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segunda-feira, 17 de maio de 2010

17 de Maio: um grande dia para Portugal

Hoje foi grande dia para Portugal, no seu caminho para os valores da civilização e do respeito por todos os seres humanos: foi promulgada a lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também ficou claro que Cavaco o fez a contra-gosto, supostamente para não "arrastar" a questão. Mas não deixou de apresentar um pedido de desculpas público ao país pela ousadia, não vá o eleitorado da direita chatear-se. Antes assim, pois muitos já supunham que a lei não passaria pelo PR. Por feliz coincidência o anúncio da promulgação acontece no Dia Mundial contra a Homofobia, cujas celebrações incluíram a Marcha contra a Homofobia e a Transfobia, em Coimbra, a cuja divulgação este blogue não se associou apenas por lapso meu.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

De como um editorial do DN passa do óbvio e consensual à mais despudorada defesa de uma política de direita

De como um editorial do DN passa do óbvio e consensual (O acordo grego é central para Portugal) à mais despudorada defesa de uma política de direita, com o exemplo de Rudolph Giuliani e tudo

Puni-los como criminosos

Sendo verdade que já não são crianças, a verdade é que ainda não são adultos. E o que é mais surpreendente nos números revelados pela edição de hoje do DN (pág. 16) é a taxa de reincidência em jovens até aos 21 anos no que à criminalidade violenta diz respeito.
De acordo com os dados agora conhecidos, há 153 reclusos com idades dos 16 aos 21 anos nas cadeias portuguesas, condenados a prisão efectiva pela prática de crimes graves. As autoridades asseguram que, na sua maioria, estes jovens são reincidentes. Assusta, só de pensar, a ideia de que, apesar da pouca idade, estes jovens já traficaram droga, agrediram, roubaram, violaram ou até mataram.
(…)
Mas a questão é muito simples: a taxa de reincidência destes jovens só acontece porque, quando "julgados" pela prática de crimes menos graves, acabam libertados, seja pela falta de antecedentes criminais seja, na maioria das vezes, devido exactamente à sua "tenra idade". Perante isto, consideram--se inimputáveis, acham que o sistema não funciona e que, por mais atrocidades que cometam, nunca vão ser apanhados.
É verdade que o tema está gasto e a tese bastante glosada. Mas, quando uma estratégia é boa vale, sempre a pena recuperá-la e repeti-la. O antigo mayor de Nova Iorque Rudolph Giuliani decidiu criar a teoria das "janelas partidas", isto é, punir, por mais jovem que seja o delinquente, e por mais pequeno que seja um delito. Para que aquele que parte um vidro hoje em adulto não se torne um assassino. É o que é preciso ter a coragem de fazer por cá. Sem demagogias ou falsos paternalismos.

Diário de Notícias, 3/04/2010

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Itália: Novo governo a 10/12 de Maio e Roma caiu nas mãos de um neo-fascista!

Governo, ameaças veladas à Oposição chantageando disponibilidade para alterações constitucionais urgentes e, sobretudo, reforço inesperado da sua arrogância pela conquista da câmara de Roma por um seu aliado da coligação e membro da Aliança Nacional( ex-MSI, neo-fascista), Gianni Alemanno.
A vitória do extremista de direita surpreendeu tudo e todos, deixando o novo Partido Democrático de Veltroni e Rutteli em muitos maus lençóis. A insegurança causada por raptos e violações cometidos por romenos e albaneses clandestinos, contribuiram para a vitória do admirador de Mussolini e Berlusconi, que prometeu a expulsão de 20 mil estrangeiros cadastrados recentemente libertados.
Berlusconi multiplica sinais de provocação contra o PSOE espanhol, a Comissão Europeia e mandou escrever ao Papa e à colónia judaica de Roma para os sossegar do clima de tensão racial explosivo que as decisões do novo edil de Roma podem vir a causar. A Imprensa europeia e norte-americana estão muito alarmadas com a viragem à direita da vida política italiana.
Berlu diz que apresentará a composição do novo Governo até 12 do corrente. Sabe-se que existem grandes pretensões de Umberto Bossi, lider da Liga do Norte, para conquistar diversos ministérios-chave- Indústria, Interior e Comércio- de forma a levar ao extremo as suas obsessões repressivas e xenófobas. Saudações fascistas surgiram na comemoração da conquista da cidade de Roma pelo neo-fascista, Gianni Alemanno, rapidamente espalhadas pelos médias de todo o Mundo.

FAR

sábado, 1 de março de 2008

"A direita já não é o que era"

"Orfandade
Há coisas para as quais ainda não estou preparado. Provavelmente, o mal está na falta de leitura. Ando a ler pouco ultimamente, o que deve diminuir a minha capacidade de entendimento. Passo a explicar as minhas perplexidades. Tenho alguns amigos de direita ou de centro direita, para o caso tanto faz. O que é natural. E o que é para mim um «amigo de direita»? Primeiro é um amigo, o que é mais importante que ser de direita ou de esquerda. Depois, é um amigo que, nos últimos vinte anos, sem hesitações, votou sempre no PSD (nas legislativas, nas autárquicas ou nas presidenciais) ou que, sem desfalecimento, nem mal estar difuso, defendeu com unhas e dentes, a maioria absoluta de Cavaco Silva durante 8 anos (mesmo quando Cavaco dizia que não lia jornais ou pedia que o deixassem trabalhar). Ora, acontece que estes meus amigos, pelo menos os que contactei nos últimos dias, dizem-me que vão estar presentes nas manifestações de Março. Perguntei, incrédulo: - mesmo à do PCP? A essa não, é muito partidária. – Responderam-me. – Só vamos às outras, à dos professores e à da Função Pública. Eles – os meus amigos – que, ainda há pouco tempo, me diziam que os sindicatos eram apenas uma «correia de transmissão» do PCP. Só posso tirar uma conclusão: estes meus amigos estão órfãos. E o transtorno «psicológico» é tão grave que uns se viram para Salazar, outros para a «revolução». A direita já não é o que era. Perdeu a identidade.
"
TOMAS VASQUES

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Venezuela hoy

A Venezuela é, hoje por hoje, uma das questões essenciais no debate político à Esquerda. Eu diria mesmo a questão essencial, onde se revelam velhas e novas fracturas. De facto, o programa chavista, ao contrário de outros, nada tem de inócuo: é um programa "socialista" (nacionalização dos grandes meios de produção, redução do horário laboral, redistribuição generalizada da riqueza, por exemplo). Mas é também um programa aplicado verticalmente, do topo para a base, e baseado numa figura populista e com laivos autoritários (o que não é o mesmo que ditatoriais, como se sabe – e temos cá no burgo um "socialista" que nos comprova isso mesmo). No posicionamento perante Chavez, e tomando em conta estes aspectos complementares, revelam-se as velhas e as novas linhas do pensamento político à Esquerda.
Chavez perdeu um referendo em que eu, provavelmente, votaria contra, mas não festejaria a vitória. No geral, aprecio a constituição chavista de 1999, mas este projecto tem algo que por si só me repele: a possibilidade de eleição ad eternum do presidente. Contudo, aprecio menos ainda a oposição venezuelana que hoje canta vitória, que corresponde em termos políticos aos tradicionais caudilhos sul-americanos que fizeram da corrupção generalizada sistema, e em termos sociais às classes privilegiadas que temem perder o estatuto. Esses, que todos os dias se queixam do caminho chavista para a ditadura (mas que se queixam nos media sem que alguém os incomode), não foram, ao contrário de Chavez, capazes de reconhecer uma única das suas derrotas. É natural: não estavam habituados a algo mais que a "saudável alternância democrática" do pântano dos centrões. A Democracia, já se sabe, é uma ideia muito bonita, mas só quando nos convém. Também no nosso burgo, a Direita garante que a Venezuela está a caminho da Ditadura, e isto apesar de não existir um único preso político (ao contrário de Portugal onde, segundo a mesma Direita, há um, o Mário Machado), de a oposição dominar a generalidade dos media (mesmo que, na sua santa ingenuidade, a Casa Branca insista em afirmar que "não teve acesso às televisões"), e de o Presidente aceitar a derrota sem banhos de sangue ou demonstrações de força (ao contrário do que fez a oposição quando, eles mesmos, foram derrotados nas urnas e urdiram um golpe de estado contra um lider eleito). Os limites da Democracia terão, então, necessariamente de ser outros. Talvez sejam, precisamente, a nacionalização dos grandes meios de produção, a redução do horário laboral, ou redistribuição generalizada da riqueza, por exemplo. Daí que se possa concluir que a Democracia pode ser tudo, mas não pode ser Democracia Socialista. Isso já ultrapassa o admissível pelas boas consciências democráticas da Direita, seja ela "Conservadora" ou "Liberal".
Como escrevi neste blogue anteriormente, a América Latina é o grande laboratório das alternativas à Esquerda no século XXI. Não é por acaso que Chavez ou Morales são atacados, boicotados, difamados, de tal modo que, daqui a uns tempos, já a novilingua da "Direita Liberal" conseguiu fazer passar essa extraordinária asserção de que a Venezuela é uma "ditadura". Seria conveniente não cairmos nós próprios nessa esparrela.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

PSD (3)

A esmagadora maioria das análises sobre a eleição de Luis Filipe Menezes para presidente do PSD cai, na minha opinião, num dos mais típicos erros de análise que a Opinião portuguesa habitualmente produz (entenda-se neste conceito de "Opinião portuguesa", se for possivel, tanto as exageradamente badaladas "intelectualidades" - e só no círculo da Política - como, e muito mais relevante, o "senso comum", um conceito muito mais importante, mas adiante que isto é apenas um post). E este erro é o da incapacidade de auto-análise. Ou, dito de outra forma, ser quase impossivel o afastamento de nós próprios, de modo a que se percebam em nós as possibilidades de futuro.
Ou seja, e traduzindo para míudos, quem está convencido que o passado de Luis Filipe Menezes será relevante para os seus resultados futuros, não compreende uma das mais essenciais determinações da "alma portuguesa", que é, justamente, não ligar pevas ao passado. Uma característica dos povos com uma deficiente noção auto-identificante.
Há que abrir aqui um parêntesis: considero Menezes um homem inteligente; um "homo politicus", ou seja, um "populista", nesse mesmo sentido que é entendido há dois mil e quinhentos anos, desde Péricles. Por isso, e por vivermos num país em que a "onda", o "projecto", o "carisma" se sobrepõem a qualquer memória do passado, mesmo que apenas medianamente longínqua, é muitíssimo mais perigoso que Marques Mendes. E, mais do que isso, e mais importante que qualquer outra coisa, os momentos em que se inscrevem os territórios das rupturas são voláteis, ou seja, vogam ao sabor da oportunidade.
Dito isto, quer-me parecer que a eleição de Menezes é uma má e uma boa notícia para a Esquerda: uma má, porque aposto que será um adversário mil vezes superior a Marques Mendes (e aposto a sério - não dou nada pelas pseudo-análises que o fazem derrotado à partida, elas caem, como disse, num dos mais típicos erros de análise que a Opinião portuguesa habitualemte produz). Uma boa, porque as ideias à direita obrigam a esquerda acomodada, pançuda e interesseira, a ter um vislumbre daquilo que era antes de o ser, nem que seja apenas para poder sobreviver no jogo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Salazar, um César liberal

(ou o que se pode perder na blogosfera por estar de férias)

Salazar, quer dizer, Pedro Arroja, voltou à blogosfera. Nesta sua nova encarnação, a criatura revela-se em todo o seu esplendor, despido que está dos necessários pruridos que a estada em blogues de grande dimensão obriga, quando se pretende evangelizar os homens. Ele, se duvidas houvesse, prova, post após post, ser um Santo Doutor, a quem muito devemos na busca da Verdade Revelada. Descobriu Deus na sua magnificiência, nas areias do Porto Santo. E descobriu também que, «a instituição que nos últimos dois séculos mais danos produziu nos países predominantemente católicos do sul da Europa e nos seus descendentes por toda a América Latina, [foi] a democracia». Devemos dar graças ao santo pela revelação. Ficamos então a saber, graças a Deus, que «durante este espaço de 200 anos, os melhores períodos destes países, em termos de prosperidade económica, social e até cultural, não foram conseguidos sob condições democráticas, mas sob a autoridade de um césar. Para mencionar alguns exemplos, Salazar em Portugal, Franco em Espanha, Pinochet no Chile, Peron na Argentina.» «Um césar que repunha alguma ordem». É evidente. Por exemplo, a proibição da edição de livros ou discos, de exibição de filmes, concertos, exposições, só pode aumentar a "prosperidade social" de um povo. Para quê o contacto com essa arte do Demo, que tudo corrompe? A Santa Igreja sabe o que é melhor para nós. Do mesmo modo, o analfabetismo crónico, ou o exílio de cérebros, evidentemente aumentam a "prosperidade social" do mesmo povo. Para quê o saber? O ideal é que meia dúzia de génios orientem todo um povo puro e trabalhador, na direcção da sua felicidade. Ou pensam que o povo se quer dar ao trabalho de pensar? Mais vale que pensem pelo povo, que assim se pensa melhor. Numa outra perspectiva, não menos importante embora algo oposta, porque os designios de Deus, se formos a ver bem, fazem-se por múltiplos caminhos, não foi no tempo do Salazar que surgiram o Zeca Afonso e o Adriano? E a Mercedes Sosa, na Argentina, o Chico, o Caetano, a Elis e tantos outros no Brasil não escreviam música contra a ditadura? Já estão a ver: não foram as ditaduras, e nenhum destes génios se teria revelado em tanto esplendor. Também a "prosperidade económica" é inegável. A "prosperidade económica", para quem não sabe, consiste em manter o povo em economia de subsistência no sector primário, a comer uma sardinha por dia e umas açordas, que é a melhor dieta, e foi o Salazar que a inventou. Para que se quer mais? Não são os ares do campo os melhores para se viver? Pelo contrário, esta miserável época não é capaz de produzir um génio como o Zeca, insiste em encher as universidades de burros, quando deviam ser redutos da élite, e vive obcecada com bens materiais, quando a espiritualidade é o que importa, e dos pobres será o reino dos céus. Valha-nos o Arroja para nos iluminar. Amén.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

O liberal-salazarismo

Tem sido de todo interessante o debate autofágico em curso em blogues liberais. Aquele que em tempos anunciaram como "o maior defensor da liberdade em Portugal nos últimos 20 anos" (sic), Pedro Arroja, afinal resume o seu "liberalismo" a duas teses peregrinas: a de que a instituição mais liberal de sempre terá sido a Igreja Católica, e a de que Salazar era liberal. Se isto pode parecer ridículo para uns, ou abjecto para outros, convém não elevar demasiado o espanto. Lembremo-nos que o "liberalismo" é, hoje por hoje, sinónimo de capitalismo sem regras, e que a Direita sempre foi mestra em truques de vira-casaca. Não surpreende que aqueles para quem o programa de sempre é manter tudo como está em termos de ordem socio-económica (e quando os ventos para aí soprarem, afirmá-la com mais convicção- é o caso da actualidade), se metamorfoseiem ciclicamente nas formas políticas à sua medida: ontem salazaristas, depois conservadores, hoje liberais. O que espanta é a falta de tacto de Arroja, uma certa candura ingénua, que supõe que um verdadeiro liberal irá com toda a naturalidade engolir sapos como Salazar e o Papa. Por outro lado, é significativo que senhores como Arroja ou André Azevedo Alves se sintam hoje tão à vontade para defender a ICAR e o salazarismo com a maior das desfaçatezes. Deve lembrar aos mais distraídos que a Democracia não é um facto, antes uma circunstância, e que o nosso esquecimento e alheamento são o terreno dos novos salazares, desta vez, suprema das ironías, mascarados de liberais.