Olá!
A Segogaffe (léne) Royal tem sorte em não ser americana. Se o fosse serviria para reforçar o estereótipo tão vulgarizado aí desse lado do charco sobre a estupidez dos americanos.
Eu deixei de contar as calinadas da Segogaffe quando ela proferiu a bacorada sobre a independência do Quebeque. Aparentemente a candidata socialista esqueceu-se de verificar que no Quebeque neste momento o movimento independentista está um pouco pelas ruas da amargura e que ela em vez de reunir-se com os homens do Parti Quebecois deveria ter-se avistado com aqueles que estavam a caminho da vitória das eleições na antiga colónia que pelos vistos são um tanto ou quanto conservadores e portanto mais realistas quanto a essa questão do “Vive le Quebec Libre”.
Mas a gaffe do Quebeque não é de admirar. Aparentemente alguém se esqueceu de informar a Segogaffe que os Talibãs já não estão no poder em Cabul e que portanto não faz sentido pedir sanções contra o governo Talibã do Afeganistão. A Segogaffe pode estar descansada que se for alguma vez a essa cidade já não terá que usar uma burca graças aos americanos e aos ingleses e não aos seus conselheiros políticos do Hezbollah com quem ela disse compartilhar dos pontos de vista quanto à “ameaça” americana.
Não sei se os franceses ficaram preocupados com a gaffe royal da Segogaffe quando afirmou que o sistema judicial francês tem algo a aprender com o sistema judicial da China. O que eu sei é que deve ter sido por isso que a Hilária (a mulher do Bill Clinton) se recusou a ter um “tête-à-tête” com a Segogaffe. Foi pena porque como não houve “tête-à-tête” a Segoggafe aproveitou para dar mais uma bacorada exortando à revolução por parte do “novo proletariado“ (aparentemente são as mulheres) contra as caixas automáticas dos supermercados! Eu estava à espera que ela começasse a cantar “de pé ó vítimas das caixas automáticas…”
Se estas calinadas todas tivessem sido ditas por um candidato à presidência americana os intelectuais da bem-falante UEtupia estariam ainda hoje a rolar-se de gozo com mais uma prova da falta de inteligência, cultura e conhecimentos dos cowboys americanos. Mas como a Segogaffe é francesa, veste bem e ainda por cima é boa tudo está perdoado. O que não é má ideia. Ao fim e ao cabo como a influência francesa no mundo está neste momento praticamente reduzida ao zero também ninguém se tem que importar muito com o que a Segogaffe pensa, principalmente tendo em conta que aparentemente a candidata do Partido Socialista nem sequer sabe quantos submarinos nucleares o seu pais tem.
Mas o que eu penso é que os franceses se devem interrogar é se o próximo(a) presidente(a) tem em si a capacidade para parar o resvalar da França para a insignificância total e dizer aos franceses que a semana de 35 horas é óptimo (quem me dera a mim!) mas que do outro lado do canal os ingleses agora fazem o mesmo em dois dias.
A França é na verdade hoje o doente da Europa. Nos últimos 25 anos a França caiu à escala mundial do oitavo lugar para o décimo nono em termos do Produto Interno Bruto per capita. Em 1991 o PIB per capita da França era 83 por cento do nível dos Estados Unidos. Hoje é 71 por cento.
Nos últimos 25 anos o desemprego na França nunca caiu para baixo dos oito por cento e entre os jovens com menos de 24 anos é hoje acima dos 20 por cento. Só 41 por cento da população adulta trabalha, um dos níveis mais baixos do mundo.
A nível social e apesar de uma minoria racial de 10% há uma total falta de integração (aparte o futebol) não havendo minorias no governo, nos postos de comando das forças armadas etc etc.
Os gastos do governo francês são 54 por cento do PIB, uma das percentagens mais altas do mundo e que reflecte aquela crença ainda existente em muitos dos “bien pensant” que o estado é a personificação e a garantia dos interesses de todos. É uma monomania que impede muitas pessoas de olharem para os factos, como por exemplo:
A divida pública aumentou cinco vezes desde 1980.
O sector público na França emprega agora quase 25% da força de trabalho do pais, o dobro da proporção de 1970 e quatro vezes a proporção de 1936.
O resultado é que o investimento privado na França é anémico e isso reflecte-se no facto de que entre 1999 e 2005 a percentagem francesa das exportações mundiais caiu de 5,4 por cento para 4,3 por cento. Mesmo dentro da zona do Euro essa percentagem caiu de 17% para 14,5%.
São números que gritam à cara das pessoas mas que tudo indica a classe política francesa não tem a coragem e a capacidade para resolver. Um professor francês numa universidade americana (Ohio) disse-me há poucas semanas atrás que como não há coragem para enfrentar os factos a França está a caminho de se transformar num “pais museu estilo Veneza”.
Deve ser por isso que um cada vez mais crescente número de franceses emigra para a Grã-Bretanha (quel horreur Mon Dieu!) que há uma geração atrás era o então doente da Europa. São tantos os franceses na Inglaterra que o Sarkozy e o Bayrou fizeram campanha pessoal junto do eleitorado francês nas terras da rainha Elizabeth. A própria Segogaffe abriu escritório em Londres para fazer campanha junto dos seus compatriotas.
Aqui nos Estados Unidos há também um aumento de imigrantes franceses. No fino bairro de Bethesda cada vez mais se ouve falar francês nos cafés, cinemas e lojas.
Os franceses deveriam perguntar como é que a Inglaterra deixou de ser o doente da Europa. Chegariam rapidamente à conclusão que a Segogaffe não é a Dama de Ferro que precisam.
Um abraço,
Aqui da capital do império
Jota Esse Erre
12 comentários:
Gostei do post, sobretudo da referência à «bacorada sobre a independência do Quebeque».
Ela talvez nem se tenha apercebido a figura que fez.
Viva os USA. Viva Wbush, o sem gaffes. Rezo para que ele venha governar a Europa quando acabar o mandato na terra de Cho Seung-Hui.
A Ségoléne não é a dama de ferro é muito mais bonita...
Quanto aos Americanos é indiscutível têm um presidente que faz inveja a todo o mundo...a animação continua...
E os «tugas» tiveram uma campanha fantástica e elegeram um fora de série, o Cavaco Silva...
Parabéns a ambos...
Gosto destas crónicas por várias razões.
Há sempre mais ou menos informação e aprende-se sempre alguma coisa... desde que não se morra afogado em números, que como toda a gente sabe, são a base de tudo. Só é pena servirem também para quase tudo.
Um gajo até se sente banqueiro de "vermelhinha". Embora não seja bem isto a teoria dos jogos do Russell Crowe.
Mas desta feita fiquei a modos que baralhado porque fui assaltado por duas questões/dúvidas novas, passe o pleonasmo.
- Pensei que a dinâmica era para se alcançar a globalização na diversidade da maneira de ser e de estar dos povos e das nações.
Afinal parece que o objectivo é globalização para a uniformização de tudo e mais alguma coisa.
Não gostava de viver num planeta assim.
Vai ser uma grande chatice, uma monotonia sem surpresas, uma Sociedade do Espectáculo com um só amarrado a uma estreita bitola de várias cores. Chiça!
Quem vier atrás que se amanhe. Sempre pode ir à Lua de vez em quando, que será um satélite muito mais animado.
- Pensei que a guerra do Iraque era um desastre militar que tinha dado lugar à barbárie, mas que o mundo tinha percebido que é preciso pensar pelo menos duas vezes antes de se entrar na casa dos outros.
Mesmo quando o nosso "nariz" (neste caso, por razões energéticas)se deve meter onde é chamado.
Afinal a lição é a inversa: os outros é que sabem como aqueloutros devem viver, que quando alguém está mal nós é que sabemos qual é a mezinha curativa.
Os desmandos no Oriente Próximo, na Ásia, por ex., os contra-desmandos na América Latina, também confirmam que o caminho que os outros têm e devem seguir, sem discutir, não se pode desviar do trilho que nós, Senhores desta Terra e Donos da Verdade, iluminamos com a nossa Lanterna.
Está-se sempre a apender, felizmente!
Carissimo JSR: As estatísticas são muito redutoras, como sabe. A crise económica francesa pode ser superada. A França produz o TGV, partes substanciais do Airbus, tem uma indústra auomóvel sólida. o sector da Moda e da Perfumaria de Luxo funciona às mil maravilhas. É uma potência turística de primeira grandeza. As suas elites é que são intratáveis e atrasarm o funcionamento dos planos de Pesquisa e Desenvolvimento que Mitterrand/ Balladur e Jospin delinearam. Os EUA é que perderam a guerra do Vietname( 1964/72) e correm o risco maior de perderem a do Iraque. Ainda hoje li um diálogo entre Chomsky e Zinn sobre tal espectro... FAR
Aprecio muito as cargas de informação que suportam as tuas crónicas, mas, espera aí Santa, como é? Em França trabalham 35 horas por semana e os ingleses fazem o mesmo em dois dias? 17h e 30m por dia em média? Puta...que os gajos não comem nem dormem e não passam tempo nos transportes. Deve ser por issso que quando recentemente estive em Londres não vi ingleses, mas indianos, paquistaneses, brasileiros, italianos e todos mais, mas ingleses...
Pelo que afirma, as margens do Potomac passaram a ser o local mais indicado para se compreender a civilização europeia. O Amigo JSR tem alguma razão naquilo que afirma, mas há que moderar a velocidade de certos raciocínios. Em valores absolutos, a Senhora Dona Royal não será,efectivamente, um astro de primeira grandeza no firmamento político deste velho continente. Mas ela sempre é menos perigosa do que esse anão político arrivista (perdoe-me o galicismo) que dá pelo nome de Sarkozy, aliás Sarközy de Nagy-Bocsa. Também não precisamos de ir à séde do FMI, aí em Washington, para descobrir que a economia francesa atravessa actualmente alguns problemas. Mas, relativamente a esta triste proeza, a dita Senhora está numa posição bem mais inocente do que o baixinho neogaullista que, entre outras coisas, andou em tempos a fingir que era ministro das Finanças das terras da Gália. Conviria também lembrar que foi o gigante De Gaulle (que tinha uma altura de 1 metro e 93 e era um gigante politítico em relação ao baixote Sarko) que se deu ao luxo de se pronunciar a favor do "Quebec livre", o que provocou grande bronca diplomática. Quanto a essa baixa de influência francesa no mundo, também valeria a pena relativizar. O Amigo se calhar ignora que muito do vinho produzido na Califórnia é comercializado por empresas francesas. E se os franceses partem para Londres ou para Bethesda, tanto melhor para os portugueses que continuam a atravessar os Pirinéus, também à procura de melhores condições de vida. E os franceses que partem até levam muitas vezes grandes diplomas.
jota esse erre, parabéns. Simplesmente sublime.
jota esse erre, parabéns. Simplesmente sublime.
NB-Dois: A crise económica americana é enorme, como sabem e você, JSR, o deve saber. A Hillary que se cuide: os capitalistas vermelhos parece desejarem apostas quase tudo no Olbama Barak, o grande rival da Dona Clinton. A felina Maureen Dowd tem feito no NY Times " folhetins " sobre os barretes que a Dona Clinton tem " engolido "...A União Europeia, se não existissem " lacaios " às ordens dos USA, há muito que teria distanciado a pujança económica e tecnológica dos USA, que vive da rapina das multinacionais que espalha pelo Mundo fora...Por último, a estatura política da Sego é muito superior- foi várias vezes ministra...-do que a da D. Clinton. FAR
FAR, tenha modos. Esse discurso morreu. É lamentável.
Sr. anónimo das 12.38: As questões não são simples nem ligeiras, como o JSR parece(!) tentar fazer crer. Veja-se o que está a acontecer com os ex-Neo-Cons, que ainda vão acabar por se sentar em Tribunal.Hillary não recebeu publicamente Sego- aliàs, eu não vi relato algum sobre isso, em paralelo sabe-se o que lhe aconteceu em Beirute com o Jihadista...- porque, talvez, o imperativo do realismo político a colocou a milhas de se encontrar com uma francesa, ainda por cima de esquerda.Ela só sedá com as Bernardettes Chirac e as Galiia Poutin... Veja-se a campanha desencadeada por GW Bush e os seus c.e fila contra John Kerry só por este ter primos franceses, nas últimas presidenciais em 2004. Está-me a compreender?!? Claro como o ovo de Colombo: os USA dominam o Mundo através das suas tropas( Iraque...) e das suas multinacionais. Tem dúvidas? Eles até implementaram a espionagem industrial junto dos seus parceiros mais próximos do G-8.FAR
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