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terça-feira, 24 de junho de 2008

Da Capital do Império

Olá!

O Obambi pode ter andado à pancada com a Hilária mas o que não pode haver dúvidas é que no que diz respeito à política externa o Obambi é um clintonista.
Eu sei que todos, especialmente aí do outro lado do charco, acreditam que se o Obambi for eleito em Novembro vamos entrar numa nova era de felicidade, tipo “age of aquarius” com todos a cantar “Grândola vida morena terra da fraternidade” e a viver em paz para sempre sem o horrível Bush.
Mas, reconhecendo que o Obambi serviria inicialmente para descomprimir a cena política internacional com promessas de reuniões com o jovem Assad e com os iranianos de pneu de lambreta na cabeça, a verdade é que no seu todo poucas mudanças haverá. Retirada do Iraque? Talvez mas não em menos de dois anos, e não totalmente. Quanto ao resto será um pouco “vira o disco do Bush para o Bill Clinton e toca o mesmo”. Isto porque de facto as opções são poucas. A UEtupia pode estar satisfeita consigo mesma por ter conseguido tirar umas férias da história, mas deste lado do charco a história vem sempre bater à porta porque, como diria esse grande filósofo americano sobre questões do poder, o Spider Man, “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
E como é que o Obambi vai responder a essas responsabilidades se for eleito? Pois como diz o Zé Povinho, “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Então vejamos.
No seu “grupo de segurança nacional” temos os antigos secretários de Estado Warren Christopher e Madeleine Albright, e ainda o antigo Secretário da Defesa durante a administração Clinton, William Perry.
A Madalena Toda Brilhante andava até há pouco tempo a dizer que o Obambi não tinha experiência para liderar os States e que a Hilária é quem sabia tudo. O Obambi perdoou-lhe pelos vistos. O Warren coitado foi o Secretário de Estado que mais viagens fez ao Médio Oriente sem nenhum resultado. Falou com tudo e todos (como o Ombabi quer fazer) sem conseguir nada, embora haja a dizer em seu abono que o Médio Oriente é como a instituição do casamento: não tem solução. E no que diz respeito a Israel e aos Palestinianos isso é agravado pelo facto de haver - como disse já não sem quem - demasiada história e pouca geografia.
Mas Christopher, Albright e Perry vêm juntar-se a um extenso grupo de conselheiros dos mais diversos aspectos de política externa que é notável pelo facto de quase todos serem antigos conselheiros do Presidente Bill Clinton.
O grupo de conselheiros de política externa é chefiado por Anthony Lake que foi o primeiro Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Clinton, cargo que abandonou após duras críticas à sua inação aquando do genocídio no Ruanda e reacção lenta aos massacres na Bósnia (neste caso há que dizer em abono do Tony que ele nada fez inicialmente em relação à Bósnia porque a UEtopia não sabia o que fazer com o que se passava no seu quintal e ele e o Bill não quiseram ferir as susceptibildiades EUtópicas. Serviu-lhes de lição…).
Susan Rice é cada vez mais a face pública de Obama em questões de política externa aparecendo agora regularmente em entrevistas na televisão a explicar pormenores do programa de Obama para as relações externas. Rice fez parte do Conselho de Segurança Nacional de Bill Clinton e foi também Secretária de Estado Assistente para Assuntos Africanos, cargo em que se notabillizou pelas suas duras críticas ao governo do Sudão. Algumas fontes dizem que Susan Rice é agora séria candidata para suceder a Condoleezza Rice na chefia do departamento de Estado caso Obama vença as eleições de Novembro. Apesar do mesmo apelido e de ambas serem negras não há ligação familiar entre as duas. São dois tipos de arroz diferente. Uma já está cozida e a outra ainda a fervilhar de entusiasmo.
Gregory Craig foi director de planeamento político no Departamento de Estado durante o governo de Clinton, onde ficou contudo mais conhecido por ser um dos seus advogados no escândalo sexual de Monica Lewinsky. Dizem as más línguas que sabe tudo sobre a definição de sexo oral.
Jim Steinberg foi vice-conselheiro de segurança nacional de Clinton enquanto Richard Danzig foi Secretário da Marinha de Guerra na administração Clinton e é agora o principal conselheiro para questões militares de Obama.
Outra das principais figuras no grupo de conselheiros de política externa é o Major General (na reforma), Scott Gration, que participou nas operações de invasão ao Iraque mas cuja especialidade é África. Gration fala fluentemente swahili.
Daniel Shapiro é um dos principais conselheiros de Obama para questões do Médio Oriente. Trabalhou no Conselho de Segurança Nacional de Clinton.
Duas outras figuras importantes no grupo de conselheiros de Obama, mas sem ligações a Clinton, são Denis McDonough, que trabalhou para o Senador Tom Daschle, e Ben Rhodes de apenas 30 anos de idade que foi um dos membros do Grupo de Estudo para o Iraque que recomendou entre outras questões o diálogo com a Síria e o Irão. Rhodes é como se diria no meu tempo de juventude “o gajo dos pecos”. É ele o principal redactor de discursos sobre política externa de Barack Obama.
Outas conhecidas figuras políticas de Washington são conselheiros informais em “grupos de trabalho”, entre os quais David Boren que foi presidente do Comité do Senado para os Serviços de Informações (Intelligence), Sam Nunn, antigo presidente do comité do Senado para as Forças Armadas, Lee Hamilton, antigo presidente do Comité de Relações Externas da Câmara dos Representantes e também Vice-Presidente da Comissão para os ataques de 11 de Setembro.
Sabe-se por outro lado que o antigo Conselheiro de Segurança Nacional de Jimmy Carter, Zbignew Brzezinski, é também um dos conselheiros “informais” de Obama. Brzezinski esteve há poucas semanas na Síria numa viagem pouco publicitada em que mateve contactos com o jovem Assad com quem Obama diz estar disposto a estebelecer um diálogo. Coincidência? Ele diz que sim mas eu duvido. O Brzezinski é um realista. Foi ele quem teve este peco memorável numa conversa aqui em Washington: “Ser superpotência não significa que se é omnipotência”. Nasceu na Polónia. Detesta comunas.
Dennis Ross, coordenador para a política americana para o Médio Oriente na administração Clinton, tem também fornecido opiniões a Obama.
O que se conclui? O Obambi pode ser “o candidato da mudança” mas em política externa é clintonista e também da velha guarda Democrática. O que é a versão “lite” do Bush.
Abraços
Da Capital do Império
Jota Esse Erre

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Da Capital do Império

Olá,

Agora que a Hilária foi à vida venho hoje dar dois conselhos àqueles que se interessam pelas eleições deste lado do lago:
1) Ignorem notícias/especulações sobre a possibilidade da Hilária se tornar candidata à vice-presidência com o Barack Obama; a Hilária tem tantas chances disso acontecer como eu tenho de ganhar a lotaria
2) Ignorem a tentação de olharem para as sondagens que dizem que um dos dois candidatos tem mais apoio do que o outro à escala nacional. Essas sondagens em termos práticos não têm importância nenhuma.
Passo a explicar:
As eleções presidenciais americanas são disputadas Estado por Estado. Cada Estado elege um número de delegados ao Colégio Eleitoral proporcional à sua população. Quem vence num Estado ganha todos os delegados desse Estado ao Colégio Eleitoral, que tem um total de 270 delegados.
Uma olhadela ao mapa dos Estados Unidos mostra que nas últimas eleições John Kerry venceu em Estados que dão um total de 252 delegados. Primeira tarefa de Obama: garantir a vitória nesses Estados. É possivel? Talvez, mas vai haver luta cerrada pelos Estados de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, que Kerry venceu e onde Obama tem fraquezas (o tal eleitorado branco proletário e rural).
Segunda tarefa de Obama, se garantir esses 252 delegados: procurar outros 18 delegados e, para isso, tomem atenção ao Obama a concentrar a sua campanha no Iowa, Virginia, Carolina do Norte, Novo Mexico, Nevada, Colorado e Ohio. Alguns deles, como a Virginia, são tradicionalmente Estados republicanos mas na Virginia Obama está convencido que tem chances de ganhar porque o perfil demográfico do Estado está a mudar favorecendo as tais “elites brancas “ que gostam do Obama e que em conjunto com o eleitorado negro lhe podem dar a vitória. Noto que Obama esteve na Virnigia no dia a seguir à sua vitoria eleitoral e que hoje segunda-feira vai também fazer um comício nesse Estado.
É por causa desses Estados que a Hilária tem tantas chances de ser nomeada candidata à vice-presidência como eu tenho de ganhar a lotaria. O Obama vai escolher alguém que o ajude a ganhar votos nesses Estados ou ainda na Geórgia, outro dos que ele poderá mudar a seu favor se conseguir registar cerca de 600 mil negros que não estão registados como votantes, ou então alguém que o ajude a minimizar os receios/apreensões com a inexperiência de Obama a nivel de segurança/política externa. Figuras a ter em conta: Governadores da Pensilvânia e Ohio, o antigo senador pelo Estado da Geórgia, Sam Nunn (um perito em questões de segurança exerna) . Ou talvez a governadora do Kansas, conservadora da “América profunda” capaz de acalmar não só os inseguros como também apaziguar as democratas ofendidas com a derrota da rainha Hilária.
Tomem outra coisa em atenção: nas últimas eleições 13 Estados foram decididos por um máximo de vantagem de sete por cento. A esmagadora maioria desses por menos do que isso. O que siginifica que podem mudar para um lado ou outro.
Esses Estados são: Colorado, Florida, Iowa, Michigan, Minesota, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New Mexico, Ohio, Oregon, Pensilvânia e Wisconsin.
Com à vontade posso avisar-vos que as eleições vão ser ganhas ou perdidas nesse Estados. Talvez ainda se possa contar a Florida, Virginia e mesmo o Missouri, que também poderão estar em jogo. Um máximo de 16 Estados. O resto é paisagem eleitoral.
Abraços

Da capital do Império

Jota Esse Erre

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Hilária “a inevitável” é agora a inevitàvel derrotada da longa corrida à nomeação do candidato presidencial do Partido Democrático. Para quem continuasse a acreditar nas clintonices dos Billary Terça Feira era o dia que ia provar que apesar da já não haver possibilidades de apanhar o Obambi na contagem de delegados à convenção do partido, a Hilária era a candidata que ganhava os “grandes estados”, que o entusiasmo pelo Obambi se estava a desmoronar mostrando a sua incapacidade de lutar como os Clintons fazem – duro, feio, sujo, com meias verdades e oportunismo clintoniano.
Ontem a Hilária apanhou uma sova na Carolina do Norte onde o Bill tinha estado de serviço há uma semana a tentar usar o seu “charme” sulista e de “gajo da malta” junto do eleitorado. Sem resultado. A malta está mesmo farta até aos cabelos do Bill e das suas clintoninces embora tenha sempre a sua piada ouvi-lo, princpal;ente quando ele começa a ficar irritado e a queixar-se da “merda dos jornalistas” e do Obama estar “a jogar a cartada da raça contra mim”. A Hilária milionária esteve no Indiana a fazer campanha de “proleta”, pintar o Obambo como “elitista”, em bom estilo Clinton e a propor suspensão dos impostos federais na gasolina para ...o Verão esquecendo-se de dizer que o novo mandatio presidencial só começa ... no Inverno. Enfim uma clintonice.
Pois a Hilária lá conseguiu ganhar ( por pouco) no Indiana mas devido ao facto de ter apanhado uma sova na Carolina onde estavam em jogo muito mais delegados e onde perdeu por muito maior margem Obambi terminou a noite com mais delegados do que tinha iniciado o dia
Mas a julgar pelas declaraçoes de Clinton após os resultados de ontem Hillary vai continuar a lutar. Pode cair mas com ela vai cair também o Partido Democrático.
Abraços

Da capital do império
Jota Esse Erre

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Da Capital do Império

Olá!

A Hilary Clinton é como a Glen Close no filme “Fatal Attraction” e como o Robert Mugabe no Zimbabué. Não se vai embora pois tal como muitos dos movimento de libertação de outrora pensa que tem o direito inalienável ao poder, que o povo lhe deve isso. E cada vez que volta vem armada com tudo o que tem à mão para destruir aquele que diz amar.
Tal como se esperava a Hilária venceu o estado da Pensilvânia na Terça Feira à noite com uma vantagem de dez por cento de votos o que deixa o Obama um pouco abananado e o Partido Democrático agora sem saber o que fazer face à perspectiva de um esvaír de sangue lento. O candidato Republicano John McCain, regozija-se de gozo face ao espectáculo e ganha tempo para consolidar as bases republicanas (que o vêm com cepticismo) angariar fundos e preparar com calma a sua campanha..
Até agora os Republicanos têm mantido a sua artilharia calada seguindo o princípio de que não se mata um homem que está prestes a cometer suicídio. E se a Hilária vencer dentro de duas semanas no Indiana o suicídio é quase certo. Nesse caso a guerra civil vai rebentar dentro do Partido Democràtico com consequências graves não só para as aspirações do partido na Casa Branca como para os seus planos de aumentar a maioria no Congresso. Vejamos o que se passa:
Apesar da sua vitoria na Pensilvânia continua a ser matematicamente impossivel à Hilária ultrapassar o Obambi em numero de delegados e em número de votos alcançados em todos os estados. Com nove eleições primarias ainda por disputar a Hilária precisa de vencer todos esses estados com mais de 60 por cento dos votos para o poder alcançar o que é praticamente impossivel caso a campanha de Obama não entre em colapso total.
Mas dada a impossibilidade de Obama atingir o número de delegados requeridos para vencer automaticamente a nomeação na convenção partidária em Agosto, serão os chamados “super delegados” quem irão dar os votos decisivos. Esses “super delegados” são os legisladores federais e estaduais, governadores estaduais, antigos presidentes e vice presidentes e dirigentes do partido aos diversos níveis do país. São portanto os “apparatchiks” ou como se dizia em Moçambique os “balalaicas” que vão decidir.
A Hilária, com a sua terceira vitória consecutiva, vai continuar a argumentar que o Obambi não consegue ganhar nos grandes estados vitais para as presidenciais de Novembro. Mais do que isso a Hilária vai argumentar que a campanha do Obambi não consegue atraír aquela faixa do eleitorado necessária para se derrotar McCain em Novembro, nomeadamente as mulheres brancas, os operários brancos e a velhada branca. Por outras palavras o Obambi, que iniciou a sua campanha como transcendendo raça e outras “divisões” está cada vez mais a ser encurralado pela trituradora máquina clintonista numa faixa eleitoral que ele tem que evitar a todo a custo se quer ter qualquer chance de bater John McCain. Essa faixa eleitoral é a do eleitorado negro, jovens e brancalhada com estudos universitários e rendimentos acima da média. Se Obama for encurrado nessa faixa eleitoral as suas perspectivas eleitorais para Novembro diminuem e os “balalaicas” sabem disso. A Hilária espera poder ter a oportunidade de apontar para o mapa e mostrar-lhes as suas vitorias na Califórnia, Nova Iorque, Nova Jersey, Ohio e Pensilvânia como prova do seu apoio nos grandes estados americanos. Espera também poder mostrar-lhes os resultados eleitorais e dizer-hes que é ela quem consegue comunicar e manter uma conexão com a América profunda, aquela que o Obambi disse ser “amarga” e “agarrada à religião e armas” numa gaffe que lhe custou muitos votos na Pensilvânia e que o encurralou ainda mais na sigla de “elitista”
Para o Obambi o positivo disto tudo é que a Hilária vai ter que continuar a ganhar confortavelmente para poder ter esse argumento. O que não vai acontecer. Mesmo que ganhe no Indiana no próximo dia seis vai apanhar nesse mesmo dia uma surra das grandes na Carolina do Norte e subsequentemente perder ainda pelo menos no Oregon e provavelemente no Dakota do Sul. O que fortalece os números de delegados e de percentagem do eleitorado do Obambi . Duvido que os “balalaicas” se atrevam na convenção a ignorar a vontade popular o que iria dividir o partido em termos raciais e provocar manifestações em frente ao local a serem transmitidas ao vivo em todas as cadeias de televisão.
Seria um desastre para as perspectivas presidenciais e tambem para os planos Democratas para o Congresso.
Mas a capacidade criativa de auto destruição da malta de esquerda é sempre surpreendente. E os Clintons esses … nunca desistem e tem uma capacidade imensa de destruir tudo e todos no seu caminho.
Ainda bem! Caso contrário nunca teríamos a a oportunidade única de assistir a este espectáculo ao mesmo tempo irritante, hilariante, excitante, estimulante raramente profundo muitas vezes banal mas revelador da democracia
Abraços,

Da Capital do Império

Jota Esse Erre

domingo, 20 de abril de 2008

Da Capital do Império

Olá!

O Obambi vai apanhar uma sova nas primárias da Pennsylvania na Terça Feira. Isso é quase que garantido, pelo que vocês para saberem as implicações disso, devem concentrar-se no tamanho da sova.
Se a Hilária ganhar por dez por cento ou mais a guerra dentro do Partido Democrático vai intensificar-se como nunca até agora pois a Hilaria passa a ter a possibilidade de ultrapassar o Obambi na votação popular o que é a sua unica chance de levar os “super delegados” a votarem por si na convenção e ultrapassar assim o número de delegados do Obambi . Se ganhar por entre cinco e dez por cento a Hilária vai apregoar ao mundo que a sua vitoria demonstra que é ela quem consegue ganhar à vontade nos grandes estados pelo que os super delegados devem votar nela
Contudo qualquer que seja o tamanho da sova os Billary (a Hilária e o Bill) vão proclamar aos quatro ventos que o Obambi não consegue ganhar nada. Depois de terem tentado afirmar que o Obambi só ganhava em alguns estados porque é preto agora os Billary vão dizer que o Obambi não consegue ganhar porque a brancalhada proletária não gosta dele. Ou seja: o Obambi ganha em alguns locais porque é preto e perde noutros porque é preto. É a lógica clintoniana.
E claro está o Obambi ajudou quando foi a São Francisco falar a doadores financeiros à sua campanha e disse que não estava admirado pelo facto da classe operária na Pennsylvania ser “amarga” devido à sua situação económica sendo devido a essa “amargura” que “se agarra à sua religião, às suas armas, aos seus sentimentos anti imigrantes”. Fez –me lembrar “Die Religion is das Opium des Volkes” (Lembram-se?). O que pode ainda ser uma tema para um excelente debate de café ou de filosofia numa universidade ou nas páginas de um jornal mais literário mas que para mal do Obambi foi aqui visto como uma demonstração óbvia de uma certa condescendencia senão mesmo menosprezo que uma certa esquerda tem por valores e crenças que não são os seus.
E quando esses valores e crenças são aqueles de uma classe trabalhadora que ele quer ganhar para o seu lado o seu divagar pelos campos da filosofia e psicologia de massas baratas não caiu nada bem. Sendo as eleições presidenciais americanas algo que é decidido mais pela imagem e por asneiras que os candidatos dizem e menos pelo conteúdo dos seus programas (que face ao sistema americano não passam de promessas e nada mais do que isso) o Obambi teve a sua figura “cool” de “gajo da malta” acima de raça, classe etc etc muito abalada. Tornou-se subitamente naquilo que ele é e tenta declarar que não é: um politico da velha escola que diz uma coisa em público e outra em privado..
A Hilária entrou de imediato em método clintoniano “full time” fazendo discursos a lembrar como o seu pai lhe tinha ensinado a disparar uma espigarda no quintal (!!!) e como ela tinha sido educada na boa tradição da Igreja Metodista que, segundo disse, lhe tinha dado apoio nos tempos difíceis da sua vida. A religião, disse ela, não é algo a que os eleitores da Pennsylvania se agarram por estarem ‘amargos” mas é sim parte da sua cultura e modo de ser. “Não sei se o Barack é elitista mas suas declaração são, demonstando uma falta de conexão com os valores do povo americano,” disse ela em tom beatífico. E depois a colmatar esta ofensiva tipo clintoniano a Hilária, rodeada de camaras de televisao foi a um bar “proleta” na Pensilvania e com o maralhal que lá se encontrava bebeu umas cervejas e um copos de Whisky (num só golo) tal como fazem os proletas da zona.
Eu nunca gostei dessa mistura particularmente desde que uma vez na Dinamarca apanhei um “pifo” de cerveja e schnaps, o equivalente da cerveja e whisky dos proletas da Pennsylvania. Mas apanhei uma ressaca muito maior depois de ver a Hilária na televisão a tentar ser populista à custa do “elitismo” (como ela lhe chamou) do Obambi. Ia vomitando e fiquei a arrotar cerveja e whyski durante dias mesmo sem ter bebido a mistela (prefiro vinho da Califórnia)
Uma coisa é certa. Qualquer que seja o tamanho da vitoria da Hilária nas eleições de Terça feira ela não se vai embora. E uma semana após a Pennsylvania ela volta provavelemente a ganhar no Indiana embora deva apanhar um exugo de porrada na Carolina do Norte embora ai o Obambi ganhe porque … é preto. A Hilária está a tornar-se no Robert Mugabe do Partido Democrático. Por muito que muitos queiram não se vai embora. Tal como o Mugabe ela pensa que tem o direito à presidencia e que o povo lhe deve isso.
Abraços.
Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

terça-feira, 25 de março de 2008

“USA-Today”: 75% dos eleitores do P.D. favoráveis a candidatura bicéfala

No mundo das sondagens, quase de hora a hora, do agitado universo politico norte-americano, hoje, o jornal USA-Today, embandeirava com uma sondagem encomendada à Gallup, onde três quartos do eleitorado democrata manifesta simpatia pela candidatura bicéfala de Hillary Clinton e Barack Obama às presidenciais de Novembro. Só uns residuais 25 por cento do eleitorado distinto dos dois rivais, se manifesta em oposição frontal a tal desígnio, acrescenta a sondagem.

A prosa do jornal norte-americano, recolhida no campo dividido dos dois candidatos democratas, alerta para a “quase obrigação” da dupla aparecer na lista para as Presidenciais Nov.08. Para evitar a erosão de votos, sobretudo, Segundo os analistas apuraram. Porque o eleitorado jovem afro-americano de Obama, caso o seu favorito não surja na disputa com McCain, recusa ir às urnas. Do mesmo modo, as mulheres brancas com mais de 50 anos, que formam a base eleitoral de H.Clinton, e cujos votos são cruciais, ameaçam abster-se caso a sua eleita não seja escolhida. A hipótese de Bill, jogada há já algum tempo, cria volume e sonho…

Entretanto, as fratricidas e siderantes rivalidades entre os dois rivais democratas, estão a dar força ao candidato republicano, John McCain, que na sondagem da Newsweek desta semana, aparece com 15 por centos de votos a mais, quer em relação a Obama, quer Hillary Clinton, no espaço do eleitorado “independente”. Sabendo-se que McCain tem um programa eleitoral muito “à direita”, em relação ao destino da Guerra do Iraque bem como da Crise Económica, os analistas favoráveis ao P.Democrático exortam os dois rivais a silenciarem os ataques pessoais.


FAR

quarta-feira, 5 de março de 2008

Da Capital do Império

Olá,

Os Obamaníacos estavam à espera que Terça-feira fosse o funeral da Hilária. Em vez disso o “Expresso Obama” embateu na muralha clintoniana formada pela brancalhada velha, feminina e operária e perdeu de forma contundente. O Obamessias foi reduzido outra vez à sua condição inicial de Obambi e vai ter que continuar a ter a audácia de vender esperança ao pessoal e ter esperança que o eleitorado acredite.
A Hilária não podia deixar de esconder a sua alegria no Ohio onde graças à brancalhada operária venceu folgadamente. E para chatear mais os Obamaniacos até troçou do Obama pondo o seu eleitorado a gritar “ Yes we will” (sim vamos) numa menção clara ao slogan de Obama “Yes we can” (sim podemos)
Isto depois de tal como prometido a campanha de Clinton ter começado a atirar com a loiça da cozinha ao Obama fazendo publicar fotografias do Obama com um turbante na cabeça e vestido de chefe Somali. O turbante era branco e as vestimentas encarnadas e brancas e eu quando vi a foto pela primeira vez pensei que fossem as vestimentas das aeromoças da Swiss Air.
Depois a Hilária pôs um anúncio com umas criancinhas a dormir e um telefone vermelho a tocar enquanto uma voz profunda dizia: “são três da manha. Quando o telefonar tocar na Casa Branca a anunciar uma crise quem é que quer que esteja no comando?”. A brancalhada velha, as mulheres e os operários pelos vistos apanharam um cagaço a imaginar um tipo de turbante e fato da Swiss Air a responder ao telefone na Casa Branca e deram o voto à Hilária.
Que contudo vai ter que atirar mais loiça ao Obambi para ver se este perde a figura de “cool kid” e começa a meter os pés pelas mãos a vender a “esperança e a mudança”.
É matematicamente impossível à Hilária ultrapassar Obama na contagem de delegados à convenção do Partido Democrático, pois mesmo nos poucos estados onde perde, Obama continua a obter boas percentagens eleitorais que são suficientes para manter a liderança.
A campanha eleitoral de Obama foi desde o início baseada na estratégia de vencer o maior número possível de pequenos e médios estados e garantir boas percentagens nos grandes estados como Califórnia, Nova Iorque, Nova Jersey, Ohio e Texas.
Ironicamente nos últimos dias Obama foi vítima do seu próprio sucesso. Se em Janeiro quando se iniciou a campanha poucos poderiam prever que Hillary Clinton estivesse hoje a lutar pela sua sobrevivência politica, as 12 vitórias seguidas antes de Terça-feira começaram a dar a Obama a aura de inevitabilidade com muitos dirigentes partidários a começarem a exortar Clinton a abandonar a corrida para bem do partido.
A sua derrota no Texas por margem mínima poderá com efeito ser vista como um extraordinário avanço eleitoral que contudo foi afogado no meio de cabeçalhos sobre “o regresso” da Hilária ou “o descarrilar do Expresso Obama” . Eu cá teria escolhido um cabeçalho mais Hollywood para a sua vitoria no Texas “Country for Old Woman”.
Tendo em conta a matemática para Clinton contudo a sua única possibilidade é apostar agora em ganhar folgadamente a Pensilvânia em 22 de Abril onde estão em jogo mais de 180 delegados para poder reivindicar que só ela tem a capacidade de garantir os grandes estados nas presidenciais de Novembro.
Sabe-se que a incapacidade de Obama ganhar nesses grandes estados e de ganhar entre a brancalhada operária é uma preocupação para os líderes do partido.
Os “super delegados” terão depois que decidir entre isso e o facto de que Obama provavelmente terá mais delegados à sua conta e muitos mais estados do seu lado.
A luta pelos super delegados (membros do congresso, governadores estaduais, líderes Democráticos estaduais, antigos presidentes e vice presidentes e os membros do Comité Nacional do Partido, enfim os “aparatchiks” do partido) ameaça pois tornar-se numa luta que poderá dividir o Partido Democrático par regozijo dos Republicanos. E meu, pois nada me entusiasma mais que eleições americanas com anúncios na televisão a dizerem mal uns dos outros e a meter cagaço ao pessoal.
Vai portanto haver porrada. Da grossa. A Hilária e o Bill estão a borrifar-se para a matemática e sentem–se com direito à presidência conjunta. O Obambi tem que começar a habituar-se a apanhar com a loiça da cozinha que a Hilária lhe vai lançar (como disse a sua campanha) no meio de sorrisos. Será talvez tempo do Obambi recrutar uns cães de fila para responderem do mesmo modo. As dezenas de milhões de dólares que ele continua a receber devem dar para isso.

Abraços,
Da capital do Império

Jota Esse Erre

Máquina Clinton vence no Ohio e no Texas por diferença vital

A fazer fé no jornalista do NY Times, Patrick Healy, a máquina eleitoral dos Clinton, mudada de alto a baixo nas últimas semanas, está a conseguir a queda no abismo de um dos clãs políticos mais badalados do Universo. A dureza do discurso de Hillary contra Obama, o facto do irmão deste estar implicado num processo-crime e o mundo hispânico dos emigrantes latino-americanos, deram mais um suplemento de fôlego à postulante. Obama que se cuide, portanto. Os caciques do Partido Democrático parece já olharem de outra maneira para a mulher de Bill. O afluxo de doações para a campanha dos Clinton atinge a soma colossal do 1 milhão de dólares por dia, nas últimas semanas.
A candidata explorou a aparente falta de experiência do senador de Illinois, houve derrapagens na campanha de Obama e a mulher de Bill evitou o pior, como se especulava. De assinalar, que Barack Obama perdeu em todos os grandes centros urbanos do Ohio e do Texas, o que “obrigou” o estado-maior do PD a pensar em dar uma cambalhota para vir, de novo, como ao longo de 2007, apoiar Hillary Clinton.


«Hillary Clinton has been enjoying her first real burst of momentum lately, thanks to her new advertisements and speeches questioning Obama's abilities in a crisis, raising the fact that he has not convened his Senate subcommittee to hold hearings on the Afghanistan war. A potentially embarrassing trial of a former Obama friend and contributor has begun. And major Clinton fund-raisers said that one big victory on Tuesday night would be enough to energize donors and keep $1 million or more flowing in daily.

"Each time people think we're down, like after Iowa, or South Carolina, or the February primaries, Hillary has found ways to come back up," said Jonathan Mantz, the national finance director of the Clinton campaign.

The results will also embolden her campaign's efforts to persuade the Democratic Party to factor in the delegates from Florida and Michigan, her advisers say. The party counted out those states after they moved up their primaries; Clinton stayed on the ballot in both and "won" them in January — despite having no real competition in Michigan and no real campaign in Florida. In a sign of her thinking, She shouted out to them in her Ohio victory speech Tuesday night.

"If we want a Democratic president, we need a Democratic nominee who can win the battleground states, just like Ohio," she said. "We've won Florida, Nevada, New Mexico, Arizona, Michigan, New Hampshire, Arkansas, California, New York, New Jersey, Massachusetts, Oklahoma and Tennessee!"

But for all the millions of votes Clinton has now won, simple math is still her enemy. She needs to use Tuesday night to persuade superdelegates — the hundreds of party leaders who have a vote on the nomination — to stop abandoning her. Or, at least, stop long enough for Clinton to damage him with a line of attack, goad him into a colossal gaffe (or watch him make one on his own) or rely on the media to unearth a campaign-altering scandal about him.

But it is not clear if Ohio and Texas were enough to give Clinton — a politician who has been a known quantity for 16 years— a real chance for a fresh assessment by the many superdelegates who know her well.

"The great irony is, she is now the 'hope' candidate," said Dan Gerstein, a Democratic strategist who backs Obama. "She can only hope to catch some breaks and catch Obama stumbling."
»
Patrick Healy. New York Times


FAR

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Karl Rove ataca Obama para proteger MacCain e Hillary Clinton

O descaramento não tem limites na política Americana. O antigo super-conselheiro de GW Bush, o omnipresente Karl Rove, o enviado especial para “salvar Berlusconi”, desceu a terreiro e acusou, na edição de Fim de Semana do Wall Street Journal, Barack Obama de ter apagado todos os sinais, “inspirados mas indescritíveis”, de mudança post partidária na sua estratégia eleitoral. Rove diz que ele, em Houston, há poucos dias, revelou na TV, num longo discurso de 45 minutos com audiência nacional, todos os estigmas de uma desenvolta “temática” de esquerda radical. Jura que ele está prisioneiro da ala esquerda do Partido Democrático. Que não consegue também fazer frente aos lobbies de esquerda radical do partido, que são o “músculo” do P.D., do ponto de vista financeiro e politico. A que só Bill Clinton se tinha oposto nas Presidenciais de 1992…

O “spin doctor” de GW Bush, agora na Consultadoria Internacional disfarçada do P. Republicano, ataca os pivots da estratégia internacional de Obama, que diz serem “belicosos” para com o Paquistão (país aliado), e amistosos para com o Irão e a Síria, o que só pode favorecer Maccain…Por outro lado, mostra-se de acordo com os ataques de Hillary Clinton ao senador afro-americano, onde ela precisa que Obama não está pronto para ser Comandante-em-chefe do Estado-Maior e não pode levar à prática por falta de liderança e experiência as suas miríficas promessas…Assim mesmo, preto no branco.

“In recent days, Mr. Obama has invoked the Declaration of Independence, Martin Luther King Jr. and Franklin Roosevelt to show the power of words. But there is a critical difference between Mr. Obama´s rethoric and that of Jefferson, King and FD Roosevelt. In each instance, their words were used to advance large, specific purposes- establishing a new nation based on inalienable rights; achieving equal rights and a color-blind society, giving people confidence to endure a Great Depression “, frisa Rove, que remata: “ For Mr. Obama, words are merely a menas to hide a left-learning agenda behind the cloak of centrist rethoric. That garment has now been torn. The road to the presidency just got steeper for Barack Obama".

FAR

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Da Capital do Império

Olá,

Aposto que vocês nunca ouviram falar do Antonio Charfauros. É o presidente do Partido Democrático na ilha de Guam, um território administrado pelos Estados Unidos cujos habitantes não podem votar nas eleições americanas.
Pois o Antonio outro dia perante espanto seu recebeu um telefonema de “um big shot” da campanha da Hilária. E no dia a seguir outro telefonema de um outro “big shot” da dita cuja. E no dia seguinte outro telefonema de outro “big shot”.
O Antonio não diz precisamente quem lhe telefonou mas toda a malta sabe que nos últimos dias o Bill e a sua filha Chelsea e outros voluntários da campanha da Hilária têm estado atarefadíssimos agarrados ao telefone a falar com os “super delegados” à convenção do Partido Democrático. Porquê? Explico:
A Hilária, o Bill e a Chelsea fizeram contas à vida e decidiram começar a fazer aquilo que aí os dirigentes da UEtupia fizeram quando foram derrotados nos referendos sobre a constituição da “Europa”: Demitir o povo. Os dirigentes europeus reuniram-se entre si mudaram o nome ao documento e depois disseram que já não é preciso referendo porque …. não é constituição. (O Sócrates que vos explique!)
A Hilária e o Bill reuniram-se com os peritos fizeram contas à vida e viram que vai ser muito difícil conseguir o número de delegados suficientes para ela ser nomeada pelo que há que começar a namorar os 794 “super delegados” à convenção. Os tais “super” são os congressistas do partido, governadores estaduais do partido, dirigentes estaduais do partido, antigos presidentes (o Bill por exemplo) antigos vice-presidentes etc. O Partido Democrático chama-lhes “super” e todos os quatro anos paga lhes uma viagem ao local da convenção para beberem uns copos, ir a umas boas jantaradas e encher o estádio com muita vibração para a televisão ter boas imagens da coroação do seu candidato.
Mas este ano o Obambi estragou a festa a falar de “mudança”, “esperança” e “unidade” pelo que a nomeação do candidato Partido Democrático às eleições presidenciais vai este ano ser feito por métodos … não democráticos. Vão ser os “super” a decidir. O que vai dar uma guerra civil dentro do partido. O que está já a provocar gáudio dentro do Partido Republicano que (vejam lá a ironia!) não tem “super” só “normal”. O que torna para mim a convenção deste ano do Partido Democrático bem atraente embora eu tenha a dizer que os Democratas são uns forretas porque das vezes anteriores não deram nada de borla aos jornalistas. Nem um café! Enquanto os Republicanos da última vez davam cerveja, hambúrgueres e bolos de chocolate. (Os democratas tinham contudo melhores cantores).
Pode ser que até lá a campanha da Hilária entre em colapso total. Se dentro do Partido Republicano o Benito Adolfo Giualiani tinha feito a Flórida o estado onde tinha que “vencer ou morrer” a Hilária adoptou agora a mesma posição em relação ao Texas e à Pensilvânia. Ela chama-lhe os “firewall states” e parece resignada ao facto de que na próxima semana vai apanhar outra sova em Wisconsin e no Havai. É perigosa essa coisa dos “firewall”! Na Terça-feira ela estava visivelmente de mau humor depois de apanhar uma sova do Obambi na Virgínia, Maryland e Washington. Foi-se embora para o Texas antes de serem anunciados os resultados e nem adeus disse. É mau sinal! O Obambi esse foi para Wisconsin. Dá pelo menos um ar de confiança afirmando em subentendidos: O Texas há-de vir tenho muito tempo para isso.
Vocês recordam-se que estas primárias iriam ser a coroação da Rainha Hilária como sucessora da dinastia clintoniana mas a Hilária está reduzida a apostar nos “grandes estados” e se isso não der resultado terá que confiar nos “super”. O Obambi entretanto vai somando delegados tendo já ganho 22 estados contra 13 da Hilária o que lhe da uma ligeira vantagem no numero de delegados. A crescente atracção do Obambi é óbvia – Norte, sul, leste oeste, o homem ganha em todos os Estados Unidos.
Para mal da Hilária o Obambi começou entretanto a ganhar votos entre os “hispânicos” as mulheres e a classe trabalhadora do Partido. Se isso se aprofundar …. Hasta la vista Hilaria.
O que tenho a dizer não devera acontecer. Vi um estudo da campanha do Obambi (mandada por engano a um grupo de jornalistas!) que diz que tudo vai terminar sem que o Hilária ou o Obambi tenham os delegados necessários para a vitória.
Por isso eu perguntei ao Antonio Charfauros se ele já tinha recebido telefonemas dos “big shot” do Obambi. Ele disse que não mas que aguarda. O melhor é o Obambi começar a mexer-se. Os Clintons, não se deixam convencer por slogans de “mudança” e “esperança”. Trabalham árduo, nunca desistem, sabem jogar sujo e raramente admitem derrota. Vai ser fogo!

Abraços,
Da Capital do Império,

Jota Esse Erre

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Agora que o Ted Kennedy - o velho leão do Senado - decidiu transformar o Obambi em Obamelot é talvez importante explicar-vos que isso aconteceu porque os dirigentes tradicionais do Partido Democrático estavam a ficar um pouco lixados com as clintonices dos Clintons.
Por exemplo o senador Patrick Leahy, um dos baluartes dos Democratas no Senado acusou os Clintons de “usarem truques baratos abaixo da dignidade de um antigo presidente”. O Senador John Kerry (que perdeu as últimas eleições para o Bush) acusou os Clintons de quererem “roubar as eleições com mentiras e distorções”. O proeminente Democrata Ed Schultz acusou os Clintons de “mentirem deliberadamente sobre Obama” e de serem “uma vergonha” para o Partido Democrático. O antigo dirigente dos democratas no senado Tom Daschle acusou os Clintons de “distorções descaradas” e o Bill de actuar “de forma não presidencial” enquanto o comentarista democrata William Geider acusou os Clintons de “jogarem sujo como é seu costume quando se sentem ameaçados”. O palhaço do reverendo Al Sharpton que ganha a vida a descobrir actos de racistas brancos (quase sempre inventados) foi mais directo: “cala a boca Bill!” disse ele numa estação de televisão embora eu tenha a dizer que mais Sharpton do que isso foi o Andrew Young (também reverendo) que apoia os Clintons e que disse que o Bill “é mais preto do que o Obama porque teve mais pretas que o Obama”! Verdade verdadinha.
Por esta altura vocês já devem estar a notar que pelo menos até agora quem tem estado a concorrer à presidência não é a Hilária. Também não é o Bill. É um novo candidato que se chama Billary Clinton
Antes de avançar tenho a explicar-vos que no vocabulário americano há um adjectivo único: clintoniano. Diz-se que uma acção ou declaração é “clintoniana” quando é uma desonestidade camuflada numa meia verdade ou numa mentira dita de forma tão sincera que só os Clintons conseguem-na fazer passar como verdade. O Bill é particularmente bom nisso. O antigo Senador Bob Kerry (não é família do outro Kerry) que os conhece bem disse noutro dia que o Bill é “um homem excepcionalmente bom …a mentir”.
Exemplos de “clintonices”: Quando a Hilária foi derrotada na Carolina do Sul na semana passada o Bill declarou que “o Obama ganhou muito bem tal como o Jesse Jackson ganhou em 1988”. A declaração foi clintoniana. Teve como objectivo mandar o Obama para o gueto da política racial, recordando a campanha de Jesse Jackson que teve como apelo quase único o eleitorado negro. Mais do que isso a declaração do Bill teve como objectivo tentar alienar o eleitorado branco do Obambi que está a tentar levar a cabo uma campanha em que a questão racial quase não é mencionada. Com essa declaração os Billary disseram adeus à maioria do eleitorado negro mas fizeram as contas e ficam a ganhar porque junto de muitos eleitores Obama é agora … Jesse Jackson, um preto sem qualquer possibilidade de ganhar.
E depois o Bill, numa finta clintoniana, disse à CNN que a campanha do Obama é que tinha introduzido a questão da raça na campanha e disse que os jornalistas deveriam “ ter vergonha” de engolirem as “distorções” do Obambi. “Vocês deviam ter vergonha,” disse ele numa performance clintoniana com a cara vermelha de irritação falsa a um grupo de jornalistas caloiros meio espantados com a clintonice.
Os Billary ficaram no entanto caladinhos quando um influente membro da sua campanha Sergio Bendixen declarou que o Obambi não vai ganhar na Califórnia porque “o eleitor hispânico não tem mostrado muita afinidade em apoiar candidatos negros”. Típico clintoniano. Como me disse um democrata do congresso: “Em qualquer outra campanha já teriam dito ‘hasta la vista’ ao Bendixen”
Ainda outro exemplo: O Obambi disse que Ronald Reagan tinha conseguido vencer duas eleições seguidas com grande apoio de Democratas porque na altura tinha sido o homem de ideias novas na cena política Americana. O que é verdade. Os Clintons puseram um anúncio na televisão a dizer que o Obambi apoiava as ideias do Reagan. Foi clintoniano. Tal como a declaração do Bill a dizer com um ar magoado, que a imagem de que o Obambi se tinha oposto à guerra no Iraque era “ o maior conto de fadas da minha vida” quando na verdade o “conto de fadas” é a historia que a Hilária se opõe à guerra. Aprovou, depois foi contra e depois a favor de uma retirada, agora é contra a guerra mas sem retirada, tendo em conta a situação “fluida” mas poderá ser a favor se não for contra. Clintoniano
Aparentemente o Ted Kennedy ficou bem lixado com o Bill e na semana passada telefonou-lhe para protestar contra as “clintonices” dos Clintons. Graças aos detalhes deliciosos de um membro do “staff” dos Kennedy toda a gente no mundo jornalístico sabe que o telefonema acabou aos berros e que o Ted decidiu então dar o aval da família real dos democratas ao Obambi.
Tenho a dizer-vos que eu gosto sempre de ouvir o Ted Kennedy discursar embora na maior parte das vezes não concorde com o que ele diz. Faz discursos à antiga daqueles capazes de trazerem lágrimas aos olhos. A sua voz é ainda forte e a sua pronúncia e cadência de Boston dão-lhe uma personalidade única
O Ted Kennedy no seu discurso a anunciar o apoio da família real ao Obambi começou por dizer que era amigo dos Clintons e que “eles” (Ted aqui já esta a juntar o Bill à Hillary!) eram colegas no senado e que a Hilária “tem estado na linha da frente no combate por questões como saúde e direitos da mulher”.
Mas depois disse apoiar o Obambi porque este é um líder que “não é cínico” e que “não demoniza aqueles que têm pontos de vista diferentes”.
“Desde o começo que se opôs à guerra no Iraque e não permitam que quem quer que seja negue essa verdade”, disse o Ted. O “tio Teddy” (como lhe chama em público a Caroline, filha do John) acrescentou que o Obambi será capaz de pôr termo “à velha política da distorção e falsidades”, da “velha política de por raça contra raça”.
E depois contrariando mas sem as mencionar as declarações dos Billary de que o Ombambi não tem experiência o velho leão do Senado - que está no Senado desde que descobriram a América - afirmou que “o que conta em termos de liderança não são os anos passados em Washington”.
Noutras palavras: “fuck you Billary”.
Que delícia!
Abraços,

Da capital do Império

Jota Esse Erre

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Sei que vocês devem estar em pulgas para saber como é que a esperança e a mudança foram derrotadas pela experiência e mudança. Ou por outras palavras como é que aquela que é a sogra de todos os americanos – a Hilária - conseguiu deitar um balde de água gelada sobre a Obamania que assolava os Democratas americanos e certas elites bem pensantes.
A Hilária sempre teve o problema e a imagem de actuar como uma sogra. Vocês devem-me a presidência, devem estar agradecidos por eu estar a fazer isto, eu é que sei, eu é que tenho experiência, eu é que vou mudar as coisas. Daí que ela tivesse começado a chorar após a porrada que apanhou no Iowa do Obama a quem o Bill Clinton - furioso com a perspectiva de não vir a ser o primeiro marido - chamou outro dia do “maior conto de fadas da minha vida”. Tendo em conta que a palavra fada em inglês (fairy) tem um significado duplo eu presumo que isso foi dar o voto dos “gays” da América ao Obama.
Mas voltando ao choro da Hilária tenho a dizer que se uma das regras modernas da política é que uma mulher não chora, aparentemente a malta gostou. Humanizou a sogra, mostrou que afinal a Hilária é humana, não é só a sogra má, dura como um prego da construção civil, que nunca dobra e que – pelo que eu sei – é capaz de atirar com jarras de flores quando está furiosa ou obrigar o marido a dormir num dos sofás da Casa Branca quando este cometeu infidelidades sexuais do tipo oral com uma tal Mónica. Um dia antes do choro a Hilária tinha entrado na cena de se “tornar mais humana” ao afirmar no debate que o facto de as sondagens indicarem que as pessoas gostam mais do Obama “como pessoa” tinha “magoado os meus sentimentos”. As mulheres (57% do eleitorado de New Hampshire) e “as classes trabalhadoras e média baixa” (??) pelos menos gostaram de ver o lado humano da mulher do Bill e votaram por esmagadora maioria pela Hilária e …. hasta la vista Obama.
Tenho a dizer que antes de a Hilária atirar com o balde de água fria eu fui também apanhado na “onda Obama” que afinal parece ter rebentado muito antes da costa, deixando os surfistas da onda sem saberem se tentam apanhar outra onda ou se mudam de praia. Cheguei mesmo a pensar no impacto em redor do mundo dos “racistas americanos” ao terem um presidente não caucasiano.
Tal como muitos outros eu gosto do Obama porque ele - como se dizia nos meus tempos de juventude – manda bons pécos. E todos nós gostamos de bons pécos. “Audacidade da esperança”, “a história invulgar que é a América”, “subir ao topo do morro e ver a esperança a brilhar” e sempre a palavra “mudança”. Cada três frases tem a palavra “mudança”, o que outro dia num debate na televisão levou a uma cena cómica com todos so candidatos a dizerem que eles é que são “mudança”. Parecia um programa de companhias de mudanças. Eu mudei de canal.
A malta adora o Obama também porque ele nunca fala em si. É sempre “nós” ou “vocês”. Acaba sempre os discursos com “vamos mudar a América”. Nada de escolhas difíceis entre o mau e o pior (o que é a realidade de se governar, principalmente uma super potencia como por exemplo escolher entre o Irão e o Kim Jong mentally Ill) mas sim sempre entre o bom e melhor.
A brancalhada adora o Obama porque este nunca os faz sentir culpados pela escravatura. O que confunde o eleitorado negro e algum maralhal de esquerda porque desde os anos 60 que a identidade negra requer como prova de tal a acusação de culpa moral da brancalhada por todos os males que afligem não só a comunidade negra como o mundo. Até agora os autoproclamados lideres “africano americanos” têm insistido que o progresso da sua comunidade depende da brancalhada reconhecer que têm uma obrigação de culpa para com eles. Há que dizer que muitos fazem a transacção de bom grado ou cinicamente como se exemplifica pelos pedidos de desculpa pela história que abundam agora pelo mundo fora.
O Obambi nunca menciona a questão da raça e tem um slogan que é “uma nação, um povo”. O que me faz lembrar o Kenneth Kaunda que costumava gritar nos fins dos discursos “uma Zâmbia, uma nação” ao que os zambianos mais cínicos acrescentavam sempre “uma merda” ou em termos mais anglófonos “one fuck up”.
Qual a diferença entre o Obambi e a Hilária? Um é por mudança e esperança; a outra também … e tem experiência.
A Hilária faz uso da psicologia barata do Dr Phil afirmando que é “uma pessoa verdadeira com sentimentos” e que a campanha eleitoral “é muito pessoal para mim”.
O Obambi traz para os comícios a versão feminina do Dr Phil que é a Oprah.
Estou certo que a maior parte da malta não vota pelas diferenças políticas que poucos sabem quais são mas sim pelo “feel good” que cada candidato possa projectar junto do eleitorado pelas imagens de televisão. Estamos ao fim e cabo na era do Dr Phil, da era em que o que é importante é sentirmo-nos bem.”
O que eu gosto nas eleições americanas para além do Dr Phil e da Oprah é que os candidatos quando interrogados sobre os detalhes da sua política podem dizer que vão fazer isto, aquilo e aqueloutro quando na verdade não podem fazer nada. O presidente nos Estados Unidos tem governo mas nada faz sem apoio do congresso e como nos Estados Unidos não há a tal “disciplina partidária” que existe aí do outro lado do charco a coisa complica-se ainda mais. Maravilhoso.
Por isso os candidatos podem prometer tudo e depois culpar tudo o que está mal “em Washington”. Dai que para além de “mudança” a outra palavra favorita seja “Washington” É impressionante. Todos os candidatos culpam tudo “em Washington” que é uma palavra que significa impasse, burocracia, surrealismo etc. Todos querem ir para Washington para acabar com a influência dos lobistas, pôr “Washington em contacto com as vossas necessidades”, “concertar” o sistema de saúde etc. etc.O Mitt Romney até tem um cartaz que afirma em letras grandes “Washington is broken”. Mas ele e todos querem vir para Washington mesmo que esteja “broken”. E para tal estão dispostos a participar numa campanha que dura quase dois anos e custa centenas de milhões de dólares. O que me leva a crer que para se ser candidato à presidência nos Estados Unidos tem que se ser um narcisista patológico, estilo Hugo Chavez.
Mas é democracia. Americana. Sem dúvida única. E este ano pelos visto vai ser quente. A máquina Clinton vai triturar o Obambi ao que parece e depois vamos a ver se o resto da América quer quatro anos com a sogra ou se prefere um republicano para equilibrar o congresso democrático e deixar Washington sem poder funcionar. Depois o processo começa outra vez estilo “American Idol”.

Abraços,
Da capital do Império

Jota Esse Erre