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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Porque vou votar em Manuel Alegre

Esta é uma declaração de voto a contragosto. Somando erro atrás de erro, Manuel Alegre perdeu muito do capital político e de esperança que uma figura com a sua, que pertence aquela pequena parte do PS com que vale a pena fazer pontes, certamente não merecia. Hoje por hoje toda a gente já percebeu o erro crasso que foi trabalhar para o apoio envenenado do PS de Sócrates. O próprio Bloco de Esquerda, o partido em que costumo votar nas legislativas, vai pagar caro (já está a pagar com algumas dissensões) a contradição que é estar a apoiar um candidato que, nesta campanha, anda a jogar um perigoso jogo do equilibrista, procurando agradar à esquerda sem comprometer o centro. Mesmo a campanha, em si, é uma desilusão, sem chama, sem rumo (o jogo do equilíbrio), e deixando transparecer uma imagem de solidão. Posto isto: vou votar Manuel Alegre. Por duas razões, que se mantém absolutamente válidas: primeiro, porque como a direita pura e dura percebeu muito bem, mas a esquerda mais "radical" parece incapaz de compreender, o verdadeiro candidato de Sócrates não é Alegre, mas Cavaco. Ou será que todo o processo inquinado que levou a um apoio tardio e com ares de forçado, ou a ausência da máquina-PS na campanha, são meras coincidências? A previsível derrota de Alegre vai também, como a direita pura e dura igualmente percebeu, dar uma machadada na ala esquerda do PS, e acabar com veleidades "secessionistas" e de aproximação ao BE, o que interessa a Sócrates e aos seus, e a mais ninguém. Segundo, porque se não vejo grandes diferenças para Sócrates entre ter Alegre ou Cavaco na presidência, já com um possível governo Passos Coelho tudo será diferente. Passos, Cavaco e o FMI: eis a tríade para destruir de vez o estado social em Portugal, e fazer-nos ainda ter saudades dos anos negros de Sócrates.
Pelos motivos que apresentei, preparo-me para engolir um sapo e depositar o meu voto num candidato que pouco me entusiasma. Mas fá-lo-ei sem remorsos: a política é, também mas não só, a arte do possível. Evitar a reeleição de Cavaco deve ser visto como um dever de cidadania para todos os que ainda acreditam num país solidário e livre, e nas funções sociais do Estado. É com muita pena que vejo que alguns não tem noção do facto de este ser um momento paradigmático e crucial para Portugal; preparam-se hoje as condições finais para o derradeiro ataque ao que resta do 25 de Abril, e para trocarmos o estado social pela selvajaria neoliberal. E é com alguma revolta que assisto a uma certa extrema-esquerda atacar todos os dias Alegre mas nunca Cavaco, trabalhando activamente para a vitória da direita, provando mais uma vez, se preciso fosse, que o seu papel actual na história define-se em uma palavra: reaccionário.

domingo, 13 de abril de 2008

W.Street Journal: a terrível sucessão de Thabo Mbeki na África do Sul

São entrevistas fantásticas, conclusivas e muito trabalhadas, as que o The Wall Street Journal-Europe oferece. A realizada com o provável successor do PR sul-africano, o actual líder do ANC, Jacob Zuma, não foge ao timbre de alta qualidade. Está lá tudo, o que importa saber. E as questões mais dificéis- acusações de violação de uma adolescente- não são evitadas. Bem como as de alta corrupção com a compra de armamento ao construtor francês, Thomson-CSF. " Outras luminárias do ANC estão implicadas no negócio, mas agora, e de novo, novas investigações criminais perseguem o líder, J. Zuma ", frisa o jornalista. Paira o espectro de Mugabe sobre a poderosíssima África do Sul, sublinha Matthew Kaminski.
Jacob Zuma, de etnia Zulu, é um populista. Antigo membro do aparelho de segurança do ANC, ganhou fama por emprestar a sua voz nos funerais e nos comícios de militantes do ANC, ao longo dos anos. Seduziu os deserdados e recuperou de um passado " criminógeneo " no ano passado, à beira das eleições para a liderança do partido fundado por Nelson Mandela. Diz que quer assegurar a continuidade do regime. Ninguém acredita. Sobretudo os seus rivais, entre os quais, Mbeki, o ainda PR, que não perdem pitada em o incriminar. Nos jornais e na opinião pública. Racismo étnico não deve existir, sómente uma consciência dilacerada dos sucessores de Mandela em verem o seu trabalho de reconciliação em maus tratos.Que podem ser perigosos e ambivalentes. Mesmo que Zuma desminta e diga que tudo faz pelo ANC…
" É quase impossível argumentar sobre a qualidade das grandes mudanças políticas e o crescimento, em referência como imprevisto e a ultrapassagem da era Mbeki. A liderança em África da reconciliação, do fomento da democracia e de um sofisticado capitalismo debatem-se agora pela frente com a incerteza. Os cenários possíveis da sucessão perfilam-se: do optimista, progresso continuo rumo a uma democracia multiracial, ao fatalista, marcado por um lento declínio confeccionado pela corrupção e as taras do Neo-Marxismo; não sendo de minimizar o desenlace apocalíptico, estilo colapso actual do Zimbabué ", aponta o entrevistador.
Se " Zuma não é um intelectual político, estilo Mbeki, ou um inspirado e carismático líder à Mandela", caracteriza o jornalista, M. Kaminski, " possui evidente experiência política e é muito folgazão ". Conserva ainda as suas ligações ao povoamento que o viu nascer. É poligâmico e tem para cima de 18 filhos. Ao contrário de Mbeki, que nunca mais regressou ao seu torrão depois da saída da prisão.O perfil controverso de Zuma perturba o estado-maior do ANC. E, por isso, querem substitui-lo, agora que se desencadeou uma nova e longa averiguação criminal sobre o negócio das armas. Rumores dão o número dois do ANC, Kgalema Motlanthe, como uma séria alternativa a Zuma. O recém e polémico líder do ANClevanta muitas suspeitas por ser apoiado pelo campesinato pobre, os sindicalistas e o P.Comunista, ao mesmo tempo que garante que o" business branco continuará a controlar a economia ".Há, já quem o compare ao PR brasileiro, Lula…

FAR