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domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril

Há 36 anos eu não tinha nascido. O problema dos aniversários não é o do tempo que passou. É envelhecermos mal. Tipo onça ao sol. Há porém datas que me confortam. “imaginam as damas, as senhoras, as jovens e as adolescentes que só pelo 25 de Abril se tornou possível saírem à rua e ocuparem espaços públicos sem serem mandadas, impedidas, molestadas ou incomodadas? Não sejam modestas em demasia, minhas caras concidadãs, vocês foram, sobretudo por mérito vosso (pois claro), a conquista menos corroída, porque mais estrutural, daquela madrugada.”(Vias De Facto). Daqui grito já um grande: Viva o 25 de Abril. Mas nem tudo por cá é alegria. O meu pai a propósito da data teve uma discussão sobre o 25 de Abril e o 25 de Novembro. Acabou mal. Também só um reaça como ele é que se ia lembrar da associação. E logo frente à namorada, que me faz lembrar a Pasionaria. Lá vai ele acabar o dia abraçado aos amigos a cantar o Vieille canaille. Hoje o João Neves fazia anos e já não estão todos. Também não estão sós. Vivam os amigos à solta!

Josina MacAdam

Para os amigos de meu pai

Serge Gainsbourg

terça-feira, 20 de abril de 2010

Free Speech Movement (2)


Começo este texto, há tanto tempo por escrever, no dia em que tomo conhecimento de que o Herman José estreia um novo programa. Regressa num talk-show à RTP1.É uma coincidência. Há muito que quero ter o atrevimento algo estranho de, exactamente por me dedicar ao estudo de direitos fundamentais, tentar explicar por que é que o Herman José contribuiu, em toda a sua carreira, para libertar a tão em voga liberdade de expressão, ele sim, um homem censurado, em plena democracia.
As normas jurídicas não são enunciados mortos, sequências linguísticas deixadas num papel datado sem que o que se vá passando na sociedade, para a qual elas se dirigem, não seja absorvido pelas mesmas, dando-lhes um novo significado, sem que seja necessário alterar uma letra. Em 1976, no dia, no mês e no ano em que eu nasci, inscreveram-se duas liberdades fundamentais no estatuto do Estado e da sociedade, que dá pelo nome de Constituição: a liberdade de consciência e a liberdade de expressão, mas todos nós sabemos que o mesmo enunciado quer dizer hoje uma coisa e queria dizer, nos anos oitenta, uma outra completamente diferente. Os referentes mudaram.
Aprovar um texto não muda uma sociedade de um dia para o outro. A democracia da sociedade civil precede a democracia que o Estado lhe prescreva. Nessa mudança há indivíduos que fazem a diferença. O Herman José fez a diferença. Não conheço um caso igual. Conheço casos de sucesso, sim. Mas não conheço um caso igual. Esse é o ponto.
O Herman é um humorista e a história mostra a capacidade e a seriedade do humor para mexer com os sistemas. Eça de Queiroz escreveu que o riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. E o Herman percebeu isto. Este homem pensou sempre primeiro que todos nós. Talvez ainda estivéssemos encostados a uma manta cinzenta quando o Herman, contra um país com medo, atreveu-se a demonstrar o que hoje temos por evidente: é que o humor não tem limites quanto ao objecto. Pode fazer-se humor com tudo: com o sexo; com a religião; com a morte; com os nossos costumes; com a família; com a hipocrisia; com a censura velada; com a estratificação social: com a pobreza; com a sida; com a homossexualidade; com a nossa história; com os falsos casais; com o machismo; com a violência nas relações; com a arte popular; com a política; com a nossa gente; com o sentir português; com tudo. Não há limites para o humor. Que juiz diria, hoje, o contrário?
Os limites serão outros, os mesmos que encontra a liberdade de expressão em geral, mas, quanto ao objecto, não há limites. O Herman atreveu-se, antes de todos nós, a escolher os seus próprios padrões de valoração ética ou moral na conduta subjacente ao seu trabalho, sem contemplações, porque o mistério de fazer rir, para ele, foi sempre, também, o mistério de nos acordar.
Não pretendo, aqui, fazer o historial dos programas de Herman José. Já o fizeram. Pretendo apenas dizer que sei que hoje Portugal é mais livre por causa do Herman.
É uma ternura rever os atrevimentos do Herman de há tantos anos atrás com figuras históricas, a célebre última ceia, que lhe valeu a indignação de meio país, missas de desagravo, histerias, e hoje revemos aquilo, e sabemos que essas mesmas pessoas que gritavam pela censura ao atrevimento estão hoje cientes de que têm a opção de mudar de canal e que nada há ali de ofensivo, mas apenas um exercício de ironia, de humor, com Jesus Cristo, sim, mas como não brincar com a religião e com as nossas figuras históricas se nós somos o produto disso mesmo?
Lembro-me da forma genial como o Nelo explicou à sua Idália o que era a Sida, destruindo num humor socialmente demolidor e implacável, todos os preconceitos e toda a desinformação sobre a doença, em gestos e palavras, e de como eu e um amigo seropositivo quase morremos de falta de ar e de satisfação: a sida tinha cores, o vírus era saltitante, dai que fosse mais apegado a gente dada para a brincadeira, e por aí fora.
Tantos e tantos episódios, o Herman sempre adiantado em relação ao país, daí figuras como o Diácono Remédios, que caricaturava preventivamente a crítica que Herman sabia existir na cabeça de tantos.
E quem está na televisão, na rádio, nos espectáculos durante mais de trinta anos a fazer rir ininterruptamente um país ? E quem nos dá alegria mesmo quando a não tem? Só um profissional de excepção.
Mesmo na sua exteriorização criticada do produto do seu trabalho, fossem relógios, fossem carros, fosse o seu barco, a vergonha não era nem deveria ser de Herman, mas de quem o criticava; o Herman estava apenas a ser livre, a ser o que queria ser, quem o criticava era, sim, o rosto da vergonha, ainda era herdeiro de um certo salazarismo que mandava ser rico com “decoro”, “sem mostrar”, de fato cinzento, de preferência.
Eu tenho 34 anos e não me lembro do Herman não existir. Passei a minha vida a rir e a aprender com o Herman. Desde logo a ser mais livre.
Este é um texto de gratidão. A gratidão é tanta, que tenho com o Herman – que não conheço – o mesmo tipo de instinto que tenho na amizade. Quando leio uma crítica ao seu trabalho, quando vejo alguém de fraca memória sublinhar um minúsculo aspecto da carreira deste monstro esquecendo o seu conjunto, fico roxa de fúria. Para mim, o Herman é e será sempre um génio. Sempre. E é um profissional que não falha. Morre-lhe o pai e ele dá o espectáculo que tem agendado para esse dia. Porque tem um compromisso connosco.
Quem me dera. Quando chegar a minha vez, daqui a muitos e muitos anos, se tiver um prazo para cumprir, duvido que o cumpra.

Isabel Moreira, Herman José ou de um contributo para a liberdade
no Jugular

sábado, 26 de abril de 2008

Do 25 de Abril

Decorridos 34 anos do golpe militar que pôs fim ao Estado Novo (durante o qual colunas rebeldes obedecem ordeiramente aos sinais de trânsito, segundo relato do capitão Salgueiro Maia), as comemorações da data tendem paulatinamente a confundir-se com as do 5 de Outubro, se não no calendário pelo menos na pompa e numa ou outra circunstância. Com uma diferença: do 25 de Abril há um pouco mais de sobreviventes.

As do ano passado chegaram assombradas pela entrega da medalha de ouro a António Oliveira Salazar no concurso televisivo Os Grandes Portugueses. As interpretações sociológicas, políticas e ideológicas do facto foram muitas e variadas. Uns defenderam, simplesmente, que o natural de Santa Comba Dão não devia estar na lista; outros desvalorizaram o resultado, considerando-o inexpressivo (contas feitas, se o vencedor chegou aos 41% e o número total de votos contabilizados não ultrapassou os 159.245, então, estiveram com ele apenas 0,6% da população portuguesa).
Houve quem falasse em manifestação de protesto, sem vínculo salazarista, pelo rumo actual do país; quem ficasse mais chateado pelo segundo lugar de Cunhal do que pelo primeiro de Oliveira; e alguma extrema-direita, mesmo cantando vitória, anunciou considerar o programa uma ofensa à História de Portugal (curiosamente, alguma esquerda disse o mesmo).
Por fim, houve quem viesse lembrar que o homem tinha vencido um concurso, não tinha ganho eleições.
O que seria, aliás, uma impossibilidade. Morreu há 37 anos, a 27 de Julho de 1970, e mandou oficialmente no país entre 1932 e 1968. Nesse ano passou o testemunho ao discípulo Marcelo Caetano, e apenas porque a tal cadeira resolveu pregar-lhe a partida de se encontrar fora do sítio. À queda, grave, sobreveio, operado e refeito do susto, uma hemorragia cerebral.
Incapacitado, vive até ao fim na residência oficial numa grotesca encenação do poder que já não tem (segundo Fernando Dacosta, por sugestão da governanta Maria). Ministros e acólitos prestaram-se ao enredo, visitando-o e dirigindo-se-lhe como se do Presidente do Conselho se tratasse ainda. E enquanto em Portugal decorria esta farsa caseira, lá fora Luther King era assassinado em Memphis, rebentava a guerra do Vietname, Paris enfrentava a intempérie de Maio e em Praga acabava a Primavera, Bobby Kennedy era baleado em Los Angeles, Nixon chegava a Presidente dos EUA, Neil Armstrong pisava a lua, Beckett ganhava o Nobel, os Beatles zangavam-se de vez, etc., etc., etc. O mundo mantinha o seu curso imparável; por cá chegava ao fim o reinado da referida Maria.
Não se pense, porém, que tudo era mau. Até final dos anos 60, Portugal manteve-se, em muitos aspectos, na pole position dos países europeus ocidentais (ver António Barreto, «Mudança Social em Portugal: 1960-2000», in Portugal Contemporâneo, coordenação de António Costa Pinto, Dom Quixote, 2004).
Assim: era o único império colonial sobrevivente; podia orgulhar-se de exibir o ditador com mais anos no poder; apresentava as mais altas taxas de analfabetismo e mortalidade infantil; o menor número de médicos e enfermeiros por habitante; o mais baixo rendimento por habitante; a menor produtividade no trabalho; o menor número de estudantes no ensino básico e superior; o menor número de pessoas abrangidas pelos sistemas de segurança social, a menor industrialização e a maior população agrícola.
No fundo, no fundo, números à parte, tratava-se de um paraíso verde. Além das paisagens bucólicas e das viúvas de portentos buços, havia Fátima, havia fado e havia futebol. E no que toca a futebol, Eusébio era o mais que tudo. Tão mais que tudo, que Salazar lhe vetou a carreira internacional, informando-o, tão simplesmente, de que ele era «património do Estado».
Só os portugueses em crise de meia-idade, ou já refeitos dela, se podem lembrar de como era antes. E a verdade é que tinha pouca graça. Antes. Claro que nos podemos rir hoje da licença de isqueiro, obrigatória desde os anos 30 e só abolida em Maio de 1970 pelo decreto-lei 237/70. Claro que mesmo os incondicionais de Chomsky ou Michael Moore já não terão de ir ao Ultramar para beber um gole pecaminoso de Coca-Cola, só comercializada entre nós a partir de 1977. Em Portugal Continental, como se dizia, fora proibida nos anos 30, dela só sobrando a prova dos dotes publicitários de Pessoa que lhe inventara um slogan: Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Podemo-nos rir, ainda, do Decreto-Lei nº 31247 de Maio de 1941, que regulava o uso do fato de banho, zelando pela moralidade pública (...) no sentido de evitar a corrupção dos costumes, e que obrigava, para elas, a fato inteiro sem descobrir os seios, com costas decotadas sem prejuízo do corte das cavas ser cingido na axilas e, para eles, a calção com corte inteiro, justo à perna e reforço da parte da frente, e justo à cintura cobrindo o ventre, regras a que os cabos de mar tiveram de começar a fechar os olhos quando, na década de 60, turistas bem menos atafulhados de roupa desataram a invadir o Estoril e o Algarve.
Continuamo-nos a rir desta obsessão moralista e bafienta (que fez do iconoclasta José Vilhena o autor mais censurado do antes 25 de Abril), com as calças proibidas às raparigas nos liceus e as gravatas obrigatórias para os rapazes, mais as portarias camarárias em prole do decoro vigente. O escritor Luís Sttau Monteiro, cujo pai foi embaixador em Londres até 1943, ano em que bateu com a porta a Oliveira Salazar, contava que, criança, numa audiência a que assistira, o ditador reparara nas suas botas e lhe perguntara onde as comprara. Quando lhe respondeu que fora em Londres, este comentara: Modernices! Modernices!
O sorriso começa talvez a amarelecer quando nos lembramos das cargas da polícia de choque, como as do Verão de 1969, nos Salesianos do Estoril (num festival que misturava bandas rock e os chamados cantores de intervenção), apesar da forma pícara como José Cid recorda os acontecimentos: uma das cenas mais impressionantes foi a polícia batendo num grupo de turistas japoneses. Quando os policiais começaram a agredir os jovens, que estavam ali pacificamente, numa de música, os japoneses puxaram das máquinas fotográficas e começaram a tirar fotografias; assim que a polícia viu aquilo... máquinas para cá. O sorriso desmaia à medida em que recordamos o milhão e meio de imigrantes obrigados a dar o salto, entre 1960 e 1973, sangria de pobres que o escritor José Cardoso Pires resumiria de forma lapidar: Da minha terra natal tenho uma definição simplista: deserto de Pedras, Padres e Pedintes. Aldeia emigrada, portanto.
O sorriso já se foi por completo quando chegamos aos cerca de 10 mil soldados mortos na guerra colonial e, ajudados pelo livro de Ferreira Fernandes Lembro-me que… (Oficina do Livro, 2004), nos lembramos, também nós, dos poucos ou nenhuns direitos das mulheres cujas vidas valiam penas de dois anos, como a aplicada a Adélio da Custódia pelo assassínio da mulher Maria Pais Pimenta, explicada assim pelo juiz corregedor do Círculo Judicial de Viseu: Porque se justifica perfeitamente a reacção do réu contra a mulher adúltera que abandonou o lar, o marido e dois filhos de tenra idade, para seguir um saltimbanco.
E sem motivo aparente vem-nos à cabeça o drama privilegiado do poeta Alexandre O’Neill, que em Nora Mitrani encontrara l’amour fou. Uma francesa de passagem por Lisboa espera agora por ele em Paris, mas a PIDE nega-lhe o passaporte e O’Neill nunca tornará a rever Nora que se suicida em 1961.
Chegamos, assim, à parte de que já ninguém fala: a censura e a polícia política do regime, com os pides a receberem actualmente boas reformas, supõe-se que pelos serviços prestados à nação.
Em entrevista a António Ferro, Dezembro de 1932, a propósito dos boatos que punham em causa o bom-nome da polícia, Salazar explicara-se bem: (…) quero informá-lo de que se chegou à conclusão de que as pessoas maltratadas eram sempre, ou quase sempre, temíveis bombistas, que se recusavam a confessar, apesar de todas as habilidades da polícia, onde tinham escondido as suas armas criminosas e mortais.
Linhas à frente, surge a prova mil vezes repetida da brandura dos meios e rectidão evidente dos fins: Eu pergunto a mim próprio (…) se a vida de algumas crianças e de algumas pessoas indefesas não vale bem, não justifica largamente, meia dúzia de safanões a tempo nessas criaturas sinistras. E nesta “meia dúzia de safanões” se fundaria o mito urbano que continua a rever e a absolver a tortura, desrespeitando os mortos com nome próprio.
Quanto à censura (uma prática que, em Portugal, verdade seja dita, recua aos tempos da Inquisição praticamente sem interrupções), prévia e de lápis azul em riste, no caso da imprensa, preferia a apreensão ulterior quando se tratava de livros.
Segundo a Comissão do Livro Negro sobre o Fascismo, o regime de Salazar/Caetano proibiu cerca de 3300 obras e até o velho Aquilino Ribeiro foi alvo de um processo-crime, pelo crime de ter escrito Quando os Lobos Uivam. O Secretariado Nacional de Informação (SNI) mostrava-se quase sempre de uma eficácia imbatível: em 1965, em apenas quatro dias, apreendia 70 mil títulos à Europa-América, em dois anos subtraía à Seara Nova milhares de contos de livros; quanto à editora Minotauro, era simplesmente encerrada.
Música, artes plásticas, filmes (de acordo com os dados recolhidos aqui só entre 1964 e 1967 foram apresentados à censura 1301 filmes, dos quais 145 foram proibidos e 693 autorizados com cortes) e TV a preto e branco (a cores só em 1980!), nada escapava à mutilação.
A justificação para o zelo recuava ao Decreto-Lei 22469 de Março de 1933: A censura terá somente por fim impedir a subversão da opinião pública na sua função de força social e deverá ser exercida por forma a defendê-la de todos os factores que a desorientem contra a verdade, a justiça, a moral, a boa administração e o bem comum e a evitar que sejam atacados os princípios fundamentais da organização da sociedade.
Apesar da bondade expressa dos censores, alguns jornalistas insistiam em alvoroçar os dias. Uma vez, no República, Vítor Direito discorria a propósito da densidade das nuvens: Manhã de nevoeiro transforma a cidade (…) Não se vê um palmo à frente do nariz (…) Andam por aí certos senhores, feitos meteorologistas de trazer por casa, a prever “boas abertas”. Mas o nevoeiro persiste.
Afinal, eram tempos divertidos. Acabaram com o 25 de Abril.

Ana Cristina Leonardo, Meditação na Pastelaria

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Post intimista sobre o 25 de Abril

Foto: Eduardo Gageiro. Com a devida vénia ao Geração Rasca

Sempre comemorei Abril. Este ano num espectáculo em que participei, com direito a capitão de Abril e tudo. Tivemos a grande voz do Francisco Naia, música, dança e poesia. Deixei o convite aqui, a 15 do corrente mês. Hoje, para mim, é dia de autocrítica, introspecção, exame de consciência. Este blogue congrega entre ficha técnica, colaboradores, comentadores, quiçá grande parte dos nossos leitores, várias tendências de esquerda. Todos sabemos, aqui, que há diferença entre esquerda e direita. E também sabemos que somos, e viemos, de esquerdas diferentes. Continuaremos a aprofundar as nossas convergências e divergências. Dito isto, algumas constatações. Em Abril de 1974, o Fernando Almeida Ribeiro, o João de Azevedo, o José Pinto de Sá, o Jota Esse Erre, eram exilados políticos. O ZeMari tinha passado pelas prisões do regime. Aqui lhes deixo a minha homenagem. À guerra colonial baldámo-nos todos ou quase todos. O André Carapinha e o Manuel Neves não tinham nascido, mas com eles o debate de esquerda continua e cresceu. Que inveja tenho, por não ter a pedalada de outrora, dos novos tempos que Abril abriu. O João Neves faria hoje anos e o João Murinello, o José Barros, o Raul Ferreira vão faltar à festa. Muito vou ter que chorar, que rir, que beber, que fumar, nestes festejos. A luta continua!
Aqui fica para todos este cravo.

Beijinhos e abraços