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sábado, 31 de maio de 2008

França: Sarkozy cada vez mais poltrão e inconsequente

O sistema político francês acusa uma concentração inaudita de poder na figura do Presidente da República. Foi fruto de uma "correcção" constitucional realizada em 1958 pelo general De Gaulle , que queria afastar o tumulto do parlamentarismo e da vida política partidária fraccionada da IV República. O sistema, que Mitterrand verberou durante anos de Golpe de Estado permanente, mostra-se agora quase obsoleto e manieta a modernização estrutural da pátria de Molière.


O PR eleito, o polémico filho de nobres exilados magiares, perdeu as estribeiras e comete gafe sobre gafe numa escalada insólita, desprestigiante e anómala. Ele atingiu o seu Princípio de Peter com o posto de ministro das Polícias no longo reinado de Chirac, depois disso é uma vertiginosa queda de estilo, de valores, de consciência profissional mínima ao que se assiste diariamente olhando para o que diz e faz. Ninguém acredita, mas largas faixas do seu eleitorado perderam já quase a confiança total no seu " joker ", que prometia renovar, modernizar e simplificar a vida quotidiana dos franceses.


Após um autêntico dilúvio legislativo , que provoca tensões e desaguizados permanentes na sua maioria parlamentar forte de mais de 400 deputados , Sarko- com uma queda abissal de mais de 50 por cento nas sondagens de popularidade, apurou o faro para a próxima presidência rotativa da U. Europeia, e, aí vai milho que amanhã é capaz de ser tarde:visitas diárias às capitais e governos dos 27 estados membros.


Ladino , o PR francês divide com o austero e descontraído PM, François Fillon , o mapa das visitas. Sarko foi a Angola( Luanda)um par de horas falar com José Eduardo dos Santos , entretanto , pois a multinacional Total tem larga implantação na extracção do ouro negro angolano… e nunca se sabe como é. O grande golpe em preparação por ele planeado prende-se com a privatização da Areva/ Alsthom , o gigante mundial construtor de centrais atómicas de segunda geração ao multimilionário empresário da Construção Civil, Martin Boygues, accionista maioritário do primeiro canal de TV , a poderosa TF-1.O povo escorraça-o, Sarko acalenta os poderosos e paga apoios da campanha, capitalizando para o futuro…


O show irresistível de kitch, mau gosto e de falta de sentido de Estado, teve mais uma longa peça que o divino " Le Canard Enchainè " conta esta semana na página 2 dos mexericos políticos de alta voltagem. Escangalhei-me a rir no metro durante longos minutos. Vou traduzir na íntegra. Imaginem quem governa e tem altas responsabilidades no futuro político-social e económico da Europa ! Ora vamos lá: a peça chama-se " A hora de Carla ". Segue-se o texto da notícia: " Almoço de intelectuais um dia destes no palácio do Eliseu , Presidência da República , à roda de Sarko , o pdg da editora Grasset , Olivier Nora , o historiador Jean-François Sirinelli , os jornalistas seniores Julliard e Fottorino, do Nouvel Observateur e do Le Monde , respectivamente, e o economista liberal, coqueluche da direita moderna , Nicolas Baverez , entre os principais.


" Evocando a polémica sobre o seu lado " bling-bling"( amigo dos ricos e poderosos), o PR brindou-os com um sketch notável: `Atisanaram-me por causa do uso do meu Rolex , mas como V. verificam, já deixei de o usar . E mostrou logo o Patek Philippe que a Carlita lhe ofereceu . Este é mais discreto, precisou , mas muito mais caro . Sobretudo, Carla pediu ao vendedor que lhe mostrasse o mais caro. De imediato , cheio de convicção , o PR tirou o relógio do pulso e fê-lo passar pelas mãos dos seus convidados , completamente atónitos e estupefactos. O mais engraçado é que Sarko repetiu a cena do " relógio que faz a volta à mesa ", aquando de um novo almoço com intelectuais. Terminado o lado " bling-bling", eis o aspecto " toc-toc", como se desejasse impressionar de uma forma tocante ".

FAR