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quarta-feira, 11 de junho de 2008

Rússia: Os " ladrões tornaram-se conservadores …"


O futuro do terceiro período do post-sovietismo é hoje escalpelizado pelo grande jornalista sénior do Libération, Bernard Guetta. O famoso editorialista lança suspeitas sobre a força da aliança entre Poutin e Medvedev. Sublinha que o novo Presidente russo quer implantar, de facto, um Estado de Direito, conforme os canônes do Ocidente.Lembra as palavras do recém-eleito PR russo em Berim: " :Defendemos, acima de tudo, o modelo do estado de Direito e o respeito das leis internacionais ".
A formação de uma OPEP-bis de parceria com o Irão, a Líbia e a Venezuela pode estar comprometida, portanto. A não ser que o tonitruante PR iraniano consiga realizar um golpe de Estado deslizante. E a China, a Rússia e os banqueiros árabes decidam investir massivamente na modernização do aparelho de extracção petrolífero da antiga Pérsia.
Por isso, a eleição de um democrata para a Casa Branca se torna muito importante para a geopolítica mundial.A mundialização agiganta-se e os novos dirigentes russos parecem estarem cientes da responsabilidade política que lhes pesa nos ombros. A NATO deixou de ser uma ameaça para a Rússia, outra das viragens estratégicas que Medvedev sustenta e quase que apadrinha.

Cet horizon paraît tellement improbable que le scepticisme n’est pas interdit, mais écoutons ce quadragénaire souriant, poupin, s’adresser, jeudi, à la crème des élites allemandes. «La Russie et l’Allemagne, lance-t-il d’emblée, sont deux pays européens» et, pour bien faire comprendre qu’il ne s’agit pas là d’un constat géographique mais d’un choix politique, il enchaîne : «Nous sommes, au-dessus de tout, attachés à l’Etat de droit et au respect de la loi internationale, par les grandes puissances avant tout». «La fin de la Guerre froide, poursuit-il, permet de bâtir une véritable coopération d’égaux entre la Russie, l’Union européenne et l’Amérique du Nord, les trois branches de la civilisation européenne». «Nous avons besoin, martèle-t-il, de débattre, aujourd’hui, d’une unité de toute l’aire euratlantique, de Vancouver à Vladivostok.» Non seulement Dmitri Medvedev plaide l’organisation du continent Europe mais, loin d’en revenir à l’ambition soviétique d’un «découplage» entre l’Europe et l’Amérique, il veut associer l’Otan, donc les Etats-Unis, à la négociation de ce «pacte régional» de sécurité européenne qu’il est venu proposer à Berlin. La Russie, dit-il en clair, est part d’un monde occidental à l’unité duquel elle veut contribuer dans un siècle où tout menace la prééminence de l’Occident.

Des mots ? Oui, mais outre que les mots comptent en politique et que la Russie a autant peur de la Chine que du monde arabo-musulman, écoutons la suite : «Comme le dit John Le Carré, la Russie est sortie du froid. Ayant abandonné le système soviétique et toute idée de le restaurer, elle place son avenir dans l’innovation […] Son haut niveau de stabilité financière, sociale et politique ouvre de nouveaux horizons à un investissement moderne et fiable [et] notre objectif n’est pas seulement d’atteindre une haute qualité de croissance économique. Il est, également, de transformer la structure entière de notre société en soutenant le développement de la classe moyenne, solide base sur laquelle construire la démocratie».

Là, l’oreille se tend. C’est là que Dmitri Medvedev retient vraiment l’attention car il passe, là, des souhaits aux faits. L’argent russe, cette force qui a tellement soutenu sa candidature, est devenu demandeur de lois et de règles afin de consolider ses droits de propriété, attirer des capitaux occidentaux et pouvoir, aussi, s’investir en Occident. Butin pris, les voleurs sont devenus conservateurs. Comme ces nouvelles classes moyennes que l’on voit prendre des vacances familiales aux quatre coins de l’Europe, ils se vivent comme Occidentaux et le successeur de Vladimir Poutine - un juriste, pas un homme du KGB - est à l’exacte image de ces yuppies russes, trop jeunes pour avoir été façonnés par le communisme et dont toutes les aspirations sont occidentales.
Dmitri Medvedev exprime une nouvelle Russie - celle qui est, effectivement, part de l’Occident.

Bernard Guetta est membre du conseil de surveillance de Libération.
FAR

sábado, 7 de junho de 2008

The NY. Review of Books: denuncia rampante corrupção na Rússia

The Truth About Putin and MedvedevBy Amy Knight As he prepares to step down from the Russian presidency in early May, Vladimir Putin has been boasting about his accomplishments.

In a speech to the State Council on February 8, he talked of the stability that his government had established, thanks to which 'people once more have confidence that life will continue to change for the better. ' A few days later, during the last of his long annual press conferences as president of the Russian Federation, Putin said: "I have worked like a galley slave throughout these eight years, morning till night, and I have given all I could to this work. I am happy with the results."

FAR

terça-feira, 27 de maio de 2008

Rússia: Conspiração oligárquica inventa o melhor dos mundos


O espectáculo contribui para reforçar o segredo", esta magistral tese do último livro escrito por G-E. Debord, " Comentários…"(1988), pode englobar e analisar os andamentos da conspiração oligárquica neo-estaliniana comandada por Poutin, hoje, na Rússia. Um artigo inserto no The Observer, a edição dominical do The Guardian, chama a atenção para os efeitos devastadores do " capitalismo dirigido " dos novos senhores do Kremlin. O autor, Heather Connon, esteve em Moscovo e trouxe notícias inquietantes sobre o perfil enevoado e contestado do novo PR, Dmitri Medvedev, apesar de estar controlado pelo seu patrono…

A história fictícia e plena de equívocos, subtilmente ocultos pelo articulista, apresenta a Rússia como o caso de maior sucesso da economia mundial do início do século XXI. O seu poder concentrado no Kremlin e numa camarilha de gestores e cúmplices baseia-se nas segundas maiores reservas de petróleo do Mundo, nas maiores de gás e na quarta maior em ouro. O salário médio atinge os 750 dólares/ mês, actualmente. Há dez anos atrás, a maioria da população russa vivia com menos de 1 dólar por dia, valores comparáveis aos da Índia nessa altura.

Apoderando-se das fabulosas reservas petroliferas, Poutin e os seus muchachos, tentam agora construir uma classe média que suporte a disseminação desigual da riqueza. Reservando para si e os seus amigos- muitos deles a investirem maciçamente em Inglaterra no futebol - os juros e mordomias astronómicos de centenas de biliões de dólares de lucro/ ano.
" A tese de Feuerbach, sobre o caso que no seu tempo era preferida " a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade" foi inteiramente confirmado pelo século do espectáculo, e isso em vários domínios onde o século 19 queria ficar à margem do que era já a sua natureza profunda: a produção industrial capitalista ", refere Debord no citado livro derradeiro. Ora, o jogo maquiavélico de Poutin e dos seus cúmplices consiste, tão só, em iludir o povo com a magia do progresso e bem-estar, manipulando um sistema socio-económico onde a liberdade diminui de dia para dia por causa da opacidade fatal das estruturas do poder politico, que tenta recauchutar um novo capitalismo de Estado.

Poutin promete grandes linhas de construção no imobiliário social e Medevedev tem como meta principal alargar a classe media, os consumidores e escravos da sociedade do espectáculo, para metade da população nos próximos anos. O articulista narra as operações de controlo que sofreram nas últimas semanas, os escritórios da BP e da Shell em Moscovo. Tenta desvalorizar o acontecimento, apesar de tudo. Mas é visível e iniludível que a " guerra do petróleo" é uma das principais armas de dissuasão e chantagem dos senhores do Kremlin. Tudo isto quando a cúpula da Comissão Europeia decidiu incrementar e estreitar as suas relações políticas e económicas com a Rússia nos últimos dias.

Russia: giant of a new economic world
By Heather Connon.
guardian.co.uk The Observer

FAR

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Rússia: Medvedev cercado por homens-de-mão de Putin


O preço do petróleo aumenta, a administração GW Bush entrou em estado de coma e Poutin " destaca", é o termo, alguns dos seus mais fiéis ajudantes de campo para " ensinar " o novo PR, Dmitry Medvedev, a governar. Este tríplice geopolítico telescopeia-se no golpe da facção pró-iraniana do Hezbollah no Líbano, que desencadeou uma séria advertência das autoridades sauditas, de intenções mais que suspeitas.Se a subida do preço do petróleo contou com a ajuda das previsões do FMI, onde se projecta uma nova e misteriosa lógica da relação oferta/procura, a blindagem do poder executivo na Rússia pode deixar antever um prelúdio de crise, a que T. Friedman, de novo a escrever no NY Times, formula pelo uso da aterradora sigla de " A nova guerra fria ".
Poutin, o novo czar bilionário da Rússia, abalançou-se a destacar quatro antigos ajudantes de alto nível para colaborarem com o novo PR. Já se sabia que Medvedev era manipulado, mas a este ponto ninguém o imaginava. O chefe da nova administração presidencial, Sergei Naryshkin, antigo ministro sem pasta, natural de St-Petersbourg, a cidade de Poutin, não confirma nem demente o seu tirocínio no ex-KGB. O conselheiro especial do novo PR, Leonid Reiman, antigo ministro das Telecomunicações, é natural também de St. Petersbourg. Mikhail Zurabov, antigo ministro da Saúde, coadjuva o anterior.
Outros homens-de-mão muito especiais de Putin envolvem este controlo quase total do Kremlin.
Mais este trio, vejamos. Vladislav Surkov, o ideólogo do regime, continua. O secretário de Imprensa do antigo PR, Alexei Gromov, foi reconfirmado noutro cargo. E Alexander Beglov, antigo conselheiro de Poutin, dirige agora os serviços da administração técnico-financeiros. A secretária de Imprensa de Medvedev é Natalya Timakova, uma habitué do Kremlin e dada como uma fanática do antigo PR.
O círculo confidencial dos homens de extrema confiança de Poutin na nova gerência do Kremlin adensa-se ainda com a presença de Sergei Prikhhodko, antigo conselheiro presidencial de Política Internacional. Dmitry Medevedev conta só com dois antigos colegas da Faculdade de de St Petersbourg : Arkady Dvorkovich, economista liberal , e Konstantin Chuichenko, advogado com fortes ligações ao mundo dos hidrocarbonetos.

FAR

terça-feira, 13 de maio de 2008

Putin cria Governo restrito com incondicionais e liberais


O todo-poderoso PM russo, o incontornável chefe da maioria presidencial, Vladimir Putin, divulgou já com a maior das celeridades a composição do seu primeiro governo. Um liberal , próximo do PR Medvedev, Alexei Kudrin, foi indigitado para vice-PM e ministro das Finanças, numa jogada para agradar ao Oeste, segundo caracterizou o F. Times hoje.O PR irá substituir o director do FSB, ex-KGB. O grande rival de Medvedev, o terrível Sergei Ivanov, foi despromovido a ministro sem pasta.

A grande novidade da equipa de Putin prende-se com a transferência que organizou dos seus principais conselheiros, que passaram do Kremlin para a chefia do Governo como aliados e conselheiros de um inner circle muito restrito. Igor Shuvalov, um antigo liberal e ajudante no Kremlin, passou a vice PM responsável pelas Relações Económicas Internacionais, e irá negociar o processo de adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio além de ter funções específicas para tentar revitalizar o enfraquecido tecido das PME , pólo decisivo para a retoma económica sustentada da economia.

Igor Sechin, um dos líderes da ala "dura" do poder, irá trabalhar ao lado de Putin na Casa Branca de Moscovo, assim se chama o imóvel da sede do governo. Sechin, que era considerado um hábil manipulador e uma figura parda do Kremlin, irá ter que resolver as magnas questões da Política Industrial e do Ambiente. Dois homens da máxima confiança de Poutin, Sergei Sobyanin, e o ainda PM, Viktor Zubkov, serão os dois vice-PM ao lado do incontestável maestro da política russa. O chefe da administração presidencial de Dmitri Medvedev será Sergei Naryshkin, antigo vice-primeiro ministro.Os restantes ajudantes do novo PR são caras novas:tecnocratas e liberais? A ver vamos…

A posse do novo governo deve ter lugar nos próximos dias. Os comentadores internacionais inquietam-se com a desmesura e o sistema constitucional fechado a sete chaves confeccionado por W. Poutin. O novo PR pode ser destituído por decisão do Parlamento(Douma), onde o partido chefiado pelo antigo presidente tem a maioria absoluta. Os desafios económicos e políticos em que a Rússia está envolvida são gigantescos: sem combater a corrupção e a burocracia- os dois males maiores- os prodigiosos planos de investimento e modernização industriais e de infra-estruturas- no valor de vários triliões de dólares – arriscam-se a serem perigosamente minados e tornados inoperantes.E depois será o caos e a Europa do Oeste pode ficar numa pantanosa situação, a vários títulos.

FAR

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Rússia: Putin "entroniza" hoje Medvedev no Kremlin


É hoje a data da tomada de posse de Dmitri Medvedev no Kremlin como Presidente.Trata-se de uma escolha longamente meditada por Putin, o homem forte do Estado, que será o novo PM. Um artigo muito completo de Lorraine Millot no Libération de hoje,- que se segue a outros publicados no The Guardian e NY Times –enquadra a personalidade e o tipo de funções do " homem simples e transparente " escolhido a dedo por Poutin para successor.
Lorraine Millot, longos anos correspondente aguerrida do Libé em Moscovo, traça um retrato sem parcimónia do novo PR, revelando pormenores da sua " falta de personalidade " e da sua pequeníssima estatura intelectual . Parece que Poutin, em 1999, era também assim feito. E depois foi o que se viu, dando azo a grandes especulações sobre o espólio financeiro amealhado a título privado…
Medvedev fará parte da galeria dos PR mais novos do Mundo, ao lado do congolês Kabila e do georgiano Saakachwill, todos " quadras" ambiciosos e com missões sopradas por mentores na sombra dos gabinetes. " Lorraine diz que o novo PR é um " decalque quase perfeito de Poutin" ,mas gosta de Internete, de yoga e de começar o dia por fazer umas voltas à piscina…
A grande jornalista do Libé vai mais longe e revela confissões. De uma oposicionista do regime, Maria Litvinovitch, que sublinha no essencial que Medvedev " é um pequeno homem vulgar e do tipo daqueles que nunca se hão distinguir ".Ela acrescenta que, por ter trabalhado com ele na campanha de Poutin no início dos anos 2000, o conhece bem: " Ao lado de cérebros criativos, Medvedev distinguia-se por não ter qualidades de organizador, não controlava nem decidia coisa alguma…".Lorraine cita Serguei Markov, deputado fiel a Poutin, que adverte que " Medvedev não será o motor da liberalização, mas sim, o homem encarregado de a anunciar e indiciar…Poutin compreendeu que era preciso uma política mais liberal para diversificar a economia…".

Portrait Medvedev élevé dans l'ombre de Poutin
Il est plutôt lève-tard, émerge vers 8 heures du matin après six heures de sommeil, commence ses journées par des longueurs de piscine, puis surfe sur Internet pour «se réveiller». Il pratique aussi le yoga, aime le poisson et les desserts sucrés… Pour donner un peu corps au nouveau président russe, Dmitri Medvedev, qui a été intronisé aujourd’hui en grande pompe dans ses nouvelles fonctions au Kremlin, ses conseillers ont dû distiller ce genre de détails à une presse bien en mal d’information. Car pour l’essentiel, le jeune Dmitri Medvedev, demeure encore et avant tout le terne et lisse «homme de Poutine», repéré, formé et promu par le président sortant. A 42 ans, il sera d’ailleurs l’un des plus jeunes chefs d’Etat au monde, avec le Congolais Joseph Kabila, le Géorgien Mikhaïl Saakachvili et le Togolais Faure Gnassingbé.

Postcommuniste. Après s’être longtemps distingué par ses gérontes, le Kremlin parachève un sérieux rajeunissement. Medvedev sera le premier président russe à avoir fait toute sa carrière dans la période postcommuniste : tandis que Poutine s’était façonné à l’école des services secrets soviétiques, Medvedev a fait ses griffes durant les folles années 90 en se lançant dans plusieurs affaires commerciales, étroitement liées au pouvoir.
Jeune, juriste, sportif et buveur de thé, Dmitri Medvedev, tel qu’on le connaît - du moins jusqu’à présent - se présente comme un décalque assez parfait de Vladimir Poutine. Embauché par ce dernier à la mairie de Saint-Pétersbourg dans les années 90, Medvedev a suivi son mentor à Moscou en 1999 pour faire ses classes dans l’administration présidentielle, avant d’être choisi par Poutine pour lui succéder. L’ancien président semble d’ailleurs vouloir continuer à jouer un rôle central, si ce n’est un tutorat, depuis son nouveau poste de Premier ministre qu’il doit occuper ce jeudi. «Medvedev est un petit homme ordinaire, du type de ceux qui n’attrapent jamais les étoiles, résume Marina Litvinovitch, aujourd’hui opposante résolue au régime, mais qui avait travaillé sous son égide, au sein de l’état-major de campagne de la première présidentielle de Poutine, en 1999. Aux côtés de cerveaux créatifs remarquables, «Medvedev s’y distinguait par son manque de personnalité», se souvient-elle. «Il était visible qu’il n’avait guère de qualités d’organisateur, il ne contrôlait rien et ne décidait pas grand-chose.»

sábado, 3 de maio de 2008

Relações americano-russas em muitos maus lençóis

As relações USA/ Rússia atravessam o pior momento dos últimos 20 anos, segundo um artigo do especialista, Stephen F. Cohen, hoje publicado na edição mundial do NY Times. A míriade de tensões entre os dois países quase que atinge as dantescas proporções das do período da Guerra Fria. A classe política norte-americana tem tratado com ligeireza e sobranceria um país- chave da geoestratégia política e industrial mundial, sublinha o expert , que recomenda- para evitar o pior- que se trate a " Rússia como uma grande potência" e se" evite o alargamento da NATO à Ucrânia, de forma a evitar o pior ".

Stephen F. Cohen sinaliza que as sucessivas administrações norte-americanas, inclusive a de Bill Clinton, deitaram por terra o consenso pacífico e cooperative estipulado no final da Guerra Fria por Gorbachev e Reagan. " A política dura e agressiva de Poutin foi, em larga medida ", uma reacção ao triunfalismo sem limites assumido pelos EUA ". Actualmente existe um contencioso de conflitos graves em irrupção permanente- quase como os da Guerra Fria –que se estende do Kosovo, passa pelo Irão, perturba as zonas de influências em jogo na Ucrânia e na Georgia, envolve a Venezuela, toca na expansão da NATO , abrange os misséis de defesa, o acesso ao petróleo e a política interna do Kremlin, frisa o articulista.

Such U.S. behavior was bound to produce a Russian backlash. It came under Putin, but it would have been the reaction of any strong Kremlin leader, regardless of world oil prices.

And it can no longer be otherwise. Those U.S. policies, now widely viewed in Moscow as an "encirclement" designed to keep Russia weak and control its resources, have helped revive an assertive Russian nationalism, destroy the once strong pro-American lobby and inspire widespread charges that concessions to Washington are "appeasement," even "capitulationism." The Kremlin may have overreacted, but the cause and effect threatening a new cold war are clear.

Because the first steps in this direction were taken in Washington, so must be the initiatives to reverse it.

Three are essential and urgent: a diplomacy that treats Russia as a sovereign great power with commensurate national interests; an end to NATO expansion before it reaches Ukraine, risking something worse than cold war, and a full resumption of negotiations to sharply reduce and fully secure all nuclear stockpiles and to prevent the impending arms race, which requires ending or agreeing on missile defense in Europe.

Recent discussions with members of Moscow's policy elite suggest there may still be time.
American presidential campaigns are supposed to discuss such vital issues, but Senators John McCain, Hillary Clinton and Barrack Obama have not done so. Instead, each has pledged to be less "soft" on the Kremlin, to continue the encirclement of Russia and the hectoring "democracy promotion" policy, both of which have only undermined U.S. security and Russian democracy since the 1990s.

To be fair, no influential actors in American politics, including the media, have asked more of the candidates. They should do so now before another chance is lost - in Washington and in Moscow.

Russia: The missing debate By Stephen F. Cohen International Herald TribuneFriday, May 2, 2008
http://www.iht.com/articles/2008/05/02/opinion/edscohen.php

FAR.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Alexander Solzhenitsyn: À beira dos 90 anos luta para escrever!

É uma das grandes imagens-força do autor do Arquipélago do Goulag, a saga que completou a crítica do sistema soviético no princípio dos anos 80: a obsessão descomunal contra o marxismo-leninismo e, paralelamente, a paixão pela escrita.. Numa entrevista ao The Observer, a edição semanal do The Guardian, a mulher e o biógrafo do taumaturgo russo desvendam alguns lances da vida actual do Nobel. E anunciam que, até ao final do ano, Dezembro será o mês do 90° aniversário do escritor, estarão à venda 12 dos 30 volumes dassuas Obras Completas, sem ainda as Cartas e as Notas inerentes…

Solzhenitsyn vive numa cadeira de rodas durante o dia. Raramente sai da datcha, sita na zona Oeste de Moscovo. A mulher Natália diz que ele não sai à rua há cinco anos. Não votaram nas Presidenciais de Março, portanto. Tem relações normais com Putin e os seus colaboradores. Admira a força do PR russo por não deixar alienar o prestígio da Rússia, agora que a NATO quer alargar o circulo dos seus membros até às fronteiras da nação.

O povo russo recomeçou a ler A.Solzhenitsyn, diz o seu biógrafo DM.Thomas. Apesar de algumas polémicas azedas e inconsequentes sobre o misticismo e o irracionalismo integrista, o Nobel é fervoroso adepto da Igreja ortodoxa russa. Esconjura tanto o secularismo do Ocidente como o comunismo. O autor de "A Roda Vermelha", mesmo com grandes dificuldades e saúde abalada, procura sem fraquejar, "tudo o que se relacione com a tragédia da repressão na antiga URSS, o arquipélago do Goulag e outros campos de internamento e a perdição dos deserdados, trabalhadores do campo errantes que, após o final da II Guerra Mundial, Estaline transformou em escravos, sem dó nem piedade", frisou a sua mulher Natália ao jornalista Luke Harding, em Moscovo.

FAR

quarta-feira, 26 de março de 2008

Novo PR russo ao Financial Times: tudo pelo Estado de Direito à Ocidental

É a primeira grande entrevista do recém-eleito PR russo, Dmitry Medvedev, a um jornal estrangeiro, realizada pela equipe de ouro dos correspondentes do F.T.,em Moscovo, Neil Buckley, Catherine Belton e um assessor, Lionel Barber. O tom da conversa foi caracterizado pelos jornalistas que se deslocaram ao Kremlin, como “conciso, sujeito a ponderação, envolvendo precisão e alongando-se no tempo de resposta”. Nada que se pareça com o “ colorido talento e a linguagem crua” de Putin…
E foi dado à estampa na edição europeia de ontem.

Medvedev, universitário puro e jurista, com 42 anos, surge no cerrado puzzle da vida política russa como o continuador da tese de Putin, desmentida e mal rodada, da instauração do Estado de Direito, em movimento sem fim. “Ele vê cada solução para os problemas através do prisma do legalismo “ democrático, o fundamento jurídico e constitucional, alertam os jornalistas.” Mas por detrás da linguagem esparsamente muito trabalhada, situa-se um profundo objectivo: entronizar o papel da lei na sociedade russa”, frisam.

Medvedev sabe que o jogo é muito arriscado, Tem que fazer “duo” com Putin, que passa a PM com funções exclusivas na governação económica, “na arena”, como exprimiu. Por outro lado, tem que fazer frente aos duros do regime, antigos caciques do KGB, que não gostaram nada que tivesse sido o escolhido. Antes tinham preferido que Putin tivesse “alongado” o seu mandato…A nova burocracia de Estado russo pode vir a causar muitos dissabores ao sucessor de Putin, pois vive anichada e em circuito fechado acoplada às administrações mais rendosas do fabuloso património industrial russo, conforme dei a ver em artigos anteriores.

“O seu princípio básico, de partida, prende-se com o seu estatuto profissional ele é, afirma-o, talvez demasiado um advogado. Meticuloso e preciso, perspectiva quase sempre cada solução através da racionalidade jurídica do seu pensamento”. “ Será uma tarefa gigantesca”, concorda, para sintetizar: “A Rússia é um país onde o povo não gosta de cumprir a lei. É um país de niilismo legal “, acrescenta.

Medevedev insiste em que, a Rússia, tem que construir o império da lei, destacando três princípios base. O primeiro prende-se em legitimar a supremacia da lei sobre o poder executivo e a vida social. O segundo, é criar “uma nova atitude e comportamento perante a lei”. “Temos que assegurar, que cada concidadão compreenda que para lá da necessidade e justeza, se torne ciente que sem esses desideratos não pode existir um normal desenvolvimento do nosso Estado e da sociedade em geral”, foca. O terceiro prende-se com a necessidade de ser observada a “independência dos juízes e dos tribunais”.

“A minha definição da democracia como poder do povo não é diferente, de modo algum, das clássicas definições que existem nos outros países”, assegura. E avança com esta profissão de fé, a par do emagrecimento e redefinição da estrutura da economia, que se pode tornar como o seu talismã, diferencial e de marca própria: “A Rússia é um país europeu e tem toda a capacidade para cooperar com os outros países, que tenham adoptado o mesmo compromisso democrático para o progresso”.

FAR

domingo, 2 de março de 2008

O pequeno-grande Mundo dos Ditadores em ebulição incontrolada e perene?

Pelo azar do calendário, este novel mês de Março irá fazer lume e trompete sobre três alucinantes sufrágios: Rússia (hoje, a decorrer), no Irão, as parlamentares a; e no Zimbabué, no final do mês,29, onde Mugabe vai jogar tudo por tudo para se manter à frente do país-record da inflação mundial e da desigualdade mais sanguinária. Março, marçagão, kalachs para o chão…

As coisas pioram, efectivamente, à medida que o calendário avança. O Der Spiegel e o FT deram relevo à viragem à direita no Irão, com a facção Amin-Nejadah e os Guardas da Revolução a imporem o seu diktat na selecção de candidatos ao sufrágio legislativo. Ainda não existem dados muito concretos sobre as proporções do “golpe" dos hard-liners do regime, o que se sabe é que o Guia Supremo se curvou perante o brilho das armas. O que só irá tornar ainda mais incontrolável um Médio Oriente atravessado por um estado de guerra permanente e irredutível.

Se a eleição russa de hoje, será indisfarçavelmente má, a iraniana será má com agravos incontroláveis e a do Zimbabué - presidencial e parlamentar - grotesca, segundo os qualificativos usados por G. Rachman no F. Times Blogue.

O que surge em filigrana no espectro destas três eleições-farol? Uma crítica sem limites aos postulados da democracia liberal e pluripartidária, em regra e sem sofismas. Putin fez gato-sapato das recomendações internacionais sobre os dislates da falta de representatividade e funcionamento das regras do jogo eleitoral russo. O poder iraniano fechou-se sobre si próprio e uma vaga de terror e repressão incalculáveis acabarão por destruir os fundamentos já ténues da democracia representativa iraniana. Se pensarmos que, em conjunto, as reservas petrolíferas da Rússia e do Irão ultrapassam quase em muito as da Arábia Saudita, nem vale a pena pensar na escalada infernal que nos ameaça.
Mugabe e os seus acólitos, ensaiam já novo tipo sofisticado de rumores e ameaças encapotadas para intimidarem a Oposição, que pode ter a audácia de descer às ruas para fazer frente às metralhadoras
a soldo de caciques predadores.

FAR

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

“O que Putin fará só ele e o seu cão Koni o sabem…”

Presidenciais russas entediantes e com Putin a armadilhar tudo e todos: o filme do fim-de-semana parece estar ensaiado antecipadamente em Moscovo. Como escreveu hoje o editorialista para a Europa do W.S. Journal, Matthew Kaminski, só um refinado incompetente não tiraria partido do aumento à potência oitava do preço dos hidrocarbonetos e minerais, embora subtilmente sinalize que o PR russo não tem ilusões sobre a moral dos seus apoiantes..Daí o rigor milimétrico com que desenhou a sua passagem de PR para PM. E, acrescenta, Poutin congelou as reformas da economia desde que foi reeleito em 2004 e “ kremlinizou a indústria energética, começando pela confiscação da primeira companhia petrolífera privada, a Yukos”.Com verve, o jornalista soletra a deliciosa anedota moscovita sobre os segredos de Estado entre Putine e o seu cão Koni…

Regularmente temos vindo a classificar as grandes linhas de força do Putinismo. Especialmente, o grande artigo da dupla de correspondentes do F.Times, em Moscovo, se bem se recordam, deu-nos perspectivas de grande alcance. Para se ver a classe de Neil Buckley e de Catherine Bolton leia-se hoje o artigo de Thimothy Garton Arsh no The Guardian, ele que anima tanto as páginas de Fim-de-semana do jornal Público, com traduções…Por isso, avancemos com detalhes da argumentação de Kaminski, que possuem uma incalculável consistência: “ Vendido como garante da ordem política e económica, o Putinismo é corajosamente instável. O lançamento da corrida presidencial provocou uma encapotada mas furiosa disputa, e a luta pelo poder não irá abrandar. (…) Talvez consciente dessas vulnerabilidades, Putin passou os últimos oito anos a montar alarmes repressivos contra esse desfecho possível”.

“Eliminando paulatinamente as liberdades democráticas, Putin enfraquece a legitimidade do seu regime. Mas a sua sobrevivência obriga a que não possua espaço para poder cometer erros. Ele depende de um pequeno e unido círculo, cujas conexões datam dos tempos de St Petersburgo”. Como repete um seu antigo companheiro do KGB, “Putin preza e recompensa a lealdade, mas conserva inexpugnáveis os seus fundamentos de decisão”, aponta o editorialista do WS Journal.
Kaminski com gozo, diz que Putin foi escolher um jovem pálido e que ,segundo os malandrecos afirmam, é uma pequena "imitação do dono”.Como não tinha apoios nem nos serviços secretos, nem na nomenclatura, isso era um dado suplementar para ser Medvedev o predestinado… Um politólogo de Standford Univ., Michael MacFaul, em declarações ao NY Times, sugere que os sentimentos pró-West do futuro PR são mais superficiais do que substanciais. “Ele é mais um public relations, não um estratega”.

FAR

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Telegramas

Itália: Veltroni e Berlusconi “condenados” a entenderem-se? - Tudo parece mudar no múltiplo campo político italiano: depois da fundação do Partido Democrático, agora chefiado por Walter Veltroni, Berlusconi pensa mudar a sigla da sua instável coligação, a Forza Itália, para a de Povo da Liberdade, inquietando os seus aliados da extrema-direita. Nos mentideros da vida política de Roma, segundo a Imprensa norte-americana, fala-se insistentemente das “destemidas” conversações entre os dois tenores rivais. Estarão cúmplices, agora que Prodi se afastou para sempre da política politiqueira?

Por outro lado, o que resta da Democracia Cristã pensa agregar os seus apaniguados num grupo, a “Coisa Branca”. No lado oposto, o mäestrom socialista , os ecologistas e franjas dispersas também pensam constituir uma coligação, a “Coisa Vermelha”. Tudo porque, as sondagens, indicam que as coligações de Berlusconi e a de Veltroni podem ter resultados não muito divergentes. E os italianos já experimentaram quase todos os sistemas de voto possíveis, uninominais ou proporcionais. Mas che coza!!!

Para aplanar as dissonâncias e contrastes entre as duas grandes formações da Direita e da Esquerda -o espectro de uma Grande Coligação ganha peso e apoiantes. Segundo Wolfgang Munchau, expert de Eurointelligence, um governo bicolor presidido por Mário Draghi, governador do Banco de Itália, seria ouro sobre azul para resolver os problemas cruciais para o futuro do país. A reforma e qualificação do Sector Público de Estado, constitui mesmo um dos maiores desafios de um qualquer novo governo,

Segundo o especialista Francesco Giavazzi, professor de Economia da Bocconi Universidade de Roma, Prodi não conseguiu impor uma política económica alternativa, sobretudo nos rendimentos . “O governo de Prodi talvez tenha defendido o poder de compra dos seus apoiantes mais próximos, mas as classes mais desfavorecidas não foram beneficiadas de forma nenhuma. Como líder da Esquerda, foi um fiasco. Como um reformador, foi um desastre”.

Rússia: sistema Putin reforça controlo na Economia - Os dois grandes enviados especiais permanentes em Moscovo, Neil Buckley e Catherine Belton, do Financial Times, realizaram uma enorme entrevista com Mikhail Khodorkovky, o antigo capitão-de-indústria preso há perto de dez anos e agora num antigo goulag na Sibéria. A entrevista realizada na prisão, é um longo e terrível grito de dor. Khodorkovsky continua a declarar-se inocente e repudia as novas incriminações criminais sobre o desvio de petróleo. O que faz com que se arrisque a levar com mais vários anos de cárcere siberiano.

Tendo-se convertido à obediência religiosa dos Ortodoxos russos, Khodorkovsky tem força moral para recomendar coragem e vontade ao mais que provável sucessor de Putin no Kremlin, Dmitry Medvdev. “Será tudo muito dificil para ele. Nem posso imaginar. O peso das tradições e o estado das mentalidades, a acrescentar ao vazio de forças capaz de suportar qualquer movimento em direcção ao Estado de Direito, tudo isso, são coisas contra ele. Por tudo isso, meu Deus concedei-lhe a capacidade para tudo realizar. É tudo o que podemos desejar-lhe”.

Catherine Bolton descreve o campo de batalha orquestrado por Poutin, para redistribuir os “peões” e homens de mão pelos postos mais sensíveis do aparelho produtivo, a valer quase 500 biliões de dólares, actualmente. Assim, Igor Sechin, chefe da Casa Civil presidencial, vai ser nomeado para a Rosneft, a gigantesca petrolífera estadual única. Por seu turno, o actual PM, Viktor Zubkov, deve ir dirigir a Gasprom. O temível rival de Medvedev, Sergei Ivanov, vai dirigir o consórcio da aviação comercial.O que parece uma despromoção, pois, Viktor Ivanov, ajudante de Putin, ficará responsável pela aeronáutica militar, a balística e a construção de mísseis.

FAR

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Liberais yankees criticam erros estratégicos dos homólogos russos

Quem segue apaixonadamente a evolução da conjuntura russa, não pode perder um artigo de análise ontem publicado no NY Times, da autoria de um especialista em temas russos, Nicolai N. Petro. Ainda não tive tempo de analisar os textos que no Público saíram assinados, só para ver as modas. De qualquer das formas, o blogue bate-se na linha da frente para tentar perceber as grandes mudanças da Geopolítica mundiais. A folgada vitória de Putin - e o F. Times diz que ela pode ser a sua consagração ou calvário - beneficiou dos erros estratégicos da Coligação Liberal - Outra Rússia- que englobava a nata da inteligentzia moscovita e alguns famosos experts do big-business, Ryzhhov, Irina Khakamada, Gregory Yavlinsky, Kasyanov e Boris Nemtsov, de braço-dado com Garry Kasparov é o chefe-de-fila do gang etno-nacionalista, o famigerado Eduard Limonv, de tristíssima e fedorenta aura de assaltos e perversões xenófobas pró-russas.
A análise de N.Petro é de grande amplitude, conjugando valores essenciais das sondagens de longo alcance e descortinando o "oportunismo"ideológico das alianças contranatura dos liberais com o nacionalista Limonov. Até parece que houve sabotagem premeditada no seu envolvimento na coligação "Outra Rússia", de acordo com as teses sibilinas do autor. Há três anos que Limonov se tinha "colado" à coligação, sendo temido e respeitado pelo "poder de fogo" das suas milícias, com provas dadas... Houve cisões por causa da adesão de Limonov - as de Yavlinsky e Kasyanov - mas Gasparov, Ryzhkov e Nemtsov continuaram. E as sondagens e audiências, que tinham partido de valores altos. cairam a pique, como também sucedeu com os outros partidos "liberais", União das Forças de Direita e Yabloko.

"The problem, it seems, is not that the opposition cannot get its message to the Russian public- nor even the message itself. The problem is with the messengers, who have managed to alienate their natural constituency- RussiaŽs growing middle class", assinala o articulista, que adianta ainda outra razão de tomo: " The party of V. Putin, which has pleged to continue the policies that have increased average salaries from 80 dólares to 500, a month, which has dramatically increased social spending and reduced the poverty level from 27 percent to 15 percent".
"Far from indicating a retreat from democracy, the Russian electorate’s rejection of the current opposition may be a sign of the countrie’s progress toward a mature democracy", observa o autor, depois de lamentar as observações de Boris Berezovsky, no exílio londrino, sublinhando a "manipulação centenária das autoridades russas que transformaram o povo num rebanho de mentecaptos".

FAR

sábado, 1 de dezembro de 2007

Putin: mandar como Estaline e viver como Abramovitch!

As legislativas russas, primeira volta indirecta das Presidenciais de Março próximo, desenrolam-se hoje. Os observadores internacionais mostram-se muito cépticos sobre a " pureza " dos processos eleitorais " usados " pela clique de Putin. As incógnitas sobre o que se irá desenrolar no assimétrico tabuleiro político russo, são mais que muitas. A grande imprensa mundial tem alertado para as violações ao código eleitoral induzido pela OPCE, de uma forma branda. A vitória de Putin parece ser irremediável. Um grave incidente ocorreu na última semana com a prisão de Garry Kasparov, que desencadeou uma forte pressão dos EUA, da União Europeia e de vários governos do Oeste. A manipulação político-partidária conduzida pelo partido do manda-chuva do Kremlin, a Rússia Unida, atingiu foros de escandalosa perversidade e alto cientismo. Kasparov tenta implementar os processos da Revolução " Laranja ", que tanto sucesso imediato deram na Ucrânia e na Geórgia, apesar de tudo. Mas isso não chega e foi preso durante cinco dias.
O grau de popularidade de Putin tem ultrapassado todas as vicissitudes: a destruição do consórcio petrolífero Youkos, com prisão siberiana para Khodorowski; a mão-baixa sobre os impérios siderúrgicos e de diamantes, com o afastamento compulsivo das direcções em exercício modernizador; tudo foi feito pelo " núcleo duro " do Kremlin para controlar a economia...e o poder.
"Never before in Russian history have so few exercised such tight control over a national wealth that is so vast and liquid, in more ways than one. The stakes of relinquishing power have grown commensuralety for Putin. If he becomes prime minister, a vast network of informal arrangements that made the president and his entourage the managers of Russia most lucrative natural ressources will have to be dismantled- redirected away from the Kremlin and toward the prime minister ", escrevia no final de Outubro passado, no NY Times, Leon Aron, especialista de Estudos Russos no American Enterprise Institute de Washington.
Ora, para se efectivar essa gigantesca troca de poder e influência nos sectores vitais da economia e sociedade russa, caso Putin venha a assumir a pele de líder partidário, o novo Czar teve a ousadia de alcunhar de " chacais ", epíteto que "comoveu a opinião pública mundial, os homens que o indicaram a Eltsin como provável sucessor, nos finais dos anos 90. E desencadeou nos ultimos dias da campanha uma catalinária ensurdecedora contra Anatoly Chubais, Boris Nemtsov, Igor Gaidar, entre outros, acusando-os de terem sido eles os responsáveis pelo antigo descalabro económico e social da Rússia.
O Wall Street Journal apelidou tal denúncia de "pequena novidade", apesar de destacar que " Poutin acrescentou uma nova aleivosia acusando os liberais de trabalharem para potências estrangeiras e traírem a pátria, exprimindo a pena de os ver ainda enquadrados na realidade russa". "The institution that dominates Russian society today is the KremlinŽs " vertical of power" - a combination of formal and informal controls and curbs which is rather different from the checs and balances in democratic states. This vertical of power has President Putin at the top. It extends not only to the federal government and United Russia party, but also to other parties, regional and local governments, big business, civil society and mass media".
O mais maquiavélico é que, segundo o Financial Times divulgou há dias, Putin anda a tentar lançar um programa de modernização estrutural da indústria russa, com objectivos apontados até 2025, onde tenta aliciar o que resta da administração liberal da malha industrial do seu país e a fomentar fortes incentivos, a posteriori, para os grandes conglomerados internacionais, de diversas nacionalidades e forte motivação capitalista.

FAR

domingo, 11 de novembro de 2007

Putin: o poder a qualquer preço

"A democracia, hoje, é estruturada pela igualização do sentimento de competência. Isso constitui uma radical revolução: interessamo-nos pela política porque pensamos ter os meios para nos interessar por ela ", escreve Pierre Rosanvallon, o politólogo que foi conselheiro especial de Rocard e é, hoje, guru do Collège de France, o topo da carreira universitária gaulesa. A marcha qualitativa da vida em comum, acrescenta, "postula que a vitalidade da democracia seja agenciada não só pelo reconhecimento da legitimidade e da positividade do conflito na sociedade, uma espécie de engrenagem e de regulação das divisões, mas também zela pela organização das instituições do consenso e da partilha comunitária". Isto são teses abordadas no seu último livro, "La Contre-Democratie", Edit Au Seuil, que saiu no decorrer das últimas presidenciais tricolores. Ora, a partir destes critérios, claramente se percebe que a hiper-presidencialização do sistema político russo por Putin, que parece hesitar entre duas maneiras opostas de se suceder a si próprio, só pode acabar por neutralizar o sonho de sentido e forma democráticos da Rússia contemporânea.

Entre a intensa polémica mundial desencadeada pela valsa-hesitação do n°. 1 do Kremlin em se suceder a si-próprio, ou designando um desconhecido sem perfil e sem autonomia, ou transformando o cargo de PM no núcleo duro do regime para o qual se postula, grande destaque para uma magistral artigo no Financial Times (10 Oct.07) de Anatol Lieven, professor do Departamento de Estudos sobre Guerras no King´s College, de Londres. Justamente, o analista dita de início a chave da sua tese: "A pedra de toque da política russa nos últimos vinte anos não se manifestou nas lutas e rivalidades forjadas entre partidários da democracia ou da ditadura, mas nos combates entre diferentes espécies de oligarcas ". E detalha: "A oligarquia que se formou por acção do presidente Putin é, de longe, mais coerente, estruturada e disciplinada do que a colecção de magnates feudais dados à estampa por Yeltsin".

"Then again, a fully fleged oligarchy does not depend for its survival on one leader; on the contrary, it tends to rotate power among different members of the ruling elite.. For better or worse the Russian oligarchy is still far from achieving that degree of solidity. Mr Putin may be more the chairman of a corporate board than a personal ditactor, but he is extremely powerful. Without him, it is felt, not only would the rulling group lose iits prestige with the population, but it would be liable to fall into uncontrollable rivalries. Not just Mr Putin himself but most members of the elite are therefore determined that he go on exercising dominant influence after stepping down as president next year.

Hence Mr Putin´s apparent intention to take over the leadership of the progovernment political party, United Russia, and turn it into a real rulling party rather than the present coalition of bosses and celebrities held together by allegiance to the president. This could be accompanied by Mr Putin´s assumption of the primer minister´s office, leading in turn either to the next president quickly stepping down to allow Mr Putin to run another presidential term according to the constitution, or to the transfer of real power from the presidency to the prime minister´s office .

Given Mr Putin´s youth ( he has just turned 55), his great though contested achievements and his immense popularity, it would have been surprising if he had not sough to retain dominant influence. Whether this is the best way to go about things is a different matter. Frankly, if he could not retire, then it might have been better if he had changed the constitution to allow presidents to run for extra terms and submitted the change to a popular referendum. As it is, all Mr Putin´s possible courses look extremly problematicWorst of all would be for Mr Putin´s to become an all-powerful prime minister under a supposedly emasculated presidency. This strategy could lead to a disastrous clash between president and primer minister and the destruction of the entire system".


FAR

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

quarta-feira, 26 de setembro de 2007