Vai-se o professor com dois anos de atraso, depois de conseguir destruir o trabalho de anos e baixar o nível de resultados da selecção nacional ao pré-96. O mais curioso é que, demitido assim, vítima anunciada de uma "conspiração" para o derrubar, a eterna fénix do futebol português mais uma vez vai conseguir sair por cima, culpando terceiros pelos seus constantes fracassos, seja a "porcaria", o "polvo", "presidentes incompetentes", "balneários de vedetas", ou, mais prosaicamente, "o azar". Dele é que a culpa nunca é, e assim ainda o veremos a dar cabo de mais um clube ou selecção neste futuro mais ou menos próximo. No Benfica é que não, vade retro!
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (7), ou a máquina espanhola
Falei, na minha crónica anterior, da máquina alemã. Pois o que se viu nesta segunda meia-final foi a máquina espanhola. Pela primeira vez a Espanha fez um jogo à altura do seu estatuto, e o resultado foi uma exibição portentosa, um domínio quase absoluto sobre a melhor selecção em prova até então, um futebol de posse de bola e controlo total do jogo, servido por um conjunto de médios de qualidade estratosférica, de avançados do melhor que há, e de uma defesa onde todos sabem jogar à bola, e assim podem fazer parte da circulação verdadeiramente estonteante que a selecção espanhola produz.
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Tinha aconselhado Del Bosque a colocar o Fabrégas, mas o treinador espanhol fez melhor. No lugar do Torres colocou o Pedro Rodriguez, um extremo convertido em falso segundo-avançado, sempre a cair para os flancos. A equipa ganhou assim o que lhe vinha faltando: largura de jogo e profundidade pelas alas. Os laterais Capdevilla e, especialmente, Sergio Ramos, cavalgaram para a frente e para trás, originando superioridade no ataque. Eu tinha escrito sobre os centrais da Alemanha não serem tão bons como os de Portugal; pois bem, a Espanha pressionou-os logo no momento da saída de bola; como são cepos a jogar, ao contrário dos espanhóis, os erros sucederam-se. Depois, foi observar na soberba qualidade técnica de Xabi Alonso, Iniesta, Xavi, Busquets, Villa e Pedro a circular a bola, anestesiar os alemães, e esperar pelo momento certo para desferir o golpe. Um show de futebol táctico e técnico. Depois da derrota no primeiro jogo, a Espanha foi crescendo, e chega ao jogo decisivo no topo da forma, finalmente com o problema táctico solucionado, com a inclusão de Pedro, e ainda com Fabrégas como possível arma secreta, caso seja preciso dar maior profundidade ao meio-campo. Vamos ver o que diz o polvo, mas cheira-me que vai prever nova vitória espanhola no domingo.
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E o que dizer do Queiroz a surgir no Sol a acusar a FPF de amadora, depois a desmentir acusando o jornalista de "vigarista"? As barracas sucedem-se, e alguém para além do "professor" ainda acredita que ele tem condições para continuar?
sábado, 3 de julho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (5), ou Queiroz e Dunga
A estratégia dos queirozianos é sempre a de desvalorizar os jogadores da selecção. Que já não temos a selecção que tínhamos, que os jogadores são, quase todos, medianos, and so on. Curioso. No onze de Portugal contra a Espanha, e tirando o Eduardo, um guarda-redes de top que ainda não tinha sido descoberto ao mais alto nível, os jogadores que alinharam jogam nos seguintes clubes: Valência, Chelsea, Porto, Benfica, Real Madrid, Porto, Atl. Madrid, Real Madrid, Atl. Madrid e Werder Bremen. Tudo clubes medianos, próprios de jogadores medianos. É verdade que a selecção nacional já foi melhor, e que isso deve preocupar os responsáveis. É também verdade que Queiroz é responsável pela formação da melhor fornada de jogadores portugueses desde os anos 60. Mas a selecção de 2000, com Figo, João Pinto, Rui Costa, Paulo Bento, Paulo Sousa, Couto, Jorge Costa ou Baía também era melhor que a de 2006, e Scolari levou a de 2006 às meias-finais, exactamente o que atingiu a de 2000. Será que não se percebe o erro de casting que foi a contratação deste treinador? As suas qualidades podiam, e deviam, ter sido aproveitadas como coordenador do edifício do futebol de selecções, como planificador a médio e longo prazo de uma estratégia para os novos jogadores portugueses, que nisso ele é bom como poucos. Desconfio, contudo, que o "professor" não se contentaria com tão pouco, que o seu ego e a sua vaidade exigem mais além.
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Vamos então fazer um balanço sobre estes dois anos do "professor": a qualificação foi uma lástima. Portugal não ganhou a nenhuma das equipas de top do grupo, empatou em casa com a Albânia, finalizou atrás da Dinamarca (e viu-se neste Mundial o poder desta Dinamarca) e acabou a depender de terceiros para se qualificar para um play-off. Teve sorte e chegou lá. Nesse play-off contra a potência futebolística chamada Bósnia, fez um jogo miserável em casa, onde pôde agradecer aos ferros da Luz, e um bom jogo fora, onde ganhou com todo o mérito. No Mundial, jogou a medo, e mal, contra a Costa do Marfim, destroçou a equipa mais fraca da prova, fez depois um excelente jogo contra o Brasil, mas onde não arriscou nada (parecia que nós é que tínhamos o primeiro lugar assegurado), e contra a Espanha, um jogo que podia fazer pender este balanço para o outro lado, a falta de leitura de jogo e a estratégia medrosa do treinador precipitaram a derrota. Entretanto, do balneário blindado de Humberto Coelho (graças aos senhores capitães que lá imperavam) e de Scolari (graças às santinhas e à parolice), passou-se para um conjunto de polémicas estéreis, de bocas mais ou menos subtis, de insatisfações mal disfarçadas. Ora lá está: gerir um grupo de trabalho, saber ler o jogo: eis o que faz um treinador principal. Estudar, planificar e etc., isso é para adjuntos, secretários técnicos, coordenadores.
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Portugal tem "jogadores medianos" e a Holanda ganhou ao Brasil a jogar com o Sketelenburg, o Ooijer, o Heitinga, o Van der Wiel e o De Jong. Conhecem? É verdade que tem uma grande equipa do meio-campo para a frente, com o Van Bommel, o Sneijder, o Robben, o Kuyt e o Van Persie, e ainda o Huntelaar e o Van der Vaart no banco. Mas não tem um Cristiano Ronaldo (como não tem um Kaká ou um Robinho). A sua maior força é ser uma equipa, no verdadeiro sentido do termo, que joga pelo colectivo, sabe as suas forças e fraquezas e nunca perde a cabeça. Ganhou um jogo que praticamente decidia a passagem à final, e apesar de as três melhores equipas estarem do outro lado do quadro, um jogo é um jogo e é agora candidata séria à vitória.
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Quanto ao Brasil, é impressionante como uma equipa, à primeira contrariedade, se desmorona como um castelo de cartas. Este Brasil parecia não estar preparado para as coisas correrem menos bem num jogo, e de certeza que não tinha um plano B. Tinha o jogo controlado, e após sofrer um auto-golo num lance infeliz entra em total derrocada psicológica (com o jogo em 1-1!). O Dunga, que eu já sabia ser limitado na leitura do jogo, e casmurro nas opções tácticas, provou que afinal também não é grande coisa a conduzir a equipa, a passar a mensagem para dentro do campo, a motivar jogadores a lutar contra contrariedades. Note-se que o treinador brasileiro não fez a terceira substituição, apesar de ter o Grafite no banco. Certamente preocupado com o equilíbrio da equipa numa altura em que o jogo já estava completamente partido. Um treinador à Queiroz, que, obviamente, vai sair, tal como Domenech, Lippi ou Cappelo. Só o nosso "professor" é que vai continuar, apesar de saltar à vista de todos que os portugueses já não estão com ele, ou seja, apesar de a sua continuidade ser, nem que seja por isso, prejudicial à selecção.
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Do Gana-Uruguai, um jogo razoavelmente jogado, mas que terminou com a emoção ao máximo, o que me apetece dizer é que é por estas coisas que o futebol continua a ser o mais belo de todos os jogos. Perdeu o Gana, a equipa que apoiava, mas ganhou o Mundial.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Ronaldo e Queiroz
Um video da "Cuatro" espanhola sobre o dia menos bom de Ronaldo contra a Espanha. Aos 2 minutos e 10 segundos: "Assim não ganhamos Carlos". Cristiano para Queiroz após a substituição de Hugo Almeida. Até o Ronaldo percebeu; e essa de tratar o seleccionador por "Carlos"...
É óbvio que havia um problema de liderança, de respeito pelas decisões do treinador. Só o mais fanático dos "queirozianos" não vê isto depois de se repetirem os casos e casinhos, as declarações mais ou menos a quente, os recados para dentro e para fora. Voltarei ao tema com mais profundidade, talvez mais logo.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (4), ou Nem choque nem espanto
A importância de uma substituição: O fatídico minuto 60. Duas substituições quase em simultâneo. Del Bosque, o treinador da Espanha, coloca um ponta-de-lança torre, o Llorente do Bilbau. Queiroz, o treinador português, tira o ponta-de-lança torre, o Hugo Almeida, e coloca um extremo, o Danny. Em três minutos, a Espanha empurra Portugal para a sua área, o Llorente quase marca de cabeça, e o Villa acaba por fazer golo, num movimento colectivo que, todo ele, tira partido da recém-chegada superioridade na área portuguesa. Um jogo dividido desiquilibra-se nos pormenores-pormaiores, como aliás o nosso próprio treinador tinha antecipado. Um daqueles pormenores tão pormaiores que, desta vez, toda a gente reparou.
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O balanço possível, para já: Estou com pouca vontade de escrever. Desiludido. Apesar de detestar este treinador, a selecção chegou a fazer-me acreditar. Quis comer o meu chapéu, acabei a beber cerveja em conversas inúteis sobre o que é a arte, e os apoios do Estado à cultura. Merdas para esquecer. De regresso à Terra, à Pátria do Futebol, ao nosso Portugal dos Navegadores à conquista da Boa Esperança, relembro o filme do Mundial 2010 para a selecção nacional: nem bom nem mau, antes pelo contrário. A pior das sensações, um agridoce na boca.
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O futuro, para já: Voltarei ao tema, e com a profundidade que se exige a um escriba do meu calibre, mas quero adiantar desde já algo sobre o futuro da selecção, já que sei que as altas instâncias do futebol nacional fervem de ansiedade pelas minhas instruções: ganhámos alguns jogadores; acima de todos, o Eduardo, que passou o teste com distinção e provou ser guarda-redes de classe mundial. O Coentrão, apesar de hoje menos bem, demonstrou ser o lateral-esquerdo que faltava. O Meireles e o Tiago, mais o primeiro, são dois médios completos que terão sempre lugar num futuro próximo. O Hugo Almeida surpreendeu e deixou a interrogação sobre a necessidade de naturalizar um brasileiro para o lugar, ainda por cima trintão. Os centrais são excelentes, e o Carvalho ainda aguenta bem mais uns tempos. Foi pena o Amorim, que nem tinha sido convocado inicialmente, ter-se lesionado e assim não ter podido provar ser o melhor lateral-direito disponível (até o João Pereira é melhor que o Paulo Ferreira, o Ricardo Costa e este Miguel juntos). Portugal continua a ter um excelente lote de jogadores. No fim do jogo pareceu que o Ronaldo tinha dito merda ("perguntem ao Queiroz", disse ele, quando questionado sobre o jogo). É pena ter desdramatizado posteriormente, porque era um óptimo pretexto para retirar-lhe a braçadeira de capitão. Dar-lha foi um erro do Scolari, salta à vista de todos que é demasiada responsabilidade para aquela cabeça, e que o melhor era deixar o "minino" jogar, ser estrela, decidir jogos, mas que seja outro a liderar o grupo, que para isso ele não dá.
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O Queiroz, para já: Toda a gente sabe a minha opinião sobre este treinador. E neste Mundial, até esteve bem melhor que eu supunha; mas é medíocre, medroso, e, seja pela lógica do jogo, seja por motivos que nos ultrapassam e que se calhar estão escritos nas estrelas, continua a falhar (outros acham que tem azar. Também vale). Infelizmente, conhecendo o Madail e esses figurões da federação, estou a antever mais dois anos de "projecto", "renovação", "estruturação", enfim, de um futebol sofrível.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (3), ou Eu ainda como o meu chapéu
O choque e o espanto: Não, desta vez não fui eu a dar a táctica ao Queiroz. Eu teria jogado olhos nos olhos com o Brasil, e não assumindo a superioridade do adversário. Sabem que mais? Hoje o gajo esteve melhor que eu. Estou a começar a ficar muito espantado com o que se está a passar, já que, se é verdade que um relógio parado dá as horas certas duas vezes por dia, neste caso começo a pensar que alguém deu corda ao relógio. Mas vamos aos factos: apresentando-se num 4x5x1 muito defensivo, com um médio esquerdo de contenção, um lateral direito que é um central extra, o Pepe no lugar do Pedro Mendes, e deixando o Ronaldo na frente para o contra-ataque, a linha inicial de Portugal, desta vez, deixou toda a gente com a pulga atrás da orelha. Talvez este facto se tenha, também, devido ao sítio onde assisti ao jogo: o British Bar, a pátria dos cépticos insuportáveis. A verdade é que, desta vez, o inominável acertou. O excesso de gente na defesa fez o Brasil perder bolas atrás de bolas. Este Brasil, já se sabe, ataca com pouca gente, e o Dunga é incapaz de desfazer aquele patético duplo-pivot na frente da defesa. Resultado: a nossa superioridade em número na zona de ataque do Brasil, aliada a uma boa concentração dos defesas, e, é preciso dizê-lo, a uma tarde de pouca inspiração dos brasileiros, quase anulou o perigo do escrete. Em compensação, as bolas perdidas originavam contra-ataques perigosos, e apesar da jogada de maior perigo da primeira parte ter sido do Brasil, graças ao Ricardo Costa (tapa-se a manta de um lado, destapa-se do outro, já se sabe...), o maior número de chances foi nosso. Jogo parecido na segunda parte, uma oportunidade do Meireles para empatar o também em chances claras de golo, algum risco, mas pouco, com as entradas do Simão e do Pedro Mendes. O Brasil, diga-se, também pouco parecia interessado em arriscar. Não esquecer que o empate os deixou em primeiro lugar.
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Estilo: Não alinho com aqueles que dizem que Portugal "não assumiu o jogo", e coisas que tais. O que interessa, no futebol, não é a forma, mas o conteúdo. Desmultiplicando: pouco importa se se joga em ataque continuado, como o Brasil, ou em puro contra-ataque, como a nossa selecção hoje: o que importa no futebol é criar oprtunidades e marcar golos. Duvido muito, mas muito mesmo, que jogando de igual para igual com o Brasil tivessemos, não só evitado as chances deles, como criado tantas nossas.
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No entanto... Não deixa, contudo, de ser verdade, que hoje era Portugal que tinha algo a ganhar do jogo, e não o Brasil, ou seja, evitar a Espanha nos oitavos. Apesar de estar a dar o braço a torcer quanto às minhas previsões calamitosas sobre a prestação da equipa orientada por este treinador inútil, vamos ver se não pagamos caro os erros e a falta de coragem do primeiro jogo.
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Figuras: O Eduardo e o Ricardo Carvalho comandaram com distinção uma defesa que esteve imperial. O Ricardo Costa, um jogador banal e que deixa dúvidas sobre a sua convocatória, esteve bem naquilo que lhe mandaram fazer, e o que não fez é aquilo que não sabe fazer (a maior parte das coisas que se faz num jogo de futebol). Merece destaque, já que se antevia um descalabro daquele lado, o que acabou por não suceder.
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O meu chapéu: Faço como o outro: se Portugal passar a Espanha, como o meu chapéu.
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Para destoar do clima de euforia: A nossa PSP, que parece querer, nos últimos tempos, assumir-se publicamente como a cambada de idiotas fardados e mal formados que realmente é, fez o favor de originar uma carga policial no Parque das Nações, sem razão que o justificasse, sobre portugueses e brasileiros que assistiam pacificamente ao jogo. Com ou sem Mundial, com ou sem vitórias, com ou sem esta alienação geral, de vez em quando a realidade chama-nos à Terra.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Notas sobre o choque e o espanto no Mundial da vuvuzela (2), ou Portugal através da lupa do filósofo Diógenes
Bipolaridade: 12:30, uma cervejaria em Alcântara - vox populi: "não estou nada optimista", "estes tipos não jogam nada"; "ainda perdemos com os coreanos"; "os coreanos têm lá um granda jogador, aquele nº9". 14:30, na mesma cervejaria e na rua: "Por-tu-gal! Por-tu-gal! Fom-fom-fom fom fom! Bi-Bi-bi bi bi"
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O esquecimento é o pai da repetição da história: Sete golos depois, é difícil lembrar como um jogo decorreu verdadeiramente. A euforia e o êxtase tomam conta das cabeças dos portugueses, sobretudo depois daquela garrafa de branco e do Famous Grouse no fim do almoço. Até ao primeiro golo, a coisa não estava a correr bem. Essa potência futebolística que dá pelo nome de Coreia do Norte causava problemas, e tinha, até, mais chances de golo que Portugal. Não tinha, e nunca terá, é Ronaldos, Meireles ou Hugos Almeidas. Após um golo "à Portugal", com boa jogada e enorme mérito do Meireles (a propósito, sem dúvida o melhor em campo. O Tiago foi mais influente no jogo, mas o Meireles foi-o quando o jogo estava difícil, e não quando foi altura do baile), a toada pouco se alterou. Em contrapartida, um inicio fortíssimo de segunda parte da equipa portuguesa (que me deixou, confesso, de boca aberta), resolveu o jogo. A partir daí, foi assistir à derrocada colectiva de uma equipa formatada para defender e aproveitar espaços, e ao festival dos jogadores portugueses, que se apanharam a jogar como mais gostam, com espaço na frente e onde podem tirar proveito da sua técnica, não esquecer que os jogadores portugueses são, com raras excepções, de grande classe. Eu tinha dito a quem estava comigo, que precisava de três golos neste jogo para me reconciliar com a selecção. Fizeram-me a vontade mais que a dobrar. Agora, convém que um jogo em que tudo correu bem não faça esquecer os problemas que se mantém, e que mais abaixo serão descritos, caso contrário será o primeiro passo para que esta seja uma vitória de Pirro.
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O segredo: É altura de revelar o segredo: recebi ontem uma chamada do prof. Carlos Queiroz. Perguntava-me, com ar de preocupado, voz deixando antever o pânico, o que fazer para derrotar a Coreia. Eu disse-lhe: "O Deco não corre. Já que deixaste o Carlos Martins em Portugal, mete o Tiago. E tira aquela múmia do Paulo Ferreira, o Miguel, mesmo gordo, é vinte vezes melhor. O Liedson, ó burro, não rende um boi sozinho na frente. Mais vale o Hugo Almeida, mesmo com todas as limitações que tem, pelo menos é alto, impõe o físico e ganha bolas de cabeça. E o Danny, já percebeste finalmente que é tudo menos extremo, não é? Claro que tem de jogar o Simão naquela posição, já que fizeste o favor de originar a lesão do Nani." Acabo de receber uma nova chamada do professor: "Foda-se André, tinhas razão". Ao que retorqui: "Vês ó Queiroz? Fizesses o que te digo desde o princípio e ganhavas nas calmas à Costa do Marfim. Agora, vê lá se não cedes aos barões lá do teu grupo, e manténs esta como a equipa base, já deu para veres que é a melhor, né?"
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O futuro: Que isto sirva para moralizar uma equipa que não jogava nada há dois anos (desde, precisamente, a entrada do Queiroz para seleccionador), que, como o próprio disse no flash interview, estava mesmo a precisar de um resultado destes, mas que não iluda ninguém, nem ao grupo nem a nós: tudo correu bem neste jogo, contra uma equipa muito fraquinha que, a partir do momento em que teve de atacar organizado, deixou de existir, e desde o 3-0 entrou em pânico, quando começou a aperceber-se que os familiares e amigos iam ser enviados para o campo de concentração. Para que Portugal saia deste Mundial de cabeça erguida vai ter de jogar contra equipas muito fortes, e vai ter de jogar mais. Primeiro, e isto é o essencial, deixar estes jogadores como equipa base, cedendo à tentação do Deco e do Paulo Ferreira. Depois, muito maior coesão na equipa, linhas mais juntas em ataque organizado, menor distância entre sectores. E já agora, calem-se todos os que falam mal do Fábio Coentrão (o que acontece, evidentemente, apenas por ele jogar no Benfica): gratos devemos todos estar a Jesus, o profeta vermelho, por ter inventado um lateral-esquerdo de classe mundial, finalmente e uns vinte anos depois do último que tivemos.
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O Queiroz: Quem me conhece e quem me lê sabe o pouco em conta que tenho este treinador, um loser que falhou todas as vezes que treinou equipas séniores. Depois deste jogo, e de ter finalmente ouvido as minhas recomendações sobre a melhor equipa inicial, passo a dar a esta selecção o benefício da dúvida, não esquecendo, claro, o que está para trás (o esquecimento é o pai da repetição da história). Mas há algo de muito paradoxal, típico, aliás, do futebol, que não podemos esquecer: este treinador conseguiu deixar as expectativas sobre a prestação desta equipa, uma das melhores do mundo, tão em baixo, que agora qualquer coisa que seja mais que a barraca que se chegou a prever aparece como uma grande vitória. Aquela rara espécie de homens que são os que gostam de futebol e são lúcidos ao mesmo tempo sabem que esta vitória é boa, mas não é nada ainda em relação ao que esta equipa tem obrigação de fazer.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Temos um grande seleccionador, sempre atento a todos os pormenores
Entusiasmo no treino 'tirou' Nani do Mundial
“Acaba com o golo mais espectacular.” Foi esta a ordem que Carlos Queiroz deu na sexta-feira, no estádio do Real Sport Clube, em Massamá. Os jogadores aceitaram o desafio, com Nani a tentar ser o mais espectacular na finalização. Recebeu um centro da direita, tentou o pontapé de bicicleta e caiu sobre o ombro. Alguns minutos mais tarde acabaria por se queixar e não mais recuperou a 100%. Agora está fora do Mundial."
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Sinais
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quarta-feira, 30 de julho de 2008
Sinais
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