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domingo, 5 de fevereiro de 2012

O pessimismo de Antoni Negri

© Laura Cruch, Madrid, 2006

"A procura de segurança é uma necessidade que encontra campo nas pessoas perante uma insegurança crescente. Uma ordem mantida pelo medo. E há ainda o problema do homem representado, representado de que forma? Chegamos aos absurdos mais inimagináveis: a corte suprema americana deu a autorização de serem anónimos aos que contribuem com fundos para as campanhas dos candidatos. Significa que a riqueza enquanto tal assume o papel fundamental na escolha da classe dirigente. Entramos no reino da pura loucura."

Excerto da entrevista conduzida por Nuno Ramos de Almeida. Embora insípida, pode ser lida aqui

quarta-feira, 26 de março de 2008

Novo PR russo ao Financial Times: tudo pelo Estado de Direito à Ocidental

É a primeira grande entrevista do recém-eleito PR russo, Dmitry Medvedev, a um jornal estrangeiro, realizada pela equipe de ouro dos correspondentes do F.T.,em Moscovo, Neil Buckley, Catherine Belton e um assessor, Lionel Barber. O tom da conversa foi caracterizado pelos jornalistas que se deslocaram ao Kremlin, como “conciso, sujeito a ponderação, envolvendo precisão e alongando-se no tempo de resposta”. Nada que se pareça com o “ colorido talento e a linguagem crua” de Putin…
E foi dado à estampa na edição europeia de ontem.

Medvedev, universitário puro e jurista, com 42 anos, surge no cerrado puzzle da vida política russa como o continuador da tese de Putin, desmentida e mal rodada, da instauração do Estado de Direito, em movimento sem fim. “Ele vê cada solução para os problemas através do prisma do legalismo “ democrático, o fundamento jurídico e constitucional, alertam os jornalistas.” Mas por detrás da linguagem esparsamente muito trabalhada, situa-se um profundo objectivo: entronizar o papel da lei na sociedade russa”, frisam.

Medvedev sabe que o jogo é muito arriscado, Tem que fazer “duo” com Putin, que passa a PM com funções exclusivas na governação económica, “na arena”, como exprimiu. Por outro lado, tem que fazer frente aos duros do regime, antigos caciques do KGB, que não gostaram nada que tivesse sido o escolhido. Antes tinham preferido que Putin tivesse “alongado” o seu mandato…A nova burocracia de Estado russo pode vir a causar muitos dissabores ao sucessor de Putin, pois vive anichada e em circuito fechado acoplada às administrações mais rendosas do fabuloso património industrial russo, conforme dei a ver em artigos anteriores.

“O seu princípio básico, de partida, prende-se com o seu estatuto profissional ele é, afirma-o, talvez demasiado um advogado. Meticuloso e preciso, perspectiva quase sempre cada solução através da racionalidade jurídica do seu pensamento”. “ Será uma tarefa gigantesca”, concorda, para sintetizar: “A Rússia é um país onde o povo não gosta de cumprir a lei. É um país de niilismo legal “, acrescenta.

Medevedev insiste em que, a Rússia, tem que construir o império da lei, destacando três princípios base. O primeiro prende-se em legitimar a supremacia da lei sobre o poder executivo e a vida social. O segundo, é criar “uma nova atitude e comportamento perante a lei”. “Temos que assegurar, que cada concidadão compreenda que para lá da necessidade e justeza, se torne ciente que sem esses desideratos não pode existir um normal desenvolvimento do nosso Estado e da sociedade em geral”, foca. O terceiro prende-se com a necessidade de ser observada a “independência dos juízes e dos tribunais”.

“A minha definição da democracia como poder do povo não é diferente, de modo algum, das clássicas definições que existem nos outros países”, assegura. E avança com esta profissão de fé, a par do emagrecimento e redefinição da estrutura da economia, que se pode tornar como o seu talismã, diferencial e de marca própria: “A Rússia é um país europeu e tem toda a capacidade para cooperar com os outros países, que tenham adoptado o mesmo compromisso democrático para o progresso”.

FAR

quinta-feira, 20 de março de 2008

Doris Lessing ao W.S. Journal: “As mulheres ainda esperam pelo Príncipe Encantado…”

É uma monumental entrevista de Doris Lessing, prémio Nobel da Literatura 2007, ao diário económico norte-americano, The Wall Street Journal. Antecede a publicação, no próximo mês deMaio, de um romance autobiográfico sobre os seus pais, e que se chamará “Alfred and Emily”. Com 88 anos, a escritora assume a sua passada militância no PC, aflora o antigo esplendor da natureza e dos homens na África Austral e reafirma que a guerra civil na Irlanda ainda teve piores e mais dramáticas consequências que a destruição em Manhattan das Twin Towers, em 9 Set. 2001.

Lessing reafirma na abertura da entrevista, as teses que subscreve num dos seus mais famosos livros, “The Golden Notebook”: "Raras sãos as pessoas que se preocupam com a liberdade, com a verdade. De facto, são só um punhado. Poucas pessoas têm coragem, o tipo de coragem de que se deve alicerçar uma democracia. Sem o tipo de pessoas com esta espécie de coragem, a sociedade livre ou não consegue surgir ou morrerá".

Tendo nascido no Irão e vivido a adolescência no Zimbabué, Lessing beneficiou acima de tudo de um forte ambiente cultural na família, rodeada de livros e afincadamente adstrita ao trabalho de leitura, crítica e comentário. Confessa que gostaria de visitar o Irão , mas “não agora”. “Conheço muitos dissidentes iranianos e zimbabueanos, e todos esperam pelo bom momento para irem ver como é”, precisa.

Doris Lessing foi casada duas vezes e teve três filhos. “Continuo a pensar que as jovens em idade de casar esperam pelo Príncipe Encantado. E têm muita razão, porque se pensam em ter filhos, vão precisar da ajuda dele …” Forma surpreendente é o modo como compara a forma e o tom-significado da fórmula do “politicamente correcto” com o modo de ser do velho “partido comunista”, precisando: “São as mesmas palavras, o mesmo estilo. E depois, surge um dogma. Nunca se consegue desenvolver uma ideia, simplesmente. Acho que existe sempre um grupo de fanáticos que se apoderam dela, fazendo dela um dogma”.

FAR

domingo, 12 de agosto de 2007