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sábado, 28 de abril de 2007

Edgar Morin: "O sistema planetário está condenado à morte caso não haja mudança"


(imagem tirada de http://nicolier.blogs.com/journaliste/morin-edgar1-1.jpg)

Edgar Morin, o grande filósofo francês com grande impacto em Portugal, escreveu no Le Monde, na passada quarta-feira, dia 25, um texto desassombrado sobre o futuro político e social da França na Europa e no Mundo. Trata-se de uma peça de grande qualidade e importância. Alerta para o facto, em primeiro lugar, de que " vivemos integrados numa comunidade com finalidades planetárias, fazendo face às ameaças globais que são suscitadas pela proliferação dos arsenais nucleares, o crescimento exponencial dos conflitos étnico-religiosos, a degradação da bio-esfera, o curso ambivalente de uma economia mundial incontrolada, a tirania do dinheiro, e a união de uma barbárie vinda do fundo dos tempos com a barbárie gelada do cálculo técnico e económico".

Segundo o autor do "Método do Método", e advertindo que o que propõe é, tão só, "uma estratégia (e não um programa) que tome em consideração os acontecimentos e os acidentes ", avança com a proposição de uma política de civilização: " Uma política de civilização que contribua para o renascimento das diversas formas de solidariedade, que faça recuar o egoísmo e, de um modo aprofundado, que contribua para reformar a sociedade e as nossas vidas. De facto, a nossa civilização está em crise. Lá, onde chegou, o bem-estar material não gerou o bem-estar mental, como o exemplifica o consumo delirante de drogas, ansiolíticos, antidepressivos e soporíferos. O desenvolvimento económico não realizou o desenvolvimento moral. A aplicação do cálculo, da cronometria, da hyper-especialização, da separação no trabalho, nas empresas, nas repartições e na nossa intimidade, acabaram por gerar amiúde a degradação da cadeia de solidariedade, a burocratização generalizada, a perca de iniciativa e o medo da responsabilidade".

"Defendo a revitalização da Fraternidade, subdesenvolvida na trilogia republicana Liberdade-Igualdade-Fraternidade. Preconizo a criação da Casa da Fraternidade nas mais diversas cidades espalhadas pelo país, e também nos bairros de Paris. Podem vir a ser lugares de criatividade, de dinâmica e mediação, de socorro moral e material, de Informação, de benevolato e de mobilização permanente . (...) Como o curso actual da nossa civilização privilegia a quantidade, o cálculo, o ter, defendo uma intensa e vasta política de qualidade de vida. Favorecerei tudo o que combate as múltiplas degradações que envolvem a natureza, a alimentação, a água e a saúde. Toda a economia de energia deve gerar um ganho de Saúde e de qualidade de vida".


FAR