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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Mambo 24

O Chá da Humanidade...

Cháismo (século 15- Japão) - adoração do Imperfeito, “tentativa terna de atingir algo possível nesta coisa impossível a que chamamos vida”, bebendo chá de um determinado modo.

Imaginem um percurso que pela sua forma, cor, vegetação impele o indivíduo a criar uma certa atitude, de solidão ou de simplicidade ou de paz, Este breve caminho denomina-se de “roji“ e conduz a um alpendre “machiai” que dá para a sala de chá - “Sukiya”, que é conhecida como Domicílio da Fantasia, do Vazio ou da Assimetria.
Domicílio da Fantasia, porque implica ser criada para o impulso poético e busca o plano artístico individual do Mestre de chá, é construída para o seu gosto, sendo por isso também efémera tal como ele.
Domicílio do Vazio, porque está desprovida de objectos estéticos, excepto aquilo que lá se coloca para o momento; a mudança frequente do tema decorativo faz parte da sua beleza.
Domicílio do Assimétrico, porque se dá mais importância ao processo de busca da perfeição que à própria perfeição. O simétrico sofre da ideia de concluído, acabado, uniforme, repetido e na sala de chá cada um deve completar o incompleto, mentalmente, pois que a vida e a arte assentam na possibilidade do acréscimo, do fôlego.

Recapitulando, não à acumulação, não ao museu caseiro, não ao mais do mesmo, não à confusão da cor e da forma, não à falta de marca pessoal artística, mas sim à simplicidade, à arte, ao valor da sugestão, à plena consciência do momento e do tema e do chá na sua preparação de absoluto encanto, pois que existe silencio entre os convidados dispostos à volta do tampo baixo, para que se ouça o chá a fazer; “há três estádios de fervura, a primeira fervura dá-se quando pequenas bolhas, quais olhos de peixe, nadam à superfície; a segunda fervura dá-se quando as bolhas são como contas de cristal rolando numa fonte; a terceira fervura dá-se quando as vagas surgem ferozes na chaleira”.

Que vislumbre !!
Lotung, um poeta antigo escrevia assim acerca desta beberagem pura e requintada:
" A primeira chávena humedece-me os lábios e a garganta, a segunda chávena interrompe-me a solidão, aterceira chávena pesquisa-me as entranhas estéreis para aí apenas encontrar uns cinco mil volumes de ideogramas estranhos. A quarta chávena provoca uma ligeira transpiração - todo o mal da vida abala pelos meus poros. À quinta chávena estou purificado, a sexta chávena chama-me para o reino dos imortais. A sétima chávena - ahh mas não posso tomar mais. Sinto apenas o sopro do vento fresco que me cresce nas mangas. Onde está Horaisan? Deixai-me montar esta doce brisa para ser coduzido até lá!"

Leituras: “O livro do chá”, Kazuzo Okakura