sábado, 14 de abril de 2007

V-Presidenciais Francesas: Rocard propõe acordo político entre Ségolène e Bayrou

O pai da "Segunda Esquerda" alerta para a indispensabilidade da aliança entre o PS, o PRG, os Verdes e a UDF de Bayrou. Desde já, atenção. Sarkosy tenta jogar a política das águas turvas, do diz que não disse...

A 9 dias da primeira volta das Presidenciais, o ritmo político atingiu o clímax. Sarkozy, depois do lapso sobre o determinismo genético e Ségolène Royal depois do rumor lançado pela polícia secreta interior (RG) de que não passava da primeira volta, indo Le Pen à segunda como em 2002, foram surpreendidos por um texto de opinião de Michel Rocard, um dos pais da Esquerda Liberal mundial, hoje publicado no Le Monde, clicar aqui, que preconiza uma aliança entre Sego e Bayrou, antes da primeira volta. " É a grande chance da França ", frisa, para adiantar:" Unidos aos Verdes, a esquerda social-democrata (Sego/PS,PRG) e o Centro Democrático Social (Bayrou), constituem uma maioria no país. E dentro de duas semanas pode-se tornar a maioria efectiva ".

O antigo PM francês, com Delors a personalidade política mais fascinante dos últimos 25 anos do centro-esquerda francês, alerta para o pesadelo que Sarkozy pode incrementar em França: "A França irá sofrer durante cinco anos. E todos os franceses não irão sofrer da mesma maneira: os mais ricos ainda viverão melhor: As classes médias e os pequenos assalariados irão viver ainda pior. Os excluídos ficarão ainda mais isolados". E fundamenta ainda deste modo a sua tomada de posição:"Socialista e europeu desde sempre, afirmo que face à urgência dos dias de hoje nada de essencial separa mais em França os sociais-democratas e os democratas-sociais, isto é, os socialistas e os centristas. Sobre o emprego, sobre o alojamento, sobre a dívida pública, sobre a educação, sobre a Europa, as nossas prioridades são em grande medida a deles. Isolados, nem eles nem nós, não teremos chance nenhuma para bater a coligação de Nicolas Sarkozy e de Jean-Marie Le Pen".

"Não é preciso esperar pela segunda volta para criar a dinâmica da aliança" adverte: "Dentro de poucos dias, os franceses decidirão quem, François Bayrou ou Ségolène Royal, será o melhor para vencer Sarkozy. E isso será feito de uma forma superior se souberem que, em todo o caso, uma aliança sincera e construtiva defenderá à segunda volta, e depois nas Legislativas, um Projecto Comum de Esperança para a França", aponta ainda.

O candidato do centro-direita Nicolas Sarkozy, relapso a cometer lapsos de grande significação política, deu ontem uma grande entrevista ao Libération, clicar aqui, onde insinuava esta desculpa-confissão impressionante: " O Maio 68 que denuncio, é o relativismo: tudo se equivale: Se se suprimem as regras, não existe diferença entre o bem e o mal, tudo se equivale ". Isto vem da direita americana recauchutada que elevou GWBush, como analisa o normalien Eric Fassin, clicar aqui, a partir de 1994, precisamente com o best-seller "O desvio posto em causa", a apologia da revolução conservadora escrito por Newt Gingrich .

FAR

8 comentários:

Anónimo disse...

Você lê umas coisas, sr. FAR, mas transmite pouco!
Egocentrismo ou falta de
jeito?

Anónimo disse...

Como dizia o Outro, Artur Schnitzler," É sempre a política que determinará a atmosfera de um país, e não a ciência ou a arte "...
Com a pequena-grande mensagem de Rocard, a entrevista de Sarkosy- onde ele se questiona se " teria ultrapassado os limites admissiveis..."; e o texto de Eric Fassin que Elisabeth Roudinesco, a grande psicanalista e aluna de Derrida, apoia e comenta hoje no Figaro, construí um texto-puzzle sobre o ritmo incomparável que agita o espaço político francês. Tenho lido nos Blogues portugueses peças em inglês(!) sobre as Presidenciais Francesas...FAR

Táxi Pluvioso disse...

As eleições francesas não interessam nem ao l'enfant Jésus. Apenas teriam graça se o Le Pen ganhasse. Não por ele, mas pelo efeito que causaria na Europa da consciência tranquila. Seria o regresso do vaudeville para animar as hostes enquanto não mudam uma vírgula ao Tratado e o apresentam como novo. Seria uma festa onde os políticos provariam as suas capacidades para descalçar botas. Seria a tomada da pastilha para as dores de cabeça. Seria banhos em St. Tropez pour toujours.
Vive la Suisse.

Anónimo disse...

Mister Táxi Pluvioso: As eleições francesas são capitais para o futuro da Europa! O seu pessimismo e a ironia que o trabalha, talvez, não o deixem compreender a importância capital deste prélio político de primeira grandeza. Onde os conservadores e os liberais( esquerda) de todo o Mundo se projectam e tomam partido. A colecção de manchetes do NY Times, ao longo destes dois últimos meses, constitui, já, um caso de escola. Pela profundidade e pela cumplicidade revelada entre a Esquerda dos dois lados do Atlântico. Acredite. A França é o " coração " da Europa, de que tudo depende e de quem todo o Mundo( euro-asiático...)espera modelos e
projectos. No campo da Literatura, da Arte e da Música: a questão é diferente e só uma Nova Esquerda( a tirar partido da " abertura " de Ségolène)puderá, eventualmente, criar novos campos de entendimento e subversão nesses domínios. FAR

Anónimo disse...

FAR, as eleições em França são puro folclore. A França não risca rigorosamente nada na cena internacional, e quando quer riscar só mete mais entropia no sistema. Cumplicidade da "esquerda dos dois lados do atlântico"? Qual esquerda nos EUA? Os democratas? Não percebo. Deve haver confusão ou algum lapso no seu comentário. O mundo "euro-asiático" há espera de modelos da França? Estavamos bem fo.... . FAR voçê é um poeta da política, que presumo bem intencionado, mas por favor pare de voar, e aterre. Quer uma notícia realmente importante? Se Israel aceitar discutir o plano de paz proposto pela Arábia Saudita em 2002, e novamente falado na Liga Arabe em Março passado, talvez algo mude radicalmente no médio oriente. Quanto à subversão com a Ségolene, só conheço uma possível, e você já deve estar adivinhar qual é.

Táxi Pluvioso disse...

Se estamos à espera da França, então... estamos tramados!
Sous les pavés, pas de plage. Não temos enragés ou situationnistes que nos salvem.
Recostemo-nos nas poltronas porque isto vai ser uma voyage pior que o último comboio do Katanga. A falsificação generalizada da sociedade moderna venceu ao passar a mensagem de que, conceitos velhos como "esquerda" e "direita", fazem algum sentido num mundo conduzido por meia dúzia. Que não são os sorridentes rostos que vemos nos jornais.
O Newt é fresco. Mais um que ficaria bem na "análise caracterial" do Wilhelm Reich.

Anónimo disse...

Meus caros: O choque das civilizações é uma panaceia? Ou não ? Será uma herança dos Neo-Cons, que Cheney/Bush compraram a peso de ouro de lei!?! De qualquer das formas, a França disse não à Guerra no Iraque e arrebanhou Poutine e a Alemanha? Villepin fez aquele discurso na ONU...; e por isso vai dar aulas em Harvard! A França tem respondido, taco-a-taco, ao implacável desenvolvimento tecnológico alemão. Caso contrário, a União Europeia já tinha desaparecido...A França é a quinta potência mndial e tem dispositivos para alterar o declínio histórico e política criado pela sua classe política no geral. FAR

Anónimo disse...

Que a barbárie ainda vem no adro só não vê quem não quer ver.
Mas tenho a certeza de que, no fim, o Homem ganha.