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domingo, 22 de junho de 2008

Jacques Attali: os quatro inimigos dos biógrafos


" Todo o biógrafo tem quatro inimigos: a família de quem ele narra a vida, os especialistas, os biógrafos profissionais e todos aqueles para quem o analisado é um herói intocável. Perfazem quatro proprietários ultra-zelosos e irredutíveis do seu território, que iremos analisar de seguida.

" Os primeiros ( membros do casal, crianças ou descendentes afastados) fazem os impossíveis para guardar o monopólio do direito à evocação, para interditarem a terceiros o que consideram ser a sua propriedade, para arredondar o que pode causar danos à lenda familiar: todo o desvio sentimental, todo o defeito, toda a mania, toda a fragilidade deve ser censurada.

"Os especialistas defendem um outro território, o da competência. Consagraram a vida a uma pessoa e a uma obra; conhecem os mais pequenos detalhes e não concebem que quem quer que seja lhe venha disputar esse monopólio.

" Os biógrafos profissionais, esses, consideram que escrever Biografias é uma profissão, reservada àqueles que as fabricam em série. Porque sabem como ninguém- pensam- qual o melhor ângulo de abordagem de uma vida, que tipos de questões colocar, que parte do imaginário é tolerável e que estilo se impõe.

"Por fim, os adoradores de uma personalidade escandalizam-se, quando um biógrafo ( vindo dos três referidos grupos de proprietários ou de um outro lugar qualquer), se encarrega de sondar os detalhes de uma vida e acaba por revelar as falhas ou insuficiências do analisado. Muitos biógrafos suportaram este tipo de críticas: Sartre com a sua biografia de Flaubert, Zweig com a que realizou sobre Marie-Antoinette, Auguste Renan com a que produziu sobre Jacqueline Pascal ".
FAR