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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Tóni Negri: " Foucault foi um marxista revisionista inteligente "


" Estava em Paris quando Foucault morreu. E recordo-me da enorme pressão para o fazerem anti-marxista. E para tentarem apresentar o seu pensamento como uma premissa de uma concepção neo-liberal da história. Vinte anos depois começamos a apurar que ele era na realidade um marxista revisionista inteligente.

"A classe operária é hoje um conceito muito estreito para poder fundar uma nova subjectividade revolucionária. Urge tentar acrescentar a essa nascente nova subjectividade revolucionária, não só a classe operária mas também o trabalhador intelectual, o funcionário dos serviços e largas franjas do campesinato. Foucault tinha antecipado esta realidade, de certa forma.

"Com efeito, Foucault tinha compreendido que o poder do Capital controla a vida dos operários na fábrica, mas age também sobre toda a sociedade. Estas dinâmicas ideias surgiram também na Itália nos anos 70, tendo contribuído para a realização do revisionismo de esquerda do marxismo. Foucault, do meu ponto de vista, foi alguém que viu no plano teórico, o que outras correntes conseguiram reinterpretar de uma forma política; entra no post-modernismo comunista dessa forma "
In " Multitudes ", revue théorique franco-italienne
FAR

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Tóni Negri: Maio 68, ponto culminante de um longo ciclo de lutas sofisticadas (2)

" Depois de Maio 1968, ponto culminante de um longo ciclo de lutas, tanto nos países do centro como nos da periferia, a forma dos movimentos de resistência e de libertação conheceu uma transformação progressiva e profunda, fazendo-se eco das alterações surgidas no mesmo periodo na organização das forças produtivas e nas formas de produção social. Podemos começar por situar essa alteração nas mutações que afectaram a natureza da guerrilha.
"A alteração mais banal prende-se com o facto dos movimentos de guerrilha passarem das aldeias para as cidades, dos espaços abertos para os espaços fechados. As técnicas da guerrilha foram progressivamente adaptadas às novas condições definidas pela produção post-fordista, como os sistemas de Informação e as estruturas em rede..
" De certa forma, à medida que ela adopta as características da produção biopolítica e se derrama por todo o tecido social, a guerrilha configura como objectivo principal a produção de subjectividade- uma subjectividade quer económica e cultural, quer material e imaterial.
" Não se trata somente de " conquistar a luta pelos corações e os espíritos ", mas mais concretamente, de criar corações e espíritos novos produzindo novos circuitos de comunicação, novas formas de colaboração social e novos modos de interacção. Neste processo exprime-se uma tendência para a ultrapassagem do modelo da guerrilha moderna em prol de organizações mais democráticas, reticulares.
…" Uma das características comuns às lutas reticulares da multitude e também da produção económica postfordista é o facto delas terem lugar no terreno biopolítico- noutros termos, elas produzem directamente novas subjectividades e novas formas de vida. É verdade que as organizações militares implicaram sempre a produção de subjectividade. O exército moderno produziu o soldado disciplinado da fábrica fordista, e a produção do sugeito disciplinado da guerrilha moderna não foi essencialmente diferente desse modelo. A luta em rede, ao contrário, da mesma forma que a produção post-fordista, não depende de certa maneira da disciplina: os seus valores cardeais são a criatividade, a comunicação e a cooperação auto-organizada ".
In " Multitude",par M. Hardt e António Negri - Édition poche " 10/18", Paris

FAR