Bataille e Heidegger, Deleuze e Rorty ou Foucault ajudam-nos a pensar a tentação de Zarathustra, inexpugnável libelo contra a filosofia idealista de Sócrates, Descartes e Hegel.
Ninguém pode ter a estulta pretensão de ter lido " todo " Nietzsche, a não ser que se tenha perdido nos meandros da mais abjecta das senilidades. A obra do genial demiurgo ergue-se pela radicalização da noção kantiana de síntese, onde o idealismo e a moral se postulam como marcas da ontologia metafísica mais inoperante. Aprofundando o anti-transcendentalismo de Schopenhauer e Kierkegaard, Nietzsche tentou fazer o contrário da apóstrofe de Hegel sobre a filosofia: "Deter o seu tempo no pensamento".
Datam de 1919 as primeiras traduções francesas da obra irregular e assimétrica, contraditória e ambiciosa de Nietzsche. Mas só a partir de 1950 se começam a editar os livros principais. " Assim Falava Zarathustra " surgiu em língua francesa em 1953, por exemplo. Quando, "A Vontade de Poder", o tinha sido em 1948; e a "Gaia Ciência", em 1950 também.
A primeira edição alemã das Obras Completas de Nietzsche sai dos prelos, em Estugarda, em 1905, com 19 volumes. A que se juntam, dez anos depois, os 5 volumes da Correspondência. Nos anos sessenta, os eruditos italianos Giorgio Colli e Mazzino Montinari em conjunto com investigadores universitários alemães abalançam-se a fazer uma nova edição crítica das OC. Que será traduzida em Itália, no Japão e na França. Gilles Deleuze e Maurice de Gandillac supervisionam a tradução francesa. Nos anos 80, Pierre Klossowski lança uma edição nova da "Gaia Ciência". Num total de 14 volumes, a edição francesa que demorou cinco anos a totalizar, contém 6 volumes de Fragmentos Póstumos integrais e mais sete acoplados às obras do período correspondente entre 1869/1882.
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