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domingo, 18 de maio de 2008

Novo ensaio sobre a vida e obra de Guy Debord sob o prisma de Hegel-Lacan e Heidegger


Quatro décadas depois da " bomba " teórico infinitesimal armadilhada pela publicação de " A Sociedade do Espectáculo", e a juntar a centenas de teses e memorandus sobre a sua aplicação na vida e nas artes, Stéphane Zagdanski, poeta e ensaísta, lança uma introdução geral sobre a vida e a obra de Guy Debord, que arrasa o fluido sincrético interpretativo anterior, " Debord ou La diffraction du temps ", que foi posto ontem à venda pela Gallimard em França.

Agora que o espaço literário nacional celebrou a tradução do panfleto de Anselme Jappe sobre o fundado da Internacional-Situacionista(IS), não é sem uma ponta de ironia e espanto que surge este mega-Ensaio de prospectiva e interpretação ,apoiado nas teses maiores de Hegel, Nietzsche, Lacan e Heidegger, principalmente. Mas sem meter medo ou iludindo os impasses e insuficiências de uma leitura-tentativa extremamente difícil, é evidente…

Numa leitura microscópica intensa e alarmante, Zagdanski disseca a implacável novidade e violência conceptual de Debord, lembrando uma confissão juvenil do iconoclasta contestatário:
"Não é necessário admitir a correnteza das coisas. O que é necessário é desencadear revoluções". Tinha G. Debord dezanove anos…" Nunca embandeirem por doutrinas, só por perspectivas! ".

Neste apontamento-flash, em cima do acontecimento, para lá dos tópicos de interpretação referidos de grande intensidade e eficácia, que revelam uma leitura total dos textos, filmes e correspondência de Debord, Zagdanski joga tudo no conceito de jogo e imprevisto criados por Nietzsche e desenvolvidos por Georges Bataille na " A fracção maldita".

" Contestando as interpretações adocicadas do marxismo no Ocidente –produzidas por esse " amor desinteligente" que Hegel, na " A Fenomenalogia do Espírito", diz que pode ser mais destrutivo do que o ódio- assim como as suas despóticas distorções leninistas na Europa de Leste e na China, Debord ressuscita de uma forma inacreditável o pensamento da mercadoria e o projecto revolucionário de uma sociedade sem classes ", assinala Zagdanski, que anteriormente publicou na colecção L´Infini/Gallimard dirigida por Ph.Sollers, belos ensaios sobre Proust, Céline e o Judaísmo.

Numa sequência muito bela e profunda, intitulada justamente "Manual de Guerra", Zagdanski exorta sem sofismas ou panaceias: " Saber pensar é indissociável de uma recusa de contemporizar com as desgraças hodiernas. Pensar, é mergulhar no inalterável. As duas opções vão agora em conjunto; pensar regressa a habitar numa aberta das palavras, especialmente quando a linguagem dos homens não é mais senão do que o " espaço das suas obsessões"(Heidegger).

Stéphane Zagdanski," Debord ou La diffraction du temps", Éditions Gallimard.
France. Mai 2008

FAR