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quinta-feira, 2 de setembro de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Da Paixão
Benjamin Zander
Com a devida vénia à Almerinda e ao Cláudio Teixeira
Com um beijinho para os meus filhos e para a minha paixão.
Oiçam o maestro Benjamin Zander em conversa ao fim da tarde com Carlos Vaz Marques
(Essencial para quem educa)
TSF, 10/03/2010
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quarta-feira, 23 de julho de 2008
A propósito do facilitismo
Este blogue escapa ao cerco do sistema educativo, pelas suas conclusões originais na adição.A criança que não é desafiada a entrar num exercício como numa floresta de perigos, armadilhas, códigos por decifrar, cheiros de mistérios e noção de conseguir alcançar algo que não está já ali, perde a emoção da aprendizagem, isso que no fundo é a cor da motivação. Torna-se por decreto público parte da lista do granjeamento de acéfalos bem sucedidos estatisticamente.
O nossos filhos deveriam estar protegidos dessa oferta.
domingo, 25 de maio de 2008
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domingo, 11 de maio de 2008
Mambo 44
Apesar de não constar propriamente do nosso alfabeto, é uma instância corporal antes até de constar das nossas crenças poliglotas e suores académicos se os há.Engraçado é também o fenómeno metafórico, num dizer semi-consciente do "deixemos que as coisas caiam por si", num escasso "interferir nas coisas do mundo", em prol da gravidade tomada com ligeireza ou da tomada de consciência da ausência de impacto real através da linguagem tradicional, o boom da imagética ainda que sem fim de rua com cadeiras onde pensar.
Curiosa também será a origem desta experiência estética provocada; foi nas prisões americanas onde é proibido o uso de cintos por motivos de segurança, que surgiu primeiramente o rastilho para esta nova postura provisória de liberdade inventada sobre a pele, à falta de outras ou tudo apenas por causa da inocência primaveril do despontamento da corporalidade, sem razões como a rosa é sem porquês..
Letras e letras.
sábado, 10 de maio de 2008
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sábado, 3 de maio de 2008
domingo, 13 de abril de 2008
A propósito da Educação
Jean Paul Sartre seria fulminado como professor, nos dias de hoje ?
“(...) Os estudantes de Sartre no Lycée François I nunca tinham conhecido ninguém como ele. Estavam fascinados por este homenzinho roliço, que aparecia na escola com um velho casaco de tweed –sem gravata– sentava-se em cima da secretária, com as pernas a abanar e arremessava ideias para o ar sem nunca olhar para os seus apontamentos, como se estivesse a falar com amigos.
Ele não era como os outros adultos. Levava as ideias muito a sério mas não levava minimamente a sério a sua posição de autoridade.
Nunca falhava aos estudantes e quase nunca lhes dava notas negativas. Até os deixava fumar nas aulas.
(,,,) Não tinha nada de snob e parecia não haver tema que não lhe interessasse. Era da opinião que tudo nos dizia qualquer coisa sobre a civilização contemporânea. “Vão muitas vezes ao cinema”, dizia-lhes.
Era um imitador brilhante e tão engraçado e inventivo que conseguia provocar risos até numa aula de Filosofia.
Sartre parecia não preocupar-se com as coisas com que os outros adultos se importavam. Os estudantes que chegaram a ver o seu quarto de hotel, ficaram chocados pela sua austeridade espartana. Ele disse-lhes que tinha poucos bens e que não estava interessado em aquisições materiais.
(...) Os seus alunos sabiam que ele estava a trabalhar num romance que continha as suas ideias sobre contingência e liberdade. Às vezes em algumas noites encontrava-se no café com dois ou três dos seus alunos. Fazia-lhes perguntas e eles davam por si a conversarem sobre todo o tipo de coisas. Ele era encorajador e fazia-os ver que tinham opções. Por vezes jogavam póquer, ou Sarte ensinava-lhes canções picantes.(...)”
In: Sartre e Beauvoir, Hazel Rowley, Ed Caderno
“(...) Os estudantes de Sartre no Lycée François I nunca tinham conhecido ninguém como ele. Estavam fascinados por este homenzinho roliço, que aparecia na escola com um velho casaco de tweed –sem gravata– sentava-se em cima da secretária, com as pernas a abanar e arremessava ideias para o ar sem nunca olhar para os seus apontamentos, como se estivesse a falar com amigos.
Ele não era como os outros adultos. Levava as ideias muito a sério mas não levava minimamente a sério a sua posição de autoridade.
Nunca falhava aos estudantes e quase nunca lhes dava notas negativas. Até os deixava fumar nas aulas.
(,,,) Não tinha nada de snob e parecia não haver tema que não lhe interessasse. Era da opinião que tudo nos dizia qualquer coisa sobre a civilização contemporânea. “Vão muitas vezes ao cinema”, dizia-lhes.
Era um imitador brilhante e tão engraçado e inventivo que conseguia provocar risos até numa aula de Filosofia.
Sartre parecia não preocupar-se com as coisas com que os outros adultos se importavam. Os estudantes que chegaram a ver o seu quarto de hotel, ficaram chocados pela sua austeridade espartana. Ele disse-lhes que tinha poucos bens e que não estava interessado em aquisições materiais.
(...) Os seus alunos sabiam que ele estava a trabalhar num romance que continha as suas ideias sobre contingência e liberdade. Às vezes em algumas noites encontrava-se no café com dois ou três dos seus alunos. Fazia-lhes perguntas e eles davam por si a conversarem sobre todo o tipo de coisas. Ele era encorajador e fazia-os ver que tinham opções. Por vezes jogavam póquer, ou Sarte ensinava-lhes canções picantes.(...)”
In: Sartre e Beauvoir, Hazel Rowley, Ed Caderno
terça-feira, 1 de abril de 2008
"a carolina michaëlis fica onde nós quisermos, nomeadamente ao canto da boca"
"também eu vou atirar uma posta de pescada sobre a polémica do vídeo na carolina michaëlis, mas já agora de pescada zero, que costuma designar aquela que se coze em água e sal para desesfaimar, palavra que acabo de inventar, o gato lá de casa, coitadinho. das minhas memórias do ensino secundário, e estas podem fornecer pistas sobre a situação patética que é a minha vida adulta, guardo com especial fervor as 'visitas de estudo' programadas pela professora de matemática, personagem a dar para o blasé, na versão amigável, totalmente tresloucada-chique, na versão maldosa, que muito gostava de laurear com os seus alunos sob a capa do interesse complementar ao plano de estudos. para tal pagava-se inscrição e alugava-se a camioneta, o motorista sempre o mesmo, os destinos mais ou menos variáveis, sempre rumo a norte, vila real, por exemplo, local onde conheci de perto as potencialidades dos garragões de vinho levados para o quarto da residencial, ou covilhã/serra da estrela, em que certa e determinada ressaca me fez perder a viagem de camioneta à zona da torre, razão pela qual fiz esse trajecto à boleia numa carrinha de caixa aberta em pleno janeiro, rodeado de laranjas, por forma a não perder as dinâmicas de grupo da turma durante o resto do dia. e o estudo incluído na vistia, claro. pois bem, numa dessas viagens de grande instrução acabei por receber de forma enviesada uma série de informação com que nunca sonhei, nomeadamente em termos estéticos, uma vez que, em determinada altura em que foi necessário bater à porta da professora para combinar algum plano das festas, a senhora aparece à ombreira da dita [porta] com o ar mais natural do mundo, secundada na penumbra pelo motorista do machibombo, sempre o mesmo, sempre fiável. presa ao colete de forças mental das equações de segundo grau, da fórmula resolvente ou dos casos notáveis a nossa interlocutora esqueceu-se de supervisionar ao espelho a figura com que iria aparecer aos seus instruendos de 16/17 anos, observadores implacáveis, e como tal ostentava um comprometedor pintelho ao canto da boca, enquanto perorava acerca do cumprimento dos horários das visitas, ou coisa que o valha. na altura telemóveis nem vê-los. youtube muito menos. poupou-se no enxovalho imediato, ganhou-se na hilariedade privada, liberta aos borbotões entre os nossos grupos de amigos ao longo de anos a fio. obrigado stora. obrigado sistema educativo. telemóveis nas aulas? isso é coisa para meninos."
pedro vieira, Irmão Lúcia, 1.4.08
Recordações da Casa Amarela, João César Monteiro
Uma genuflexão perante o Irmão Lúcia e o
Sinusite Crónica.
pedro vieira, Irmão Lúcia, 1.4.08
Recordações da Casa Amarela, João César Monteiro
Uma genuflexão perante o Irmão Lúcia e o
Sinusite Crónica.
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Do choque
"(...) já agora, assinalo o meu profundo choque por o Presidente da República precisar do YouTube para se chocar (profundamente) com as escolas portuguesas." UM PASSO LONGE DEMAIS, DN, 1/04/08, João Miguel Tavares
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É 1 de Abril
Caixa de comentários do Blasfémias
«Pelo Rei e pela Grei! Diz:
31 Março, 2008 às 10:11 am
Tudo isto se resume a um ponto:
A “rapaziada de Abril”, que tomou as escolas e universidades de assalto, que insultou e expulsou professores, que fez e desfez programas escolares em nome de “amanhãs que cantam”, que fez doutoramentos com júris “populares”, que invadiu e destruiu embaixadas, que abandonou o Império à sua triste sorte, etc., etc., envelheceu! Tem hoje filhos e filhas que frequentam as Escolas portuguesas… E o resultado é este!
Para haver democracia não era preciso isto!
Resposta para “Ali há quem mande*”»
Não é peta.
«Pelo Rei e pela Grei! Diz:
31 Março, 2008 às 10:11 am
Tudo isto se resume a um ponto:
A “rapaziada de Abril”, que tomou as escolas e universidades de assalto, que insultou e expulsou professores, que fez e desfez programas escolares em nome de “amanhãs que cantam”, que fez doutoramentos com júris “populares”, que invadiu e destruiu embaixadas, que abandonou o Império à sua triste sorte, etc., etc., envelheceu! Tem hoje filhos e filhas que frequentam as Escolas portuguesas… E o resultado é este!
Para haver democracia não era preciso isto!
Resposta para “Ali há quem mande*”»
Não é peta.
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domingo, 30 de março de 2008
sábado, 29 de março de 2008
domingo, 23 de março de 2008
Ser professor é difícil (4)
A escola do antigamente
"Os anjinhos dos bons velhos tempos
Fiquei chocadíssimo ao aperceber-me de que, afinal, só a minha turma do liceu é que gozava perdidamente com os professores.
Recordo-me do J. e do S. a emitirem um programa radiofónico lá da última fila nas aulas daquele professor de História surdo; da professora de Português estrábica a quem nunca respondia o aluno que interrogava, mas outro sentado no lado oposto da sala; ou da turma toda a uivar quando a professora de Inglês que usava mini-saia se esticava toda, de costas para nós, para escrever no alto do quadro. E fico-me por aqui.
Castigue-se quem deve ser castigado, mas poupem-me às prédicas sobre o respeito dos alunos pelos professores nas escolas do antigamente
(...)"
João Pinto e Castro. ...bl-g- -x-st
"Caderneta escolar
Frequentei uma escola exigente. No entanto qualquer professor que revelasse não ter pulso, passava por situações complicadas, que não se limitavam a “imitar as palavras da professora, berrar com os colegas e levantarem-se sem autorização”, nas palavras do famoso dr. Charrua, que agora surge encaixado no gabinete de apoio ao aluno da escola Carolina Michaelis.
Havia no entanto uma diferença essencial: os professores “sem pulso” não se punham a medir forças com os alunos. Chamavam o auxiliar administrativo — ou o responsável da escola.
(...)"
Miguel Abrantes. Câmara Corporativa
"No meu tempo
Há dias recebi um convite dos colegas para participar no 30º aniversário do fim do nosso ano de liceu. Não poderei participar, mas sei quem lá encontraria: senhores e senhoras de meia idade, pais e mães de família, empresários, quadros superiores, médicos, advogados, arquitectos, certamente também alguns "falhados".
Frequentei o liceu numa cidade de província, uma escola pública. A escola, sem ser de elite, tinha uma boa reputação. O director era um padre jesuíta, muito respeitado dentro e fora da escola e, por nós, também temido. A maioria dos outros professores também não tinha problemas maiores de disciplina.
Mas havia as aulas de educação visual, em que sempre jogámos às cartas, o que a professora fingiu não ver. Tínhamos 14 ou 15 anos. As aulas de latim, dadas pelo Dr. S., de quem me lembro hoje com respeito e carinho: era um senhor perto da idade de reforma, tão delicado que quando nós cruzámo-nos com ele na rua, levantava mesmo para nós adolescentes o chapeu, cumprimento já na altura antiquado. Isso não impediu que, quando nos virava as costas na aula, lhe atirámos com bolinhas de papel.
E havia a professora de inglês, Mrs. T., que recentemente tinha enviuvado, o que poderá ter contribuído pela sua incapacidade de impor disciplina nas suas aulas. Lembro-me de uma em especial. Alguém tinha trazido uma bola de futebol para a sala, e a professora teve a triste ideia de tentar confiscá-la. Durante minutos, a bola voava de um para outro, para o gáudio de todos. Continuava a voar ainda algum tempo, mesmo depois de ela ter desistido e ter voltado a debitar a matéria, que nós ignorámos como ela então ignorava a bola.
O que distingue o nosso caso de 1974 do da Carolina Michaëlis é que não tínhamos como gravar e colocar o espectáculo no Youtube."
Lutz Brückelmann. quase em português
Frequentei o ensino público antes do 25 de Abril. Sou professor. Tenho filhos. A escola hoje é muito menos violenta, do que a do meu tempo de aluno, e responde a desafios maiores. Bendita democracia
"Os anjinhos dos bons velhos tempos
Fiquei chocadíssimo ao aperceber-me de que, afinal, só a minha turma do liceu é que gozava perdidamente com os professores.
Recordo-me do J. e do S. a emitirem um programa radiofónico lá da última fila nas aulas daquele professor de História surdo; da professora de Português estrábica a quem nunca respondia o aluno que interrogava, mas outro sentado no lado oposto da sala; ou da turma toda a uivar quando a professora de Inglês que usava mini-saia se esticava toda, de costas para nós, para escrever no alto do quadro. E fico-me por aqui.
Castigue-se quem deve ser castigado, mas poupem-me às prédicas sobre o respeito dos alunos pelos professores nas escolas do antigamente
(...)"
João Pinto e Castro. ...bl-g- -x-st
"Caderneta escolar
Frequentei uma escola exigente. No entanto qualquer professor que revelasse não ter pulso, passava por situações complicadas, que não se limitavam a “imitar as palavras da professora, berrar com os colegas e levantarem-se sem autorização”, nas palavras do famoso dr. Charrua, que agora surge encaixado no gabinete de apoio ao aluno da escola Carolina Michaelis.
Havia no entanto uma diferença essencial: os professores “sem pulso” não se punham a medir forças com os alunos. Chamavam o auxiliar administrativo — ou o responsável da escola.
(...)"
Miguel Abrantes. Câmara Corporativa
"No meu tempo
Há dias recebi um convite dos colegas para participar no 30º aniversário do fim do nosso ano de liceu. Não poderei participar, mas sei quem lá encontraria: senhores e senhoras de meia idade, pais e mães de família, empresários, quadros superiores, médicos, advogados, arquitectos, certamente também alguns "falhados".
Frequentei o liceu numa cidade de província, uma escola pública. A escola, sem ser de elite, tinha uma boa reputação. O director era um padre jesuíta, muito respeitado dentro e fora da escola e, por nós, também temido. A maioria dos outros professores também não tinha problemas maiores de disciplina.
Mas havia as aulas de educação visual, em que sempre jogámos às cartas, o que a professora fingiu não ver. Tínhamos 14 ou 15 anos. As aulas de latim, dadas pelo Dr. S., de quem me lembro hoje com respeito e carinho: era um senhor perto da idade de reforma, tão delicado que quando nós cruzámo-nos com ele na rua, levantava mesmo para nós adolescentes o chapeu, cumprimento já na altura antiquado. Isso não impediu que, quando nos virava as costas na aula, lhe atirámos com bolinhas de papel.
E havia a professora de inglês, Mrs. T., que recentemente tinha enviuvado, o que poderá ter contribuído pela sua incapacidade de impor disciplina nas suas aulas. Lembro-me de uma em especial. Alguém tinha trazido uma bola de futebol para a sala, e a professora teve a triste ideia de tentar confiscá-la. Durante minutos, a bola voava de um para outro, para o gáudio de todos. Continuava a voar ainda algum tempo, mesmo depois de ela ter desistido e ter voltado a debitar a matéria, que nós ignorámos como ela então ignorava a bola.
O que distingue o nosso caso de 1974 do da Carolina Michaëlis é que não tínhamos como gravar e colocar o espectáculo no Youtube."
Lutz Brückelmann. quase em português
Frequentei o ensino público antes do 25 de Abril. Sou professor. Tenho filhos. A escola hoje é muito menos violenta, do que a do meu tempo de aluno, e responde a desafios maiores. Bendita democracia
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Ser professor é difícil (3)
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sábado, 22 de março de 2008
Na Páscoa lembro-me do fim do Verão
O Verão a acabar. Agora vem aí o Outono. Bela estação para se começar o ano escolar. A queda das folhas faz-me lembrar a depressão do meu pai. O homem ficou preso aos tiques e às convicções de “Grande Timoneiro”. Uma mistura, caseira, do Henrique Monteiro, do Expresso, com o José Manuel Fernandes, do Público, e ainda com os maneirismos do Espada, de Oxford. Só que o meu pai, coitado, propôs-se objectivos mais modestos. Tentou educar a família. Família alargada, entenda-se. E, num Verão como este que está no fim, passámos a ser menos. Foi as últimas férias que passámos juntos. Quase juntos. A minha madrasta, acabada a Universidade, estava a estagiar e a lutar pelo primeiro emprego. O meu pai tratava de nós e da casa. Parecia a “Música no Coração” sem governanta. Isto é, o meu pai fazia também de governanta. Acordávamos e deitávamo-nos com hora marcada. Aliás tínhamos hora para tudo. Para as refeições, para a praia, para os jogos, para as lições. E, quão divertidas as aulas que tínhamos! Português, Matemática e Música. As de música então eram um espanto. Sobretudo os últimos 30 minutos. O meu pai convocava a especial atenção do meu irmão, na altura, com três anos, trazia o xirico e o canário do Härz, punha o James Brown a cantar o “sex machine” e tudo solava. O timoneiro gostava do multiculturalismo. Na primeira quinzena de Julho e durante o mês de Agosto foi assim, todos os dias, à mesma hora. Não sei se estas rotinas eram por amor a Phileas Fog ou a Kant. Sei como tudo acabou. Faz, por esta altura, anos. Já em Setembro, o xirico e o canário apanharam-se com a gaiola aberta e fugiram. Quem a abriu? Penso que um foi para Norte e o outro para Sul. A minha madrasta feito o estágio entrou para os quadros da empresa e mandou o meu pai ir pregar para outra freguesia. Ao meu pai caiu-lhe um muro, maior do que o de Berlim, em cima. Deixou-se de querer educar. Mas, nem sabe o êxito que teve. Um dia, no Outono, ou noutra estação qualquer, eu e o meu irmão, cada um por si, sairá a cantar por aí o “I’m a sex machine” , esvoaçando para Norte ou para Sul.
Josina MacAdam
Com muitos ovos para quem nos visita de novo e ainda mais para os da casa. Estamos na Páscoa e tenho obrigações familiares. Peço desculpa pela republicação.
Josina MacAdam
Com muitos ovos para quem nos visita de novo e ainda mais para os da casa. Estamos na Páscoa e tenho obrigações familiares. Peço desculpa pela republicação.
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sexta-feira, 21 de março de 2008
Ser professor é difícil (2)
Inimigo de Classe
Ainda a propósito de um 9º ano.
A peça filmada e encenada por Peter Stein passou, faz uns anos, na RTP. Diogo Dória, salvo erro, numa adaptação de João Canijo, esteve soberbo numa de bad boy.
Ainda a propósito de um 9º ano.
A peça filmada e encenada por Peter Stein passou, faz uns anos, na RTP. Diogo Dória, salvo erro, numa adaptação de João Canijo, esteve soberbo numa de bad boy.
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Ser professor é difícil
A propósito de um vídeo que por aí anda (Atlântico, A Barbearia do Senhor Luís, Blasfémias, Expresso, Do Portugal Profundo, O país do Burro, Spectrum).
Do Causa Nossa ao We Have Kaos In The Garden a blogosfera indigna-se em peso.
"Ser professor é difícil. Recebem-se na sala de aulas todos as falhas familiares, todas as falhas sociais, todas as falhas do sistema. E no fim, o mais provável é ser-se maltratado por quem falha em casa, por quem falha na sociedade, por quem falha no sistema. Mas é esta a profissão que se escolheu e todas as profissões têm partes difíceis. E nesta profissão, em que se trabalha numa escola em que todos entram e têm de entrar, não se escolhem os alunos. Há, haverá sempre, casos quase impossíveis. São esses os ossos do ofício. Já havia quando eu era aluno. Para uns professores era dramático, para outros era um problema que tentavam resolver com muito talento e esforço. É difícil, mas simples: a disciplina e a autoridade nunca estão garantidos, conquistam-se. Até com os filhos."
Daniel Oliveira. Arrastão
Tiro o meu chapéu a Daniel Oliveira. Vi, muito tempo atrás, uma reportagem esclarecedora na RTP. Lembram-se dela? Há quem tenha memória curta.
Via Ana Crisina encontrei a solução.
Do Causa Nossa ao We Have Kaos In The Garden a blogosfera indigna-se em peso.
"Ser professor é difícil. Recebem-se na sala de aulas todos as falhas familiares, todas as falhas sociais, todas as falhas do sistema. E no fim, o mais provável é ser-se maltratado por quem falha em casa, por quem falha na sociedade, por quem falha no sistema. Mas é esta a profissão que se escolheu e todas as profissões têm partes difíceis. E nesta profissão, em que se trabalha numa escola em que todos entram e têm de entrar, não se escolhem os alunos. Há, haverá sempre, casos quase impossíveis. São esses os ossos do ofício. Já havia quando eu era aluno. Para uns professores era dramático, para outros era um problema que tentavam resolver com muito talento e esforço. É difícil, mas simples: a disciplina e a autoridade nunca estão garantidos, conquistam-se. Até com os filhos."
Daniel Oliveira. Arrastão
Tiro o meu chapéu a Daniel Oliveira. Vi, muito tempo atrás, uma reportagem esclarecedora na RTP. Lembram-se dela? Há quem tenha memória curta.
Via Ana Crisina encontrei a solução.
terça-feira, 11 de março de 2008
Da política (5)
"Sim, e agora?
Rui Tavares mistura várias coisas no mesmo saco no seu artigo de hoje no Público, entre elas: a) A avaliação dos méritos genéricos da escola pública; b) A avaliação da pedagogia dominante no nosso ensino; c) A avaliação do modelo de gestão escolar hoje vigente.
No fim, acusa a Ministra e o Governo de terem baralhado tudo: “Um discurso que nos diz que todo o ensino público está mal não é nem nunca será reformista.” Peço desculpa, mas a confusão é dele.
Deixo, porém, à Ministra o encargo de se defender a si mesma, e passo a explicar a minha opinião sobre o tema. Sinteticamente, porque tem que ser:
1. Avalio muito positivamente o desempenho global do ensino público após o 25 de Abril de 1974. Transformou o analfabetismo num fenómeno residual. Alargou drasticamente os anos de ensino obrigatório. Chegou a todo o país. Permitiu a milhões de jovens concluírem os seus estudos secundários e abriu as portas da universidade a centenas de milhares deles.
2. Repudio a retórica sobre o eduquês como uma catilinária reaccionária e ignorante que pretende fazer-nos recuar aos tempos anteriores a Coménio (o fundador da pedagogia moderna que os pobres críticos confundem com Rousseau).
3. Acredito que a escola pública tem condições para superar a sua actual crise de forma a continuar a assegurar a educação universal e gratuita primária e secundária a todos os que a ela queiram recorre.
4. Não tenho o menor desejo de polemizar sobre se as coisas teriam sido melhores ou piores se outro caminho tivesse sido seguido. Fizemos o que fizemos, e fizemo-lo genericamente bem.
5. Interessa-me exclusivamente discutir os problemas da escola pública de hoje e encontrar para eles as melhores soluções.
6. Não acredito que haja respostas definitivas para os problemas, válidas independentemente das épocas e das circunstâncias. Julgo, por isso, que certos arranjos que provaram ser adequados ou ao menos neutros no passado se encontram hoje obsoletos.
7. Tal como vejo as coisas, a escola pública tem hoje dois grandes desafios pela frente: a) o desafio da adaptação do conteúdo do ensino às necessidades da sociedade contemporânea; b) o desafio da gestão criteriosa dos recursos ao seu dispor.
8. O primeiro desafio é o mais difícil e exigente. Não falarei dele agora, excepto para dizer que as potencialidades da escola pública a esse nível só poderão ser libertadas se se resolver primeiro o segundo, dado que, sem isso, não teremos recursos para o fazer.
9. A escola pública é hoje um local de esbanjamento das capacidades dos professores e dos alunos. O sistema por ele responsável existe há muito tempo, mas só na última década se converteu num travão essencial ao progresso.
10. As escolas públicas têm sido geridas, perante a complacência do governo central, por uma aliança perversa entre a máquina burocrática da 5 de Outubro e os sindicatos dos professores.
11. Como tem sido observado por múltiplos comentadores, os professores presentemente não são avaliados nem prestam contas a ninguém. Esta situação insólita, sem par, ao que julgo, em qualquer país desenvolvido, tem que terminar. Este é que é o problema.
12. Tal como a pressão sobre o Ministério da Saúde atingiu o seu clímax quando se encontrava prestes a entrar em vigor o controlo dos horários dos médicos e a abertura de farmácias nos hospitais, os professores mobilizaram-se em massa para bloquearem o Ministério da Educação quando se aproxima o momento decisivo em que eles começarão a ser avaliados e em que entrará em vigor o novo regime de gestão das escolas.
13. Nestas condições, é ingénua a reivindicação do diálogo da Ministra com os professores, quando é claro que os sindicatos recusam qualquer forma de avaliação e temem perder o controlo sobre as gestão das escolas. Alguma vez propuseram outra coisa que não fosse a pura e simples manutenção do statu quo?
14. Soa-me estranha aos ouvidos a afirmação de que a reforma não pode ser feita contra os professores. Trata-se de uma constatação ou de uma ameaça? Porque, se, como parece, é uma ameaça, a resposta é muito simples: os professores que boicotarem a avaliação não serão promovidos e poderão eventualmente ser alvo de processos disciplinares.
15. Pretender o contrário é aceitar que a política educativa deve ser confiada ao soviete dos professores. Digo soviete para não dizer corporação, visto que esta palavra parece ferir muito certos ouvidos.
16. Sustento que a manifestação de sábado passado foi uma vitória de Pirro, pela simples razão de que nem o PCP, nem os sindicatos, nem os restantes partidos da oposição sabem o que fazer com ela? Semana de luto? Que tal semana da fome? Greve geral da função pública? E depois? É eleições antecipadas que pretendem? Para quê? Para serem derrotados nas urnas?
17. As mesmas pessoas que há semanas declaravam defunto o movimento sindical encontram-lhe agora insuspeitadas virtudes. Pois a verdade é que os sindicatos continuam, como sempre, amarrados à política suicida do PCP.
18. Já outros fizeram notar que o Governo continua a não depender de ninguém nesta matéria, desde que não se esqueça que o ensino existe para educar os alunos, não para empregar os professores, e desde que focalize as suas atenções no tema da gestão escolar, que é o nó da luta pelo poder que estamos a presenciar.
19. De modo que me parece que a pergunta do Rui - “Contentes, agora?” - deverá antes ser endereçada aos sindicatos e aos professores que com eles alinharam."
João Pinto e Castro, 10 Março 2008
Com a devida vénia ao Cinco Dias
Rui Tavares mistura várias coisas no mesmo saco no seu artigo de hoje no Público, entre elas: a) A avaliação dos méritos genéricos da escola pública; b) A avaliação da pedagogia dominante no nosso ensino; c) A avaliação do modelo de gestão escolar hoje vigente.
No fim, acusa a Ministra e o Governo de terem baralhado tudo: “Um discurso que nos diz que todo o ensino público está mal não é nem nunca será reformista.” Peço desculpa, mas a confusão é dele.
Deixo, porém, à Ministra o encargo de se defender a si mesma, e passo a explicar a minha opinião sobre o tema. Sinteticamente, porque tem que ser:
1. Avalio muito positivamente o desempenho global do ensino público após o 25 de Abril de 1974. Transformou o analfabetismo num fenómeno residual. Alargou drasticamente os anos de ensino obrigatório. Chegou a todo o país. Permitiu a milhões de jovens concluírem os seus estudos secundários e abriu as portas da universidade a centenas de milhares deles.
2. Repudio a retórica sobre o eduquês como uma catilinária reaccionária e ignorante que pretende fazer-nos recuar aos tempos anteriores a Coménio (o fundador da pedagogia moderna que os pobres críticos confundem com Rousseau).
3. Acredito que a escola pública tem condições para superar a sua actual crise de forma a continuar a assegurar a educação universal e gratuita primária e secundária a todos os que a ela queiram recorre.
4. Não tenho o menor desejo de polemizar sobre se as coisas teriam sido melhores ou piores se outro caminho tivesse sido seguido. Fizemos o que fizemos, e fizemo-lo genericamente bem.
5. Interessa-me exclusivamente discutir os problemas da escola pública de hoje e encontrar para eles as melhores soluções.
6. Não acredito que haja respostas definitivas para os problemas, válidas independentemente das épocas e das circunstâncias. Julgo, por isso, que certos arranjos que provaram ser adequados ou ao menos neutros no passado se encontram hoje obsoletos.
7. Tal como vejo as coisas, a escola pública tem hoje dois grandes desafios pela frente: a) o desafio da adaptação do conteúdo do ensino às necessidades da sociedade contemporânea; b) o desafio da gestão criteriosa dos recursos ao seu dispor.
8. O primeiro desafio é o mais difícil e exigente. Não falarei dele agora, excepto para dizer que as potencialidades da escola pública a esse nível só poderão ser libertadas se se resolver primeiro o segundo, dado que, sem isso, não teremos recursos para o fazer.
9. A escola pública é hoje um local de esbanjamento das capacidades dos professores e dos alunos. O sistema por ele responsável existe há muito tempo, mas só na última década se converteu num travão essencial ao progresso.
10. As escolas públicas têm sido geridas, perante a complacência do governo central, por uma aliança perversa entre a máquina burocrática da 5 de Outubro e os sindicatos dos professores.
11. Como tem sido observado por múltiplos comentadores, os professores presentemente não são avaliados nem prestam contas a ninguém. Esta situação insólita, sem par, ao que julgo, em qualquer país desenvolvido, tem que terminar. Este é que é o problema.
12. Tal como a pressão sobre o Ministério da Saúde atingiu o seu clímax quando se encontrava prestes a entrar em vigor o controlo dos horários dos médicos e a abertura de farmácias nos hospitais, os professores mobilizaram-se em massa para bloquearem o Ministério da Educação quando se aproxima o momento decisivo em que eles começarão a ser avaliados e em que entrará em vigor o novo regime de gestão das escolas.
13. Nestas condições, é ingénua a reivindicação do diálogo da Ministra com os professores, quando é claro que os sindicatos recusam qualquer forma de avaliação e temem perder o controlo sobre as gestão das escolas. Alguma vez propuseram outra coisa que não fosse a pura e simples manutenção do statu quo?
14. Soa-me estranha aos ouvidos a afirmação de que a reforma não pode ser feita contra os professores. Trata-se de uma constatação ou de uma ameaça? Porque, se, como parece, é uma ameaça, a resposta é muito simples: os professores que boicotarem a avaliação não serão promovidos e poderão eventualmente ser alvo de processos disciplinares.
15. Pretender o contrário é aceitar que a política educativa deve ser confiada ao soviete dos professores. Digo soviete para não dizer corporação, visto que esta palavra parece ferir muito certos ouvidos.
16. Sustento que a manifestação de sábado passado foi uma vitória de Pirro, pela simples razão de que nem o PCP, nem os sindicatos, nem os restantes partidos da oposição sabem o que fazer com ela? Semana de luto? Que tal semana da fome? Greve geral da função pública? E depois? É eleições antecipadas que pretendem? Para quê? Para serem derrotados nas urnas?
17. As mesmas pessoas que há semanas declaravam defunto o movimento sindical encontram-lhe agora insuspeitadas virtudes. Pois a verdade é que os sindicatos continuam, como sempre, amarrados à política suicida do PCP.
18. Já outros fizeram notar que o Governo continua a não depender de ninguém nesta matéria, desde que não se esqueça que o ensino existe para educar os alunos, não para empregar os professores, e desde que focalize as suas atenções no tema da gestão escolar, que é o nó da luta pelo poder que estamos a presenciar.
19. De modo que me parece que a pergunta do Rui - “Contentes, agora?” - deverá antes ser endereçada aos sindicatos e aos professores que com eles alinharam."
João Pinto e Castro, 10 Março 2008
Com a devida vénia ao Cinco Dias
Etiquetas:
Educação,
Escola pública,
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