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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Daniel Cohn-Bendit: Maio 68 marca o fim das mitologias revolucionárias


Maio 68 continua, de outra forma e de outros modos, a influenciar o pensamento e a vida dos justos e dos inconformistas com uma sociedade desigual obcecada com a tirania do lucro e a privatização dos afectos e desejos. Este texto de Cohn-Bendit, um dos dois grandes líderes autonómos de Maio 68, o outro será Guy Debord, claro, não pode ficar sem ser referenciado. Ele recorda as proféticas palavras que Jean Baudrillard lhe dirigiu, a 22 Março de 1968: " Dany, o que conseguiste é extraordinário. Mas não te deixes envolver por essas forças esquerdistas( maoístas e trotkskistas) que te levarão a destruir tudo o que, hoje, pode nascer do que estais a criar ".

Cohn-Bendit, ao contrário do inefável JP Pereira, destaca que, o mundo dos anos 60 "engloba uma diversidade de revoltas interligadas ". Que atravessam os cinco continentes, de uma forma mais ou menos visível e solidária. " A mutação de 68 influiu sobretudo sobre a cultura tradicional, o moralismo ambiente e o princípio de autoridade vertical. Tocou na vida em sociedade, na maneira de ser, de falar e de amar ", sublinha.

Acentuando que o "movimento de 68 se desviou da violência para construir uma figura de agitação ", Cohn-Bendit aponta: " A revolta participava da expressão política mas a sua finalidade não era a tomada do poder. Na realidade, a sua natureza existencial torna-a politicamente intraduzível ".

" Atacando o autoritarismo, a revolta induziu uma explosão no coração da estrutura bicéfala do poder tipicamente francesa. Que aliava um Gaullismo dominador e um PC gestionário da classe operária. A radicalidade da mutação acabou por deixar escapar o prazer de viver ".

FAR

www.lefigaro.fr