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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Nyimpine já era

Um amigo ligou de Maputo, logo pela manhã, a anunciar-me a morte de Nyimpine Chissano. O “filho do Galo” faleceu durante a noite, na sua cama, provavelmente de AVC. Logo desde manhã, nas barracas e bares da cidade, os maputenses pagavam rodadas uns aos outros, e havia flores frescas no local onde o Cardoso foi assassinado a mando do dito cujo. De imediato começaram a correr sms sobre o assunto, a versão moderna do “telégrafo da selva”. Segundo um deles, o Carlos Cardoso, farto da morosidade da Justiça moçambicana, meteu requerimento a Deus. É feio fazer a festa com a desgraça alheia? “Pois é, bebé”, como diz o meu Zé Luís, mas lá que Moçambique ficou um nadinha mais limpo, lá isso ficou. E por obra e graça dos sms, a notícia até me clareou um pouco esta manhã chuvosa, irredimível anúncio de que o Inverno aí está. É certo que o homem morreu mas nada mudará em Moçambique, porque a espécie está profundamente enraizada, e a governação de papá, mamã e sus muchachos garantiu que a corrupção, o nepotismo e o crime continuarão a vigorar como moeda forte no país. Porém, a morte acaba sempre por baralhar contas, e arrumar velhos processos. O processo por difamação com que o seu advogado me ameaçara, por exemplo, fica em águas de carapau para a eternidade. Nesta hora penso é no Catoja, que está a assistir a tudo já bem instalado na sua nova reincarnação. Pois é. Ás vezes até parece verdade que “cá se fazem, cá se pagam”. Enquanto escrevo estas linhas de pura emoção e irracionalidade, recebo novo sms de Maputo, absolutamente lacónico. E passo a citar: “Só me dói que um gajo assim morra na cama. Com tanto projéctil de 9mm que acerta em quem não o merecia...”


José Pinto de Sá