Das partes à parte
Assim lhe sucedeu aos amores também.
Molhava o pé primeiro nas areias soltas, e na poeirada da emoção já lhe parecia aviltado o entusiasmo, e a luxúria em espuma do quase imaginado encolhia-lhe o que seria o segundo passo numa forma tão mesmo mínima, que levaria séculos para que arrastando-o, se considerasse isso andar em direcção a alguém ou a algo.
Por causa dessa atitude voluntariosa em não coincidir a vontade com o acto, ficou como sendo quem vinha a caminho numa sorridente correria, levantando as vidas já atenuadas como leves folhas sopradas à sua passagem, caso completasse a outra metade do que desejava, o que após o que nunca acontecia essas mesmas existências se transportariam de novo para sítios semelhantes onde é alcançável a maciez do que quer que seja, que é no fundo apenas um também adiado esquecimento.
Mas no seu modo, o que se tornava realidade era apenas uma esperança de revoada futura, de um dia que se gangrenara em sonho seu, revoada essa que alteraria a sua vida de tal forma que se respeitaria até à decadência do seu corpo, como sendo alguém capaz de dar mais de uma passada.
Existem começos que são apenas já o fim, no entanto.
Por causa das metades que a existirem seriam o meio, que é o que sustenta as pontas dos acontecimentos.
Com os vapores contemporâneos, ficava-se pela metade de tudo quanto pensava ser inteiro, caso continuasse.
Sem comentários:
Enviar um comentário