Os moderados elementos do poder político iraniano conseguiram levar às cordas Ahmadi-Nejad, o actual PR, que só governa mais um ano, pois, Ali Larijani, o antigo negociador dos interesses nucleares junto da AI de Energia Atómica, acabou por conquistar por larga maioria, 231 votos contra 31, o lugar de " presidente " do Parlamento. Trata-se de um grande facto político que abre imensas e radicais perspectivas ao Irão , quer internamente, quer na cena regional e internacional.A famigerada política de ameaça e sanções dos EUA foi desarmada, o que coloca GW Bush e o seu candidato John Mcain em péssimos lençóis, claro.
A crise de produtividade dos poços de gás e de petróleo da maioria dos estados do Médio Oriente puxou para o podium político e económico regional o Irão, dono de grandes reservas de petróleo cifradas em cerca de 250 biliões de barris, a juntar às segundas reservas mundiais de gás. O NY Times assegura mesmo que a Arábia Saudita encara com inteligência o fim da polémica religiosa envenenada com o Irão. As monarquias sunitas ligadas a Ryade precisam de ouro negro como de pão para a boca; e só o podem encontrar na antiga Pérsia. Todos os mecanismos diplomáticos vão aplicar esta tónica de restauração das boas relações com o Irão.
O radicalismo extemporâneo da eleição de Ahmadi-Nejad contribuiu para o êxodo de largas centenas de milhar de quadros que se espalharam pelos EUA e nos países do Golfo. Por outro lado, os cartéis iranianos do petróleo conseguiram " salvar " grande parte dos lucros da exploração e venda de hidrocarbonetos e, com arte e segredo, investiram mais de meio trilião de dólares na economia regional dos seus vizinhos, segundo dados avançados pelo F. Times esta semana. Todos estes sensíveis factores contribuíram para a recuperação do papel vital do Irão na zona.
Mas a política está longe de possuir as virtualidades de uma construção racional, a cem por cento. Há efeitos perversos a controlar por todos os interessados. E o papel dos reformistas/ moderados do poder iraniano vai ser crucial para decidir as possibilidades de recuperação política e o indispensável arranque do renascimento económico. Larijani, que parece um político moderno e muito experimentado, tem que " vergar " o poder dos chefes dos Guardas da Revolução e postar aliados em pontos sensíveis da estrutura político-militar iraniana. Caso contrário, pode existir um grande desequilíbrio e tensão que alastre e incendeie a zona dominada pelos seus aliados, a Síria e o Hezbollah junto a Israel... As manobras são em tal profundidade, e com tão infinitas e delicadas intercessões que se fala numa mudança política em Telavive com o P. Trabalhista a colocar Barack no governo.