Mostrar mensagens com a etiqueta Liberalismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Liberalismo. Mostrar todas as mensagens

sábado, 8 de maio de 2010

Privatizações


Convém ter memória, que tanta vezes falta neste país. Agostinho Lopes, do PCP, sobre as privatizações. Imperdivel. Via Tempo das Cerejas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Manifesto precário

"Somos precári@s no emprego e na vida. Trabalhamos sem contrato ou com contratos a prazos muito curtos. Trabalho temporário, incerto e sem garantias. Somos operadores de call-center, estagiários, desempregados, trabalhadores a recibos verdes, imigrantes, intermitentes, estudantes-trabalhadores...

Não entramos nas estatísticas. Apesar de sermos cada vez mais e mais precários, os Governos escondem este mundo. Vivemos de biscates e trabalhos temporários. Dificilmente podemos pagar uma renda de casa. Não temos férias, não podemos engravidar nem ficar doentes. Direito à greve, nem por sombras. Flexisegurança? O "flexi" é para nós. A "segurança" é só para os patrões. Esta "modernização" mentirosa é pensada e feita de mãos dadas entre empresários e Governo.

Estamos na sombra mas não calados. Não deixaremos de lutar ao lado de quem trabalha em Portugal ou longe daqui por direitos fundamentais. Essa luta não é só de números, entre sindicatos e governos. É a luta de trabalhadores e pessoas como nós. Coisas que os "números" ignorarão sempre. Nós não cabemos nesses números.

Não deixaremos esquecer as condições a que nos remetem. E com a mesma força com que nos atacam os patrões, respondemos e reinventamos a luta. Afinal, somos muito mais do que eles.

Precári@s, sim, mas inflexíveis."

Não deixe de visitar o blogue dos Precários Inflexíveis.

sábado, 17 de abril de 2010

O escândalo dos "estágios"

Há dúvidas de que Portugal é uma autêntica República das Bananas? Vejam o exemplo dos "estágios" profissionais não-remunerados, ou remunerados apenas em "ajudas de custo". Já foi dito e redito por toda a gente que estes "estágios" são claramente ilegais, não passando de formas encapotadas de trabalho de graça ou quase. Já houve, até, um site de anúncios de emprego (e um dos mais prestigiados) que declarou que recusava anunciar este tipo de "estágios", por não pretender violar a lei. Mas o que se passa, entretanto, no mundo real? Acaso acabou, ou mesmo diminuiu, esta forma desumana de escravatura moderna? A Inspecção-Geral do Trabalho abriu inquéritos, participou, denunciou, autuou (e era tão fácil, bastava fazer de conta que se procura um emprego)? Claro que não. Continua tudo na mesma - é ilegal? É. Mas pode fazer-se? Pode.

É óbvio que a minha indignação selectiva tem por mote alguém muito querido estar neste preciso momento a passar por esta via-sacra. Só quem passou por isso poderá imaginar a frustração que é trabalhar sem receber nada, e ainda por cima ter a certeza absoluta que é isso mesmo que se tem de fazer para singrar em determinada área profissional.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Aforismos liberais (epílogo)

Com a publicação do décimo da série, encerramos os Aforismos Liberais. Esta exaustiva pesquisa de síntese deixa-nos com uma verdadeira cartilha, algo como os Dez Mandamentos do Novo Liberalismo. Que relembramos, agora compilados, como memória futura e guia de acção das novas gerações, para que se possa, enfim, concretizar a revolução "liberal", que nos promete, todos os dias, o Sol na Terra. Só uma nota: se algo aqui parecer contraditório, é tão só por desconhecimento da fonte - significa apenas que não se estuda com afinco o que todos os dias se publica por aí, em blogues "liberais". Eis os ensinamentos da Luz:

1 - É natural existirem pessoas mais ricas, e outras mais pobres. O facto de nós, que o dizemos, pertencermos às mais ricas, é uma circunstância da vida que em nada nos afecta a clarividência de o dizer.

2- Os socialistas enganaram o povo com ilusões de igualdade através de revoluções. Já nós, não vendemos nenhuma banha da cobra quando prometemos a prosperidade para todos dentro deste sistema.

3- O tipo de sistema em que vivemos é o socialismo.

4- Salazar pode, em certos aspectos, ser considerado um liberal.

5- O liberalismo não é a favor nem contra a democracia, ou seja, não é a favor nem contra a ditadura, porque para o liberalismo o que interessa é que o mercado funcione. O mercado irá gerar riqueza, e isso é mais importante que vivermos em democracia ou em ditadura.

6- Se analisarmos a fundo, vemos que o interesse do produtor é o mesmo que o do intermediário e o do consumidor. Idem para os patrões e os trabalhadores.

7- Os gestores e administradores põem sempre os interesses da empresa acima dos seus interesses pessoais, de outro modo são, mais cedo ou mais tarde, postos de lado pelo mercado.

8- Qualquer problema económico, em qualquer lugar, sob quaisquer circunstâncias, deve-se sempre à falta de liberalismo.

9- Todos os cidadãos escolhem livremente. Não há assimetria de informação. Nenhuma escolha num mercado livre é condicionada. A informação que existe é aquela que os agentes do mercado, livremente, decidem transmitir. Logo, é livre. Deste modo, todas as escolhas são informadas, visto que a ausência de informação pode ser, neste sentido, considerada um incremento de informação.

10- O mundo é tal e qual como se vê.

domingo, 4 de novembro de 2007

Canção do Belíssimo Negócio


Da genial "Ópera do Falhado", de JP Simões, que é para mim o Chico Buarque português, dedicada a todos os liberais:

Desde tempos sem memória
edificou-se esta história
através da compra e venda
e roubo por aí.
Já adão disse à serpente
numa reunião urgente,
que queria um sócio
pró negócio das maçãs


No ínicio era um franchising,
com um marketing selvagem,
com uma visão estupenda,
um faro genial:
vender o perdão sagrado,
um para cada pecado,
desde o raspanete
até à pena capital.
Tanta sucursal,
privada e estatal,
todo o universo é de raíz liberal.

E um belo negócio
entre homens de bem
explica-nos por que razão
já Nosso Senhor
morreu por amor
à grande liberalização.

Neste jogo extraordinário,
inventaram-se os salários,
para o empregado não pecar
mais que o patrão.
E apoios, benefícios,
promoções a outros vícios,
contratos a prazo pra dar azo à multidão.
E um corpo de leis,
polícias fiéis,
que salvam os homens de inverter os papéis.

Se o negócio é o passado,
passa o futuro também,
tudo aqui foi comprado
e vamos mais além:
Transacionamos cometas,
estrelas, luas e planetas,
lambretas e espaçonetas
e muito vaivém.
A ciência descobriu já
a combinação perdida:
cedo vai vender a cura
pró vírus da vida.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Aforismos liberais (9)

Todos os cidadãos escolhem livremente. Não há assimetria de informação. Nenhuma escolha num mercado livre é condicionada. A informação que existe é aquela que os agentes do mercado, livremente, decidem transmitir. Logo, é livre. Deste modo, todas as escolhas são informadas, visto que a ausência de informação pode ser, neste sentido, considerada um incremento de informação.

Aforismos liberais (8)

Qualquer problema económico, em qualquer lugar, sob quaisquer circunstâncias, deve-se sempre à falta de liberalismo.

(Duvidas? É ler os comentários do jcd ao aforismo anterior)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Aforismos liberais (7)

Os gestores e administradores põem sempre os interesses da empresa acima dos seus interesses pessoais, de outro modo são, mais cedo ou mais tarde, postos de lado pelo mercado.

Como aliás se pode depreender da notícia do Público de 4ª feira (sem link), relativa à greve dos trabalhadores da Valorsul. Lá está escrito, por A mais B: os valorosos administradores, enquanto aplicam planos draconianos "para a sobrevivência da empresa", recusando aumentos e retirando direitos assinados em acordo, aumentaram-se a si próprios em 30 por cento, o que é, evidentemente, trabalhar para o interesse da empresa (eu explico: para que um administrador possa planear bem, e pensar em boas estratégias, convém que esteja repousado, feliz e relaxado, ou seja, que tenha massa suficiente para umas boas férias nas Mauricias, uns jantares de qualidade e umas valentes partidas de golfe. Tudo a bem da empresa, que é o mesmo que dizer, no interesse dos próprios trabalhadores - verificar o aforismo anterior).

Não sei muito bem porquê, mas gostava de saber o que é que os "liberais" tem a dizer sobre isto.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Aforismos liberais (6)

Se analisarmos a fundo, vemos que o interesse do produtor é o mesmo que o do intermediário e o do consumidor. Idem para os patrões e os trabalhadores.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Aforismos liberais (5)

O liberalismo não é a favor nem contra a democracia, ou seja, não é a favor nem contra a ditadura, porque para o liberalismo o que interessa é que o mercado funcione. O mercado irá gerar riqueza, e isso é mais importante que vivermos em democracia ou em ditadura.

terça-feira, 17 de julho de 2007

O socialismo e o estado

Esta polémica é muito esclarecedora, para que se entenda uma coisa: os "liberais" não fazem a mais pálida ideia do que seja o socialismo. Como as palavras são preciosas, e como determinadas mistificações tendem, infelizmente, a fazer escola, passo a esclarecer: "socialismo" e "estatismo" não são a mesma coisa. Há socialismos profundamente anti-estatistas e individualistas, tanto historicamente, por exemplo o socialismo libertário, o comunismo conselhista, ou o anarquismo social, como no presente, e cada vez mais no presente. Claro que não estou à espera que eles entendam isto. Como tive oportunidade de esclarecer aqui, nós, os socialistas, sabemos muito bem que o estado moderno é o estado capitalista, contra o qual nos batemos. Portanto, se o socialismo não é o estatismo, outra coisa será. A meu ver, é antes de mais a única filosofia política que se bate pela Liberdade. Mas para que os "liberais" entendessem isto, teriam de avançar um passo à frente da sua concepção redutora e minimalista de liberdade, e entender o que são relações assimétricas de poder entre os homens, e como estas são coarctoras da liberdade individual. Enquanto não se resolver este problema, de uma forma que permita a que cada homem se possa realizar individualmente, e plenamente fruir a sua liberdade, sem os constrangimentos que só os miopes não percebem, o maior dos quais a crescente assimetria na distribuição da riqueza, o estado é um mal necessário. Porque a alternativa "liberal" é ainda pior.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Aforismos liberais (2)

Os socialistas enganaram o povo com ilusões de igualdade através de revoluções. Já nós, não vendemos nenhuma banha da cobra quando prometemos a prosperidade para todos dentro deste sistema.

Aforismos liberais (1)

É natural existirem pessoas mais ricas, e outras mais pobres. O facto de nós, que o dizemos, pertencermos às mais ricas, é uma circunstância da vida que em nada nos afecta a clarividência de o dizer.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

"Liberais"

Inevitavelmente, distinguem-se naqueles que se chamam a si próprios “liberais” dois campos que de vez em quando aparecem como irredeutiveis: aqueles para quem ser “liberal” significa ser pelos interesses dos ricos, a manutenção do status quo com o pretexto intransigente da propriedade privada, mesmo que estes se disfarcem por vezes uns como conservadores defensores de uma herança histórica cristã ou "ocidental", e os outros como revolucionários em que a revolução é a mesma herança histórica cristã ou "ocidental"; e os Liberais, para quem ser "liberal" sngifica antes de tudo a herança liberalistica da burguesia, ou seja, que se preocupa genuinamente com a liberdade do ser humano face ao Estado e os demais constrangimentos impostos à sua vontade de viver a vida como quer.
É importante perceber aos socialistas modernos que nada nos aproxima dos primeiros, mas que muitas coisas nos assemelham aos segundos.

quarta-feira, 28 de março de 2007

The portuguese way

O comentário do leitor Filipe Brás Almeida suscita-me a seguinte reflexão: de facto, hoje em dia em Portugal, o "liberalismo" tornou-se num confortável guarda-chuva onde cabe uma míriade de coisas: a direita pura e dura, os tecnocratas eficientistas, os anarco-capitalistas de candura ingénua, liberais clássicos, ou a esquerda liberal. Se isto, visto à luz da tradição que subjaz ao conceito de "liberalismo", não é um problema por aí além, a questão é que algumas destas correntes não concordam em absolutamente nada; se todos usam e abusam da palavra "liberdade", às vezes tomando-a como património seu inalienável (esquecendo toda a história da esquerda libertária, o socialismo utópico e mesmo o marxismo antes de Lenine), a verdade é que esta ideia tão fundamentalmente humana serve como ready-made para todos os gostos- de ultra-capitalistas a adeptos do modelo social da igreja, de liberais nos costumes a adeptos da criminalização do aborto, todos encontram um fundamento nessa "liberdade", que de tão indefinida corre o risco de se tornar uma palavra espúria e desprovida de sentido.
No entanto, isto não deixa de ser natural: esta nova geração, a minha geração, cresceu num tempo em que o guarda-chuva para toda a gente era o "socialismo", tanto que, hoje por hoje, já poucos fazem a mínima ideia do que signifique- ouve-se por aí que vivemos no "socialismo", o que seria uma anedota, se não significasse justamente isso. Desde pelo menos 1977 que pouco ou nada do que se faz em Portugal tem o que seja a ver com "socialismo", e no entanto cada vez mais se lhe atribui a culpa de todos os males portugueses. É evidente que para isto contribui termos um Partido Socialista que é social-democrata, e um Partido Social-Democrata da direita populista, contribuindo para aumentar a confusão- melhor seria se se chamassem os bois pelos nomes. Mas não nos iludamos: o uso e abuso da palavra "socialismo" como fonte de legitimação de tudo o que se fez durante uns bons 10 anos após o 25 de Abril, mesmo quando o que se fazia era justamente o contrário, tem um preço que iremos pagar durante uns bons tempos.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Momento supremo de gozo irónico blogosférico

O Blasfémias, o blogue dos liberais e ultraliberais, transformou-se no poiso de acolhimento da mais santa e beata cristandade. Por lá, o que agora se lê são debates excêntricos sobre a Igreja, o Papa ou o Salazar, e a famosa caixa de comentários inundou-se de fiéis discípulos do catecismo. Tornou-se no melhor local da blogosfera para ler, debater, aprender, sobre Santo Agostinho e Santo Anselmo, a Opus Dei e a teologia da libertação, o Vaticano II e o João Paulo II (para quem duvidar, ver este post ), ou, em outro registo muito habitual, o inegável boom económico do Estado Novo, que só os parvos não percebem, o tal que esteve a ponto de tornar Portugal num potentado mundial, com colónias ou sem elas, não fora a lamentavel interrupção dos planos ocorrida a 25 de Abril (idem para este post ).
O responsável por todo este disparate: Pedro Arroja, esse que foi considerado pelos próprios blasfemos como "o maior lutador pela liberdade em Portugal nos últimos 20 anos" (sic). Espera-se pelo menos que aprendam a lição. É que eu consigo ver muito bem as diferenças entre esse e os outros, e são de monta; e se entre mim e os blasfemos vai todo um mundo, entre esse e qualquer pessoa com o mínimo de sensatez, pois deve ir todo um universo.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

O liberal-salazarismo

Tem sido de todo interessante o debate autofágico em curso em blogues liberais. Aquele que em tempos anunciaram como "o maior defensor da liberdade em Portugal nos últimos 20 anos" (sic), Pedro Arroja, afinal resume o seu "liberalismo" a duas teses peregrinas: a de que a instituição mais liberal de sempre terá sido a Igreja Católica, e a de que Salazar era liberal. Se isto pode parecer ridículo para uns, ou abjecto para outros, convém não elevar demasiado o espanto. Lembremo-nos que o "liberalismo" é, hoje por hoje, sinónimo de capitalismo sem regras, e que a Direita sempre foi mestra em truques de vira-casaca. Não surpreende que aqueles para quem o programa de sempre é manter tudo como está em termos de ordem socio-económica (e quando os ventos para aí soprarem, afirmá-la com mais convicção- é o caso da actualidade), se metamorfoseiem ciclicamente nas formas políticas à sua medida: ontem salazaristas, depois conservadores, hoje liberais. O que espanta é a falta de tacto de Arroja, uma certa candura ingénua, que supõe que um verdadeiro liberal irá com toda a naturalidade engolir sapos como Salazar e o Papa. Por outro lado, é significativo que senhores como Arroja ou André Azevedo Alves se sintam hoje tão à vontade para defender a ICAR e o salazarismo com a maior das desfaçatezes. Deve lembrar aos mais distraídos que a Democracia não é um facto, antes uma circunstância, e que o nosso esquecimento e alheamento são o terreno dos novos salazares, desta vez, suprema das ironías, mascarados de liberais.