segunda-feira, 9 de junho de 2008

Da Capital do Império

Olá,

Agora que a Hilária foi à vida venho hoje dar dois conselhos àqueles que se interessam pelas eleições deste lado do lago:
1) Ignorem notícias/especulações sobre a possibilidade da Hilária se tornar candidata à vice-presidência com o Barack Obama; a Hilária tem tantas chances disso acontecer como eu tenho de ganhar a lotaria
2) Ignorem a tentação de olharem para as sondagens que dizem que um dos dois candidatos tem mais apoio do que o outro à escala nacional. Essas sondagens em termos práticos não têm importância nenhuma.
Passo a explicar:
As eleções presidenciais americanas são disputadas Estado por Estado. Cada Estado elege um número de delegados ao Colégio Eleitoral proporcional à sua população. Quem vence num Estado ganha todos os delegados desse Estado ao Colégio Eleitoral, que tem um total de 270 delegados.
Uma olhadela ao mapa dos Estados Unidos mostra que nas últimas eleições John Kerry venceu em Estados que dão um total de 252 delegados. Primeira tarefa de Obama: garantir a vitória nesses Estados. É possivel? Talvez, mas vai haver luta cerrada pelos Estados de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, que Kerry venceu e onde Obama tem fraquezas (o tal eleitorado branco proletário e rural).
Segunda tarefa de Obama, se garantir esses 252 delegados: procurar outros 18 delegados e, para isso, tomem atenção ao Obama a concentrar a sua campanha no Iowa, Virginia, Carolina do Norte, Novo Mexico, Nevada, Colorado e Ohio. Alguns deles, como a Virginia, são tradicionalmente Estados republicanos mas na Virginia Obama está convencido que tem chances de ganhar porque o perfil demográfico do Estado está a mudar favorecendo as tais “elites brancas “ que gostam do Obama e que em conjunto com o eleitorado negro lhe podem dar a vitória. Noto que Obama esteve na Virnigia no dia a seguir à sua vitoria eleitoral e que hoje segunda-feira vai também fazer um comício nesse Estado.
É por causa desses Estados que a Hilária tem tantas chances de ser nomeada candidata à vice-presidência como eu tenho de ganhar a lotaria. O Obama vai escolher alguém que o ajude a ganhar votos nesses Estados ou ainda na Geórgia, outro dos que ele poderá mudar a seu favor se conseguir registar cerca de 600 mil negros que não estão registados como votantes, ou então alguém que o ajude a minimizar os receios/apreensões com a inexperiência de Obama a nivel de segurança/política externa. Figuras a ter em conta: Governadores da Pensilvânia e Ohio, o antigo senador pelo Estado da Geórgia, Sam Nunn (um perito em questões de segurança exerna) . Ou talvez a governadora do Kansas, conservadora da “América profunda” capaz de acalmar não só os inseguros como também apaziguar as democratas ofendidas com a derrota da rainha Hilária.
Tomem outra coisa em atenção: nas últimas eleições 13 Estados foram decididos por um máximo de vantagem de sete por cento. A esmagadora maioria desses por menos do que isso. O que siginifica que podem mudar para um lado ou outro.
Esses Estados são: Colorado, Florida, Iowa, Michigan, Minesota, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New Mexico, Ohio, Oregon, Pensilvânia e Wisconsin.
Com à vontade posso avisar-vos que as eleições vão ser ganhas ou perdidas nesse Estados. Talvez ainda se possa contar a Florida, Virginia e mesmo o Missouri, que também poderão estar em jogo. Um máximo de 16 Estados. O resto é paisagem eleitoral.
Abraços

Da capital do Império

Jota Esse Erre

7 comentários:

Anónimo disse...

JSR. Do mal o menos, eu até apoio o ticket Obama/ Hillary. Por todas as razões morais, políticas e civilizacionais. A Hillary deve fazer 30 a 40 % do eleitorado democrata mais franjas dos yuppies e dos bobos`s, num total de 35 a 40 Milhões de votantes. O Obama sabe disso e também sabe dos " erros " tácticos já cometidos...que podem dar a vitória a McCain. O JSR devia-nos contar o ambiente de " fim de reino " bushista em Washington DC...Fio à espera. Salut! FAR

Anónimo disse...

Fico à espera. Erratum FAR

Anónimo disse...

Americanófobo impenitente, sou obrigado a dizer que, com este texto do Jota Esse Erre, aprendi mais sobre o complexo processo eleitoral americano do que em tudo o que li de jornalistas portugueses. Bravo, JSR.

Ana Cristina Leonardo disse...

Este texto é a prova de que as eleições norte-americanas não são para copinhos de leite

Anónimo disse...

Fico à espera.
FAR, se bem conheço o Jota Esse Erre podes esperar sentado.

Táxi Pluvioso disse...

As eleições americanas são tão importantes como a nossa vitória do Euro08. Um presidente catita e a taça, como vamos ser tão felizes!!

Anónimo disse...

Armando: aposta por aposta - ganhei.
Obama ao poder. Adeus Hillary.
LC