá “ não viveu a experiencia dos negros americanos” (o que neste ultimo caso é verdade) e a ameaçar “cortar os colhões ao Obama porque fala de alto para os pretos”. Os Jesse Jacksons deste mundo não conseguiam o apoio da brancalhada mesmo a liberal porque lhe estava sempre a lembrar a escravatura, a discriminação, as injustiças, a história e depois a pedir favores para “corrigir” essas injustiças. Jesse Jackson, Al Sharpton e outros dirigentes tradicionais dos negros americanos viviam (e ainda vivem) da indústria da culpabilidade histórica tão aceite pela brancalhada. O génio do Obláblá foi projectar uma América pós racial e depois deixar que essa projecção definisse a decência política. O Obláblá disse à brancalhada: eu não falo de raça se vocês também não falarem dela ou a usarem contra mim. Foi a receita perfeita. Lembrem-se que foi no Iowa durante as primárias que Obama se tornou um candidato viável. No Ohio 95 por cento do eleitorado é branco. O sucesso da receita pode ser visto ainda pelo facto de que em certos círculos de brancos ou negros pôr em causa os “pecos” do Obláblá era como tentar dizer mal do Maomé em frente a uma audiência dos Mujahidines Sem Fronteira.
2) Obama fez uso da sua capacidade de retórica para atrair multidões aos seus discursos. Nas multidões todos são iguais e todos projectam as suas aspirações, os seus sonhos no candidato. Milhares de descontentes com milhares de visões e outros tantos milhares de ingenuidades, todos identificados com o Oblablá que por isso foi sempre coisas diferentes para diferentes eleitores. O Obláblá tinha assim que mandar “pecos” que não o definissem. “Esperança”, “mudança” foram as palavras de ordem. “Não pretos, não há brancos, não há estados republicanos, não há estados Democratas, há Estados Unidos da América”. Bom peco.
Foi prometido tudo a todos e essa aliança de brancos de classe média superior, e minorias raciais gostou. Como dizem os americanos o Obama “talked the talk”. Agora resta saber “if he can walk the walk”.

Um abraço,
Da capital do Império,

Jota Esse Erre

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Obama Casa Grande

É acertado, e prudente, não destoar nas grandes ondas de optimismo, particularmente quando estas evoluem para vagas de júbilo. Assim, limitar-nos-emos a alinhavar uma ou duas considerações, sem estragar a festa com impertinências da racionalidade. Todos têm direito a um momento Gilberto Gil- um momento de puro prazer e de exaltação com o recomeço da História, agendado para o século XXI, que, como se sabe, ‘arranca’ no dia 20 de Janeiro de 2009.

Contrariando aquela regra pouco douta de que a oposição não vence eleições, a posição é que as perde, a vitória categórica de Obama sucedeu contra duas das mais poderosas máquinas políticas dos EUA. O tug-of-war do GOP, em que pontifica o incontornável Rove, e o apparatus político dos Clinton- desta feita ao serviço da ‘cabra velha’-, e seus associados afro-american. Aqueles que medraram, prosperaram e se acomodaram na atitude de vitimização sem prazo de redenção e numa postura conformista de agravo eterno.

Político sobredotado, Obama soube ler os sinais, internos e externos, que anunciavam, exigiam, uma visão pós-racial, ou color blind. Recorrentemente, o presidente-candidato desfiava a narrativa transversal, dirigindo-se a todos os americanos. Black, white, native, asian or latino. Um amálgama imprescindível para vencer a realidade demográfica.

Prometer o quê? A devolução de alguma providência ao estado quase destruído pelo uberliberalismo e a devolução de algumas liberdades subtraídas em nome e razão do combate ao terrorismo. Suficiente. E felizmente indiciado na acertada escolha do chief of staff, uma espécie de premier, Rahm Israel Emanuel.

Necessário? Amortecer as expectativas acumuladas ao jeito de uma federação de esperanças, entre as quais, as habituais leviandades ilusórias, e responder à federação de interesses representados na Casa Branca. O que interessa é definir um novo paradigma energético, o que vai ‘nascer’ no cluster combinado Detroit/Silicon Valley.

Esgotado um ciclo de mediocridade e de guerras de petróleo, estamos maduros para a crença no homo faber obamaniano. Yes, we can.

Pronto, aí temos o presidente-eleito pós-racial, Barack Hussein Obama, chefe democrático da aldeia global. Será que Obama vai chamar um luso-descedente para o governo? Um tuga pós-moderno que não se chame Silva e não seja marron?

Uma notinha para os vencidos, com honra e graça como se esperaria do Avô Cantigas e da Bible Spice. O GOP entra imediatamente em fase de refundação e, diz quem sabe, já desponta lá ao fundo, no Louisiana, o adversário de Obama em 2012: Bobby Jindal. Sim, é de origem indiana. E que importa isso? Yes, he can.


JSP

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"I, Too, Sing America"


President »

Obama - 338


Senate

Dem - 56
+5 seats

House

Dem - 252
+18 seats

(fonte New York Times)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Já em festa



Apoiantes de Obama fazem já carnaval

Fotos Jota Esse Erre

Da Capital do Império

Olá,

Desculpem lá o silêncio mas afazeres, viagens e trabalho reduziram-me a vontade de escrever. Vai aqui uma nota para vos dizer o seguinte: O Barack Obláblá vai ser o próximo presidente dos Estados Unidos.
Não percam tempo a seguir as eleições na Terça-feira à noite. Eu já fiz as contas por vocês e o Obláblá não tem possibilidades de perder.
Contudo se quiserem ficar com a certeza fiquem apenas acordados até à uma da manhã (vossa hora) e aí ficarão mesmo com a certeza. Até essa hora encerram as urnas de alguns estados entre eles Virgínia (vossa meia noite) Florida, New Hampshire e Pensilvânia.
Se o Obláblá vencer os dois primeiros já nem vale a pena esperar mais. Podem-se abrir as garrafas de champanhe à vitória do candidato “trans-pós-racial”, já que a partir daí será preciso um super milagre para salvar o McCain.
Como eu expliquei anteriormente as eleições presidenciais americanas são disputadas estado a estado. Cada estado nomeia delegados a um Colégio Eleitoral de 538 membros pelo que um candidato precisa de 270 delegados para vencer.
Quanto a mim o Obláblá já tem garantidos no saco 227 delegados. E tem outros 64 praticamente garantidos. Entre os estados que não estão garantidos contam-se a Florida, Virgínia e Pensilvânia. Tendo em conta que a Florida tem 27 delegados, a Virgínia 13 e a Pensilvânia 21 quando ouvirem os canais de televisão a dar a vitória a Obláblá nesses estados então podem ir dormir na certeza que se vai iniciar a era pós Bush com uma “descompressão” (como me dizia um diplomata) a nível internacional que contudo se vai transformar gradualmente em desilusão. Isto porque em política externa mesmo o Obláblá vai ter que tomar decisões que a malta daí desse lado do charco não vai gostar. Grandes poderes significam grandes responsabilidades, já dizia o Spiderman e quem não tem responsabilidades pode mandar pecos mas quando se tem que se assumir essas responsabilidades há muitas vezes que tomar medidas. E como em politica externa de super potência as escolhas geralmente não são entre o bom e o mau mas sim entre o mau e o pior é óbvio que mesmo o Obláblá vai desagradar a muita gente que está com a ideia que o dito cujo é um messias que vai por toda a malta em redor do mundo a cantar Grândola vila morena terra da fraternidade na versão iraniana, norte coreana e do Hamas e que vamos todos viver em felicidade da era pós Bush.
É uma nova era histórica que se abre. Sem dúvida. O país que muitos aí desse lado do charco acusam de super racista, onde a população negra é apenas 12 ou 13 por cento da população elege um candidato negro. É como ver a França a eleger um presidente com o nome de Barack Hussein Obama. Embora a França seja a terra da Egalité e fraternité … ça ce n’est pas possible. Os imigrantes lá sabem muito bem que o seu lugar é no gueto a queimar carros.
Dá para analisar. Fica para uma próxima ocasião. Entretanto abram as garrafas de champanhe para celebrar a vitória do Obláblá. Os Democratas vão também aumentar a representação no Congresso dando-lhes controlo total da legislatura e executivo. O que vai ser interessante. Tendo em conta a tendência dos Democratas para exagerarem eu espero que o Barack seja mesmo a versão americana em termos políticos do Tony Bláblá de Inglaterra. Caso contrário não quero nem pensar.

Abraços,
Da Capital do Império,


Jota Esse Erre

A guarda rolante de Obama


Mais vale prevenir do que remediar. Obama pode ainda não ser presidente mas quando viaja de carro este é parte do aparato que o protege.

Foto Jota Esse Erre

terça-feira, 24 de junho de 2008

Da Capital do Império

Olá!

O Obambi pode ter andado à pancada com a Hilária mas o que não pode haver dúvidas é que no que diz respeito à política externa o Obambi é um clintonista.
Eu sei que todos, especialmente aí do outro lado do charco, acreditam que se o Obambi for eleito em Novembro vamos entrar numa nova era de felicidade, tipo “age of aquarius” com todos a cantar “Grândola vida morena terra da fraternidade” e a viver em paz para sempre sem o horrível Bush.
Mas, reconhecendo que o Obambi serviria inicialmente para descomprimir a cena política internacional com promessas de reuniões com o jovem Assad e com os iranianos de pneu de lambreta na cabeça, a verdade é que no seu todo poucas mudanças haverá. Retirada do Iraque? Talvez mas não em menos de dois anos, e não totalmente. Quanto ao resto será um pouco “vira o disco do Bush para o Bill Clinton e toca o mesmo”. Isto porque de facto as opções são poucas. A UEtupia pode estar satisfeita consigo mesma por ter conseguido tirar umas férias da história, mas deste lado do charco a história vem sempre bater à porta porque, como diria esse grande filósofo americano sobre questões do poder, o Spider Man, “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
E como é que o Obambi vai responder a essas responsabilidades se for eleito? Pois como diz o Zé Povinho, “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Então vejamos.
No seu “grupo de segurança nacional” temos os antigos secretários de Estado Warren Christopher e Madeleine Albright, e ainda o antigo Secretário da Defesa durante a administração Clinton, William Perry.
A Madalena Toda Brilhante andava até há pouco tempo a dizer que o Obambi não tinha experiência para liderar os States e que a Hilária é quem sabia tudo. O Obambi perdoou-lhe pelos vistos. O Warren coitado foi o Secretário de Estado que mais viagens fez ao Médio Oriente sem nenhum resultado. Falou com tudo e todos (como o Ombabi quer fazer) sem conseguir nada, embora haja a dizer em seu abono que o Médio Oriente é como a instituição do casamento: não tem solução. E no que diz respeito a Israel e aos Palestinianos isso é agravado pelo facto de haver - como disse já não sem quem - demasiada história e pouca geografia.
Mas Christopher, Albright e Perry vêm juntar-se a um extenso grupo de conselheiros dos mais diversos aspectos de política externa que é notável pelo facto de quase todos serem antigos conselheiros do Presidente Bill Clinton.
O grupo de conselheiros de política externa é chefiado por Anthony Lake que foi o primeiro Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Clinton, cargo que abandonou após duras críticas à sua inação aquando do genocídio no Ruanda e reacção lenta aos massacres na Bósnia (neste caso há que dizer em abono do Tony que ele nada fez inicialmente em relação à Bósnia porque a UEtopia não sabia o que fazer com o que se passava no seu quintal e ele e o Bill não quiseram ferir as susceptibildiades EUtópicas. Serviu-lhes de lição…).
Susan Rice é cada vez mais a face pública de Obama em questões de política externa aparecendo agora regularmente em entrevistas na televisão a explicar pormenores do programa de Obama para as relações externas. Rice fez parte do Conselho de Segurança Nacional de Bill Clinton e foi também Secretária de Estado Assistente para Assuntos Africanos, cargo em que se notabillizou pelas suas duras críticas ao governo do Sudão. Algumas fontes dizem que Susan Rice é agora séria candidata para suceder a Condoleezza Rice na chefia do departamento de Estado caso Obama vença as eleições de Novembro. Apesar do mesmo apelido e de ambas serem negras não há ligação familiar entre as duas. São dois tipos de arroz diferente. Uma já está cozida e a outra ainda a fervilhar de entusiasmo.
Gregory Craig foi director de planeamento político no Departamento de Estado durante o governo de Clinton, onde ficou contudo mais conhecido por ser um dos seus advogados no escândalo sexual de Monica Lewinsky. Dizem as más línguas que sabe tudo sobre a definição de sexo oral.
Jim Steinberg foi vice-conselheiro de segurança nacional de Clinton enquanto Richard Danzig foi Secretário da Marinha de Guerra na administração Clinton e é agora o principal conselheiro para questões militares de Obama.
Outra das principais figuras no grupo de conselheiros de política externa é o Major General (na reforma), Scott Gration, que participou nas operações de invasão ao Iraque mas cuja especialidade é África. Gration fala fluentemente swahili.
Daniel Shapiro é um dos principais conselheiros de Obama para questões do Médio Oriente. Trabalhou no Conselho de Segurança Nacional de Clinton.
Duas outras figuras importantes no grupo de conselheiros de Obama, mas sem ligações a Clinton, são Denis McDonough, que trabalhou para o Senador Tom Daschle, e Ben Rhodes de apenas 30 anos de idade que foi um dos membros do Grupo de Estudo para o Iraque que recomendou entre outras questões o diálogo com a Síria e o Irão. Rhodes é como se diria no meu tempo de juventude “o gajo dos pecos”. É ele o principal redactor de discursos sobre política externa de Barack Obama.
Outas conhecidas figuras políticas de Washington são conselheiros informais em “grupos de trabalho”, entre os quais David Boren que foi presidente do Comité do Senado para os Serviços de Informações (Intelligence), Sam Nunn, antigo presidente do comité do Senado para as Forças Armadas, Lee Hamilton, antigo presidente do Comité de Relações Externas da Câmara dos Representantes e também Vice-Presidente da Comissão para os ataques de 11 de Setembro.
Sabe-se por outro lado que o antigo Conselheiro de Segurança Nacional de Jimmy Carter, Zbignew Brzezinski, é também um dos conselheiros “informais” de Obama. Brzezinski esteve há poucas semanas na Síria numa viagem pouco publicitada em que mateve contactos com o jovem Assad com quem Obama diz estar disposto a estebelecer um diálogo. Coincidência? Ele diz que sim mas eu duvido. O Brzezinski é um realista. Foi ele quem teve este peco memorável numa conversa aqui em Washington: “Ser superpotência não significa que se é omnipotência”. Nasceu na Polónia. Detesta comunas.
Dennis Ross, coordenador para a política americana para o Médio Oriente na administração Clinton, tem também fornecido opiniões a Obama.
O que se conclui? O Obambi pode ser “o candidato da mudança” mas em política externa é clintonista e também da velha guarda Democrática. O que é a versão “lite” do Bush.
Abraços
Da Capital do Império
Jota Esse Erre

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Da Capital do Império

Olá,

Agora que a Hilária foi à vida venho hoje dar dois conselhos àqueles que se interessam pelas eleições deste lado do lago:
1) Ignorem notícias/especulações sobre a possibilidade da Hilária se tornar candidata à vice-presidência com o Barack Obama; a Hilária tem tantas chances disso acontecer como eu tenho de ganhar a lotaria
2) Ignorem a tentação de olharem para as sondagens que dizem que um dos dois candidatos tem mais apoio do que o outro à escala nacional. Essas sondagens em termos práticos não têm importância nenhuma.
Passo a explicar:
As eleções presidenciais americanas são disputadas Estado por Estado. Cada Estado elege um número de delegados ao Colégio Eleitoral proporcional à sua população. Quem vence num Estado ganha todos os delegados desse Estado ao Colégio Eleitoral, que tem um total de 270 delegados.
Uma olhadela ao mapa dos Estados Unidos mostra que nas últimas eleições John Kerry venceu em Estados que dão um total de 252 delegados. Primeira tarefa de Obama: garantir a vitória nesses Estados. É possivel? Talvez, mas vai haver luta cerrada pelos Estados de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, que Kerry venceu e onde Obama tem fraquezas (o tal eleitorado branco proletário e rural).
Segunda tarefa de Obama, se garantir esses 252 delegados: procurar outros 18 delegados e, para isso, tomem atenção ao Obama a concentrar a sua campanha no Iowa, Virginia, Carolina do Norte, Novo Mexico, Nevada, Colorado e Ohio. Alguns deles, como a Virginia, são tradicionalmente Estados republicanos mas na Virginia Obama está convencido que tem chances de ganhar porque o perfil demográfico do Estado está a mudar favorecendo as tais “elites brancas “ que gostam do Obama e que em conjunto com o eleitorado negro lhe podem dar a vitória. Noto que Obama esteve na Virnigia no dia a seguir à sua vitoria eleitoral e que hoje segunda-feira vai também fazer um comício nesse Estado.
É por causa desses Estados que a Hilária tem tantas chances de ser nomeada candidata à vice-presidência como eu tenho de ganhar a lotaria. O Obama vai escolher alguém que o ajude a ganhar votos nesses Estados ou ainda na Geórgia, outro dos que ele poderá mudar a seu favor se conseguir registar cerca de 600 mil negros que não estão registados como votantes, ou então alguém que o ajude a minimizar os receios/apreensões com a inexperiência de Obama a nivel de segurança/política externa. Figuras a ter em conta: Governadores da Pensilvânia e Ohio, o antigo senador pelo Estado da Geórgia, Sam Nunn (um perito em questões de segurança exerna) . Ou talvez a governadora do Kansas, conservadora da “América profunda” capaz de acalmar não só os inseguros como também apaziguar as democratas ofendidas com a derrota da rainha Hilária.
Tomem outra coisa em atenção: nas últimas eleições 13 Estados foram decididos por um máximo de vantagem de sete por cento. A esmagadora maioria desses por menos do que isso. O que siginifica que podem mudar para um lado ou outro.
Esses Estados são: Colorado, Florida, Iowa, Michigan, Minesota, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New Mexico, Ohio, Oregon, Pensilvânia e Wisconsin.
Com à vontade posso avisar-vos que as eleições vão ser ganhas ou perdidas nesse Estados. Talvez ainda se possa contar a Florida, Virginia e mesmo o Missouri, que também poderão estar em jogo. Um máximo de 16 Estados. O resto é paisagem eleitoral.
Abraços

Da capital do Império

Jota Esse Erre

domingo, 8 de junho de 2008

A longa maratona da derrota de Hillary Clinton



O NY Times de hoje publica uma longa e sensacional reportagem sobre a derrota dos Clinton. É uma peça magistral.Os segredos do uso da Blogosfera- e-mails e outro tipo de mensagens-foram decisivos para a vitória surpreendente de Barack Obama, que os meteu a funcionar com um ano de avanço, segundo revelam os jornalistas Peter Baker e Jim Rutenberg. " O suporte, os incentivos de Bill não deram resultados positivos. Foram uma m…", dizia um apaniguado nos últimos dias a anteceder a declaração de insucesso.
" A campanha de Hillary Clinton foi construída na base da maior afirmação de força. Os estrategistas acreditavam que os quatro primeiros tempos da votação para a indigitação seriam decisivos e que ela iria concluir/vencer a nomeação a 5 de Fevereiro, quando mais de 20 Estados estavam a elaborar o escrutínio eleitoral ".

NY Times: www.nytimes.com/2008/06/08 us/politics/08recon.htlm?_r=1&hporef=slogin

FAR

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Hilária “a inevitável” é agora a inevitàvel derrotada da longa corrida à nomeação do candidato presidencial do Partido Democrático. Para quem continuasse a acreditar nas clintonices dos Billary Terça Feira era o dia que ia provar que apesar da já não haver possibilidades de apanhar o Obambi na contagem de delegados à convenção do partido, a Hilária era a candidata que ganhava os “grandes estados”, que o entusiasmo pelo Obambi se estava a desmoronar mostrando a sua incapacidade de lutar como os Clintons fazem – duro, feio, sujo, com meias verdades e oportunismo clintoniano.
Ontem a Hilária apanhou uma sova na Carolina do Norte onde o Bill tinha estado de serviço há uma semana a tentar usar o seu “charme” sulista e de “gajo da malta” junto do eleitorado. Sem resultado. A malta está mesmo farta até aos cabelos do Bill e das suas clintoninces embora tenha sempre a sua piada ouvi-lo, princpal;ente quando ele começa a ficar irritado e a queixar-se da “merda dos jornalistas” e do Obama estar “a jogar a cartada da raça contra mim”. A Hilária milionária esteve no Indiana a fazer campanha de “proleta”, pintar o Obambo como “elitista”, em bom estilo Clinton e a propor suspensão dos impostos federais na gasolina para ...o Verão esquecendo-se de dizer que o novo mandatio presidencial só começa ... no Inverno. Enfim uma clintonice.
Pois a Hilária lá conseguiu ganhar ( por pouco) no Indiana mas devido ao facto de ter apanhado uma sova na Carolina onde estavam em jogo muito mais delegados e onde perdeu por muito maior margem Obambi terminou a noite com mais delegados do que tinha iniciado o dia
Mas a julgar pelas declaraçoes de Clinton após os resultados de ontem Hillary vai continuar a lutar. Pode cair mas com ela vai cair também o Partido Democrático.
Abraços

Da capital do império
Jota Esse Erre

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Da Capital do Império

Olá!

A Hilary Clinton é como a Glen Close no filme “Fatal Attraction” e como o Robert Mugabe no Zimbabué. Não se vai embora pois tal como muitos dos movimento de libertação de outrora pensa que tem o direito inalienável ao poder, que o povo lhe deve isso. E cada vez que volta vem armada com tudo o que tem à mão para destruir aquele que diz amar.
Tal como se esperava a Hilária venceu o estado da Pensilvânia na Terça Feira à noite com uma vantagem de dez por cento de votos o que deixa o Obama um pouco abananado e o Partido Democrático agora sem saber o que fazer face à perspectiva de um esvaír de sangue lento. O candidato Republicano John McCain, regozija-se de gozo face ao espectáculo e ganha tempo para consolidar as bases republicanas (que o vêm com cepticismo) angariar fundos e preparar com calma a sua campanha..
Até agora os Republicanos têm mantido a sua artilharia calada seguindo o princípio de que não se mata um homem que está prestes a cometer suicídio. E se a Hilária vencer dentro de duas semanas no Indiana o suicídio é quase certo. Nesse caso a guerra civil vai rebentar dentro do Partido Democràtico com consequências graves não só para as aspirações do partido na Casa Branca como para os seus planos de aumentar a maioria no Congresso. Vejamos o que se passa:
Apesar da sua vitoria na Pensilvânia continua a ser matematicamente impossivel à Hilária ultrapassar o Obambi em numero de delegados e em número de votos alcançados em todos os estados. Com nove eleições primarias ainda por disputar a Hilária precisa de vencer todos esses estados com mais de 60 por cento dos votos para o poder alcançar o que é praticamente impossivel caso a campanha de Obama não entre em colapso total.
Mas dada a impossibilidade de Obama atingir o número de delegados requeridos para vencer automaticamente a nomeação na convenção partidária em Agosto, serão os chamados “super delegados” quem irão dar os votos decisivos. Esses “super delegados” são os legisladores federais e estaduais, governadores estaduais, antigos presidentes e vice presidentes e dirigentes do partido aos diversos níveis do país. São portanto os “apparatchiks” ou como se dizia em Moçambique os “balalaicas” que vão decidir.
A Hilária, com a sua terceira vitória consecutiva, vai continuar a argumentar que o Obambi não consegue ganhar nos grandes estados vitais para as presidenciais de Novembro. Mais do que isso a Hilária vai argumentar que a campanha do Obambi não consegue atraír aquela faixa do eleitorado necessária para se derrotar McCain em Novembro, nomeadamente as mulheres brancas, os operários brancos e a velhada branca. Por outras palavras o Obambi, que iniciou a sua campanha como transcendendo raça e outras “divisões” está cada vez mais a ser encurralado pela trituradora máquina clintonista numa faixa eleitoral que ele tem que evitar a todo a custo se quer ter qualquer chance de bater John McCain. Essa faixa eleitoral é a do eleitorado negro, jovens e brancalhada com estudos universitários e rendimentos acima da média. Se Obama for encurrado nessa faixa eleitoral as suas perspectivas eleitorais para Novembro diminuem e os “balalaicas” sabem disso. A Hilária espera poder ter a oportunidade de apontar para o mapa e mostrar-lhes as suas vitorias na Califórnia, Nova Iorque, Nova Jersey, Ohio e Pensilvânia como prova do seu apoio nos grandes estados americanos. Espera também poder mostrar-lhes os resultados eleitorais e dizer-hes que é ela quem consegue comunicar e manter uma conexão com a América profunda, aquela que o Obambi disse ser “amarga” e “agarrada à religião e armas” numa gaffe que lhe custou muitos votos na Pensilvânia e que o encurralou ainda mais na sigla de “elitista”
Para o Obambi o positivo disto tudo é que a Hilária vai ter que continuar a ganhar confortavelmente para poder ter esse argumento. O que não vai acontecer. Mesmo que ganhe no Indiana no próximo dia seis vai apanhar nesse mesmo dia uma surra das grandes na Carolina do Norte e subsequentemente perder ainda pelo menos no Oregon e provavelemente no Dakota do Sul. O que fortalece os números de delegados e de percentagem do eleitorado do Obambi . Duvido que os “balalaicas” se atrevam na convenção a ignorar a vontade popular o que iria dividir o partido em termos raciais e provocar manifestações em frente ao local a serem transmitidas ao vivo em todas as cadeias de televisão.
Seria um desastre para as perspectivas presidenciais e tambem para os planos Democratas para o Congresso.
Mas a capacidade criativa de auto destruição da malta de esquerda é sempre surpreendente. E os Clintons esses … nunca desistem e tem uma capacidade imensa de destruir tudo e todos no seu caminho.
Ainda bem! Caso contrário nunca teríamos a a oportunidade única de assistir a este espectáculo ao mesmo tempo irritante, hilariante, excitante, estimulante raramente profundo muitas vezes banal mas revelador da democracia
Abraços,

Da Capital do Império

Jota Esse Erre

domingo, 20 de abril de 2008

Da Capital do Império

Olá!

O Obambi vai apanhar uma sova nas primárias da Pennsylvania na Terça Feira. Isso é quase que garantido, pelo que vocês para saberem as implicações disso, devem concentrar-se no tamanho da sova.
Se a Hilária ganhar por dez por cento ou mais a guerra dentro do Partido Democrático vai intensificar-se como nunca até agora pois a Hilaria passa a ter a possibilidade de ultrapassar o Obambi na votação popular o que é a sua unica chance de levar os “super delegados” a votarem por si na convenção e ultrapassar assim o número de delegados do Obambi . Se ganhar por entre cinco e dez por cento a Hilária vai apregoar ao mundo que a sua vitoria demonstra que é ela quem consegue ganhar à vontade nos grandes estados pelo que os super delegados devem votar nela
Contudo qualquer que seja o tamanho da sova os Billary (a Hilária e o Bill) vão proclamar aos quatro ventos que o Obambi não consegue ganhar nada. Depois de terem tentado afirmar que o Obambi só ganhava em alguns estados porque é preto agora os Billary vão dizer que o Obambi não consegue ganhar porque a brancalhada proletária não gosta dele. Ou seja: o Obambi ganha em alguns locais porque é preto e perde noutros porque é preto. É a lógica clintoniana.
E claro está o Obambi ajudou quando foi a São Francisco falar a doadores financeiros à sua campanha e disse que não estava admirado pelo facto da classe operária na Pennsylvania ser “amarga” devido à sua situação económica sendo devido a essa “amargura” que “se agarra à sua religião, às suas armas, aos seus sentimentos anti imigrantes”. Fez –me lembrar “Die Religion is das Opium des Volkes” (Lembram-se?). O que pode ainda ser uma tema para um excelente debate de café ou de filosofia numa universidade ou nas páginas de um jornal mais literário mas que para mal do Obambi foi aqui visto como uma demonstração óbvia de uma certa condescendencia senão mesmo menosprezo que uma certa esquerda tem por valores e crenças que não são os seus.
E quando esses valores e crenças são aqueles de uma classe trabalhadora que ele quer ganhar para o seu lado o seu divagar pelos campos da filosofia e psicologia de massas baratas não caiu nada bem. Sendo as eleições presidenciais americanas algo que é decidido mais pela imagem e por asneiras que os candidatos dizem e menos pelo conteúdo dos seus programas (que face ao sistema americano não passam de promessas e nada mais do que isso) o Obambi teve a sua figura “cool” de “gajo da malta” acima de raça, classe etc etc muito abalada. Tornou-se subitamente naquilo que ele é e tenta declarar que não é: um politico da velha escola que diz uma coisa em público e outra em privado..
A Hilária entrou de imediato em método clintoniano “full time” fazendo discursos a lembrar como o seu pai lhe tinha ensinado a disparar uma espigarda no quintal (!!!) e como ela tinha sido educada na boa tradição da Igreja Metodista que, segundo disse, lhe tinha dado apoio nos tempos difíceis da sua vida. A religião, disse ela, não é algo a que os eleitores da Pennsylvania se agarram por estarem ‘amargos” mas é sim parte da sua cultura e modo de ser. “Não sei se o Barack é elitista mas suas declaração são, demonstando uma falta de conexão com os valores do povo americano,” disse ela em tom beatífico. E depois a colmatar esta ofensiva tipo clintoniano a Hilária, rodeada de camaras de televisao foi a um bar “proleta” na Pensilvania e com o maralhal que lá se encontrava bebeu umas cervejas e um copos de Whisky (num só golo) tal como fazem os proletas da zona.
Eu nunca gostei dessa mistura particularmente desde que uma vez na Dinamarca apanhei um “pifo” de cerveja e schnaps, o equivalente da cerveja e whisky dos proletas da Pennsylvania. Mas apanhei uma ressaca muito maior depois de ver a Hilária na televisão a tentar ser populista à custa do “elitismo” (como ela lhe chamou) do Obambi. Ia vomitando e fiquei a arrotar cerveja e whyski durante dias mesmo sem ter bebido a mistela (prefiro vinho da Califórnia)
Uma coisa é certa. Qualquer que seja o tamanho da vitoria da Hilária nas eleições de Terça feira ela não se vai embora. E uma semana após a Pennsylvania ela volta provavelemente a ganhar no Indiana embora deva apanhar um exugo de porrada na Carolina do Norte embora ai o Obambi ganhe porque … é preto. A Hilária está a tornar-se no Robert Mugabe do Partido Democrático. Por muito que muitos queiram não se vai embora. Tal como o Mugabe ela pensa que tem o direito à presidencia e que o povo lhe deve isso.
Abraços.
Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

terça-feira, 25 de março de 2008

“USA-Today”: 75% dos eleitores do P.D. favoráveis a candidatura bicéfala

No mundo das sondagens, quase de hora a hora, do agitado universo politico norte-americano, hoje, o jornal USA-Today, embandeirava com uma sondagem encomendada à Gallup, onde três quartos do eleitorado democrata manifesta simpatia pela candidatura bicéfala de Hillary Clinton e Barack Obama às presidenciais de Novembro. Só uns residuais 25 por cento do eleitorado distinto dos dois rivais, se manifesta em oposição frontal a tal desígnio, acrescenta a sondagem.

A prosa do jornal norte-americano, recolhida no campo dividido dos dois candidatos democratas, alerta para a “quase obrigação” da dupla aparecer na lista para as Presidenciais Nov.08. Para evitar a erosão de votos, sobretudo, Segundo os analistas apuraram. Porque o eleitorado jovem afro-americano de Obama, caso o seu favorito não surja na disputa com McCain, recusa ir às urnas. Do mesmo modo, as mulheres brancas com mais de 50 anos, que formam a base eleitoral de H.Clinton, e cujos votos são cruciais, ameaçam abster-se caso a sua eleita não seja escolhida. A hipótese de Bill, jogada há já algum tempo, cria volume e sonho…

Entretanto, as fratricidas e siderantes rivalidades entre os dois rivais democratas, estão a dar força ao candidato republicano, John McCain, que na sondagem da Newsweek desta semana, aparece com 15 por centos de votos a mais, quer em relação a Obama, quer Hillary Clinton, no espaço do eleitorado “independente”. Sabendo-se que McCain tem um programa eleitoral muito “à direita”, em relação ao destino da Guerra do Iraque bem como da Crise Económica, os analistas favoráveis ao P.Democrático exortam os dois rivais a silenciarem os ataques pessoais.


FAR

segunda-feira, 24 de março de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Hoje escrevo para vos dizer que o Obambi está um pouco à rasca. Vocês lembram-se que quando ele iniciou a campanha há muitos e muitos meses atrás o homem foi acusado pelos pretos de não ser suficientemente preto. Escreveram-se artigos, comentários, opiniões sobre se o Obambi era “black enough”. Depois o marido da Hilária meteu o pé na poça e insinuou que o Obambi não podia ganhar eleições porque era preto. A partir daí os pretos começaram a votar quase que por unanimidade pelo Obambi, a brancalhada que estava incerta ficou furiosa com mais uma clintonice e votou ainda mais pelo Obambi. A Hilária teve que mandar calar o Bill.
Agora o Obambi está à rasca porque está tudo a dizer que ele é preto e não é suficientemente branco. Isto porque o reverendo da igreja do Obambi, um tal Jeremias, disse em tempos que a SIDA era um plano da brancalhada para matar os pretos e que na sua igreja não se canta God Bless America mas sim God Damn America. Aparentemente isto são coisas de pretos e a brancalhada ficou ofendidíssima porque isso não é verdade e porque o Obambi lhes tinha dito que tinha “transcendido” a raça.
A barraca foi tal que o Obambi teve que ir à televisão explicar porque é que não pode denunciar e afastar-se da igreja que o “trouxe para o cristianismo” (essencial na politica americana). Para tal disse que se o Jeremias de vez em quando afirmava coisas tolas o mesmo fazia a sua avó (branca) quando fazia comentários sobre os pretos e que ele nunca tinha cortado relações com a avó.
Eu fiquei assim um pouco atrapalhado porque as avós não se escolhem, mas aqui na América, igrejas há uma cada esquina e pode-se ir a uma diferente todos os Domingos e conhecer dezenas de reverendos tipo Jeremias cada qual com a sua pancada. O Obambi poderia por exemplo ter escolhido a igreja de um outro reverendo famoso que afirma que tem que se apoiar Israel para garantir a segunda vinda de Jesus. Esse mesmo reverendo disse que o furacão Katrina foi vingança de Deus contra os homossexuais e prostitutas. O problema talvez é que esse é branco e …. ninguém notou.
Tenho a dizer-vos no entanto que os tipos das relações públicas do Obambi fizeram um trabalho excepcional pondo o “transcendente racial” em frente a umas dez enormes bandeiras americanas. Até parecia um presidente preto a falar na Casa dos Brancos (que a Hilária quer transformar em Casa da Branca).
Claro está que por esta altura vocês estão a fazer a pergunta que os americanos estão agora a fazer. O Obama é preto, branco ou transcendente?
Em primeiro lugar tenho que vos explicar que na complicada questão racial americana só há pretos e brancos. Nada pelo meio. O que pode ser confuso. Como vocês se devem sentir quando olham para as fotos do reverendo Jeremias que é mais claro do que muita malta do Alentejo e Algarve ou mesmo quando eu vou à praia. Lembro-me aliás que há uns anos atrás a presidente da Câmara de Washington era mulata de pele clara e um conhecido politico Moçambicano ficou totalmente confuso quando a mesma lhe foi apresentada.
“Tinham-me dito que era preta,” disse o tal moçambicano. “Na América é preta,” explicou um funcionário da embaixada muito sério. “Então eu sou branco,” disse o ministro moçambicano (preto). Olhou para mim e disse: “Tem a certeza que não é preto?” A malta riu a bom rir.
A razão por que o Obambi não era considerado “black enough” não era portanto por causa da sua cor da pele não ter a cor preta. A razão prende-se ao facto do Obambi não ser descendente de escravos, não ter tido família que passou pela era da segregação tipo apartheid que se viveu na América, ter sido totalmente educado por uma família branca (o pai queniano foi-se embora), não ter portanto crescido com conhecimento dos ódios e divisões raciais que marcaram o país.
E paradoxalmente essa é talvez a razão por que o Obambi escolheu a igreja do Jeremias. Na América a igreja é mais que um lugar de culto. É parte viva da cultura, é parte da identificação, parte daquele sentimento tão comum dos americanos de se querem identificar com um grupo ou uma etnia, de estarem sempre à procura das suas raízes – italiano-americanos, sueco-americanos, luso-americanos, “hispanicos”, africano-americanos etc. Uma nação construída na base de enclaves étnicos, raciais, religiosos e estaduais. Quando se pergunta a um americano de onde é, ele responde por afiliação estadual, depois étnica, depois religiosa. Uma nação sem um povo comum e daí a reverência de todos os americanos para com as suas bandeiras, os seus hinos patrióticos, a sua constituição, o seu exército. É o que os une.
O que os divide mas que continua ainda para muitos a ser a sua identificação é precisamente a sua identidade étnica, religiosa, racial, marcada por tragédias e confrontos e no caso da raça marcada pelo “pecado original’ desta nação: a escravatura. A igreja para a população negra é algo de vital. Foi o que manteve os negros juntos, onde nasceram as canções de protesto, o único lugar de reunião durante a escravatura. O único lugar de esperança e onde hoje se ouve ainda a voz irada dos protestos contra as desigualdades da sociedade, muitos deles totalmente desfasados da nova realidade mas reflexo de uma ira contra os vestígios desse passado
O Obambi que em tempos procurou a sua identidade nessa igreja pensava que podia transcender agora tudo isso. O passado apanhou-o e os clintonistas quase que não conseguem esconder o seu regozijo. A Hilária espera que o Jeremias seja o santo que a vai salvar.

Da capital do Império,

Jota Esse Erre

quarta-feira, 5 de março de 2008

Da Capital do Império

Olá,

Os Obamaníacos estavam à espera que Terça-feira fosse o funeral da Hilária. Em vez disso o “Expresso Obama” embateu na muralha clintoniana formada pela brancalhada velha, feminina e operária e perdeu de forma contundente. O Obamessias foi reduzido outra vez à sua condição inicial de Obambi e vai ter que continuar a ter a audácia de vender esperança ao pessoal e ter esperança que o eleitorado acredite.
A Hilária não podia deixar de esconder a sua alegria no Ohio onde graças à brancalhada operária venceu folgadamente. E para chatear mais os Obamaniacos até troçou do Obama pondo o seu eleitorado a gritar “ Yes we will” (sim vamos) numa menção clara ao slogan de Obama “Yes we can” (sim podemos)
Isto depois de tal como prometido a campanha de Clinton ter começado a atirar com a loiça da cozinha ao Obama fazendo publicar fotografias do Obama com um turbante na cabeça e vestido de chefe Somali. O turbante era branco e as vestimentas encarnadas e brancas e eu quando vi a foto pela primeira vez pensei que fossem as vestimentas das aeromoças da Swiss Air.
Depois a Hilária pôs um anúncio com umas criancinhas a dormir e um telefone vermelho a tocar enquanto uma voz profunda dizia: “são três da manha. Quando o telefonar tocar na Casa Branca a anunciar uma crise quem é que quer que esteja no comando?”. A brancalhada velha, as mulheres e os operários pelos vistos apanharam um cagaço a imaginar um tipo de turbante e fato da Swiss Air a responder ao telefone na Casa Branca e deram o voto à Hilária.
Que contudo vai ter que atirar mais loiça ao Obambi para ver se este perde a figura de “cool kid” e começa a meter os pés pelas mãos a vender a “esperança e a mudança”.
É matematicamente impossível à Hilária ultrapassar Obama na contagem de delegados à convenção do Partido Democrático, pois mesmo nos poucos estados onde perde, Obama continua a obter boas percentagens eleitorais que são suficientes para manter a liderança.
A campanha eleitoral de Obama foi desde o início baseada na estratégia de vencer o maior número possível de pequenos e médios estados e garantir boas percentagens nos grandes estados como Califórnia, Nova Iorque, Nova Jersey, Ohio e Texas.
Ironicamente nos últimos dias Obama foi vítima do seu próprio sucesso. Se em Janeiro quando se iniciou a campanha poucos poderiam prever que Hillary Clinton estivesse hoje a lutar pela sua sobrevivência politica, as 12 vitórias seguidas antes de Terça-feira começaram a dar a Obama a aura de inevitabilidade com muitos dirigentes partidários a começarem a exortar Clinton a abandonar a corrida para bem do partido.
A sua derrota no Texas por margem mínima poderá com efeito ser vista como um extraordinário avanço eleitoral que contudo foi afogado no meio de cabeçalhos sobre “o regresso” da Hilária ou “o descarrilar do Expresso Obama” . Eu cá teria escolhido um cabeçalho mais Hollywood para a sua vitoria no Texas “Country for Old Woman”.
Tendo em conta a matemática para Clinton contudo a sua única possibilidade é apostar agora em ganhar folgadamente a Pensilvânia em 22 de Abril onde estão em jogo mais de 180 delegados para poder reivindicar que só ela tem a capacidade de garantir os grandes estados nas presidenciais de Novembro.
Sabe-se que a incapacidade de Obama ganhar nesses grandes estados e de ganhar entre a brancalhada operária é uma preocupação para os líderes do partido.
Os “super delegados” terão depois que decidir entre isso e o facto de que Obama provavelmente terá mais delegados à sua conta e muitos mais estados do seu lado.
A luta pelos super delegados (membros do congresso, governadores estaduais, líderes Democráticos estaduais, antigos presidentes e vice presidentes e os membros do Comité Nacional do Partido, enfim os “aparatchiks” do partido) ameaça pois tornar-se numa luta que poderá dividir o Partido Democrático par regozijo dos Republicanos. E meu, pois nada me entusiasma mais que eleições americanas com anúncios na televisão a dizerem mal uns dos outros e a meter cagaço ao pessoal.
Vai portanto haver porrada. Da grossa. A Hilária e o Bill estão a borrifar-se para a matemática e sentem–se com direito à presidência conjunta. O Obambi tem que começar a habituar-se a apanhar com a loiça da cozinha que a Hilária lhe vai lançar (como disse a sua campanha) no meio de sorrisos. Será talvez tempo do Obambi recrutar uns cães de fila para responderem do mesmo modo. As dezenas de milhões de dólares que ele continua a receber devem dar para isso.

Abraços,
Da capital do Império

Jota Esse Erre

Máquina Clinton vence no Ohio e no Texas por diferença vital

A fazer fé no jornalista do NY Times, Patrick Healy, a máquina eleitoral dos Clinton, mudada de alto a baixo nas últimas semanas, está a conseguir a queda no abismo de um dos clãs políticos mais badalados do Universo. A dureza do discurso de Hillary contra Obama, o facto do irmão deste estar implicado num processo-crime e o mundo hispânico dos emigrantes latino-americanos, deram mais um suplemento de fôlego à postulante. Obama que se cuide, portanto. Os caciques do Partido Democrático parece já olharem de outra maneira para a mulher de Bill. O afluxo de doações para a campanha dos Clinton atinge a soma colossal do 1 milhão de dólares por dia, nas últimas semanas.
A candidata explorou a aparente falta de experiência do senador de Illinois, houve derrapagens na campanha de Obama e a mulher de Bill evitou o pior, como se especulava. De assinalar, que Barack Obama perdeu em todos os grandes centros urbanos do Ohio e do Texas, o que “obrigou” o estado-maior do PD a pensar em dar uma cambalhota para vir, de novo, como ao longo de 2007, apoiar Hillary Clinton.


«Hillary Clinton has been enjoying her first real burst of momentum lately, thanks to her new advertisements and speeches questioning Obama's abilities in a crisis, raising the fact that he has not convened his Senate subcommittee to hold hearings on the Afghanistan war. A potentially embarrassing trial of a former Obama friend and contributor has begun. And major Clinton fund-raisers said that one big victory on Tuesday night would be enough to energize donors and keep $1 million or more flowing in daily.

"Each time people think we're down, like after Iowa, or South Carolina, or the February primaries, Hillary has found ways to come back up," said Jonathan Mantz, the national finance director of the Clinton campaign.

The results will also embolden her campaign's efforts to persuade the Democratic Party to factor in the delegates from Florida and Michigan, her advisers say. The party counted out those states after they moved up their primaries; Clinton stayed on the ballot in both and "won" them in January — despite having no real competition in Michigan and no real campaign in Florida. In a sign of her thinking, She shouted out to them in her Ohio victory speech Tuesday night.

"If we want a Democratic president, we need a Democratic nominee who can win the battleground states, just like Ohio," she said. "We've won Florida, Nevada, New Mexico, Arizona, Michigan, New Hampshire, Arkansas, California, New York, New Jersey, Massachusetts, Oklahoma and Tennessee!"

But for all the millions of votes Clinton has now won, simple math is still her enemy. She needs to use Tuesday night to persuade superdelegates — the hundreds of party leaders who have a vote on the nomination — to stop abandoning her. Or, at least, stop long enough for Clinton to damage him with a line of attack, goad him into a colossal gaffe (or watch him make one on his own) or rely on the media to unearth a campaign-altering scandal about him.

But it is not clear if Ohio and Texas were enough to give Clinton — a politician who has been a known quantity for 16 years— a real chance for a fresh assessment by the many superdelegates who know her well.

"The great irony is, she is now the 'hope' candidate," said Dan Gerstein, a Democratic strategist who backs Obama. "She can only hope to catch some breaks and catch Obama stumbling."
»
Patrick Healy. New York Times


FAR