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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Irão recupera posição fulcral no Médio Oriente

Os moderados elementos do poder político iraniano conseguiram levar às cordas Ahmadi-Nejad, o actual PR, que só governa mais um ano, pois, Ali Larijani, o antigo negociador dos interesses nucleares junto da AI de Energia Atómica, acabou por conquistar por larga maioria, 231 votos contra 31, o lugar de " presidente " do Parlamento. Trata-se de um grande facto político que abre imensas e radicais perspectivas ao Irão , quer internamente, quer na cena regional e internacional.A famigerada política de ameaça e sanções dos EUA foi desarmada, o que coloca GW Bush e o seu candidato John Mcain em péssimos lençóis, claro.

A crise de produtividade dos poços de gás e de petróleo da maioria dos estados do Médio Oriente puxou para o podium político e económico regional o Irão, dono de grandes reservas de petróleo cifradas em cerca de 250 biliões de barris, a juntar às segundas reservas mundiais de gás. O NY Times assegura mesmo que a Arábia Saudita encara com inteligência o fim da polémica religiosa envenenada com o Irão. As monarquias sunitas ligadas a Ryade precisam de ouro negro como de pão para a boca; e só o podem encontrar na antiga Pérsia. Todos os mecanismos diplomáticos vão aplicar esta tónica de restauração das boas relações com o Irão.

O radicalismo extemporâneo da eleição de Ahmadi-Nejad contribuiu para o êxodo de largas centenas de milhar de quadros que se espalharam pelos EUA e nos países do Golfo. Por outro lado, os cartéis iranianos do petróleo conseguiram " salvar " grande parte dos lucros da exploração e venda de hidrocarbonetos e, com arte e segredo, investiram mais de meio trilião de dólares na economia regional dos seus vizinhos, segundo dados avançados pelo F. Times esta semana. Todos estes sensíveis factores contribuíram para a recuperação do papel vital do Irão na zona.

Mas a política está longe de possuir as virtualidades de uma construção racional, a cem por cento. Há efeitos perversos a controlar por todos os interessados. E o papel dos reformistas/ moderados do poder iraniano vai ser crucial para decidir as possibilidades de recuperação política e o indispensável arranque do renascimento económico. Larijani, que parece um político moderno e muito experimentado, tem que " vergar " o poder dos chefes dos Guardas da Revolução e postar aliados em pontos sensíveis da estrutura político-militar iraniana. Caso contrário, pode existir um grande desequilíbrio e tensão que alastre e incendeie a zona dominada pelos seus aliados, a Síria e o Hezbollah junto a Israel... As manobras são em tal profundidade, e com tão infinitas e delicadas intercessões que se fala numa mudança política em Telavive com o P. Trabalhista a colocar Barack no governo.
FAR

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Itália: Referendo sobre lei eleitoral dentro de um ano pode dar zanga(s)


Neste magnífico texto de um economista da Uni Bocconi de Milão, Tito Boeri, assinala o barril de pólvora em que está assente a coligação vencedora das Legislativas de Abril último. Apesar da maioria confortável detida na Câmara dos Deputados e no Senado, o PDL, de Berlusconi, tem que negociar minuciosamente todas as leis que quiser aprovar. O negocismo e as " habilidades" irão, pela certa, minar a coesão do Bloco da Direita e Extrema-Direita. E a corrupção e o nepotismo não podem cessar. Por isso, assinala Boeri, o voto dos italianos foi mais de protesto contra o imobilismo do Governo Prodi, do que a favor de Berlusconi e dos seus amigos extremistas. A classe política italiana aumenta-se a si-própria, a um ritmo de 10 por cento ao ano, enquanto que a media dos aumentos salariais ronda os 2 a 3 por cento, acrescenta o economista.

De acordo com Boeri, os três grandes desafios que Berlusconi tem que enfrentar, para já, e no prazo de um ano para a alteração da lei eleitoral, incluem a revisão do federalismo fiscal e a luta contra a evasão fiscal implementada por Romano Prodi, apesar de tudo. Boeri diz que não houve " lua-de-mel/ estado de graça" entre Berlusconi e o seu eleitorado. A Liga do Norte quer a parte de leão dos impostos locais para a sua zona. O Movimento para a Autonomia da Sicília, o terceiro membro da coligação, reivindica a refinação do petróleo nas suas bandas…



THREE BIG CHALLENGES FOR BERLUSCONI’S CABINET
By Tito Boeri Published: May 20 2008 19:21

The new Italian cabinet, Silvio Berlusconi’s fourth government, is both strong and weak. It is strong because the government has solid majorities in the House and Senate, and the supporting coalition is less fragmented than in previous Berlusconi cabinets. It is weak because the government is starting with relatively low popular support and no political honeymoon. Italians voted more against Romano Prodi’s government than in favour of Mr Berlusconi. They are rightly tired of a political class that has raised its own wages – up 10 per cent per year in the past 50 years compared with 2-3 per cent for average Italians – rather than address structural impediments to growth in Italy. Fiscal federalism, the electoral law and the fight against tax evasion will be the three most important challenges in the first year. The first challenge is fiscal federalism. The real winners in the election were two local movements in the Berlusconi coalition: the Northern League and the Movement for Autonomy (of Sicily). The House and Senate majorities depend on them. The Northern League calls for fiscal federalism to prevent public money going south, with proposals that 90 per cent of tax revenues stay in the areas that generate them. The Movement for Autonomy, by contrast, wants revenues from oil refined on the island – no matter where it is sold! – to go to Sicily. Mr Berlusconi’s party (Popolo delle Libertà) has endorsed a bill recently voted on in the Lombardia region. It keeps 80 per cent of revenues from value added tax in the region in which it is generated, 15 per cent of the income tax and all the revenues from taxes on oil, tobacco and gambling. The bill also proposes devolving a number of programmes funded at the national level to local administrations, limiting how much redistribution can occur across regions. If this is adopted nationwide, it would leave some regions without sufficient resources to pay school teachers. Italy badly needs to cut public spending, which has grown faster than its gross domestic product, especially at the local level. By making local governments fiscally responsible it could reconcile these two goals, by imposing political costs if they run large deficits.

FAR

quinta-feira, 3 de abril de 2008

SF: A era da turbulência gera a moral do imprevisto

Sem tirar nem pôr. Criar vagas psicadélicas e fazer fé no mercado auto-regulado. Bancarrota à vista? Hipotecar títulos do tesouro no estrangeiro e enfraquecer o dólar. Tudo no segredo? Sem dar nas vistas? Como nos livros/filmes de Ficção Científica, é evidente! Vamos ver a loucura - a palavra mágica - que incendiou as primeiras páginas dos grandes diários económicos mundiais, via Fórum dos Economistas do Financial Times. E é só um " cheirinho"…

No auge da crise do mercado financeiro anglo-saxão, Alan Greenspan escreveu um artigo surrealista no FT, onde dizia preto no branco que jamais se conseguem evitar os riscos na economia de mercado; e que ele, o mercado, se constrói e avança por si. Alice Rivlin, economista próxima dos Clinton, ataca: o pecado não reside nos modelos imperfeitos - de controlo de gestão dos empréstimos- mas, isso sim, sublinha, não sendo necessários modelos extremistas, urge perceber o que acontece quando" o preço das casas cai e o seguro dos empréstimos desaparece" na volatilidade complexa da economia, dando surgimento ao ciclo recessivo e à destruição do mercado de trabalho e da competitividade industrial.

"O colapso nos mercados de crédito não constitui nenhuma surpresa para os estudantes de gestão e de crédito bancário. Ele deriva da errância dos incentivos e de um paupérrimo estilo gestionário", assevera por seu lado Mary Schranz, economista do Citigroup, que ante visiona para o consumidor norte-americano tempos difíceis: "A inflação vai ser bastante alta, o valor da moeda tenderá a ser fraco e o fundo dos problemas financeiros acabará por permanecer inalterável ",ante visiona sem pestanejar. E no resto do Mundo?

Martin Wolf, o economista-editor-em-chefe do FT, entra na discussão. "Existe uma grande quebra na regulação". E " os riscos geram má gestão " em cadeia dos agentes e entidades da concessão do crédito, incluindo as agências, os bancos e sociedades de investimento "E esta farpa directa a Greenspan: "Não poderemos ignorar por mais tempo as acções de cruzeiro (Hedge Funds). Temos que observar cautelosamente todos os incentivos em acção no interior do sistema financeiro- um assunto que Mr Greenspan evita. Isso não é só ignorância. Constitui, isso sim, uma obstinada e tendenciosa ignorância". A era da turbulência gera a moral do imprevisto, com efeito.

FAR