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segunda-feira, 23 de abril de 2007

Sarkozy força Ségolène a entender-se com Bayrou

PC e Verdes em queda abissal, com menos de dois por cento dos votos. LCR (trotskistas) a rasarem os 5 por cento. Le Pen "morreu" à boca das urnas. Bayrou vai ter o papel crucial nesta segunda volta e Ségolène deve fazer acordo de Governo (prometendo-lhe o lugar de PM), se quiser vencer...

O Le Monde publicou em cima do fecho da noite eleitoral esta análise política subscrita pelo director editorial do jornal, Gérard Courtois, clicar aqui. O essencial desse longo articulado: 1) A participação eleitoral foi um recorde que marca uma reconciliação dos franceses com a democracia representativa; 2) A extrema direita perdeu 1, 3 milhões de votos; o P. Comunista desceu a 2 por cento e os Verdes não passaram dos 1,5 por cento. 3) Criou-se, de novo, uma polarização Direita/ Esquerda, com um eleitorado global que atinge os 56 por cento do total; 4) Bayrou, o cristão-democrata, com 19 por cento dos votos é o fiel da balança e o criador da rainha ou rei da segunda volta; 5) Como vinca G.Courtois, todas as análises efectuadas sobre o tipo de votante em Bayrou, até agora realizadas, destacavam o facto de serem eleitores vindos da Esquerda desiludidos com as posições do PS e de Ségo...

FAR


“ Cette année, 38 millions de Français à peu près ont été voter, contre 29 millions seulement en 2002. Le taux de participation est presque record. On retrouve pratiquement le taux de participation de 1974 et de 1965.

(…)

Le résultat le plus évident du scrutin, c'est la repolarisation autour du débat droite-gauche. Le candidat de l'UMP, avec 30 % des voix, réalise un score supérieur de 10 points à celui de Jacques Chirac en 1988, 1995 et 2002. De l'autre côté, la candidate socialiste réalise également le meilleur score de son camp depuis 1988. Donc il y a bien une bataille de second tour entre la gauche et la droite

(…)

Nicolas Sarkozy est ce soir en position de force, mais il n'a pas gagné. Pour y parvenir, il lui faudra combattre le front anti-Sarko qui s'est dessiné dès ce soir avec le refus de Philippe de Villiers d'appeler à voter pour lui, et l'attitude aussi bien de François Bayrou que de Jean-Marie Le Pen, qui ressemble à tout sauf à un ralliement.


Inversement, Ségolène Royal aura besoin pour l'emporter de rassembler très au-delà de la gauche. L'ensemble de la gauche pèse ce soir 37 %. Pour gagner le 6 mai, il faudrait qu'elle entraîne sur son nom plus de la moitié de l'électorat de Bayrou et, il faut le dire comme tel, une partie de l'électorat d'extrême droite qui serait prête à tout pour barrer la route à Sarkozy. C'est un pari extrêmement difficile, mais qui n'est pas impossible."

Gérard Courtois

domingo, 22 de abril de 2007

A vontade de Mudar

O director do Libération, Laurent Joffrin, publicou ontem um editorial, que cimenta a "cruzada" muito corajosa que imprimiu ao quotidiano, contra os amigos e capitalistas de Sarkozy que dominam os principais Médias franceses
Nada melhor para fazer sair a França do "marasmo, do desespero social e do cinismo", que dominaram o espaço sociopolítico gaulês do que a vitória da Ségolène Royal, postula o director do grande matutino parisiense." Royal quer mudar a Esquerda ultrapassando os seus atávicos reflexos. Ela deverá concretizar tal aposta pela vitória: eis o principal móbil da sua candidatura". E vai mais longe, num texto que deve ler todo, já." O que é no fundo ser presidenciável? Muito simples: ter carácter: A França é, sem dúvida, o único país no Mundo onde se espera do presidente ou da presidente uma espécie de omnisciência tecnocrática aliada a um carisma oratório. Quando é o espírito de decisão e a sensibilidade para o país que contam".

FAR

"La France veut changer d'air. Fatiguée des élites, elle cherche de nouveaux dirigeants, une nouvelle politique, une nouvelle république, qui la sorte enfin du marasme, de la désespérance sociale et du cynisme qui ont dominé les deux dernières décennies.
La volonté de changer a favorisé un Sarkozy qui a promis la rupture face à tous les apprentis candidats que Jacques Chirac lui a jetés dans les jambes, Raffarin, Villepin ou Alliot-Marie. La volonté de changer a propulsé Ségolène Royal au firmament lors de la primaire socialiste. La volonté de changer a fait la fortune d'un François Bayrou et de son «centrisme révolutionnaire».
Question cruciale : pourquoi cette volonté n'a-t-elle pas favorisé plus que d'autres Ségolène Royal ? Parce que le travail de rénovation idéologique réussi par Nicolas Sarkozy pendant les cinq ans de sa longue campagne, auquel s'ajoute le contrôle total de l'appareil UMP, n'a pas trouvé son équivalent au PS. Assemblage fragile d'écuries présidentielles, le PS n'a pas produit de projet digne de ce nom. Ségolène Royal s'est retrouvée seule en rase campagne. La bravitude, ça n'existe pas. La solitude, oui. Royal veut changer la gauche contre elle-même. Elle devra le faire par la victoire : c'est tout le pari de sa candidature.
Qu'importe, dira-t-on. Le changement, nous l'aurons avec Bayrou. La victoire du centriste créerait une rupture décisive dans la vie politique. Mais quelle rupture ? Une meilleure gestion du pays, peut-être, une équipe nouvelle, sans doute, un président tolérant, certainement. Les centristes y trouveront leur compte. Mais la gauche ? Certainement pas. Le rejet des élites, du système, du microcosme, en un mot toute cette rhétorique maintes fois utilisée dans l'Histoire de France ne conduit jamais à une politique de gauche. Le changement social avec Jean Arthuis, comptable aimable aux idées courtes ? Le changement avec Charles-Amédée de Courson, réac champenois bien connu ? Le changement avec ces députés UDF qui ne peuvent espérer retrouver leur siège sans l'appui de l'UMP ? Ségolène n'est pas assez à gauche, votons plus à droite : telle est la logique baroque qui préside au raisonnement des «bayrouistes» de gauche.
Reste évidemment la question qu'on n'ose pas poser. Si Ségolène Royal ne séduit pas, murmure-t-on, c'est qu'elle n'est pas «présidentiable». Autrement dit, elle flotte dans le costume. Elle y flotte d'autant plus que ce costume est percé des coups de poignard discrètement portés dans son dos par ses amis furieux de se voir supplantés. Jamais candidate ou candidat de gauche n'a été aussi peu soutenu. Qu'elle soit encore au-dessus de 20 % dans ces conditions tient du miracle. Qu'est-ce au fond qu'être présidentiable ? C'est très simple : avoir du caractère. La France est sans doute le seul pays au monde où l'on attend du président ou de la présidente une sorte d'omniscience technocratique alliée à un charisme oratoire. Alors que c'est l'esprit de décision et la sensibilité au pays qui comptent. Sur ces deux chapitres, Ségolène Royal a montré qu'elle égalait sans peine ses adversaires. Cette femme saura décider. Que demande le peuple de gauche ?"

Laurent Joffrin

sábado, 21 de abril de 2007

Da Capital do Império

Olá!

A Segogaffe (léne) Royal tem sorte em não ser americana. Se o fosse serviria para reforçar o estereótipo tão vulgarizado aí desse lado do charco sobre a estupidez dos americanos.
Eu deixei de contar as calinadas da Segogaffe quando ela proferiu a bacorada sobre a independência do Quebeque. Aparentemente a candidata socialista esqueceu-se de verificar que no Quebeque neste momento o movimento independentista está um pouco pelas ruas da amargura e que ela em vez de reunir-se com os homens do Parti Quebecois deveria ter-se avistado com aqueles que estavam a caminho da vitória das eleições na antiga colónia que pelos vistos são um tanto ou quanto conservadores e portanto mais realistas quanto a essa questão do “Vive le Quebec Libre”.
Mas a gaffe do Quebeque não é de admirar. Aparentemente alguém se esqueceu de informar a Segogaffe que os Talibãs já não estão no poder em Cabul e que portanto não faz sentido pedir sanções contra o governo Talibã do Afeganistão. A Segogaffe pode estar descansada que se for alguma vez a essa cidade já não terá que usar uma burca graças aos americanos e aos ingleses e não aos seus conselheiros políticos do Hezbollah com quem ela disse compartilhar dos pontos de vista quanto à “ameaça” americana.
Não sei se os franceses ficaram preocupados com a gaffe royal da Segogaffe quando afirmou que o sistema judicial francês tem algo a aprender com o sistema judicial da China. O que eu sei é que deve ter sido por isso que a Hilária (a mulher do Bill Clinton) se recusou a ter um “tête-à-tête” com a Segogaffe. Foi pena porque como não houve “tête-à-tête” a Segoggafe aproveitou para dar mais uma bacorada exortando à revolução por parte do “novo proletariado“ (aparentemente são as mulheres) contra as caixas automáticas dos supermercados! Eu estava à espera que ela começasse a cantar “de pé ó vítimas das caixas automáticas…”
Se estas calinadas todas tivessem sido ditas por um candidato à presidência americana os intelectuais da bem-falante UEtupia estariam ainda hoje a rolar-se de gozo com mais uma prova da falta de inteligência, cultura e conhecimentos dos cowboys americanos. Mas como a Segogaffe é francesa, veste bem e ainda por cima é boa tudo está perdoado. O que não é má ideia. Ao fim e ao cabo como a influência francesa no mundo está neste momento praticamente reduzida ao zero também ninguém se tem que importar muito com o que a Segogaffe pensa, principalmente tendo em conta que aparentemente a candidata do Partido Socialista nem sequer sabe quantos submarinos nucleares o seu pais tem.
Mas o que eu penso é que os franceses se devem interrogar é se o próximo(a) presidente(a) tem em si a capacidade para parar o resvalar da França para a insignificância total e dizer aos franceses que a semana de 35 horas é óptimo (quem me dera a mim!) mas que do outro lado do canal os ingleses agora fazem o mesmo em dois dias.
A França é na verdade hoje o doente da Europa. Nos últimos 25 anos a França caiu à escala mundial do oitavo lugar para o décimo nono em termos do Produto Interno Bruto per capita. Em 1991 o PIB per capita da França era 83 por cento do nível dos Estados Unidos. Hoje é 71 por cento.
Nos últimos 25 anos o desemprego na França nunca caiu para baixo dos oito por cento e entre os jovens com menos de 24 anos é hoje acima dos 20 por cento. Só 41 por cento da população adulta trabalha, um dos níveis mais baixos do mundo.
A nível social e apesar de uma minoria racial de 10% há uma total falta de integração (aparte o futebol) não havendo minorias no governo, nos postos de comando das forças armadas etc etc.
Os gastos do governo francês são 54 por cento do PIB, uma das percentagens mais altas do mundo e que reflecte aquela crença ainda existente em muitos dos “bien pensant” que o estado é a personificação e a garantia dos interesses de todos. É uma monomania que impede muitas pessoas de olharem para os factos, como por exemplo:
A divida pública aumentou cinco vezes desde 1980.
O sector público na França emprega agora quase 25% da força de trabalho do pais, o dobro da proporção de 1970 e quatro vezes a proporção de 1936.
O resultado é que o investimento privado na França é anémico e isso reflecte-se no facto de que entre 1999 e 2005 a percentagem francesa das exportações mundiais caiu de 5,4 por cento para 4,3 por cento. Mesmo dentro da zona do Euro essa percentagem caiu de 17% para 14,5%.
São números que gritam à cara das pessoas mas que tudo indica a classe política francesa não tem a coragem e a capacidade para resolver. Um professor francês numa universidade americana (Ohio) disse-me há poucas semanas atrás que como não há coragem para enfrentar os factos a França está a caminho de se transformar num “pais museu estilo Veneza”.
Deve ser por isso que um cada vez mais crescente número de franceses emigra para a Grã-Bretanha (quel horreur Mon Dieu!) que há uma geração atrás era o então doente da Europa. São tantos os franceses na Inglaterra que o Sarkozy e o Bayrou fizeram campanha pessoal junto do eleitorado francês nas terras da rainha Elizabeth. A própria Segogaffe abriu escritório em Londres para fazer campanha junto dos seus compatriotas.
Aqui nos Estados Unidos há também um aumento de imigrantes franceses. No fino bairro de Bethesda cada vez mais se ouve falar francês nos cafés, cinemas e lojas.
Os franceses deveriam perguntar como é que a Inglaterra deixou de ser o doente da Europa. Chegariam rapidamente à conclusão que a Segogaffe não é a Dama de Ferro que precisam.
Um abraço,
Aqui da capital do império

Jota Esse Erre

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Ségolène ultrapassa ilusão-Bayrou nas sondagens

A candidata da Esquerda oficial realizou um final de campanha notável. Sarko lidera intenções de voto da primeira volta e Bayrou ensaia o canto da"mula" para captar indecisos persistentes. Não houve tema dominante na campanha e a questão do futuro da Europa foi pouco ventilada...

O declínio económico francês e as lutas fratricidas entre os dirigentes das duas grandes formações políticas - UMP e PS - acabaram por desorientar as aspirações de voto da parte nuclear do eleitorado. A dois dias da primeira volta das Presidenciais Francesas, persistem sérias dúvidas sobre a " cristalização " das intenções dos votantes, sobretudo no espectro de centro-esquerda. Num texto de hoje publicado no Libé, os dois magos das Sondagens analisam, clicar aqui, o conteúdo fulcral desta indecisão política maior.

"Inquietação passageira ou grave doença ?´ Um número elevado de pessoas disseram-nos que ainda não tinham escolhido. No nomento em que as escolhas se deviam cristalizar, é porventura a indecisão que se cristaliza", constata Emmanuel Rivière, da Sofres. E ele acrescenta: ´Há uma indecisão no centro da oferta`. Para Jerôme Sainte-Marie, do instituto BVA, "a posição do candidato centrista é frágil: 47 por cento dos eleitores que podem escolher Bayrou declaram poder mudar de ideias, contra só 20 por cento entre os potenciais eleitores de Sarkozy, Royal ou Le Pen", frisa o texto referenciado.

E vai mais longe esta análise de opinião abalizada e muito trabalhada: "As incertezas mergulham também no posicionamento respectivo de François Bayrou e Ségolène Royal. Os dois candidatos pertencem a campos opostos, mas nenhum deles se limita a entoar os cânticos do seu reduto político. Sego não teme agitar a bandeira nacional e entoar o hino pátrio, de apelar para uma grande firmeza contra a delinquência e interrogar-se sobre os resultados das 35 horas. François Bayrou, por seu turno, multiplica-se para dizer o melhor que sonha dos dirigentes dos Sindicatos da Educação Nacional. Acabou mesmo por achar Olivier Besancenot (LCR, trotskista) " simpático ", ao mesmo tempo que apela para a apresentação de uma moratória sobre os OGM, como o repetiu ontem ".

As grandes diferenças entre os programas de Sego e de Bayrou situam-se no campo das opções económicas, clicar aqui. De acordo com Christian Saint-Etienne, expert universitário e membro do Conselho de Análise Económica junto do PM, as grandes diferenças entre os programas de Sego e Bayrou situam-se ao nível da resolução das disparidades entre a oferta e a procura, por causa da perda de competitividade da economia francesa e dos balanços da Mundialização.

"Para Bayrou, o país está confrontado com uma crise de oferta. A França é cada vez mais incapaz de fornecer produtos e serviços competitivos. O antecessor de Villepin explicava amiúde que, quando ia em viagem oficial à China, tentava oferecer os Airbus e o TGV e ao fim de 20 produtos já não tinha mais nada para vender. Enquanto que o seu homólogo alemão, à época Gerhard Schröder, ia para lá com uma lista de 200 produtos made in Germany. Sego e os socialistas avaliam que a crise se manifesta tanto na oferta como na procura", indica.




Num suplemento excepcional do Le Monde sobre as Eleições Francesas, clicar aqui, alguns dos grandes sociólogos mundiais, como Axel Honneth, o sucessor de Habermas no Instituto de Pesquisa Social de Francfort, Pierre Rosanvallon e o norte-americano Lawrence Kritzman ; justamente o grande teórico rocardiano e Prof. agora no Collège de France, Rosanvallon , chama a atenção para o " nível extremamente baixo de elaboração teórica interna nos partidos políticos e nos estados-maiores dos candidatos ", frisando, por conseguinte, que se vive o fim dos "conselheiros do príncipe" e que a sociedade mediática " suplantou a campanha de ideias".
Tudo a juntar aos dossiers daquele quarteto de pavés onde a revista Marianne, o Charlie Hebdo e o Canard Enchainé se coligam com a fortíssima operação comandada por Laurent Joffrin no Libération quotidiano.



FAR

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Ségolène iguala Sarkozy, que veste pele de cordeiro

A três dias do fecho da Campanha, a candidata socialista sobe e alcança Sarko na corrida para o primeiro lugar das intenções de voto. O Libération, a revista Marianne e o semanário humorístico, Charlie Hebdo, desencadeiam uma denúncia total e violenta dos vícios autoritários do candidato da direita conservadora e émulo de GW Bush...

“«Marianne» crie au fou
Marianne prétend révéler «Le vrai Sarkozy», celui que «les grands médias n'osent pas ou ne veulent pas dévoiler». L'hebdo compile, sur une dizaine de pages, les dérapages du candidat ainsi que les confidences de ceux qui l'ont approché. Spectaculaire mais pas très neuf si ce n'est cette conclusion que «même la gauche étoufferait» : «Cet homme quelque part est fou ! Et la nature même de sa folie est de celle qui servit de carburant dans le passé à bien des apprentis dictateurs.» En quarante-huit heures, les 300 000 numéros de Marianne mis en vente étaient épuisés. «C'est inouï, se réjouit Jean-François Kahn, les lecteurs nous disent : "Enfin quelqu'un le dit !"» Charlie Hebdo emboîte le pas aujourd'hui avec un «spécial Sarkozy» de 16 pages titré : «Votez peur» .”
Alain AUFFRAY



Trata-se de uma verdadeira apoteose anti-Sarko, o enfant-terrible da Direita conservadora francesa vestido com a ideologia neoliberal dos Republicanos americanos, que ele adaptou com muita perversidade e acutilância durante os cinco longos anos em que, como número dois do executivo de Villepin, não perdia pitada para o adaptar e multiplicar. Ora, tal dispositivo estratégico mascara uma ambição sem limites e necessita, como de pão para a boca, de um partido-exército obediente e devotado ao culto do chefe. Sarko denunciou ontem na TV a " cruzada " do Libération contra a sua candidatura. A revista Marianne acaba de vender em relâmpago os 300 mil exemplares da sua edição desta semana, por causa de um dossier " frontal " e chocante " sobre a ideologia e as práticas do possível sucessor de Chirac.O concorrente do Canard Enchainé, Charlie Hebdo, publicou hoje um Suplemento sobre Sarko - "Votai Medo" - reforçando o campo dos adversários do federador da direita metalizada gaulesa.

Hoje, clicar aqui, saiu mais um texto sobre as " rupturas, os conflitos e as divisões " que o candidato UMP gera no estado-maior da sua campanha, onde dois dos seus mais antigos e incondicionais apoiantes foram postos fora de combate. O rival regional de Ségolène Royal, Jean-Pierre Raffarin, decidiu envolver-se a fundo na defesa de Sarkozy, e convida para a defesa do candidato no terreno os " liberais ", Jean-Louis Borloo, líder do P.Radical, Alain Juppé e mesmo Giscard´Estaing.

Numa entrevista, clicar aqui, o historiador Michel Winock, abalança-se a analisar o que designa por " monarquia electiva " francesa. Segundo ele," A nossa democracia mergulha as suas raízes num velho país católico e monárquico. A questão da incarnação é mesmo importante, por isso. A Revolução Francesa, que transformou profundamente o país, não foi capaz por outro lado de criar um regime democrático estável. (...) A grande questão do equilíbrio dos poderes nunca foi totalmente resolvida. O que é recorrente, é a solicitação de um chefe, de um salvador. Palavras que podemos também usar no feminino. Há um precedente célebre no séc.XV, com Jeanne D´Arc". A ler tudo, portanto.

FAR

terça-feira, 17 de abril de 2007

Ségolène Royal só liga com Bayrou na 2ª volta


São daquele tipo de revelações sensacionais. Ségo não fecha a porta a Bayrou e queixa-se dos "elefantes " do seu partido... A revista económica Capital diz que ela usa sapatos que custam 1200 Euros/ a peça...

Estamos na recta final da primeira volta das presidenciais. Há cinco anos que Sarko anda em campanha. Ségo teve que vencer os "elefantes" do seu partido, os rivais Fabius, Jospin e Strauss-Khan. Rocard afastou-se cedo das primárias e apoiou Strauss-Khan, como dissemos no tempo exacto. Neste texto, clicar aqui, pubicado hoje no Le Monde, Sego precisou a sua determinação e amargura face aos jornalistas da rádio judia , a Rádio J. E queixou-se dos seus colegas de partido, "que nunca a aceitaram como candidata". "Isso não me ajuda. Mas, preciso de forma optimista, que isso é o preço da minha liberdade e que finalmente possuo muita resistência, e constância".

Ségolène recusa qualquer acordo precoce com Bayrou, mas não o invalida para sempre. Conforme precisa, ao milímetro, a candidata da Esquerda Socialista recusa-se a caucionar "a combinação de alianças entre candidatos ou formações políticas", antes da segunda volta. " Depois da primeira volta, ninguém será proprietário dos seus eleitores e não os poderá forçar. E é com todas e todos aqueles que se reconhecerão na posição "França Presidente", que se disputará o futuro do país", frisou.
E Cohn-Bendit apoia Rocard e Kouchner alargando o acordo aos Verdes, prisioneiros "de um mundo irreal". (ver Libération)


FAR

domingo, 15 de abril de 2007

Le temps des femmes

"Les Français ne regretteront pas leur audace"
Propos recueillis par Pascale AMAUDRIC et Florence MURACCIOLE
Le Journal du Dimanche

Ségolène Royal est confiante en cette fin de campagne. "Le temps des femmes est venu pour remettre debout la maison France", affirme-t-elle. Elle répond à Rocard qui propose une alliance avec François Bayrou. Mais se refuse à dire qui pourrait faire partie du gouvernement qu'elle constituerait si elle était élue

Comment jugez-vous cette fin de campagne ?Passionnante. J'avance sereinement et fermement sur ma route pour convaincre les électeurs car je suis avec eux, habitée d'un sentiment de gravité face à l'importance du choix, et portée par un immense espoir pour mon pays. Je fais tout pour qu'à la face du monde, la France fasse le choix de l'avenir meilleur, pour la France présidente et pour la femme qui l'incarne.

Que pensez-vous de l'appel de Michel Rocard ?
Il a le mérite de la constance. Depuis des années il veut faire venir le centre par des alliances de personnes vers les socialistes. Je crois, moi, à la force des idées qui entraînent et font se lever les espoirs populaires que je vois dans toute la France. J'espère que je suis au bout de mes surprises, car point trop n'en faut! Aujourd'hui, mon choix c'est d'aller à l'essentiel: faire entendre à l'ensemble des électeurs les valeurs pour que la France se relève, afin qu'ils aient un vrai choix pour permettre à notre pays de reprendre la main. En particulier choisir le changement sans brutalité et vouloir une France où les valeurs humaines doivent l'emporter sur les valeurs boursières.

Quels sujets aimeriez-vous imposer dans cette dernière ligne droite ?Il me semble qu'aujourd'hui les Français ont bien saisi les personnalités des candidats et peuvent se faire une idée précise de la manière dont ils exerceraient le pouvoir... Quant au clivage entre mon projet et celui de la droite, il est clair. D'un côté, une société dans laquelle les Français seraient dressés les uns contre les autres, où régnerait le "chacun pour soi", une société du déterminisme, de la violence et de l'autoritarisme. De l'autre, une France apaisée, qui se rassemble autour de valeurs communes -travail, solidarité, esprit d'initiative-, une France du plein-emploi qui reprend confiance en sa jeunesse et qui garantit aux personnes âgées les sécurités auxquelles elles ont droit, qui croit à nouveau en sa capacité à produire de la richesse et à la redistribuer de manière équitable, une France, enfin, dont les dirigeants sont à l'écoute du peuple et non au service de groupes de pression.

Continue a ler no Le Journal du Dimanche

FAR

sábado, 14 de abril de 2007

V-Presidenciais Francesas: Rocard propõe acordo político entre Ségolène e Bayrou

O pai da "Segunda Esquerda" alerta para a indispensabilidade da aliança entre o PS, o PRG, os Verdes e a UDF de Bayrou. Desde já, atenção. Sarkosy tenta jogar a política das águas turvas, do diz que não disse...

A 9 dias da primeira volta das Presidenciais, o ritmo político atingiu o clímax. Sarkozy, depois do lapso sobre o determinismo genético e Ségolène Royal depois do rumor lançado pela polícia secreta interior (RG) de que não passava da primeira volta, indo Le Pen à segunda como em 2002, foram surpreendidos por um texto de opinião de Michel Rocard, um dos pais da Esquerda Liberal mundial, hoje publicado no Le Monde, clicar aqui, que preconiza uma aliança entre Sego e Bayrou, antes da primeira volta. " É a grande chance da França ", frisa, para adiantar:" Unidos aos Verdes, a esquerda social-democrata (Sego/PS,PRG) e o Centro Democrático Social (Bayrou), constituem uma maioria no país. E dentro de duas semanas pode-se tornar a maioria efectiva ".

O antigo PM francês, com Delors a personalidade política mais fascinante dos últimos 25 anos do centro-esquerda francês, alerta para o pesadelo que Sarkozy pode incrementar em França: "A França irá sofrer durante cinco anos. E todos os franceses não irão sofrer da mesma maneira: os mais ricos ainda viverão melhor: As classes médias e os pequenos assalariados irão viver ainda pior. Os excluídos ficarão ainda mais isolados". E fundamenta ainda deste modo a sua tomada de posição:"Socialista e europeu desde sempre, afirmo que face à urgência dos dias de hoje nada de essencial separa mais em França os sociais-democratas e os democratas-sociais, isto é, os socialistas e os centristas. Sobre o emprego, sobre o alojamento, sobre a dívida pública, sobre a educação, sobre a Europa, as nossas prioridades são em grande medida a deles. Isolados, nem eles nem nós, não teremos chance nenhuma para bater a coligação de Nicolas Sarkozy e de Jean-Marie Le Pen".

"Não é preciso esperar pela segunda volta para criar a dinâmica da aliança" adverte: "Dentro de poucos dias, os franceses decidirão quem, François Bayrou ou Ségolène Royal, será o melhor para vencer Sarkozy. E isso será feito de uma forma superior se souberem que, em todo o caso, uma aliança sincera e construtiva defenderá à segunda volta, e depois nas Legislativas, um Projecto Comum de Esperança para a França", aponta ainda.

O candidato do centro-direita Nicolas Sarkozy, relapso a cometer lapsos de grande significação política, deu ontem uma grande entrevista ao Libération, clicar aqui, onde insinuava esta desculpa-confissão impressionante: " O Maio 68 que denuncio, é o relativismo: tudo se equivale: Se se suprimem as regras, não existe diferença entre o bem e o mal, tudo se equivale ". Isto vem da direita americana recauchutada que elevou GWBush, como analisa o normalien Eric Fassin, clicar aqui, a partir de 1994, precisamente com o best-seller "O desvio posto em causa", a apologia da revolução conservadora escrito por Newt Gingrich .

FAR

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Segoléne

A França, com todas as suas idiossincracias, algumas detestáveis, é um grande país. Não é por acaso que é pátria de grandes pensadores e terreno de mudanças políticas há muitos séculos: é a tendência meio chauvinista dos franceses para se pensarem grandes que os leva a pensar em grande.
As mudanças sociais e políticas urgentes neste principio de século precisam de terrenos assim. Têm de ser postas à prova, para que se possa provar que outra forma de entender as relações sociais, que ultrapasse o abjecto egoismo activo dos "liberais", é possivel, viável, saudável.
Numa noticiazeca do DN De hoje sobre Ségolene Royale estava algo do que pode ser um esboço de um programa político de Esquerda no século XXI: aumento do ordenado mínimo; gestão do mercado público; reservar as ajudas públicas às empresas que não façam despedimentos quando têm lucro; revisão dos estatutos do Banco Central Europeu, para que o crescimento e o emprego façam parte dos seus objectivos.
Mesmo com a globalização dos mercados, tenho a certeza que um programa político de Esquerda aplicado em qualquer país forte da Europa tem todas as condições para ser possivel, viável e saudável. Que depois se vejam os resultados. Aí veremos se o Friedman sempre tem razão.


(Regresso após férias. Espero que as vossas tenham sido tão boas como as minhas)

terça-feira, 10 de abril de 2007

Sarkozy persiste e reitera perspectivas inadmissíveis sobre pedofilia e delinquência

Sarkozy persiste e reitera perspectivas inadmissíveis sobre pedofilia e delinquência. Há dois dias que a coisa se avoluma: quem sabe se a direita pode perder...


“Nicolas Sarkozy persiste et signe. Après la vive polémique provoquée par ses propos à Philosophie Magazine et dans lesquels il disait qu'il inclinait "à penser qu'on naît pédophile", le candidat de l'UMP a une nouvelle fois relancé la controverse mardi sur France 2.

«Qui peut me dire que c'est normal d'avoir envie de violer un petit enfant de trois ans? Est-ce que c'est un comportement normal ? A partir de ce moment là, quelle est la part de l'inné et la part de l'acquis? », s'est-il interrogé.

Une nouvelle fois, Nicolas Sarkozy a renchéri sur le suicide des jeunes, décidant également de parler du cancer qui touche parfois des fumeurs passifs et non les gros fumeurs.

A propos des jeunes qui se suicident, il estime que «génétiquement, ils avaient une fragilité, une douleur préalable»å puis il rajoute «Je ne veux pas qu'on complexe les parents : tout jeune qui se suicide ce n'est pas exclusivement la faute des parents, il y a un terrain».

Déjà en fin de semaine dernière, ces propos avaient soulevé de nombreuses critiques. «Si moi je m'étais permise de dire des énormités pareilles, je pense que cela aurait émergé dans le débat public», a jugé la candidate socialiste, tandis que le président de l'UDF qualifiait d'«inquiétants» et de «glaçants"»les propos de de son rival.

En revenant sur ce sujet, Nicolas Sarkozy affirme une nouvelle fois sa vision d'une origine génétique des troubles comportementaux chez l'homme. Il a invité ce matin ses adversaires à «ne pas fermer la porte à tout débat».

«C'est des propos extrêmement graves, ça veut dire qu'on revient sur tout ce qui a été l'évolution des sciences dans notre société», a déclaré Marie-George Buffet en réponse à la nouvelle intervention de Nicolas Sarkozy, tandis que le candidat MPF Philippe de Villiers a lui affirmé le principe de la «liberté» de l'homme en excluant tout «prédéterminisme»”
No Libération

FAR

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Em Foco

#. - França: Indecisos (30 a 40%),geram emoção a 13 dias da primeira volta das Presidenciais - Por perversidade da Alta Autoridade da Comunicação audiovisual francesa, o tempo de antena dos candidatos tem vindo a ser reduzido desde 1995. Como os pequenos partidos se implantaram na sequência do impasse político e estratégico que mina o " centrão " gaulês, PS e UMP, o espectro audiométrico dos suportes - rádio, tv.- teve que impor uma severa contenção e redução, tirando as rádios privadas - Europe 1 e RTL ou NRJ - grande partido (financeiro) dos clipes politizados em breves unidades de tempo...Como não apareceram ainda grandes temas dominantes e cristalizadores na campanha presidencial, a margem de indecisos é enorme, raiando entre os 30 e os 40 por cento. Ontem, Sarkozy cometeu uma gafe muito negra, no passeio primaveril da Côte d ´Azur, sobre a pedofilia e o suicídio " inatos", de grande denotação racista e determinista. O que despoletou uma imensa e desabrida polémica com o meio científico e religioso, que condenam o sentido eugenista e selectivo das suas teses. O arcebispo de Paris condenou , veementemente, nas ondas radiofónicas , a " filosofia " do candidato da direita, que tinha dito "Inclinar-me-ia a pensar que se nasce pedófilo..ou delinquente. As circunstâncias não fazem tudo, a parte inata é imensa". Ségolène e Bayrou refutaram tais posições expressas por Sarkozy, de forma muito contundente. Vamos ver se, contra o virtual vencedor do escrutínio, apareceu tema para decidir os eleitores a não embarcarem nas suas profecias ...quase totalitárias.

#. - Japão: Reeleito o presidente da maior cidade do Mundo - Será que existe fora dos EUA, uma viragem (ou confirmação) política de uma nova ideologia populista, nacionalista e ultra-controladora? No patamar cimeiro dos países que lideram a evolução do Mundo, a Suíça, quase a maioria dos países escandinavos, o Japão e os governos de coligação de centro - tipo Itália ou Alemanha - prefiguram essa tendência inquietante de " fecho " e confiança no " cada um por si, que Deus é grande "...A reeleição do presidente do município de Tóquio, a maior cidade do mundo, pela terceira vez consecutiva, parece dar mais corpo a essa funesta e implacável tendência.
Shintaro Ishihara, de 74 anos, antigo romancista de best-sellers de gare, bateu os seus 13 rivais, por maioria absoluta. O interessante da questão é que, Ishihara, surgiu, desde que foi eleito em 1999, como um populista de direita muito vincado, ao arrepio de toda a classe política nipónica. Negou sempre o apoio dos partidos - o omnipresente Partido Liberal - e não se abstém (de acordo com o correspondente do Le Figaro) em invectivar ciclicamente " a criminalidade estrangeira, a falsa delícia da língua e da civilização francesas e o espectro da arte contemporânea, em geral ". Gere, há sete anos, Tóquio com mão de ferro: restaurou as finanças, deu plenos poderes à polícia e desencadeou um plano de tudo-só-betão gigantesco pela construção em simultâneo de mais 92 arranha-céus. Os ecologistas e seus apaniguados não conseguem vergar Ishihara, que quer " fazer obra" para preparar a candidatura da " sua " cidade aos Jogos Olímpicos de 2016. O PIB de Tóquio suplanta o da Austrália e o seu edil gere-a, a maioria das vezes, por circuito-fechado, a partir de uma rede de tv-cabo montada em sua casa.

#. - Egipto: Sucessão dinástica de Moubarak desperta islamistas - Washington e o grosso dos líderes (tolerados) das forças políticas islâmicas do Egipto, condenaram as alterações constitucionais propostas pelo partido do presidente Moubarak. Apesar de imporem o fim da osmose político-religiosa, de reforçarem as taras autocráticas do regime e de prepararem, in fine, a sucessão " dinástica " para o filho do raís omnipotente, a onda de contestação ao regime militar cresce, sem apelo nem agravo, e os partidos " tolerados " de inspiração islâmica, conseguem já controlar a maioria da sociedade civil, como é o caso dos Irmãos Muçulmanos, com milícias e um sistema de Segurança Social modelar nos bairros mais populosos. O impasse político e económico é muito grande. Sabe-se que os EUA controlam de perto a situação e encorajam Moubarak a democratizar a vida política egipcia. O general e os seus aliados receiam que surja uma vaga islamita colossal, tanto o descontentamento é grande, daí hesitarem e tentarem adiar as reformas necessárias que permitam acabar com a corrupção galopante, que só perderá força caso haja uma vitalidade democrática mínima efectiva garantida pelo jogo multipartidário.

FAR