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terça-feira, 24 de junho de 2008

Da Capital do Império

Olá!

O Obambi pode ter andado à pancada com a Hilária mas o que não pode haver dúvidas é que no que diz respeito à política externa o Obambi é um clintonista.
Eu sei que todos, especialmente aí do outro lado do charco, acreditam que se o Obambi for eleito em Novembro vamos entrar numa nova era de felicidade, tipo “age of aquarius” com todos a cantar “Grândola vida morena terra da fraternidade” e a viver em paz para sempre sem o horrível Bush.
Mas, reconhecendo que o Obambi serviria inicialmente para descomprimir a cena política internacional com promessas de reuniões com o jovem Assad e com os iranianos de pneu de lambreta na cabeça, a verdade é que no seu todo poucas mudanças haverá. Retirada do Iraque? Talvez mas não em menos de dois anos, e não totalmente. Quanto ao resto será um pouco “vira o disco do Bush para o Bill Clinton e toca o mesmo”. Isto porque de facto as opções são poucas. A UEtupia pode estar satisfeita consigo mesma por ter conseguido tirar umas férias da história, mas deste lado do charco a história vem sempre bater à porta porque, como diria esse grande filósofo americano sobre questões do poder, o Spider Man, “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
E como é que o Obambi vai responder a essas responsabilidades se for eleito? Pois como diz o Zé Povinho, “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Então vejamos.
No seu “grupo de segurança nacional” temos os antigos secretários de Estado Warren Christopher e Madeleine Albright, e ainda o antigo Secretário da Defesa durante a administração Clinton, William Perry.
A Madalena Toda Brilhante andava até há pouco tempo a dizer que o Obambi não tinha experiência para liderar os States e que a Hilária é quem sabia tudo. O Obambi perdoou-lhe pelos vistos. O Warren coitado foi o Secretário de Estado que mais viagens fez ao Médio Oriente sem nenhum resultado. Falou com tudo e todos (como o Ombabi quer fazer) sem conseguir nada, embora haja a dizer em seu abono que o Médio Oriente é como a instituição do casamento: não tem solução. E no que diz respeito a Israel e aos Palestinianos isso é agravado pelo facto de haver - como disse já não sem quem - demasiada história e pouca geografia.
Mas Christopher, Albright e Perry vêm juntar-se a um extenso grupo de conselheiros dos mais diversos aspectos de política externa que é notável pelo facto de quase todos serem antigos conselheiros do Presidente Bill Clinton.
O grupo de conselheiros de política externa é chefiado por Anthony Lake que foi o primeiro Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Clinton, cargo que abandonou após duras críticas à sua inação aquando do genocídio no Ruanda e reacção lenta aos massacres na Bósnia (neste caso há que dizer em abono do Tony que ele nada fez inicialmente em relação à Bósnia porque a UEtopia não sabia o que fazer com o que se passava no seu quintal e ele e o Bill não quiseram ferir as susceptibildiades EUtópicas. Serviu-lhes de lição…).
Susan Rice é cada vez mais a face pública de Obama em questões de política externa aparecendo agora regularmente em entrevistas na televisão a explicar pormenores do programa de Obama para as relações externas. Rice fez parte do Conselho de Segurança Nacional de Bill Clinton e foi também Secretária de Estado Assistente para Assuntos Africanos, cargo em que se notabillizou pelas suas duras críticas ao governo do Sudão. Algumas fontes dizem que Susan Rice é agora séria candidata para suceder a Condoleezza Rice na chefia do departamento de Estado caso Obama vença as eleições de Novembro. Apesar do mesmo apelido e de ambas serem negras não há ligação familiar entre as duas. São dois tipos de arroz diferente. Uma já está cozida e a outra ainda a fervilhar de entusiasmo.
Gregory Craig foi director de planeamento político no Departamento de Estado durante o governo de Clinton, onde ficou contudo mais conhecido por ser um dos seus advogados no escândalo sexual de Monica Lewinsky. Dizem as más línguas que sabe tudo sobre a definição de sexo oral.
Jim Steinberg foi vice-conselheiro de segurança nacional de Clinton enquanto Richard Danzig foi Secretário da Marinha de Guerra na administração Clinton e é agora o principal conselheiro para questões militares de Obama.
Outra das principais figuras no grupo de conselheiros de política externa é o Major General (na reforma), Scott Gration, que participou nas operações de invasão ao Iraque mas cuja especialidade é África. Gration fala fluentemente swahili.
Daniel Shapiro é um dos principais conselheiros de Obama para questões do Médio Oriente. Trabalhou no Conselho de Segurança Nacional de Clinton.
Duas outras figuras importantes no grupo de conselheiros de Obama, mas sem ligações a Clinton, são Denis McDonough, que trabalhou para o Senador Tom Daschle, e Ben Rhodes de apenas 30 anos de idade que foi um dos membros do Grupo de Estudo para o Iraque que recomendou entre outras questões o diálogo com a Síria e o Irão. Rhodes é como se diria no meu tempo de juventude “o gajo dos pecos”. É ele o principal redactor de discursos sobre política externa de Barack Obama.
Outas conhecidas figuras políticas de Washington são conselheiros informais em “grupos de trabalho”, entre os quais David Boren que foi presidente do Comité do Senado para os Serviços de Informações (Intelligence), Sam Nunn, antigo presidente do comité do Senado para as Forças Armadas, Lee Hamilton, antigo presidente do Comité de Relações Externas da Câmara dos Representantes e também Vice-Presidente da Comissão para os ataques de 11 de Setembro.
Sabe-se por outro lado que o antigo Conselheiro de Segurança Nacional de Jimmy Carter, Zbignew Brzezinski, é também um dos conselheiros “informais” de Obama. Brzezinski esteve há poucas semanas na Síria numa viagem pouco publicitada em que mateve contactos com o jovem Assad com quem Obama diz estar disposto a estebelecer um diálogo. Coincidência? Ele diz que sim mas eu duvido. O Brzezinski é um realista. Foi ele quem teve este peco memorável numa conversa aqui em Washington: “Ser superpotência não significa que se é omnipotência”. Nasceu na Polónia. Detesta comunas.
Dennis Ross, coordenador para a política americana para o Médio Oriente na administração Clinton, tem também fornecido opiniões a Obama.
O que se conclui? O Obambi pode ser “o candidato da mudança” mas em política externa é clintonista e também da velha guarda Democrática. O que é a versão “lite” do Bush.
Abraços
Da Capital do Império
Jota Esse Erre

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Hilária “a inevitável” é agora a inevitàvel derrotada da longa corrida à nomeação do candidato presidencial do Partido Democrático. Para quem continuasse a acreditar nas clintonices dos Billary Terça Feira era o dia que ia provar que apesar da já não haver possibilidades de apanhar o Obambi na contagem de delegados à convenção do partido, a Hilária era a candidata que ganhava os “grandes estados”, que o entusiasmo pelo Obambi se estava a desmoronar mostrando a sua incapacidade de lutar como os Clintons fazem – duro, feio, sujo, com meias verdades e oportunismo clintoniano.
Ontem a Hilária apanhou uma sova na Carolina do Norte onde o Bill tinha estado de serviço há uma semana a tentar usar o seu “charme” sulista e de “gajo da malta” junto do eleitorado. Sem resultado. A malta está mesmo farta até aos cabelos do Bill e das suas clintoninces embora tenha sempre a sua piada ouvi-lo, princpal;ente quando ele começa a ficar irritado e a queixar-se da “merda dos jornalistas” e do Obama estar “a jogar a cartada da raça contra mim”. A Hilária milionária esteve no Indiana a fazer campanha de “proleta”, pintar o Obambo como “elitista”, em bom estilo Clinton e a propor suspensão dos impostos federais na gasolina para ...o Verão esquecendo-se de dizer que o novo mandatio presidencial só começa ... no Inverno. Enfim uma clintonice.
Pois a Hilária lá conseguiu ganhar ( por pouco) no Indiana mas devido ao facto de ter apanhado uma sova na Carolina onde estavam em jogo muito mais delegados e onde perdeu por muito maior margem Obambi terminou a noite com mais delegados do que tinha iniciado o dia
Mas a julgar pelas declaraçoes de Clinton após os resultados de ontem Hillary vai continuar a lutar. Pode cair mas com ela vai cair também o Partido Democrático.
Abraços

Da capital do império
Jota Esse Erre

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Da Capital do Império

Olá!

Agora que o Ted Kennedy - o velho leão do Senado - decidiu transformar o Obambi em Obamelot é talvez importante explicar-vos que isso aconteceu porque os dirigentes tradicionais do Partido Democrático estavam a ficar um pouco lixados com as clintonices dos Clintons.
Por exemplo o senador Patrick Leahy, um dos baluartes dos Democratas no Senado acusou os Clintons de “usarem truques baratos abaixo da dignidade de um antigo presidente”. O Senador John Kerry (que perdeu as últimas eleições para o Bush) acusou os Clintons de quererem “roubar as eleições com mentiras e distorções”. O proeminente Democrata Ed Schultz acusou os Clintons de “mentirem deliberadamente sobre Obama” e de serem “uma vergonha” para o Partido Democrático. O antigo dirigente dos democratas no senado Tom Daschle acusou os Clintons de “distorções descaradas” e o Bill de actuar “de forma não presidencial” enquanto o comentarista democrata William Geider acusou os Clintons de “jogarem sujo como é seu costume quando se sentem ameaçados”. O palhaço do reverendo Al Sharpton que ganha a vida a descobrir actos de racistas brancos (quase sempre inventados) foi mais directo: “cala a boca Bill!” disse ele numa estação de televisão embora eu tenha a dizer que mais Sharpton do que isso foi o Andrew Young (também reverendo) que apoia os Clintons e que disse que o Bill “é mais preto do que o Obama porque teve mais pretas que o Obama”! Verdade verdadinha.
Por esta altura vocês já devem estar a notar que pelo menos até agora quem tem estado a concorrer à presidência não é a Hilária. Também não é o Bill. É um novo candidato que se chama Billary Clinton
Antes de avançar tenho a explicar-vos que no vocabulário americano há um adjectivo único: clintoniano. Diz-se que uma acção ou declaração é “clintoniana” quando é uma desonestidade camuflada numa meia verdade ou numa mentira dita de forma tão sincera que só os Clintons conseguem-na fazer passar como verdade. O Bill é particularmente bom nisso. O antigo Senador Bob Kerry (não é família do outro Kerry) que os conhece bem disse noutro dia que o Bill é “um homem excepcionalmente bom …a mentir”.
Exemplos de “clintonices”: Quando a Hilária foi derrotada na Carolina do Sul na semana passada o Bill declarou que “o Obama ganhou muito bem tal como o Jesse Jackson ganhou em 1988”. A declaração foi clintoniana. Teve como objectivo mandar o Obama para o gueto da política racial, recordando a campanha de Jesse Jackson que teve como apelo quase único o eleitorado negro. Mais do que isso a declaração do Bill teve como objectivo tentar alienar o eleitorado branco do Obambi que está a tentar levar a cabo uma campanha em que a questão racial quase não é mencionada. Com essa declaração os Billary disseram adeus à maioria do eleitorado negro mas fizeram as contas e ficam a ganhar porque junto de muitos eleitores Obama é agora … Jesse Jackson, um preto sem qualquer possibilidade de ganhar.
E depois o Bill, numa finta clintoniana, disse à CNN que a campanha do Obama é que tinha introduzido a questão da raça na campanha e disse que os jornalistas deveriam “ ter vergonha” de engolirem as “distorções” do Obambi. “Vocês deviam ter vergonha,” disse ele numa performance clintoniana com a cara vermelha de irritação falsa a um grupo de jornalistas caloiros meio espantados com a clintonice.
Os Billary ficaram no entanto caladinhos quando um influente membro da sua campanha Sergio Bendixen declarou que o Obambi não vai ganhar na Califórnia porque “o eleitor hispânico não tem mostrado muita afinidade em apoiar candidatos negros”. Típico clintoniano. Como me disse um democrata do congresso: “Em qualquer outra campanha já teriam dito ‘hasta la vista’ ao Bendixen”
Ainda outro exemplo: O Obambi disse que Ronald Reagan tinha conseguido vencer duas eleições seguidas com grande apoio de Democratas porque na altura tinha sido o homem de ideias novas na cena política Americana. O que é verdade. Os Clintons puseram um anúncio na televisão a dizer que o Obambi apoiava as ideias do Reagan. Foi clintoniano. Tal como a declaração do Bill a dizer com um ar magoado, que a imagem de que o Obambi se tinha oposto à guerra no Iraque era “ o maior conto de fadas da minha vida” quando na verdade o “conto de fadas” é a historia que a Hilária se opõe à guerra. Aprovou, depois foi contra e depois a favor de uma retirada, agora é contra a guerra mas sem retirada, tendo em conta a situação “fluida” mas poderá ser a favor se não for contra. Clintoniano
Aparentemente o Ted Kennedy ficou bem lixado com o Bill e na semana passada telefonou-lhe para protestar contra as “clintonices” dos Clintons. Graças aos detalhes deliciosos de um membro do “staff” dos Kennedy toda a gente no mundo jornalístico sabe que o telefonema acabou aos berros e que o Ted decidiu então dar o aval da família real dos democratas ao Obambi.
Tenho a dizer-vos que eu gosto sempre de ouvir o Ted Kennedy discursar embora na maior parte das vezes não concorde com o que ele diz. Faz discursos à antiga daqueles capazes de trazerem lágrimas aos olhos. A sua voz é ainda forte e a sua pronúncia e cadência de Boston dão-lhe uma personalidade única
O Ted Kennedy no seu discurso a anunciar o apoio da família real ao Obambi começou por dizer que era amigo dos Clintons e que “eles” (Ted aqui já esta a juntar o Bill à Hillary!) eram colegas no senado e que a Hilária “tem estado na linha da frente no combate por questões como saúde e direitos da mulher”.
Mas depois disse apoiar o Obambi porque este é um líder que “não é cínico” e que “não demoniza aqueles que têm pontos de vista diferentes”.
“Desde o começo que se opôs à guerra no Iraque e não permitam que quem quer que seja negue essa verdade”, disse o Ted. O “tio Teddy” (como lhe chama em público a Caroline, filha do John) acrescentou que o Obambi será capaz de pôr termo “à velha política da distorção e falsidades”, da “velha política de por raça contra raça”.
E depois contrariando mas sem as mencionar as declarações dos Billary de que o Ombambi não tem experiência o velho leão do Senado - que está no Senado desde que descobriram a América - afirmou que “o que conta em termos de liderança não são os anos passados em Washington”.
Noutras palavras: “fuck you Billary”.
Que delícia!
Abraços,

Da capital do Império

Jota Esse Erre