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sábado, 5 de maio de 2007

Anos e anos a arrumar
quase apenas os pensamentos
uns ao lado dos outros
depois de observar as montras
outras vezes em pilha quase em equilíbrio
a estudar com rigor
a alteração de vinco nas ideias
desdobrando as metáforas pelo ardor
a calcular em organigrama
o salto conceptual de belicosos termos
para no fundo poder regressar
de modo não menos acrobático
à contagem do que para sempre deserta da linguagem.
É imperdoável desconhecer que esta vive
numa caixinha com rodas
e jeitos oleados para o silêncio.
É isso, a estranheza.

in: Caixinha com rodas; ed. geic

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Não se transplantam para as órbitas oculares
Particulares visões do mundo
Nem ainda ninguém inventou
Conteúdos de vida agradáveis
Aplicáveis com adesivo.
Os seus olhos côncavos perderam tijolos.
É isso a fome ter feito rua no corpo.

IN: Caixinha c rodas; Col. Homem do saco; ed. Geic; 2005

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Sonha-se a partir da sua carne
O mundo todo a existir desde aí
Desses que pousados acima dos ombros
Usam pestanejar
Está-se na vida à mão dos olhos
E do que vier por causa deles cavalgarem.
É isso a mansidão do destino.

In: Caixinha c rodas; Ed.Geic 2006
.. .

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Que gesto é este que não é ventania
Mas repetição funda
A cavar-me os meus redondos
E a desgarrar-me de tudo?
É isso o Natal de outros.

In/Caixinha com rodas, Ed.Geic 2006

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

As azagaias a tremerem
Esticadas que se encontravam entre as pálpebras
Para o sono não ser um lago
A crescer dentro delas.
As afiadas lanças paradas a guardarem só
A boca dos sonhos do guerreiro.
As azagaias à porta da realidade
Sem a caçarem.
É isso a consciência.

in/Caixinha com rodas
Ed. Geic 2006